Moradores e comerciantes da região conhecida por cracolândia, bairro da Luz em São Paulo, denunciaram que seus comércios foram fechados com truculência e repressão e sem notificação ou algo que valha efetivamente como instrumento legal. Maria, moradora de uma pensão onde paga aluguel, quase foi despejada, não tivesse reagido à ação dos agentes da prefeitura, que alegavam que o imóvel onde ela mora era uma ocupação ilegal. Ela provou que pagava aluguel, e conseguiu permanecer no imóvel com os seus pertences.
Além do aparato policial ostensivo e violento, a pressão sobre esta população é gigantesca e os deixa desorientados e acuados.
Alice desabafa com os olhos lacrimejantes: “fui pegar meu filho na escola e o GCM passou por mim e ameaçou pegar meu filho e levar para a assistência social. Outro dia um policial entrou na minha casa e agrediu meu marido.” Eu moro aqui há oito anos, e ele vem e me diz: “Vocês é que moram no lugar errado” “.
O Fórum Aberto Mundaréu da Luz reúne diversas instituições e pessoas que atuam nas regiões da Luz e Campos Elíseos, formado como reação as investidas autoritárias e violentas do Estado e da Prefeitura, tem entre outras coisas o intuito de orientar moradores do território e monitorar as ações da Polícia, e auxiliar no encaminhamento das denúncias.
VEJAM a página deles do facebook:
https://www.facebook.com/ForumAbertoMundareuDaLuz/
O dia 1 de março foi mais um dia muito tenso, e na reunião do Fórum foi possível escutar o depoimento dos moradores sobre as violações de seus direitos. A rede de pessoas da sociedade cível que está se empenhando neste apoio, durantes as açoes acionou os representantes da Defensoria Pública e da Ouvidoria para irem ao bairro da luz coletar as denúncia de violência de agentes de Estado e da Prefeituira e acionar instrumentos legais possíveis.
A partir da presença destes representantes, os funcionários da prefeitura, e mesmo os agentes da Polícia, passam a agir de forma menos desrespeitosa, e foi possível evitar concretamente algumas ações de lacração e interdição.
Na página do Fórum Aberto Mundaréu Luz foi publicada esta carta da defensoria pública condenando as violações cometidas nos dias 1 e 2 de março.
Outras entidades, preocupadas com o aumentos das ações nos próximos dias estão elaborando vigílias. No dia 2 de março a violencia e as violações continuaram intensas.
Ainda no dia 1º, logo ali, na rua do Triunfo, no Teatro da Companhia Turma do Faroeste ocorria o debate “Drogas e Democracia: Desafios em tempos de polarização” transmitido pela Plataforma Brasileira de Políticas de Drogas (compartilhamos parte do AO VIVO na nossa página do Facebook), que reuniu algumas personalidades entre elas Luciana Boiteux (PSOL) e Preto Zezé (CUFA e FFB). Houveram falas sobre o que pode vir a ser a agenda eleitoral sobre a política de Drogas, incluindo aí o combate ao encarceramento em massa e aniquilamento da população negra e pobre, e questões pertinentes à Intervenção Militar no Rio de Janeiro.
Um inicitiva importante, mas que mesmo inserida dentro de um território sistematicamente castigado por esses questões, permaneceu teórico e distante, a ponto de parecer pertencer ao outro lado da cidade.