Por Sarah Nafe / Sanaud – Juventude Palestina
Querido Milton Nascimento,
Com admiração pelo seu trabalho e compromisso histórico com lutas por liberdade, justiça e igualdade, pedimos que cancele seu show em Israel, previsto para 30 de junho. Aprendemos com sua música que todo artista tem que ir aonde o povo está. Certamente, o povo não está com o apartheid, a colonização e a ocupação. O coração de estudante, que agora se levanta no Brasil pelo direito à educação, não bate pelo apartheid israelense, que impede esse e outros direitos humanos fundamentais aos palestinos. Os povos da floresta não concordam com a colonização. A “semente da terra” não pode germinar sob o sangue dos oprimidos, o sangue dos palestinos derramado cotidianamente pela ocupação israelense.
Tocar em Israel vai na contramão disso. Significa endossar políticas e práticas racistas, coloniais e de apartheid – ilegais sob o direito internacional. Ademais, o governo israelense apresenta os shows em Israel como um sinal de aprovação a suas políticas. Israel viola sistematicamente o direito internacional ao impedir o retorno dos refugiados palestinos, ao colonizar e ocupar a Cisjordânia e a Faixa de Gaza e ao discriminar sistematicamente os palestinos hoje cidadãos de Israel. As políticas discriminatórias de Israel também se manifestam contra refugiados e migrantes africanos: recentemente milhares de etíopes foram brutalmente reprimidos ao protestarem contra o racismo no país.
Nosso pedido faz coro ao chamado de artistas e da sociedade civil palestina para que artistas não se apresentem em Israel. Entre aqueles que responderam a esse chamado, cancelando seus shows em Tel-Aviv, estão Lauryn Hill, Roger Waters (Pink Floyd), Snoop Dog, Carlos Santana, Cold Play, Lenny Kravitz, Elvis Costello e Linn da Quebrada.
O arcebisbo sul-africano Desmond Tutu, Nobel da Paz, é um importante apoiador desse chamado e explica que apresentar-se em Tel-Aviv é errado, “assim como dissemos que era inapropriado para artistas internacionais tocarem na África do Sul durante o apartheid, em uma sociedade fundada em leis discriminatórias e exclusividade racial”. Apresentar-se em Israel seria como fazer um show em Sun City na África do Sul do apartheid.
Por favor, não ignore esse chamado. Os palestinos não querem mais a morte, têm muito o que viver! Quem cala morre com eles, quem grita vive com eles. A voz que vem do coração diz não ao apartheid!
Para quem quiser conhecer a opinião de Caetanos Veloso sobre Israel, segue link: https://m.folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/11/1703012-visitar-israel-para-nao-mais-voltar-a-israel-por-caetano-veloso.shtml
Sanaúd – Juventude Palestina é uma entidade que dissemina informações sobre a juventude palestina no Brasil, a causa palestina e o mundo árabe.
Veja a página do oficial de Sanaúd – Juventude Palestina aqui: https://www.facebook.com/juventudesanaud/?tn-str=k*F
4 respostas
Por coerência, deveriam também boicotar o celular, windows e outras invenções desenvolvidas em Israel
Todo apoio ao chamado dos jovens palestinos.
O que tem a ver uma coisa com a outra? Quer dizer que na época do apartheid da África do Sul, quem era contra o racismo do governo não deveria se submeter a um transplante já que foi lá que foi inventada essa técnica? Segundo sua lógica se fôssemos boicotar a Inglaterra não deveria mais haver futebol, indústria, etc. Use um argumento mais convincente do que esse!