“Superfícies Mínimas” deriva de um conceito matemático que se propõe a descobrir as menores superfícies possíveis, para um certo volume. No caso de um dado volume de ar, descobriu-se que a menor superfície possível é uma bolha, de sabão ou substância com propriedades semelhantes. Metaforicamente falando, bolhas podem encerrar um tipo de pensamento, ponto de vista, nichos sociais ou políticos; podem ser também uma espécie de prisão da alma, da psique, do existir.
Vivemos tempos de extrema polarização no mundo, e particularmente no Brasil, onde o debate de ideias está cada vez mais improvável e o diferente não é aceito, tão pouco são consideradas as diferentes camadas que existem entre o dito certo e o não certo, entre a razão e a não razão; o ódio ao diferente está se alastrando rapidamente em nossa sociedade e a distopia brasileira caminha para o insuportável. Assim como em o “Mito da Caverna”, de Platão, “Superfícies Mínimas” pretende provocar a reflexão sobre a necessidade de sairmos das bolhas, de nos comunicarmos, nos ouvirmos e aceitarmos as diferenças; não pretende dar respostas, mas mostrar que a verdade e a razão dependem do ponto de vista, da luz que ilumina e da sombra que esconde ou distorce a existência. Agora, com a quarentena, as bolhas estão aí, aumentando e explodindo. O futuro a curto prazo do Brasil é incerto, porque além da gigantesca desigualdade social que temos aqui, também temos um presidente fascista, de extrema direita, que vem negando a gravidade da pandemia.
Leonardo Milano é fotojornalista e fotógrafo documental, Leonardo atua em mídias independentes e coletivos de midiativismo em todo o Brasil, no registro de temas como direito à terra e moradia, populações tradicionais e povos indígenas e questões ambientais. E Brasília, Leonardo vem registrando o cotidiano da Capital Federal, com foco em manifestações de rua, cultura periférica e política.
Conhea mais sobre o trabalho do artista:
https://www.instagram.com/leonardomilano/
O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, documentação desses dias de novas relações, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.
Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente