Brasileirão. Sei que vou levar porrada por aqui também. Vou ter que ler sobre a “tal cachaça do torcedor”, utilizada fora de contexto. Paulinho Nogueira, o músico, tratava de injustiças sociais, não de epidemia.
Mas é dever do jornalista, ao menos de acordo com o protocolo ético da profissão, avisar a sociedade, mesmo quando tentam ofendê-lo e ridicularizá-lo.
Brasileirão Série A. Goiás (GO) x São Paulo (SP): 10 infectados
A partida do Brasileirão entre Goiás e São Paulo, esteve por um fio de ocorrer. O SPFC chegou a entrar em campo. O mandante somente conseguiu suspender o jogo duas horas antes de seu início.
Eram 10 os infectados pelo novo coronavírus no time esmeraldino.
Como cerca de 250 pessoas são mobilizadas direta ou indiretamente para um jogo desses, todos poderiam ter sido infectados caso o jogo tivesse ocorrido.
Se pensarmos nas famílias desses profissionais, 1.000 pessoas teriam corrido o risco de contrair a doença.
Brasileirão Série C. Treze (PB) x Imperatriz (MA): 12 infectados
Mas não é o único caso. O time do Imperatriz, do Maranhão, da série C do Brasileirão, viajou até a Paraíba com nada menos que 12 infectados. Foi de busão.
E só descobriu que carregava esse enorme grupo de portadores do vírus quatro horas antes da partida. Ou seja, podem ter espalhado a epidemia pelo caminho. Não fosse a informação urgente, a partida teria sido realizada.
Brasileirão Série C. Brusque (SC) x Ypiranga (RS): 5 infectados
O Ypiranga, do Rio Grande do Sul, foi a Santa Catarina, em outro jogo pela Série C do Brasileirão, com cinco atletas contaminados. A partida ocorreu sem eles, mas com os outros que tiveram contato direto com os infectados. Um absurdo total.
Brasileirão Série C. Manaus (AM) x Vila Nova (GO): 1 infectado
O Vila Nova já tinha viajado a Manaus quando descobriu que também tinha um contaminado no grupo. O jogo contra o Manaus, pela Série C, ocorreu normalmente, colocando em risco centenas de pessoas.
Campeonato alagoano. CSA (AL) x CRB (AL): 8 infectados
Brasileirão Série B. CSA (AL) x Guarani (SP): ? infectados
O CSA e o CRB disputaram o título alagoano na quarta-feira. O resultado, no entanto, somente saiu dois dias depois. Nada menos que oito jogadores do CSA estavam infectados.
Os jogadores não-positivos, mas que estiveram em contato próximo com eles, enfrentaram o Guarani pela Série B do Brasileirão, no fim de semana.
Roleta russa em campo
Contra fatos, não há argumentos. O entusiasmo e o endosso a esse futebol em tempos de pandemia revela irresponsabilidade de autoridades e leviandade dos aficcionados.
Não apenas naturaliza a tragédia, encampando a tese da gripezinha, como efetivamente coloca em risco a saúde dos profissionais e da saúde.
O futebol deveria ser rito civilizatório e não roleta russa da barbárie.
Site da CBF: https://www.cbf.com.br/
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Texto: Walter Falceta/Democracia Corinthiana