É dia da Amazônia,
essa porra toda.
Olhar com calma não é possível,
zona de guerra, mentira verde.
Árvore mata-se com serra e fogo.
Um dia será caatinga.
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Gente e cobiça.
A cobiça é verde,
ouro e fogo reluzem.
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Gente arcaica, originária.
Gente flor.
Gente cabocla, ribeirinha,
gente oriental, árabe.
Brasileiro, todos, nem tanto
americano.
Te podem corromper, não se engane,
é dia da Amazônia,
dia em minha mente.
O chefe mente.
É guerra, é fêmea, é flora.
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Mãos sujas de sangue, brasa,
amazônica sina de arquiteto,
deus brasileiro dos pecadores.
O que pode uma árvore diante do voto
senão tombar?
Correntes tão grandes que quebram o mato,
a língua do fogo que silencia tudo e derrete os metais.
Já não posso rezar, já não posso correr.
Onde era terra de índio, querem pasto.
Onde era campo de veado, barreiro de anta, será celeiro de grãos.
Tua chuva, teus rios, tuas lendas e mistérios?
Tudo dói um pouco quando se foge.
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imagens por helio carlos mello©