O Colégio Estadual Odorico Tavares, em Salvador, foi ocupado por ex-alunos na tarde do último 21 de Janeiro. O Governo da Bahia, comandando por Rui Costa (PT), segue em franca articulação para a venda do prédio e do terreno. A propriedade é cobiçada pelo mercado imobiliário há decadas, pois se localiza no Corredor Da Vitória, área nobre da cidade, com o metro quadrado estimado em 15 mil reais.
A ocupação começou por volta das 14 horas e se encerrou durante a madrugada. A Polícia Militar fez um cordão de isolamento na área e impediu outras pessoas de entrarem na escola. Até doações de água e comida para os ocupantes foi interdidato. Os alunos propuseram abrir o diálogo coma Secretaria de Educação, mas com a condição da PM se retirar, o que não aconteceu. Durante a noite, a energia elétrica do prédio foi cortada.
O colégio já havia encerrado suas atividades com o final do ano letivo de 2019. A justificativa da Secretaria de Educação é de que não havia demanda na região, por conta da dificuldade de alunos da periferia se locomoverem até o Corredor da Vitória. Com capacidade para 3,6 mil alunos, o Odorico Tavares teve em 2019 pouco mais de 300 alunos. A comunidade escolar e docente, no entanto, argumenta que o colégio foi alvo de sucateamento, com a secretaria dificultando propositalmente as matrículas, realocando alunos para outro colégios, para depois atestar baixa demanda e justificar o fechamento e a venda.
Fundado em 1994 pelo então governador Antonio Carlos Magalhães para ser referência na educação pública no estado, o Colégio Estadual Odorico Tavares chegou a ter sua matrícula disputada por pais de alunos. A estrutura conta com equipamentos esportivos, laboratórios e anfiteatro, além de proporcionar aos seus alunos a vivência do centro da cidade, maior contato com equipamentos culturais e proximidade com o centro Histórico de Salvador, lugar importante para a própria história do Brasil.
Já no dia 09 de Janeiro, o atual governador Rui Costa enviou à Assembléia Legislativa da Bahia o requerimento para aprovar a venda do colégio. Segundo o requerimento, os recursos serão empregados para melhoria e ampliação da própria rede escolar. A ocupação do dia 21 demonstrou que existe resistência da sociedade à venda. Há uma manifestação marcada para amanhã, dia 24 de Janeiro.