O curioso ano Benjamin Button

Por José Barbosa Junior*
Benjamin Button é um homem que nasce idoso e rejuvenesce à medida que o tempo passa.
Pois bem…
2019 é um ano que nasce velho!
A tão anunciada novidade na política já se mostrou uma grande piada. O governo Bolsonaro está repleto do que há de pior na política brasileira, desde condenados na justiça, denúncias de corrupção e envolvimento com milícias, a apoios que de novidade não tem nada. Sem contar os retrocessos nas pautas morais e comportamentais que se desenham no horizonte, além dos tão sonhados desmontes da educação e da previdência. Mais do mesmo… Mais do velho…
Para piorar, as tragédias-crimes de Brumadinho e do Flamengo, mostras claríssimas de que os poderosos continuam poderosos e fazendo o que bem querem, como sempre fizeram…
As pessoas respiram desconfiança e ainda estão num clima de torcidas organizadas, prontas para se digladiarem na arena que se desenha para o ano mal começou. 2019 promete! O que ele promete, não sabemos ao certo, mas sabemos que será difícil, com nervos à flor da pele e, a contar dos ânimos nas redes sociais, com muitas amizades desfeitas e o ódio a se espalhar.
Um ano político como nunca antes vivido, cheio de incertezas, medos e desejos de execração pública dos adversários. Será a justiça realmente justa ou será mais quantas vezes ignorada e usada pelos mecanismos de projetos pessoais e de interesse daqueles que não têm interesse nenhum no País?
Mas esse não é um texto de lamento.
Quero, e preciso, ir na contramão disso tudo e “crer contra a esperança” (esperança que se definha há tempos)… Meu desejo (e minha luta!) então, é para que 2019 seja um “curioso ano Benjamin Button”.
Já que nasceu velho, que morra criança, cheio de leveza e esperança. Que os sorrisos vençam as caras amarradas; que o perdão vença os erros; que a democracia vença a ditadura; que os sonhos vençam a apatia quase generalizada; que os abraços vençam os punhos fechados; que a liberdade vença o fascismo!
Que esse velho enrugado que se nos apresenta “imutável” se dobre à força da criança que carregamos em nós (“há um menino, há um moleque, morando sempre no meu coração”)… Que a vida vença a morte da juventude negra… Que o respeito vença a intolerância e o racismo religioso… Que a alegria pela conquista alheia vença o descalabro da violência contra a comunidade LGBT… Que as escolas tenham liberdade de pensamento… Que a gente tenha “fé na vida, fé no que virá”…
E lá vamos nós… ainda que cansados, lutar contra esse velho iracundo e sem graça que teima em resistir, que escrevamos uma página bonita de nossa história, que nossa linda juventude aflore e seja realmente “página de um livro bom”.
Não pensemos em desistir! Não podemos desistir!
Vamos existir! Vamos resistir! Vamos reexistir!
2019 não pode terminar velho… não pode!
Que a esperança, mais uma vez, vença o medo!
*Teólogo e pastor da Comunidade Batista do Caminho – Belo Horizonte

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