Diário do Bolso: o furo e o furico

José Roberto Torero*

Diário, ontem eu fiz uma grande piada. Usei a palavra “furo” com dois sentidos. Disse que aquela repórter lá da Foice de S.Paulo “queria dar o furo (kkk!) a qualquer preço contra mim”.

Achei coisa de gênio!

O Hans River inventou essa história e a gente tem que ir com ele, pô. Não podemos deixar o cara mentir sozinho. Se todo mundo mente junto, a coisa vira verdade.

Tem que desmoralizar essa jornalista mesmo. Porque essa CPMI das Fake News pode ser a minha pedalada. Se eles forem fundo na coisa, vão ter desculpa para me tirar.

Todo mundo sabe que uns ricaços, tipo o Véio da Havan, pagaram zap-zap pra mim. Mas ninguém fala nada porque querem que o Guedes diminua o estado e os impostos. Querem que ele faça as Reformas Administrativa e Tributária. Quer dizer, querem pagar menos imposto e sustentar menos funcionários.

Na hora que os ricaços e os deputados acharem que eu não consigo mais fazer isso, na hora que eles acharem que eu estou dando prejuízo, vão querer botar no meu furo. Aí é Impiximem ou uma coisa do tipo.

Então eu tenho que desmoralizar a menina mesmo. E eu posso falar qualquer coisa.

Se eu fosse aluno de um colégio, tinha sido mandado pra diretoria. Se eu estivesse num quartel, ia pegar uma cana. Mas eu sou o presidente da República. Eu posso tudo.

Quem vai fazer alguma coisa contra mim? A PGR? Não mesmo. A gente faz xixi cruzado e cocô de porta aberta. Com a gente não tem esse mimimi, não.

As deputadas suvacudas tentaram fazer barulho, mas o Dudu foi para a Tribuna da Câmara mandar uma banana para elas. Esse é meu filho, não precisa nem de teste de DNA.

Olha, Diário, Fake News e Adriano ao mesmo tempo está difícil.

@diariodobolso

*José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.

COMENTÁRIOS

Uma resposta

  1. Boa noite! Entendi a matéria, mas o sustentar, soa como se os funcionários públicos, fossem desnecessários e inúteis. Coisa que não reflete a realidade. E, o pagar menos imposto, é um anseio de todos, que vai dar a impressão, que a coisa está certa. Grande parte das pessoas, não tem conhecimento, do que realmente está ocorrendo. E, penso que ao criticar, devemos ter isso em mente. Apenas uma crítica e opinião, com boa intenção. Abraço.

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