Por Tatiana Scalco- Ciranda – parceira com Jornalistas livres
Hoje (24.01.2020) por volta das 10h, um gol branco com quatro pessoas invadiu a aldeia Pequi, localizada no Território Indígena Comexatibá, em Prado, extremo sul da Bahia. Chegando lá, o veículo se deslocou para o lado oeste da aldeia, na área que fica perto da praia.
Dois homens armados desceram do veículo e se dirigiram, primeiro, a uma casa de palha. Atearam fogo e queimaram a casa, com tudo o que tinha dentro: roupas, documentos, mantimentos, moveis. O indígena Mestia que lá morava, estava trabalhando no momento do ataque. Quando chegou, viu sua casa toda destruída, só ficou com a roupa do corpo.
Em seguida, os homens foram em direção a outra casa, desta vez de alvenaria, que estava perto. Utilizando marretas, eles iniciaram a destruição. Lá morava uma família indígena com seis pessoas que estavam fora.
O indígena Ligu, jovem pescador, testemunhou o início da ação. Quando viu o que estavam fazendo, destruindo tudo, Ligu correu para a aldeia em busca de ajuda. Ao retornar com alguns outros indígenas as casas já estavam destruídas.
Ticum, agente de saúde e liderança da Aldeia Pequi informou que fizeram boletim de ocorrência do fato na delegacia de Prado (BO 8o CRPN-PRADO- BO-20.00172). As lideranças indígenas irão falar com o delegado na próxima segunda-feira (27.01.2020).
A escalada de violência e os ataques contínuos ao território indígena Comexatibá (Cahy-Pequi) preocupam a comunidade, destaca Ticum. O ato de violência acontece 42 dias após os ataques à Aldeia Pequi de dezembro de 2019. E nove dias após reunião de emergência realizada na Aldeia com participação da Defensoria Pública da União, Programa Nacional de Proteção de Direitos Humanos (PPDDH), Centro de Estudos sobre Povos Indígenas e Populações Tradicionais (Cepit) da Universidade estadual da Bahia (Uneb), Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Funai.
Consultado, o Defensor Público Federal, Vladimir Correia, informou que acompanha a situação. A Funai também tem conhecimento dos fatos. Domingos Andrade do CIMI destaca “a preocupação com a situação de violência desgovernada, onde pessoas fortemente armadas, invadem as áreas (da Aldeia Pequi), cometendo este tipo de crime contra a comunidade”.
A comunidade está em alerta. Revoltada com as incursões de indivíduos que continuam invadido seu território tradicional e destruindo suas casas.
Para acompanhar o caso leia:
URGENTE: Alerta para ameaça de ataque à Aldeia Cahy – Prado/BA durante o recesso de final de ano (http://www.ciranda.net/?URGENTE-Alerta-para-ameaca-de)
Ataque na virada do ano (http://www.ciranda.net/?Ataque-na-virada-do-ano)
Violência contra os Pataxó de Comexatibá, na Bahia, motiva reunião de emergência (http://www.ciranda.net/?Violencia-contra-os-Pataxo-de)
Veja o que publicamos sobre o assunto:
Violência contra os Pataxó de Comexatibá, na Bahia, motiva reunião de emergência
Alerta para ameaça de ataque à Aldeia Cahy – Prado/BA durante o recesso de final de ano
Uma resposta
Seria a criação do Conselho de Proteção a Amazônia um pano de fundo, uma névoa pra cobrir as barbaridades anunciadas ???