Mídia
Uma imagem vale mais do que mil palavras?
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10 anos atrásem

Por Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá do MediaQuatro especial para os Jornalistas Livres
Praticamente nada nas sociedades humanas é “natural”. Mesmo as necessidades animais básicas como comer, beber e dormir, são feitas de maneiras culturalmente construídas e codificadas. Comer carne de vaca ou de cachorro, beber água ou refrigerante, dormir em cama ou em rede nos foi ensinado pelos que vieram antes de nós. No princípio da humanidade, a maneira mais usual de se transmitir o conhecimento (e com ele os critérios de escolha, valoração e padrões de comportamento) era a oral. Mas havia também a consolidação, perpetuação e transmissão dos conceito-chave para a convivência, e mesmo existência em sociedade, pela forma de raciocínio definida pelo filósofo tcheco Vilém Flusser como mágico-imagético-circular, porque baseada no modo como as pessoas leem as imagens, com o olhar circulando pela cena e apreendendo dela o que considera mais significativo, normalmente reforçando os conceitos que já temos arraigados dentro de nós. Por um breve período de tempo, cerca de 3.300 anos, desde a redação dos primeiros cinco livros da bíblia, a forma de raciocínio hegemônica na sociedade passou pouco a pouco a ser a tempo-histórico-linear, baseada em textos, que precisam de uma ordem linear para serem lidos, pressupondo causas e consequências em todas as relações.
Com a invenção da fotografia, contudo, qualquer pessoa, mesmo que não saiba ler textos, pode construir mensagens imagéticas com um simples click. Este é, aliás, o slogan de lançamento da primeira câmera fotográfica da Kodak, em 1888: você aperta o botão e nós fazemos o resto. Para Flusser, esse é o início de uma nova era, chamada de pós-histórica, onde o raciocínio mágico-imagético-circular volta com força. Com o advento dos meios de comunicação em massa, as imagens, não só visuais mas compostas também por textos, sons e narrativas orais, passam a fazer a mediação entre os homens e o mundo e entre os homens e os homens. Assim, as opiniões e conceitos que temos sobre os fatos hoje são construídas principalmente pelas imagens captadas para e distribuídas pelos grandes fluxos de informação. Como a forma de pensamento tem se tornado mais e mais mágico-imagético-circular, cada vez menos as pessoas nas ruas buscam as causas do que veem nos jornais, revistas, TVs e Internet, e pouco se atentam para as consequências dessas visões de mundo. As solução para problemas complexos parecem, então, simples e mágicas. Basta matarmos todos os bandidos, por exemplo, e viveremos em paz. Como diz Flusser:
O fascínio mágico que emana das imagens técnicas é palpável a todo instante em nosso entorno. Vivemos, cada vez mais obviamente, em função de tal magia imagética: vivenciamos, conhecemos, valorizamos e agimos cada vez mais em função de tais imagens
Numa sociedade altamente fundada na visibilidade como a nossa, portanto, profissionais da imagem, como fotojornalistas, têm uma responsabilidade enorme em passar para o público pontos de vista sobre a realidade objetiva que levem à reflexão sobre como resolver de fato, ou ao menos minimizar, os sérios problemas sociais que temos. Quando um fotógrafo de conflitos internacionais que recebeu a mais importante premiação de cobertura de guerra do mundo, a medalha de ouro Robert Capa, decide retratar a violência brasileira, boa parte dos colegas ficamos empolgados com a possibilidade deste que, a meu ver, é o principal problema nacional (temos mais de 50 mil assassinatos por ano no Brasil há tempos) fosse representado por imagens, textos e contextos que pudessem impactar positivamente as políticas para o setor. Afinal, a visibilidade desse trabalho seria imensa devido à reputação do fotógrafo e seu fácil acesso a todos os grandes meios de comunicação do país. Infelizmente, não foi isso que aconteceu. Bem ao contrário.

A mostra Revogo, exposta no Centro Cultural da Caixa Econômica Federal de São Paulo desde o último dia 10 de outubro, traz 60 fotografias tiradas em vários lugares do Brasil em três anos de atividade do fotojornalista André Liohn depois que voltou ao país após ter sido preso na guerra civil na Síria. Nas paredes estão distribuídas imagens de “trabalhadores” do tráfico de drogas ilegais, das manifestações populares de 2013, consumo de crack (resultantes de um ensaio encomendado pela revista Veja), bailes funk, e ações da polícia. Não há separações nos temas, nem contextualização e sequer legendas individuais. Num pequeno texto separado numa parede oposta às fotos temos as informações de que o autor pretende com a exposição “revogar” preconceitos de que o Brasil vive uma “guerra velada” (para ele, a situação é de “delinquência generalizada”), que se trata de retratos de momentos de “trauma” (quando a partir daí a vida toma inevitavelmente outro rumo) e que todas as fotos têm uma única legenda: Onde? Brasil. Quando? Hoje.

Apesar de dizer na série de vídeos oficiais da mostra[1] que a principal foto da exposição é a que mostra uma jovem sem calça sendo apalpada por quatro homens na Noite da Devassa, um baile funk promovido por uma marca de cerveja, essa imagem vem tendo divulgação menor por causa seu conteúdo de nudez. Outras aparecem apenas em galerias virtuais dos portais de notícias sob o alerta: Atenção, as imagens a seguir são fortes. A mais comumente publicada, distribuída junto com o press-release[2] e que abre a exposição, é a que mostra um menino negro de costas atirando com uma pistola automática sobre um campo relvado que parece ser um morro carioca. Em um dos vídeos oficiais, Liohn diz que foi dele a ideia de desafiar a criança, que teria 10 anos de idade e trabalharia no tráfico de drogas, a dar alguns tiros para provar que ela sabia atirar, contrariando os demais traficantes que diziam que ela era péssima atiradora.

Na reportagem de capa do caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo, com o título Notícias de uma guerra particular, Lioh afirma que “As flores, marias-sem-vergonha, ilustram como são nossas crianças: nascem do nada, mas são frágeis, morrem do nada também”[3]. Na versão digital da reportagem de Anna Virgínia Balloussier, o título muda paraVencedor da medalha Robert Capa abre mostra sobre violência no Brasil. A matéria impressa, contudo, tem mais impacto, já que tiro disparado pela criança “atinge” em cheio as letras garrafais vermelhas que dão nome ao caderno de cultura do jornal. Outras duas fotos de adolescentes traficantes, ambos negros, aparecem na mostra. Nas duas os meninos portam pistolas automáticas, mas como são fotografados de frente, suas identidades são preservadas por máscaras representando demônios ou diabos.
A matéria segue informando que “Liohn apontou sua lente para enterros, policiais dando dura em jovens negros e uma menina alucinada com o éter da garrafa plástica”. De fato, várias das fotos da mostra apresentam policiais na ativa, e sempre de forma altiva. A imagem abaixo, por exemplo, se assemelha muito a uma das fotos premiadas do conflito na Líbia, com os soldados rebeldes subindo uma escada[4]. Todas as pessoas detidas pela polícia nas imagens, por outro lado, estão de cabeça baixa, algemadas e subjugadas, e, coincidentemente ou não, são negras, assim como todos os cadáveres, cerca de 15, retratados nas fotografias.

Na única foto em que aparecem oficiais ajudando alguém, essa pessoa também é um policial ferido, provavelmente numa das manifestações de 2013 (como não há data ou local específico, é difícil identificar com certeza). Durante as chamadas Jornadas de Junho, de 2013, tivemos a oportunidade de encontrar André Liohn várias vezes nas ruas, trabalhando. Em 7 de setembro de 2013, por exemplo, com a forte repressão policial às manifestações levando a um grande número de feridos, fizemos a imagem (que abre essa matéria) de oficiais agredindo dois fotógrafos independentes: Rodrigo Zaim (do R.U.A. Fotocoletivo) e Paulo Ishizuka (da Mídia NINJA). Também fizemos um retrato de Liohn, que chegou junto com alguns policiais quando os paramédicos vieram atender um manifestante atropelado por uma viatura policial e ele estava fotografando a vítima.

Seu bom relacionamento com a polícia desde essa época certamente o ajudou a fazer algumas das fotos que compõem a exposição, acompanhando de dentro o trabalho da mais violenta tropa da corporação em São Paulo: a Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar — ROTA. Se o método de Liohn para fotografar a violência no Brasil é o mesmo que ele utiliza nas guerras, conforme ele próprio afirma, sua cobertura é equivalente à dos jornalistas embedded, que viajam junto com as tropas e portanto reproduzem o seu ponto de vista e não o dos civis[5].
Quando entrevistado pelo programa Roda Viva[6], assim que recebeu em 2012 a Robert Capa Gold Medal por sua cobertura da queda do Muammar Al Gaddafi na Líbia, Liohn afirmou que nunca se interessou em estudar fotografia, mas alguns conceitos básicos são essenciais e deveriam ter sido apreendidos ainda que de forma empírica no campo. Pra começar, temos as proposições de Roland Barthes no clássico A Mensagem Fotográfica[7], publicado originariamente em 1962, onde ele define a fotografia como uma “mensagem sem código”, já que seu significados não resultam apenas dos componentes denotativos (o que realmente aparece nas imagens e tem relação direta com o referente fotográfico) mas principalmente dos elementos conotativos, que são atribuídos culturalmente para se dar significação ao que se vê e estão presentes tanto dentro da imagem em si, como nos textos que a acompanham e nos contextos em que ela é apresentada.
o código de conotação não era verossimilmente nem “natural” nem “artificial”, mas histórico, ou, se se prefere: “cultural”; os signos aí são gestos, atitudes, expressões, cores ou efeitos, dotados de certos sentidos em virtude do uso de uma certa sociedade: a ligação entre o significante e o significado, isto é, a significação propriamente dita, permanece, senão imotivada, pelo menos inteiramente histórica. […] a significação é, em suma, o movimento dialético que resolve a contradição entre o homem cultural e o homem natural. Graças ao seu código de conotação, a leitura da fotografia é portanto sempre histórica: ela depende do “saber” do leitor, exatamente como se se tratasse de uma língua verdadeira, inteligível somente se aprendemos os seus signos.
No caso que Barthes chama de foto-choque, ou traumáticas, como as fotografias de conflitos, mortes, incêndios, tragédias, etc, exatamente o que Liohn se propõe a fazer, a tarefa de buscar reflexão sobre as problemáticas envolvidas é ainda mais ingrata.
o trauma é precisamente o que suspende a linguagem e bloqueia a significação. Decerto, situações normalmente traumáticas podem ser apreendidas num processo de significação fotográfica; mas é que então precisamente elas são assinaladas por um código retórico que as distancia, as sublima, as pacifica. […] a foto-choque é por estrutura insignificante: nenhum valor, nenhum saber, em último termo nenhuma categorização verbal pode ter domínio sobre o processo institucional da significação. […] Por quê? É que, sem dúvida, como toda significação bem estruturada, a conotação fotográfica é uma atividade institucional; à escala da sociedade total, sua função é integrar o homem, isto é, dar-lhe segurança
Nesse sentido, é incompatível “dar segurança” à sociedade “revogando” os preconceitos culturalmente associados à visão repassada pela mídia hegemônica de que vivemos uma guerra. Principalmente se as imagens reproduzem, sob o mesmo ponto de vista, situações milhões de vezes representadas nos jornais, revistas e TVs, e não trazem textos que podem contextualizar as problemáticas envolvidas. Em seu ensaio de 1931, Pequena história da fotografia, o ensaísta alemão Walter Benjamin já alertava para a importância das legendas na contextualização de uma imagem, atribuindo-lhe características e significados que não estão entre os elementos denotativos da fotografia.
Aqui deve intervir a legenda, introduzida pela fotografia para favorecer a literalização de todas as relações da vida e sem a qual qualquer construção fotográfica corre o risco de parecer vaga e aproximativa. […] Já se disse que ‘o analfabeto do futuro não será quem não sabe escrever, mas quem não sabe fotografar’. Mas um fotógrafo que não sabe ler suas imagens não é pior do que um analfabeto? Não se tornará a legenda a parte mais essencial da fotografia?”
No final, ao invés de revogar preconceitos, a exposição de André Liohn só faz reforçá-los. A leitura mágica-imagética-circular por uma população com medo da violência urbana estampada nos jornais e gritada nos programas policiais vespertinos das fotografias de Revogo, independente do que o autor diz nas entrevistas ou escreve na parede, será majoritariamente de que o perigo para a sociedade são meninos negros “de menor” e “impunes” empunhando pistolas automáticas.

Por consequência dessa visão simplista e dualista, a única força armada que pode nos proteger são os policiais que se arriscam diariamente nessa “guerra”. Ora, se estamos tratando de uma guerra, é inevitável que eventualmente morram inocentes. É o que os estadunidenses chamam eufemisticamente, desde a Guerra do Vietnã, quando começaram a morrer mais civis do que soldados, de “danos colaterais”. Sob a mesma lógica, o inimigo deve ser exterminado, o que condiz com pesquisas recentes que apontam metade da população brasileira apoiando a máxima “bandido bom é bandido morto”[8] e quase 90% exigindo a diminuição da maioridade penal[9]. Afinal, como afirma Vilém Flusser,
O caráter mágico das imagens é essencial para a compreensão das suas mensagens. […] Imagens são mediações entre o homem e o mundo. […] Imagens tem o propósito de representar o mundo. Mas, ao fazê-lo, interpõem-se entre o mundo e o homem. Seu propósito é serem mapas do mundo, mas passam a ser biombos. O homem, ao invés de se servir das imagens em função do mundo, passa a viver em função das imagens. […] O caráter aparentemente não-simbólico, objetivo, das imagens técnicas faz com que o observador as olhe como se fossem janelas, e não imagens. O observador confia nas imagens técnicas tanto quanto confia em seus próprios olhos. Quando critica as imagens técnicas (se é que as critica), não o faz enquanto imagens, mas enquanto visões do mundo. Essa atitude do observador em face das imagens técnicas caracteriza a situação atual, onde tais imagens se preparam para eliminar os textos. Algo que apresenta consequências altamente perigosas.
Em nenhum momento as causas reais da violência brasileira cotidiana, como a imensa letalidade policial (somente nos primeiros oito meses dessa ano a polícia paulista matou, oficialmente, 571 pessoas, sem contar com as chacinas como a de agosto último quando 32 pessoas foram executadas por encapuzados[10]) foram abordadas. Como dito anteriormente, isso somente reforça a “imagem” passada pelos meios de comunicação em massa, como a Folha de S. Paulo que no dia 15 de agosto publicou um texto do editor do Caderno Cotidiano especulando sobre como a maior chacina do ano pode afetar as chances políticas do Secretário de Segurança Pública do Estado, Alexandre Moraes, disputar (ou até ganhar) a prefeitura da capital, São Paulo, para terminar com sua vaga promessa de “rapidamente dar uma resposta’ sobre a noite mais violenta de sua gestão” [11], o que não aconteceu até agora, passados mais de 70 dias. Em outro texto beirando o surreal para quem não conhece a realidade das periferias brasileiras, parentes das pessoas assassinadas afirmam não esperar por justiça e que as vítimas estariam “no lugar errado, na hora errada”[12]. Não por acaso, o texto imediatamente anterior no jornal traz a manchete “12 dos 18 mortos não tinham antecedente criminal, diz polícia”[13], trazendo implícita a concepção largamente difundida na sociedade brasileira de que seis das vítimas seriam criminosos e portanto mereciam morrer, apesar do país não possuir uma pena capital e consequentemente sua execução extrajudicial ser um crime de homicídio passível de 27 anos de cadeia.
Talvez Liohn pudesse aprender um pouco sobre o poder que as imagens têm de influenciar na realidade com outro vencedor da medalha de ouro Robert Capa, aliás, cinco vezes ganhador: o fotojornalista James Natchwey. No autobiográfico Fotógrafo de Guerra (2001) [14], ele conta que escolheu a profissão no início dos anos 1970 exatamente por perceber que as imagens que chegavam do Vietnã mostravam uma realidade diferente daquela presente nos discursos dos dirigentes políticos e militares.
Por que fotografar a guerra? Será possível colocar fim a uma forma de comportamento humano que existe ao longo de toda a história através da fotografia? A colocação dessa questão parece ridícula e completamente desajustada. Ainda assim é precisamente essa ideia que me motiva. Para mim, a força da fotografia reside na capacidade de evocar o sentido da humanidade. Se a guerra tenta negar a humanidade, a fotografia poderia conceber-se como o oposto da guerra. E, se for bem usada, constitui um poderoso antídoto contra a guerra. De certo modo, se um indivíduo assume o risco de colocar-se no meio de uma guerra para comunicar ao resto do mundo o que se passa, ele tenta negociar a paz. Por isso aqueles que perpetuam a guerra não gostam de ter fotógrafos por perto. No campo, aquilo que se experimenta é extremamente imediato. […]. O que se vê é uma dor sem paliativos. É injustiça e miséria. Minha ideia é que se todos pudéssemos estar lá, pelo menos uma vez, e ver com nossos próprios olhos o que o fósforo branco faz no rosto de uma criança, a dor indizível que causa o impacto de uma única bala, como um estilhaço de morteiro arranca uma perna… Se cada um pudesse ver isso por si mesmo, o medo e o pesar, uma só vez, então compreenderia que nada justifica que as coisas levem a um ponto em que isso ocorra a uma única pessoa, muito menos a milhares. Mas nem todos podem ir lá, e é por isso que os fotógrafos de guerra vão. Para agarrá-los e fazer com que parem o que estão fazendo e prestem atenção ao que está acontecendo. Para criar fotografias suficientemente poderosas para ultrapassar o efeito ilusório da mídia e que sacudam as pessoas da sua indiferença. Para protestar e, com a força desse protesto, fazer com que outros também protestem. (FOTÓGRAFO… 2001, 1:27:17min a 1:30:05 min).
[1] Disponíveis na página de Facebook do fotógrafo emhttps://www.facebook.com/Andr%C3%A9-Liohn-459960177375173/, acesso em 23/10/2015.
[2] Disponível emhttp://www20.caixa.gov.br/Paginas/Releases/Noticia.aspx?releID=833, acesso em 22/10/2015.
[3] Disponível emhttp://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/10/1690182-vencedor-da-medalha-robert-capa-abre-mostra-sobre-violencia-no-brasil.shtml, acesso em 17/10/2015.
[4] Disponível em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/wp-content/uploads/2012/09/libia7.jpeg, acesso em 23/10/2015.
[5] Uma crítica contundente ao trabalho dos jornalistas “embutidos” ouembedded pode ser assistida no documentário A guerra que você não vê, do jornalista John Pilger. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=pskjzl2czKg. Acesso em 23/10/2015.
[6] Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=SxDm-xVYk6w, acesso em 22/10/2015.
[7] Disponível em https://veele.files.wordpress.com/2011/11/roland-barthes-a-mensagem-fotogrc3a1fica.pdf, acesso em 22/10/2015.
[8] Disponível emhttp://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/10/1690176-metade-do-pais-acha-que-bandido-bom-e-bandido-morto-aponta-pesquisa.shtml, acesso em 15/10/2015.
[9] Disponível emhttp://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/04/1616762-87-querem-reducao-da-maioridade-penal-numero-e-o-maior-ja-registrado.shtml, acesso em 15/10/2015.
[10] Disponível em http://www.valor.com.br/politica/4233884/em-sao-paulo-policia-mata-571-pessoas-em-oito-meses, acesso em 23/10/2015.
[11] http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/229563-ataques-sao-primeiro-forte-reves-para-secretario.shtml acesso em 2 de Set de 2015.
[12] http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/229558-nao-vou-pedir-justica-afirma-mae-de-vitima.shtml acesso em 2 de Set de 2015.
[13] http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/229557-12-dos-18-mortos-nao-tinham-antecedente-criminal-diz-policia.shtml acesso em 2 de Set de 2015.
[14] Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=vLBdTIPf2PEacesso em 22/10/2015.
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Mídia
“A Nossa Bandeira Jamais será Vermelha” é o filme da desgraça brasileira. E a culpa é da Globo!
Documentário do jornalista Pablo Guelli culpa a grande mídia e, em especial, a Globo, pela vitória do fascismo e pela derrocada do projeto popular. Foi tudo feito com mentiras, fraudes e manipulação sem limites
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5 anos atrásem
24/10/20
O documentário “A nossa bandeira jamais será vermelha”, dirigido pelo jornalista Pablo Guelli, é mensagem na garrafa lançada no mar de desesperança em que se transformou o Brasil. Só daqui a anos, quando o País recuperar a capacidade de se indignar, será possível entender, em toda sua extensão, a gravidade das denúncias contidas no filme.
Fraudes, empulhação, mentiras. O trabalho sujo da grande mídia brasileira. É essa a matéria-prima de que é feito o filme – todo ele dedicado a tentar explicar como chegamos a essa nauseante indiferença em relação à barbárie representada por Jair Bolsonaro (e daí essas 156 mil mortes por covid-19?); por fundamentalistas religiosos que preferem a morte de uma menininha estuprada a salvá-la de uma gravidez que não cabia nela; por incendiários do cerrado, da floresta Amazônica e do Pantanal, aos quais o sofrimento da natureza é apenas cena de videogame; e por fascistas em geral, que agora (Graças a Deus! Amém, Jesus!) podem comprar fuzis do Exército, cuja venda acaba de ser facilitada pelo governo federal.
Não adianta a Rede Globo, a Folha, a Veja fingirem ser oposição a tudo o que aí está. Eles são parte do monstro bolsonarista. Foram elas, e a desmoralização que provocaram com seu turbilhão de mentiras, despejado 24 horas por dia, todos os dias, ao longo de 16 anos, que criaram a desconfiança na Democracia, na Política, na Imprensa, na Justiça, no País, nos Brasileiros. Só podia dar no que deu.
Tornamo-nos um caso clínico de doença social, de fobia às diferenças, de maníaca disposição para o ridículo, de negação da realidade e da consequente denúncia dessa conspiração internacional chamada… Ciência.
“A nossa bandeira jamais será vermelha” é como uma sala do Instituto Médico Legal. Está lá, esticado na mesa de autópsia, o corpo do Brasil alegre e inzoneiro, do Brasil lindo e trigueiro, do Brasil, samba que dá, bamboleio que faz gingar, da terra de Nosso Senhor – e de Lula também.
O filme convocou uma junta de médicos legistas encarregados de investigar a causa-mortis daquele Brasil. Dos depoimentos consternados de Glenn Greenwald, Noam Chomsky, Luís Nassif, Xico Sá, Jessé Souza, Ricardo Melo, Ana Magalhães, Igor Fuser, Tales Ab’Saber e Rodrigo Vianna, emerge uma só conclusão. Foi a Rede Globo que matou o Brasil generoso que era o ideal de País saído da Constituinte de 1988. Foi a Rede Globo e seus comparsas menores, representados pela Editora Abril, pela Folha de S.Paulo, pela TV Record etc.
“Eu nunca vi um país com uma mídia dominante tão fraudulenta quanto a mídia brasileira”, resumiu Glenn Greenwald, do alto de seu prêmio Pulitzer, a suprema glória da imprensa ocidental.
Greenwald foi o jornalista responsável pelo desnudamento da Operação Lava Jato e do juiz Sérgio Moro, em reportagens publicadas pelo “The Intercept Brasil”, e o cara que tornou pública a imensa operação de espionagem global da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA). Ele mostrou que o Grande Irmão existe e a privacidade, não. Que ninguém está a salvo dos olhos do Império.
Todos os depoimentos colhidos no filme tratam do caráter fraudulento da cobertura jornalística da grande imprensa brasileira, interessada antes de mais nada em assassinar as reputações dos integrantes do Partido dos Trabalhadores – e de Lula, em particular. E, depois, em criminalizar, processar, prender e, por fim, fazer desaparecer o maior partido de esquerda do Ocidente. E tudo bem que isso ocorresse ao arrepio da lei, em conchavos com o juiz Sérgio Moro e com os golden boys treinados por agentes americanos especializados na desestabilização de governos democraticamente eleitos.
A Globo hoje resmunga que está sendo atacada por Bolsonaro. Tadinha! Isso acontece porque ela mesma cavou a imensa cratera em que sua reputação de “mídia profissional e isenta” foi enterrada. Cavou com manipulações, com desfaçatez, com âncoras fazendo caras e bocas de indignação, a cada vez que pronunciavam as palavras PT, Lula ou Dilma. Cavou quando orquestrou uma manipulação em massa que destruiu a confiança da população na imprensa tradicional e jogou o país em direção ao fascismo.
Bolsonaro, que de bobo não tem nada, não perderia a oportunidade de solapar o incontrastável poder que a Globo tem sobre o Brasil (por que se manteria sob o tacão, podendo livrar-se dele?). E o presidente fascista também engrossou o coro brizolista: “O Povo Não é Bobo. Abaixo a Rede Globo!”
Não deixa de ser irônico: Bolsonaro, o maior beneficiário de todas empulhações, fraudes, falsificações, ardis, desonestidades e tapeações cometidos pela grande imprensa brasileira, agora se transforma no maior algoz do algoz do PT, de Lula e de Dilma.
E o resultado está aí: A Globo demitindo suas maiores estrelas do noticiário e da teledramaturgia, pra fazer caixa! O agravamento da crise eterna do SBT, a circulação decrescente dos grandes jornais e revistas. A falência da Editora Abril. Sobram a TV Record e o lumpesinato em forma de televisão, que é a RedeTV ou a Bandeirantes.

Foi o jornalista Pablo Guelli quem me chamou a atenção para o nome do documentário que o inspirou a realizar o filme que acaba de apresentar. Era um filme produzido pela britânica BBC, chamado “Muito Além do Cidadão Kane”, de Simon Hartog, exibido em 1993 pelo Channel 4, emissora pública do Reino Unido. O documentário mostra as relações entre a mídia e o poder do Brasil, focalizando a figura de Roberto Marinho e comparando-o a Charles Foster Kane, personagem criado em 1941 por Orson Welles para o filme “Cidadão Kane”, drama baseado na trajetória de William Randolph Hearst, magnata da comunicação nos Estados Unidos.
O nome escolhido para o documentário sobre Roberto Marinho foi “Muito Além do Cidadão Kane”. A chave está no “Muito Além…”, ressaltando que o poder de manipulação e controle de Marinho sempre foi muito maior do que o do próprio Cidadão Kane. E foi, já que Hearst viveu em um país com milhares de jornais, revistas, TVs e rádios, competindo entre si, enquanto Marinho tornou-se o maioral entre apenas seis outros chefões da mídia brasileira – um caso espetacular de hiper-concentração da propriedade de meios de comunicação.
Mas talvez os herdeiros de Roberto Marinho tenham exagerado na fórmula, tornando-a antieconômica, algo que nunca ocorreu com Hearst. Os jornais de Hearst eram sensacionalistas? Eram. Mentiam? Mentiam. Manipulavam? Sim. Mas todo o espetáculo que propiciavam tinha como objetivo aumentar as tiragens, a receita publicitária e, ao final, a margem de lucro do negócio.
No Brasil, a espetacularização do linchamento da esquerda e do PT, de Lula e de Dilma, se foi eficiente para arrancar do poder o partido vencedor em quatro eleições consecutivas, ao mesmo tempo rasgou as relações de confiança que precisam existir entre mídia e consumidor. E isso foi feito a um ponto em que o negócio, tendo-se tornado deficitário, está em xeque.
Ou seja, a continuidade até o limite da exaustão do espetáculo farsesco destruiu boa parte da credibilidade da grande mídia. E a culpa é dela mesma.
Do filme de Pablo Guelli só sobra a mídia independente, multifacetada, carente de equipamentos, pobre. São os pequenos veículos-quixotes, que sobreviveram à indiferença do PT para com a centralidade das narrativas na definição do projeto coletivo de País. Sobram blogs e sites de esquerda, que sobrevivem hoje às redes de ódio mantidas pelo fascismo bolsonarista. Sobra a vontade desesperada de deixar para o futuro uma explicação generosa com o povo brasileiro, que não acabe depositando mais uma vez sobre os ombros desses milhões de homens e mulheres pobres, oprimidos e manipulados, a responsabilidade por sua própria desgraça. Não, não é culpa do povo. É dos mentirosos compulsivos e poderosos, em primeiro lugar a TV Globo. Por isso, mais uma vez: “O Povo Não é Bobo! Abaixo a Rede Globo!”
Serviço: O filme “A Nossa Bandeira Jamais Será Vermelha” estreou no dia 22 de outubro, nas plataformas NOW, iTunes, Vivo, Microsoft e Looke.
Avaliação: Imprescindível
Veja aqui a entrevista exclusiva feita com o diretor do filme “A Nossa Bandeira Jamais Será Vermelha”. Pablo Guelli:
Belo Horizonte
A ciranda das mulheres que percorre o Brasil em podcast
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5 anos atrásem
22/06/20por
Lucas Bois
Texto: Lucas Bois
Revisão: Ágatha Azevedo
Escutar notícias, ouvir uma narração e ser levado por uma trilha sonora… O que antes poderia ser um programa de rádio, hoje talvez seja um episódio de podcast. Esse fenômeno que invadiu a internet há poucos anos, continua em constante crescimento no número de ouvintes e se expande também na variedade de assuntos oferecidos. Atualmente, grande parte dos temas de podcasts estão relacionados à pandemia da COVID-19 ou ao contexto sócio-político decorrente do bom ou mau enfrentamento dos governos a essa crise mundial sanitária. No nosso país, a pandemia escancara as desigualdades ao evidenciar os problemas sociais que separam as classes econômicas da população.
Diante desse contexto, as jornalistas Raquel Baster e Joana Suarez decidiram mergulhar no mundo do podcast para contar histórias de mulheres brasileiras que enfrentam a pandemia, além dos desafios diários vividos cotidianamente. “A gente tem certeza que as mulheres sempre tem as melhores soluções. Ao reunir essas histórias, trazemos muitas ideias e inspirações, formando uma grande ciranda. Daí veio o nome do podcast: Cirandeiras“, conta Joana.
Para conhecer melhor esse espaço de webrádio e feminismo, os Jornalistas Livres fizeram um bate-papo com as jornalistas que contam sobre o processo de produção, a pandemia e a relação desse projeto com a democratização da comunicação.
Como começou
Raquel Baster e Joana Suarez já dividiam afinidades pelas pautas feministas e bastou apenas uma semana de quarentena para que colocassem o projeto do podcast em ação. Joana, que vem do jornalismo de redação, conta que já vinha se aproximando da rede de podcasts, refletindo sobre a acessibilidade do áudio e seu poder de democratizar: “A maioria dos textos que eu faço são textos enormes e tenho a certeza que muita gente não lê, principalmente as mulheres sobre quem eu falo. O áudio me atraía muito porque leva as pessoas a imaginarem, criar cenários e ir para outra dimensão. Agora na pandemia onde as pessoas estão confinadas, o podcast virou uma companhia, uma forma de sair de casa.”
Já Raquel trouxe ao universo do podcast, sua experiência com a comunicação popular: “Eu sempre trabalhei muito com rádio comunitária e me interesso por essa forma de comunicação que está mais próxima das pessoas. Por mais que ainda seja um novo tipo de mídia, o podcast traz as características do rádio, como as histórias contadas através de uma narração.”
Como é produzido
Muitas vezes, quem escuta um podcast não imagina o que pode estar por trás de sua produção. Segundo as jornalistas, a primeira coisa a fazer é pensar no tema e escolher as mulheres para as entrevistas, por elas chamadas de “cirandeiras”.
“Geralmente o episódio tem a ver com uma pauta que já trabalhamos anteriormente e assim, procuramos mulheres que já tivemos contato. Por coincidência, toda vez que decidimos uma pauta, acontece algo nacionalmente que se conecta ao programa.” Joana lembra que o episódio recente Pandemia na internet sobre segurança digital foi ao ar na mesma semana em que o Senado brasileiro discutia o projeto de lei que combate fake news, enquanto outra discussão acontecia nas redes sobre a exposição de dados pessoais dos usuários do aplicativo FaceApp.
Após o primeiro contato, elas fazem uma pesquisa sobre a cirandeira, enviam as perguntas e dão algumas dicas à entrevistada de como fazer uma boa gravação utilizando o próprio WhatsApp. Como essa orientação, muitas vezes, não é suficiente, nem sempre os áudios tem a melhor qualidade, “mas na pandemia tá tudo justificado”, comenta Joana.
Com as respostas da entrevistada, o roteiro chega a ter mais de 10 páginas e leva de 20 a 30 horas para sua elaboração. A cada episódio, uma delas toma à frente a função de escrever o roteiro, incluindo referências pessoais, e em seguida, a parceira acrescenta a sua parte. “A gente percebe que às vezes um tema muito comum para uma, pode ser muito complexo para a outra. A gente vai se complementando para facilitar o entendimento de quem escuta”, conta Raquel.
Depois do roteiro, vem a hora da gravação que exige algumas preparações, como escolher um horário silencioso do dia para gravar, desligar a geladeira e armar um pequeno estúdio caseiro com edredons. “O legal do podcast é que é uma mídia barata. Basta ter um celular, internet e gambiarras”, conta Joana dando risadas.
Retorno dos ouvintes
As jornalistas contam que 75% das pessoas que ouvem o podcast são mulheres e pertencem ao grupo social que elas convivem. Além do desafio de expandir a rede de ouvintes, elas relatam que ainda é uma grande dificuldade fazer com que o podcast retorne às pessoas entrevistadas e a outras mulheres que não estão acostumadas a esse tipo de mídia.
Raquel conta que a cirandeira Lia de Itamaracá, entrevistada no episódio Pandemia na Ilha, só pôde escutar o podcast após seu produtor viajar até a ilha onde mora para mostrá-la pessoalmente em seu celular. Lia é uma das mulheres brasileiras que ainda não fazem parte dessa grande rede de internet em 2020.
Um infográfico produzido pelo site iinterativa utilizando as fontes do IBOPE, Spotify Newsroom e ABPod, mostra que cerca de 45% do público dos podcasts é formado por homens, do sudeste do país, que pertencem às classes A e B e tem entre 16 e 24 anos. Segundo a pesquisa feita em 2019, 32% dos entrevistados nem sabiam o que é um podcast.
Se o podcast ainda é limitado a uma pequena parcela da população, o WhatsApp talvez possa ser um lugar mais democrático para a sua difusão. As jornalistas contam que decidiram fazer os episódios em formatos pequenos de até 30 minutos para conseguir enviar pelo aplicativo de mensagens e garantir que o podcast alcance o maior número de pessoas.
Democratização da comunicação
Para a jornalista Raquel Baster, é inevitável discutir o alcance dos podcasts sem pensar na democratização dos meios de comunicação no Brasil. Apesar do surgimento das novas mídias, grande parte das informações veiculadas é controlada por um conglomerado de grandes empresários que atendem os interesses privados dessa própria elite.
Segundo ela, “não adianta inventar a roda do podcast, sem falar da estrutura da comunicação no Brasil. Para tornar (a comunicação) mais acessível, precisamos discutir a concentração midiática. A internet ainda não é acessível para grande parte da população brasileira. Precisamos que o maior número de pessoas tenham acesso, mas que possam também alcançar os meios de produção.”
No episódio sobre trabalhadoras rurais, a entrevistada Verônica Santana fala sobre a dificuldade das agricultoras em conseguir se comunicar durante a pandemia, visto que o trabalho sempre foi presencial. “A gente tem muita dificuldade, tanto no domínio dessas ferramentas, como no desafio de que a internet não funciona na maioria dos nossos territórios rurais. No campo, a internet ainda não é uma realidade.”, diz Verônica.
Segundo a pesquisa TIC Domicílios, apenas 50% da população rural tem acesso a internet e esses números podem diminuir ainda mais de acordo com o recorte social e econômico.
Por outro lado, Joana revela seu otimismo no poder das novas mídias: “Acho que o podcast vai se democratizar como aconteceu com o Instagram. Quando a gente poderia imaginar ter acesso a sotaques das pessoas do sertão do Cariri?” Joana se refere ao podcast BUDEJO, de Juazeiro do Norte, e cita ainda o Radionovela produzido por alunos da UFPE em Caruaru, no agreste pernambucano, que narra em formato de radionovela O Alto da Compadecida em Tempos de Pandemia, adaptação da obra de Ariano Suassuna.
Para onde vai essa Ciranda
O podcast Cirandeiras teve início durante a pandemia, portanto grande parte dos seus episódios tem esse tema como contexto. No entanto, as jornalistas Raquel Baster e Joana Suarez pretendem continuar os episódios futuramente, indo a diferentes locais do Brasil para entrevistar de perto as mulheres que conduzem “as cirandas”.
Os episódios das Cirandeiras estão disponíveis nas plataformas mais conhecidas de podcast e tem a cada quarta-feira um novo episódio. Também estão presentes no Instagram, onde ocorrem as lives com as outras mulheres dentro das temáticas dos programas.
Brasília
Manifestações mostram que Bolsonaro desliza sem volta para o precipício
Publicadoo
5 anos atrásem
09/06/20
Por Ricardo Melo*
Que me perdoe Dacio Malta, um dos mais destacados jornalistas do país e produto de uma linhagem que vem de Octavio Malta, co-fundador da Última Hora e um dos mais brilhantes profissionais da grande imprensa quando ela podia ser chamada deste nome.
Mas o último artigo de Dacio aqui publicado, sobre o impeachment de Bolsonaro, ficou no meio do caminho.
Ele tem toda razão ao afirmar que Bolsonaro merece o impeachment diante da atitude do genocida, expulso do exército como terrorista, frente à Covid-19. Mas oscila quando diz que seus outros crimes foram “absolvidos” porque foi eleito em 2018.
Ora, Bolsonaro não foi eleito sob regras democráticas. Primeiro, beneficiou-se do impeachment irregular de uma presidenta legitimamente eleita. Depois, contou com o apoio sórdido de uma ação judicial conduzida contra Lula pelo seu futuro ministro, hoje “desafeto”, o infecto Sérgio Moro. Qualquer dúvida a respeito desaparece quando se consultam os diálogos trazidos a público pelo “The Intercept Brasil”. Lá se revela o caráter criminoso e parcial com que o Marreco de Curitiba manipulou o processo. Não bastasse isso, Bolsonaro beneficiou-se de uma máquina milionária de mentiras, orientada por assessores americanos e financiada por empresários brasileiros para espalhar fake news contra seus adversários.
Não fosse tudo isso, Lula teria ganho as eleições com folga ainda no primeiro turno. Até a rampa do Planalto sabe disso.
Bolsonaro é um presidente fraudulento, ilegítimo, com ou sem covid-19. Um usurpador. Sua trajetória neofascista, misógina, homicida, armamentista, desenvolvida durante 30 anos no Congresso, só se tornou “maioria nominal” graças a expedientes liberticidas e, sobretudo, porque contou com o apoio da elite apodrecida que prefere qualquer coisa, menos governos com algum viés social.
Sim, estes traços tenebrosos ganham tintas mais carregadas quando ele age como homicida assumido diante de uma pandemia devastadora. Transformou o Ministério da Saúde dirigido por militares desqualificados em um esconderijo de cadáveres.
Mas isso é apenas o ápice da trajetória de um desequilibrado a serviço do grande capital e seus asseclas na grande mídia, nas Forças Armadas, no Judiciário e no Legislativo. Bando de acólitos anti-Brasil. O conjunto da obra já é mais do que suficiente para expulsar Bolsonaro e sua gangue do poder que ele e sua turma de milicianos tomaram de assalto, pisoteando meios democráticos elementares.
Paradoxalmente, esse alucinado só está de pé por causa do isolamento que ele tanto ironiza. Estivesse segura de sair às ruas sem colocar em risco a própria vida, a população já teria dado cabo deste excremento. Isto já começou a mudar como mostraram as manifestações de domingo.
Este será o curso inevitável dos próximos momentos.
*Ricardo Melo, jornalista, foi editor-executivo do Diário de S. Paulo, chefe de redação do Jornal da Tarde (quando ganhou o Prêmio Esso de criação gráfica) e editor da revista Brasil Investe do jornal Valor Econômico, além de repórter especial da Revista Exame e colunista do jornal Folha de S. Paulo. Na televisão, trabalhou como chefe de redação do SBT e como diretor-executivo do Jornal da Band (Rede Bandeirantes) e editor-chefe do Jornal da Globo (Rede Globo). Presidiu a EBC por indicação da presidenta Dilma Rousseff.
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