Fotografia contra a barbárie

Repórteres fotográficos participaram de ato realizado no Sindicato dos Jornalistas - Foto de Bruno Figueiredo
A exemplo de seus companheiros e companheiras de São Paulo, Rio de Janeiro e, certamente de outros estados, os(as) repórteres fotográficos(as) de Minas também estão organizados em torno da luta pela democracia neste momento difícil em que passa o país, às vésperas de uma eleição presidencial. Na noite desta quinta-feira, 25, a categoria esteve reunida durante ato no Sindicato dos Jornalistas, em Belo Horizonte, onde a conjuntura política foi colocada em debate e várias atividades foram realizadas durante o evento Fotógrafxs Pela Democracia.
Em sua abertura, a repórter fotográfica dos Jornalistas Livres, Isis Medeiros, uma das organizadoras do evento, falou sobre os esforços colocados em prática para que a iniciativa se concretizasse, seguindo a trilha aberta pelos profissionais da fotografia de São Paulo e Rio de Janeiro. Em seguida, o diretor da Casa do Jornalista, Mauro Werkema, falou um pouco sobre a história da entidade que abrigou o evento e sua luta em favor da democracia ao longo das últimas décadas, inclusive e sobretudo durante a ditadura, destacando que a Casa sempre esteve ao lado e aberta àqueles que estão na luta de resistência contra a repressão, o arbítrio e o fascismo.
Já o repórter fotográfico Fernando Rabelo falou sobre a importância do acervo fotográfico familiar como registro da história, abordando os dramas vividos pela sua família desde a infância, quando viu seu pai, o jornalista José Maria Rabelo, diretor do extinto jornal “Binômio”, ser perseguido pela ditadura militar após o golpe de 1964, o que o obrigou a se exilar na Bolívia, Chile e França ao lado da mulher e filhos. Fernando mostrou várias fotos suas e de seus familiares durante o exílio e destacou a importância de se lutar, hoje, contra o fascismo.
Em seguida, a repórter fotográfica Madu falou sobre o medo durante os dias de ditadura, quando presenciou a invasão policial do antigo prédio da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) no bairro Santo Antônio, onde estudantes em fuga eram abrigados por professores e colegas do Colégio de Aplicação, vizinho ao prédio da Fafich. “Por isso é importante estarmos unidos neste momento, para que não tenhamos de volta aqueles tristes dias de repressão política”, disse.
Durante o evento foram ainda apresentados vídeos de dezenas de repórteres fotográficos(as) da Argentina, Chile, Colômbia, Portugal, e também de diversas regiões do Brasil, manifestando sua solidariedade aos colegas e ao povo brasileiro. As mensagens mostravam a importância e necessidade da luta pela democracia, contra a violência, o fascismo e o retrocesso político e social. Na ocasião, o radialista comunitário, Élder Pacheco, lembrou que justamente no dia 25 de outubro de 1975, portanto, há 43 anos, foi assassinado sob tortura o jornalista Vladimir Herzog no Doi-Codi, em São Paulo.
Por fim, o evento terminou com a leitura do manifesto em defesa da democracia divulgado pelos(as) repórteres fotográficos(as) paulistas, que hoje conta com milhares de assinaturas de apoio em todo o país.

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