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Ação Humanitária

COVID-19. Quando a fé contamina

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Texto e fotos: Karina Iliescu, para os Jornalistas Livres. Colaboração: Sato do Brasil

 

Embora uma das orientações mundiais para evitar a disseminação do vírus COVID-19 seja de isolamento social, o Tribunal da Justiça Federal derrubou a liminar que suspendia cultos e missas por conta da COVID-19.

Quem descumprisse com a ordem poderia pagar multa ou ter o local interditado. Esta ordem entende que estes espaços são, em maioria, ambientes fechados com pouquíssima circulação de ar e alta aglomeração de pessoas, aumentando a disseminação do vírus.

“Infelizmente, a queda dessa liminar premia a inconsequência e mau-caratismo de líderes como Malafaia, e coloca em risco a vida de milhares de pessoas, já que os cultos, missas e diversos encontros religiosos são carregados de demonstrações de afeto e proximidade, salvo raras exceções. O que vamos colher disso é mais desgraça para um povo já sofrido e enganado por esses falsos líderes”, disse em entrevista, José Barbosa Junior, teólogo, escritor e um dos pastores da Comunidade Cristã da Lapa, Rio de Janeiro.

É bom lembrar que recentemente, na Coreia do Sul, um padre cristão pediu desculpas de joelhos, após sua igreja ter sido considerada o grande foco de disseminação do COVID-19, quando se negou a suspender seus cultos.

A igreja de Silas Malafaia, localizada no Rio de Janeiro, tinha suspendido os cultos por conta da liminar, porém aumentou para até 12 horas de atendimento dentro de suas igrejas. Mesmo depois de vários órgãos responsáveis do Governo Federal terem pedido e orientado diariamente a suspensão imediata dos cultos e missas, alguns pastores como Silas Malafaia (pastor e líder da Assembléia de Deus) e Edir Macedo (fundador e líder da Igreja Universal do Reino de Deus e proprietário do Grupo Record e da RecordTV, a terceira maior emissora de televisão do Brasil) se negaram e entraram com essa ação de suspensão da liminar da justiça.

Igreja Universal do Reino de Deus

Igreja Pentecostal Deus É Amor

O próprio presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), em uma entrevista ao canal SBT, mostrou indignação pela suspensão dos cultos e missas, mesmo em tempo de pandemia mundial do COVID-19. No Brasil já são 2.201 infectados registrados e 46 mortes. Última atualização de quarta, 25 de março de 2020, 12h56, com dados do Ministério da Saúde: https://saude.gov.br/.

Dentro dessas colocações problemáticas, uma delas que não foi citada acima é que Bolsonaro comparou a COVID-19 à uma chuva, que basta colocar uma capa pra se proteger. Além da metáfora desnecessária, Bolsonaro desafia o poder público ao afirmar que o pastor ou o padre deveriam decidir sobre suspender ou não os cultos e missas, como se as igrejas estivessem acima das leis comuns ao restante das pessoas, do país e do mundo.

“É lamentável que num momento como esse , a irresponsabilidade do presidente chegue a esse ponto. Faz da tragédia um palco político e continua “jogando para a plateia”, que neste caso são os evangélicos. Irresponsabilidade. Infantilidade. Crime contra a humanidade”, afirma o pastor José Barbosa Junior.

Agora é uma questão de tempo para que as pessoas procurem desesperadamente estas igrejas como refúgio. Entendemos que pastores, padres, igrejas e espaços religiosos no geral servem para além da religião como acalento em meio ao desespero e medo, uma força intensa de fé e ajuda. O problema é que estes espaços podem e vão continuar sendo centros de propagação do COVID-19 uma vez que continue o fluxo de pessoas. Inclusive, muitos pastores colocaram em seus sermões que existe salvação somente dentro da igreja.

“As igrejas devem priorizar o recolhimento, a quarentena contra o COVID-19. Realizando suas reuniões de forma virtual e, principalmente, reafirmando a verdade evangélica de que “Deus não habita em templos feitos por mãos humanas”, tão cantada e falada, mas tão pouco percebida na realidade”, continua o pastor José Barbosa Junior.

Porque não fechar e manter a convivência online? Ou por ligação telefônica? Orar em casa e estratégias para que continuem utilizando de sua fé sem que se coloque em risco a sua vida e das outras pessoas. Os pastores, padres e disseminadores da fé, deviam estar orientando o isolamento social como uns dos métodos primordiais para saúde de seus seguidores.

“(…) A doença não escolhe vítimas por sua religiosidade (ou não religiosidade). Ela afeta a humanidade. E isso é muito, mas muito maior que qualquer fronteira. Precisamos ser menos divinos e mais humanos.(…)”, conclui o pastor José Barbosa Junior.

Para além de todas essas contradições de alguns religiosos, ainda existem padres, pastores e outros líderes religiosos que nos servem de bom exemplo neste momento caótico. O Padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral Povo da Rua ofereceu acolhimento para moradores de rua com suspeita de COVID-19 em São Paulo. Também abriu uma petição para pressionar a Prefeitura Municipal de São Paulo e outros órgãos para que forneçam o material básico para higiene e proteção da população em situação de rua. Link da petição: http://change.org/PovoDeRuaSemCorona.

Homem se protege do COVID-19

Segue a entrevista completa com o pastor José Barbosa Junior.

1. Como você vê esse momento de pandemia do COVID-19 especificamente no Brasil?
Um momento muito difícil. Creio que é a primeira vez que a nossa geração enfrenta uma pandemia tão devastadora e o Brasil está tendo que aprender “na marra” como lidar com isso.

2. Ontem o presidente Jair Bolsonaro teve uma fala no programa do Ratinho que contradiz o que a Justiça do Estado de São Paulo determinou com uma liminar que proíbe missas e cultos por conta da disseminação do Coronavírus ou COVID-19, mas o presidente agiu como se os pastores que tivessem que decidir sobre fechar ou não suas portas para cultos. Como você vê essa atitude do presidente Bolsonaro?
É lamentável que num momento como esse, a irresponsabilidade do presidente chegue a esse ponto. Faz da tragédia um palco político e continua “jogando para a plateia”, que neste caso são os evangélicos. Irresponsabilidade. Infantilidade. Crime contra a humanidade.

3. Alguns pastores como Silas Malafaia, Edir Macedo e outros se negaram a seguir as orientações do Ministério Público para que igrejas evitem cultos com grandes aglomerações. Porque você acha que pastores se negaram a seguir as orientações?
Esses pastores citados já abandonaram há tempos o Evangelho. Não são pastores, são negociantes da fé, empresários da espiritualidade. Logo, suas igrejas são enormes comércios e visam somenteno lucro financeiro. Não me espanta manterem abertas as suas igrejas, por dois motivos: sabem que igreja cheia geralmente corresponde a boa arrecadação e se alimentam de brigas e polêmicas para posarem de “defensores da fé contra os inimigos”. São espertos e sabem que essa “cruzada” lhes favorece em seus projetos de poder.

4. A ciencia sempre teve um papel fundamental que nenhum outro orgão consegue substituir. No entanto, a gente vê o desdém de planos de governo que realizou cortes e de algumas religiões que negam o entendimento científico. Porque algumas religiões tem medo da ciência?
Esse governo que aí está é, desde a campanha, anticientífico. E o fundamentalismo religioso também o é, logo, há um casamento perfeito entre o mau caratismo governamental e a ignorância ensinada e fortalecida na maioria das igrejas, infelizmente. Algumas religiões, erroneamente, acham que fé e ciência são antagônicas. Nada mais distante da verdade. A verdadeira fé é suprarracional e não irracional. Caminha com a ciência e os conhecimentos. Vai além (daí ser fé), mas sem negar a caminhada em conjunto.

5. Como as igrejas podem ajudar nesse momento a população? Qual deve ser a principal atitude, ao seu ver, de um pastor ou padre nesse momento?
As igrejas devem priorizar o recolhimento, a quarentena. Realizando suas reuniões de forma virtual e, principalmente, reafirmando a verdade evangélica de que “Deus não habita em templos feitos por mãos humanas”, tão cantada e falada, mas tão pouco percebida na realidade.

6. Como a população pode ajudar? Quais são as principais medidas de prevenção do coronavírus dentro de sua igreja?
A população deve obedecer aos apelos de se resguardar, ficar em casa. A Comunidade Cristã da Lapa suspendeu as atividades por tempo indeterminado. E nós, pastores, continuamos nosso trabalho nas redes sociais.

7. E pra finalizar, o que estamos aprendendo socialmente com esta pandemia mundial até agora?
Acho que a principal lição é a de que o que acontece com um é problema de todos. Uma pandemia serve para nos mostrar isso. É quase um “efeito borboleta”. E isso nos traz o pleno sentido de humanidade. A doença não escolhe vítimas por sua religiosidade (ou não religiosidade). Ela afeta a humanidade. E isso é muito, mas muito maior que qualquer fronteira. Precisamos ser menos divinos e mais humanos.

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1 Comment

1 Comments

  1. Gidalva Lino dos Santos

    26/03/20 at 14:25

    É lamentável a falta de responsabilidade desses lideres religiosos, seguidos pelo presidente que, prefere contar os mortos a salvar vidas. É preciso refletir muito …

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Ação Humanitária

Operação elogiada por Bolsonaro na ONU despeja venezuelanos em Boa Vista (RR)

Comunidade formada por 850 indígenas e crioulos recebeu prazo do Exército para deixar o local até dia 28 de outubro

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Comunidade autogerida Ka'Ubanoko, em Boa Vista (RR) - Martha Raquel / Brasil de Fato

Em meio a uma pandemia que já matou mais de um milhão de pessoas no mundo todo, a Operação Acolhida do Exército Brasileiro anunciou no último dia 17 de setembro o despejo de 850 pessoas da comunidade Ka’Ubanoko de imigrantes venezuelanos indígenas e crioulos.

Por Martha Raquel e Jeisse Carvalho, do Brasil de Fato

“Desde que soubemos que teremos que sair, estamos vivendo muita pressão psicológica e social. Estamos vendo mulheres que não bebiam e começaram a beber, mulheres que têm chorado, crianças com medo”, relata Leannys Torres, indígena Warao e liderança da coordenação indígena da Ka’Ubanoko.

:: “Não queremos ser explorados, nem marginalizados”: indígenas Warao pedem autonomia ::

A Operação foi citada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante seu discurso na Assembleia das Nações Unidas (ONU), quando afirmou que “no campo humanitário e dos direitos humanos, o Brasil vem sendo referência internacional pelo compromisso e pela dedicação no apoio prestado aos refugiados venezuelanos, que chegam ao Brasil a partir da fronteira no estado de Roraima”.

A comunidade Ka’Ubanoko cujo significado em português é “Meu espaço para dormir”, fica localizada na cidade de Boa Vista, capital de Roraima, e ocupa o espaço do antigo Clube do Trabalhador – uma obra que ficou abandonada há anos e abriga, desde o ano passado, crioulos e indígenas Warao, Eñepà, Kariña e Pemon. 

Alejandrina Cortez tem 5 filhos, sendo um recém-nascido, e agora vive diariamente a angústia de não saber o futuro de sua família. 

:: Indígenas Warao sofrem com péssimas condições de vida no abrigo público de Belém ::

“Me sinto mal, estou preocupada, não durmo bem, penso nos meus filhos. Não por mim, mas por eles que são pequenos. Agora eu tenho meu lugar. Meus filhos gostam de jogar [no quintal]. Será que eu não posso ter paz? Eu estou morando aqui. Estamos todos. Meus filhos gostam de brincar e estão acostumados com isso”, completa. 

Tanto a coordenação crioula quanto a coordenação indígena da comunidade escreveram uma carta à Operação Acolhida do Exército explicando a situação e pedindo que o despejo não seja efetuado sem diálogo. 

“Estamos cansados a ser pisoteados. Não nos negamos a deixar um terreno que sabemos que não é nosso, mas nós temos direitos e sabemos que há outras soluções. Queremos falar, dialogar, mas nos tratam como animais. Nos impõem, querem pensar por nós”, explica a Cacique Eñepa. 


Regras da Comunidade autogerida Ka’Ubanoko, em Boa Vista (RR) / Martha Raquel / Brasil de Fato 

O local atual é dividido em cinco áreas, entre espaços reaproveitados da construção do parque, casinhas de madeira, barracas e redes.

Os indígenas e crioulos convivem como uma comunidade, organizada por setores. Os moradores se dividem através de coordenações responsáveis por alimentação, saúde, esporte, infraestrutura, segurança, proteção da mulher, educação, cultura e limpeza.

Quando decidem por nós, estão violando os nossos direitos, de construir nosso futuro, de sermos protagonista 

Para Leannys Torres, da forma como está sendo conduzida a Operação Acolhida há um desrespeito com os direitos dos povos indígenas.

“Não somos migrantes, somos indígenas de toda a América e isso é algo que eles precisam aprender a respeitar. E quando decidem por nós, estão violando os nossos direitos, de construir nosso futuro, de sermos protagonistas. Estamos indignados”, ressalta.

:: Como é o atendimento à migração venezuelana durante a pandemia? ::

A alternativa apresentada pela Operação Acolhida é realocar as mais de 850 pessoas nos abrigos geridos pelo próprio Exército, onde é realizado um trabalho de interiorização das famílias quando são enviados para trabalhar em diversos estados do Brasil. 


Abrigo oficial do Exército São Vicente 2, no bairro São Vicente, em Boa Vista (RR) / Martha Raquel/Brasil de Fato

Um ser humano não merece viver a vida que eles nos oferecem em um abrigo 

Alguns moradores da comunidade explicam que já viveram nos abrigos e não gostariam de passar novamente por essa experiência.

“Não há privacidade. Um ser humano não merece viver a vida que eles nos oferecem em um abrigo. Viver com calor, comer na hora que eles nos entregam a comida. Não teremos o direito de escolher o que vamos comer pela manhã, ao meio dia e à noite”, protesta Deirys Ramos, Cacique Eñepa, pertencente à etnia Warao.

:: Indígenas venezuelanos sofrem com a covid-19 e a fome no Recife (PE) :: 

Com base em experiências passadas nesse tipo de instalação, ela afirma que as condições de moradia apresentadas são insalubres.

“Querem ter-nos como animais, mas nem os animais se tratam assim. É um lugar onde não há árvores, não há brisa, em que estaremos fechados por todo o dia. Faz muito calor, todos estaremos amontoados”, ressalta.

Torres ressalta que o espaço dos abrigos limita a prática dos costumes tradicionais desses povos.

“Nos abrigos não teremos a liberdade de expressar nossas ideias, nossos costumes. A vida dos Warao está ligada à terra e ter terra é ter vida. Ficarmos fechados num abrigo nos limitaria bastante, é como estar em um campo de concentração”, explica. 


Uma das construções da ocupação Ka’Ubanoko, que abriga indígenas venezuelanos em Boa Vista (RR) / Martha Raquel/Brasil de Fato

Educação prejudicada 

Para a Cacique Deirys, a vida em abrigos impacta também no processo de educação da comunidade.

“É um lugar que nem sequer nos asseguram a educação, que pra nós seria não só bilíngue, mas que deveria ser trilíngue porque nós falamos diferentes idiomas. Não somos só um povo indígena, somos quatro povos indígenas”, ressalta. 

Entre os crioulos, 80% falam português e todos falam a língua nativa, o espanhol. Entre as quatro etnias indígenas, algumas pessoas falam apenas o idioma originário e outros aprenderam o espanhol.

:: “Não queremos ser explorados, nem marginalizados”: indígenas Warao pedem autonomia ::

Yidri Torrealba, coordenadora-geral da comunidade e representante dos crioulos explica que a educação diferenciada para as crianças sempre foi uma prioridade dentro da comunidade. 

“Entre a população indígena e a população crioula aprendemos a viver em comunidade, implementando a educação diferenciada para as crianças, já que mais de 50% que não conseguiram vagas nas escolas”, conta.


Crianças da Comunidade autogerida Ka’Ubanoko, em Boa Vista (RR) / Martha Raquel / Brasil de Fato

Na última quarta-feira (30), representantes do Defensoria Pública da União (DPU), do Ministério Público Federal (MPF) e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) estiveram na comunidade Ka’Ubanoko para dialogar sobre a situação. 

Segundo Luís Ventura, coordenador do Cimi, no próximo 14 de outubro uma reunião deve acontecer entre MPF, DPU, Operação Acolhida e representantes de entidades internacionais. A reunião também irá contar com a presença de um procurador da República de Brasília (DF), representante da área da Defesa do Cidadão, e também Renan Sotto Mayor, presidente Conselho Nacional dos Direitos Humanos

Eles apresentarão uma petição para que se suspenda a operação do despejo da Comunidade Ka’Ubanoko e solicitar outro prazo, garantindo diálogo, consulta prévia e que as reivindicações dos ocupantes sejam consideradas.

Segundo o coordenador do Cimi essa é uma medida extrajudicial para convencer a Operação Acolhida e, se não atendida, as entidades acionarão judicialmente a operação acolhida. 

Questionados por e-mail sobre a operação, os diálogos realizados, as alternativas para os imigrantes,as condições nos abrigos e as formas de fiscalização utilizada para que os refugiados não sejam enviados para lugares em que sejam obrigados a trabalhar em situação análoga à escravidão, a Operação Acolhida não respondeu e disse que a Casa Civil da Presidência da República deveria ser acionada.

A equipe do Brasil de Fato tentou contato com a instituição, mas também não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

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Ação Humanitária

Vítimas da Covid-19 e seus familiares recebem homenagem e solidariedade

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Em Campinas, interior de SP, coletivo se organiza contra o apagamento da memória  das verdadeiras vítimas da pandemia

Hoje,  05 de setembro, aconteceu pela  manhã  no centro da cidade  o “Ato Vidas Interrompidas” promovido  pelo   Coletivo 1000vidas. O  ato foi planejado para evitar aglomeração e foi transmitido ao pela página https://tv.socializandosaberes.net.br,    com  falas e intervenções artísticas  que iniciaram no Largo do Rosário .

Ato Vidas Interrompidas – Campinas-05-09-2020 Foto: Fabiana Ribeiro

Na sequência, os participantes seguiram em cortejo para a Praça Bento Quirino . Na praça – marco zero da cidade – está localizado o monumento-túmulo de Carlos Gomes, que  recebeu uma instalação artística com o intuito de homenagear às vítimas do Covid-19. Dessa forma foram colocados mil laços de fitas representando cada vida perdida para a doença, na cidade de Campinas.

Ato Vidas Interrompidas – Campinas-05-09-2020 Foto: Fabiana Ribeiro

Na  semana passada, Campinas superou as 1000 mortes confirmadas, sendo o 11º município brasileiro com mais óbitos causados pela Covid-19.
 Campinas ainda tem mais óbitos pela doença que 15 capitais de estado do Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, entre elas Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre, que são mais populosas e que têm 969, 944 e 663 mortes confirmadas, respectivamente.

Ato Vidas Interrompidas – Campinas-05-09-2020 Foto: Fabiana Ribeiro

O coletivo

O Coletivo 1000vidas nasceu da indignação de algumas pessoas com o apagamento da memória de amigos, familiares, conhecidos e cidadãs/ãos que estão morrendo ou sofrendo com o Covid-19 sob um manto de apatia de governantes e de parte da imprensa que nos têm tratado como estatísticas de adoecimentos e mortes aceitáveis frente às necessidades da economia e do mercado.  Movido pelo sentimento incômodo da indignação, o  coletivo propõe ações  que desvelem as narrativas   das famílias e as dores de suas perdas e pretende realizar diversas outras  atividades , uma das propostas é um Memorial Virtual  na forma de uma página na internet dando voz e prestando  homenagens, a quem partiu e a quem sofre por estas vidas interrompidas prematuramente. O memorial conta com apoio do Conselho Municipal de Saúde de Campinas.

 Integram o coletivo mais de 40  movimentos organizados de trabalhadores, sociais, culturais e outros.

Mais retomada de atividades e número de vítimas continua crescendo

No dia 02 de setembro, o Prefeito de Campinas – Jonas Donizette (PSB) assinou o decreto que autoriza a retomada de atividades culturais, como museus, cinemas e teatros, além de permitir eventos, convenções e serviços de bufê adulto, a partir de 04 de setembro .

A Prefeitura de Campinas (SP) informou, neste sábado (5), que foram confirmadas mais 10 mortes por novo coronavírus, além de outros 344 casos. Com isso, a cidade chegou a 1.069 óbitos provocados pela covid-19, e 29.327 moradores infectados.

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Ação Humanitária

Baixo Tapajós: campanha distribui mais de 20 toneladas de kits de higiene e proteção

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  • Combate à Covid-19
  • Ação de ONGs vem ajudando a reduzir o avanço da Covid-19 entre as comunidades ribeirinhas e indígenas na região do baixo Tapajós
  • Distribuição de mais de 20 toneladas de kits de higiene, limpeza e proteção contra o novo coronavírus, ao longo do Rio Arapiuns, afluente do Rio Tapajós, Santarém-PA

Fotos: Leonardo Milano / Jornalistas Livres

Às 6h30min da manhã da última sexta-feira (21), em Santarém-PA, as equipes dos barcos do Projeto Saúde e Alegria (PSA) e Gaia se preparam para mais uma jornada de distribuição de kits de limpeza, higiene pessoal e proteção para as comunidades espalhadas ao longo do Rio Arapiuns, importante afluente do Rio Tapajós. Waltinho e Ana, jovens  coordenadores da expedição, conferem as tabelas com os kits a serem distribuídos em cada comunidade.

Ana e Waltinho lideraram a expedição, que ocorreu entre os dias 21 e 23 de agosto – Foto: Leonardo Milano / Jornalistas Livres

Waltinho é indígena do povo Kumaruara; Ana é da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. As tripulações dos barcos separam arduamente os produtos antes de cada parada. Os protocolos de segurança são rígidos e cumpridos à risca: antes de embarcar, cada membro da equipe tem de fazer o teste para detectar anticorpos para o novo coronavírus. Todos têm de usar máscara , e há fartura de álcool em gel nas embarcações. Apenas dois ou três tripulantes desembarcam em cada parada, para entregar os kits. Mais de 2500 famílias, espalhadas ao longo do Rio Arapiuns e Lago grande serem atendidas, em 3 dias de viagem.

Pouco antes de atracar, o comandante de cada barco aciona a buzina, avisando os moradores que os kits estão chegando. As equipes geralmente são recebidas por lideranças comunitárias e por um punhado de moradores, que ajudam a carregar os pacotes. A expressão nos semblantes dessas pessoas é sempre de expectativa. Com a ausência ou insuficiência dos serviços de Estado, essas comunidades têm dependido de ações da sociedade civil organizada, que tem feito doações e atendimento médico localmente, a fim de evitar que essas populações se desloquem até Santarém ou outras cidades com alguma estrutura, em busca de atendimento médico –  e para comprar mantimentos –  diminuindo assim o contato com o vírus. 

Sob o mote #ComSaudeAlegriaSemCorona, ao todo, desde que as ações de mitigação dos efeitos da pandemia começaram, já foram distribuídos mais de 6 mil  kits familiares de higiene, limpeza e proteção, atendendo centenas de comunidades. O PSA e parceiros também vêm distribuindo, desde o início da pandemia,  cestas básicas para as comunidades ribeirinhas, além e apetrechos de pesca para os Munduruku. Mesmo com essas ações, relatos indicam que a pandemia chegou forte em muitas comunidades, sem que haja o registro oficial dos casos covid-19. 

Foto: Leonardo Milano / Jornalistas Livres

Certamente há uma enorme subnotificação, e os casos oficialmente registrados pela Secretaria de Saúde entram no cômputo geral de casos e mortes do município, sem que haja separação por comunidade. Oficialmente, segundo a última atualização da prefeitura de Santarém, até o último domingo (23), o município totalizava, 8.559 casos de covid-19 e 366 óbitos.

Foto: Leonardo Milano / Jornalistas Livres

Não se sabe ao certo a situação da pandemia nas populações que vivem ao longo dos rios Tapajós, Arapiuns e afluentes, o que se sabe é que, não fossem as ações da sociedade civil organizada, a situação seria bem pior.

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