Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro #35 – Peetssa: Redescobrir

Peetssa apresenta o 35º ensaio do Projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro - Imagens que narram nossa história
Peetssa

Correndo sem parar, atrás do dinheiro para pagar as contas e as dívidas da vida, nunca sobrou tempo para cuidar de si, do outro, da família, da terra, dos desejos e propósitos.

Presos ao Capital, somos obrigados a acordar às 4:30AM, para sair de casa antes do trânsito, para chegar ao trabalho às 7:00AM e fazer render a diária, em jornadas exaustivas de até 14 horas. A maioria se aglomera em ônibus e metrôs lotados, respirando nos cangotes o mesmo ar viciado, esfregando-se uns aos outros, compartilhando assim todas as síndromes da humanidade, inclusive as psicológicas.

Muitos de nós deseja o êxodo urbano há muito tempo. Pessoalmente, estou tentando me desconectar da cidade de São Paulo há 13 anos. Alguns conseguem escapar da insalubridade das urbes, outros desejam muito, mas não têm possibilidades, e alguns outros sequer refletem sobre outras vidas e estão fadados ao cárcere urbano capitalista escravocrata, disfarçado de liberdade e meritocracia. A opressão é tamanha, que não se permite sonhar. Melhor chegar logo em casa para assistir a novela e descansar, minimamente, o corpo, para suportar os dias que virão a seguir.

Nunca havia ficado tão clara a guerra entre o Bem e o Mal. A polarização, que tanto se fala muitas vezes sem embasamento, é inerente ao ser humano. Sempre existiu a guerra, a disputa pelo poder, qualquer que seja ele: a terra, a água, o território, a comunicação, a dominação pela sobrevivência, e atualmente, o dinheiro. Sempre existiu o egoísmo e a solidariedade, o comum e a propriedade, o conhecimento e a ignorância, o imposto e o desejado, o respeito e a sobreposição, o sonho e a realidade.

A harmonia é a maior utopia.

A humanidade um dia fez parte da natureza, sendo predadora mas também presa, utilizando-se dos recursos naturais com a força apenas das próprias mãos, respeitando o tempo e o ciclo natural dos movimentos da Terra e nela vivendo harmonicamente. Infelizmente tornou-se o topo da cadeia alimentar, não havendo aos humanos, um predador que poderia manter o equilíbrio.

O instinto foi suprimido pelo pensamento “lógico” que, por sua vez, criou o poder e a ganância, transformando a humanidade em uma doença incontrolável que se espalha rapidamente pela superfície da Terra, destruindo tudo que encontra pela frente, em nome de Cristo, do Capital e das “convicções” individuais.

Sem predadores, o arrogante humano pensou ser invencível, desconsiderando todos os avisos da Mãe Terra e de seus filhos sensíveis, carinhosos, atenciosos, cuidadosos e estudiosos, deixando prevalecer o “orgulho da ignorância”, a força bruta, o ódio ao “comum”, a ganância estranguladora e o poder atropelador.

Cegos, surdos, insensíveis aos instintos selvagens e brutalizados, os humanos hoje assistem o frágil império ruir, entre crises hídricas, tempestades, ciclones, vulcões, terremotos, tsunamis, pragas, pestes e a própria violência consigo mesmo.

Prefiro acreditar que APENAS OS SENSÍVEIS E CONECTADOS irão sobreviver, pois para começar de novo é necessário escutar a Terra.

Somente com algum isolamento é possível trabalhar e produzir com a terra, pois o tempo e os processos naturais são mais extensos/complexos e não são compreendidos pelo Capital. Fogem ao nosso controle.

Encontramos na quarentena, a chance de começar de novo, se redescobrir. Na marra, impossibilitados de seguir trabalhando nos moldes clássicos e em demandas de terceiros, poderemos então “afagar e conhecer os desejos da terra”.

“Vai o bicho homem fruto da semente
Renascer da própria força, própria luz e fé
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós
Somos a semente, ato, mente e voz”

Gonzaguinha

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Peetssa
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Gabiroba Abacate Caroço de Abacate Manga Banana Mangará Palmito de Bananeira Palmito de Jerivá Coquinho de Jerivá Acerola Pitanga Cereja do Rio Grande Caqui Lichia Jabuticaba Araçá Mexerica Ponkan Carioquinha Limão Cravo Lima da Pérsia Laranja Lima Laranja Champanhe Goiaba Nêspera Uvaia Pera Mamão Taioba Rizoma de Taioba Pariparoba Orapronóbis Broto de Bambu Abóbora Flor de Abóbora Palmito Jussara Polpa de Jussara Coquinho de Pupunha Amendoim Jatobá Água de Poço Pinus Eucalipto Batata Doce Folha de Batata Doce Cosmos Maria Sem Vergonha Hibisco Feijão Guandu Feijão Milho Gergelim Gengibre Cúrcuma Nabo Rabanete Beterraba Tomate Cenoura Alface Rúcula Agrião Escarola Almeirão Acelga Brócolis Giló Quiabo Abobrinha Beringela Couve Flor Couve Manjericão Hortelã Coentro Cebolinha Mitsubá Pimenta Pimentão Carqueja Capim Santo Alecrim Orégano Poejo Mirra Erva Cidreira Erva Doce Babosa Citronela Castanha do Maranhão……………………

Crescem em nossos quintais!!! A natureza é infinita!!! Sobreviveremos selvagemente!!! TOD@S TÊM PODER

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Conheça mais o trbalho do artista:

https://www.instagram.com/peetssa/

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O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, documentação desses dias de novas relações, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.

Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente

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