SENEGALÊS GANHA LIBERDADE CONDICIONADA DEPOIS DE PRISÃO ILEGAL
ATUALIZAÇÃO em 14/4 : Triste e pensativo, o trabalhador senegalês Ousmane Hanne deixou o Fórum da Capital no domingo, por volta de 15 horas, acompanhado por três advogados voluntários, sem reaver as mercadorias apreendidas pela Guarda Municipal. Sob os aplausos dos apoiadores, ele cumprimentos e agradeceu silenciosamente os amigos que o aguardavam do lado de fora. Depois da audiência de custódia, ele foi ouvido e liberado pela juíza Cleni Serly Rauen Vieira, da Vara do Plantão Criminal do Fórum de Florianópolis, mas ainda pode responder a processo se as denúncias apresentadas pelo delegado forem acatadas pelo Ministério Público. Durante a audiência, a juíza afirmou que a prisão não é a medida adequada para o caso. Ela determinou medidas cautelares, como obrigação de comparecer todos os meses ao juizado e não afastamento da comarca da capital por mais de oito dias. Para os advogados, a prisão do imigrante, que tinha situação e documentos regularizados, foi inconstitucional porque efetuada por guardas de trânsito e sem motivo justo. Nesta segunda-feira, às 15 horas, haverá uma reunião na Câmara de Vereadores com imigrantes e entidades apoiadoras e, no dia 25 (quinta-feira), às 17 horas, o movimento integra a Marcha contra a Violência Policial em Defesa de Direitos e Democracia, promovida pelo Coletivo Ocupações Urbanas.
* * *
O Centro de Florianópolis virou um campo de xenofobia, racismo e violência contra imigrantes africanos no início da tarde de pleno sábado (13/30). Dez homens da Guarda Civil em duas viaturas da Ronda Ostensiva Municipal apreenderam a mercadoria de um trabalhador senegalês que vendia camisetas e bermudas na rua Álvaro de Carvalho, imobilizaram-no com violência, empurraram-no para a traseira do camburão e o levaram algemado para o 5° DP, onde foi preso sob alegação de desacato, resistência à prisão e desobediência. Vídeos gravados por outros imigrantes do Haiti e Senegal mostram, contudo, que o rapaz não reagiu, pelo contrário, ele foi o agredido. Nas imagens, os guardas erguem seu fuzil para ameaçar a população, apontando o cano para as pessoas em volta das viaturas que protestam contra a prisão arbitrária. Vários homens, alguns de pele branca, gritam batendo corajosamente no peito: “Atira, vai, podem atirar, covardes!”. Um homem repete em vão: “Mas ele não fez nada!”. Guardas lançam spray de pimenta indiscriminadamente sobre os passantes e uma mulher com o filhinho de cerca de três anos que nada tem a ver com o conflito entra em desespero ao sentir a garganta sufocada pelo gás. Os guardas de trânsito partem nas viaturas vaiados pelos manifestantes
Em frente à DP, advogada Daniela Felix, imigrantes e apoiadores tentam liberar trabalhador senegalês da prisão abusiva. Foto: ver. Lino Peres
Pelo menos 20 pessoas, entre testemunhas e líderes de entidades solidárias aos imigrantes e refugiados na Grande Florianópolis, foram para a delegacia de plantão prestar apoio a Ousmane Hanne. Eles abriram Boletim de Ocorrência por agressão e prisão abusiva. O jovem, de 33 anos, veio para o Brasil há três anos trabalhar para ajudar a família, a mulher e os filhos que vivem no Senegal. Tem documentos e situação legalizada, conforme a advogada popular Luzia Cabreira, que está fazendo a assessoria jurídica do caso ao lado da advogada Daniela Felix. Elas foram chamadas com urgência ao 5° DP pelo vereador Lino Peres (PT), a pedido das entidades, para defender o imigrante, mas o delegado não só o fez passar a noite na cadeia, como manteve a prisão e encaminhou queixa-crime ao juizado. Hanne foi acusado também de insultar os policiais, embora segundo Luzia, se comunique muito mal por causa do forte acento e só domine o dialeto do país de origem, p . Neste domingo, no início da tarde, ele prestará depoimento em audiência de custódia no Fórum da Capital para que o juiz decida se vai relaxar a prisão e defina as penalidades. Será acompanhado pelas advogadas, que devem apresentar denúncia de prisão arbitrária e violência policial.
Foi uma ação de desrespeito aos direitos humanos, com a prisão brutal de um trabalhador pacífico e quieto, que não representa nenhum perigo para a comunidade. É indigno como tratam um imigrante que já enfrenta preconceito e dificuldades de sobrevivência em território estrangeiro. Sem falar que guardas civis não são agentes legalmente designados para a função de fiscais de mercadorias. Essa prisão inadequada gerou um processo penal desnecessário para uma justiça já tão morosa pelo acúmulo de demandas. Tudo poderia ter sido resolvido com um acordo circunstanciado em que o vendedor ficasse sujeito a apresentar a nota das mercadorias, afirma Luzia Cabreira.
AUDIÊNCIA NO FÓRUM HOJE, PROTESTO CONTRA TRUCULÊNCIA AMANHÃ
Tranquilos e gentis, imigrantes africanos são frequentemente vítimas de racismo e xenofobia Foto: Aline Torres (UOL, 2018)
Revoltados, os senegaleses, que têm uma associação com 55 fundadores, solicitaram ao vereador a convocação de um ato na segunda-feira (15/4), às 15 horas, na Câmara Municipal, para manifestar sua indignação e conseguir o comprometimento dos parlamentares contra a violência do aparato de repressão da prefeitura. Foram convocados o Centro de Referência e Apoio aos Imigrantes (CRAI), o Serviço Pastoral do Migrante (SPM), o Grupo de Apoio aos Imigrantes e Refugiados (Gairf), a Sociedade Beneficente Cultura Brasil Haiti (Haibra), o Projeto PANA, da Cáritas/CNBB e ainda a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. “Foi uma truculência enorme contra o comerciante preso, contra os senegaleses e haitianos que estavam a sua volta e também contra a população de passantes agredidos com gás de pimenta e ameaçados com armamento pesado”, atesta Lino Peres.
Em frente à DP, a professora voluntária de língua portuguesa para estrangeiros, Elsa Nunez, reuniu numa lista o nome completo e o telefone de 12 testemunhas da agressão, entre elas três brasileiros nordestinos, dois haitianos e sete senegaleses. Quando já estava no camburão, completamente rendido, Hanne recebeu outra vez gás de pimenta nos olhos, segundo seus conterrâneos. Nascida no Chile e radicada no Brasil, Elsa explica que a única reação do trabalhador foi se agarrar à mercadoria e tentar pedir, no seu português crioulo, que os guardas assinassem o termo de apreensão para que ele pudesse recuperá-la depois. “Caso contrário, eles sabem que nunca mais vão reaver os produtos adquiridos a duras penas”, afirma a professora , que enviou um apelo aos seus amigos pelas redes sociais:
– Estamos convocando todo mundo para segunda feira, dia 15 , às 15 horas, na Câmara Municipal, com o Vereador Lino, e a associação dos senegaleses, para discutir todos os abusos que os estrangeiros sofrem, especialmente a violência absurda e desnecessária deste sábado dia 13, no centro de Florianópolis. Convidamos todos, já que todos somos migrantes neste país. Favor compartilhar com seus contatos. Elsa Nunez, cidadã do mundo.
“Macacos, voltem pra sua terra. Aqui não é o seu país”, gritaram os comerciantes. Foto: Marcos Bruno (CBN/Diário – 2017)
Não é a primeira vez que policiais agridem gratuitamente imigrantes africanos nas ruas de Florianópolis. “Batem nos camelôs imigrantes como se fossem ladrões”, denuncia Elsa. No ano passado, várias cenas violentas como a de ontem foram presenciadas pela população, sempre provocadas por denúncias da Associação Comercial. Embora gentis e tranquilos, os africanos sempre sofrem abordagens truculentas na praia de Canasvieiras, onde caminham de uma ponta a outra embaixo do sol, carregando suas mercadorias, lembra Thaís Lippel, presidente do Coletivo Memória, Justiça e Verdade, que também acorreu à delegacia.
Sempre que sofrem abordagem da Guarda Civil, os imigrantes têm sua mercadoria apreendida e a polícia nunca mais devolve, explica o vice-presidente da Associação Senegalesa, Manoel Chiekb. Por isso, eles foram aconselhados pelas entidades protetoras a exigirem seu direito de obter uma relação assinada pelos agentes com os produtos retidos antes de entregá-los. “Nós temos nossas mercadorias diariamente tomadas e não podemos mais suportar essa perda”, desabafa Chiekb, que também mantém família no seu país com o trabalho de ambulante no Brasil.
Num protesto contra os ambulantes africanos ocorrido em março de 2018, os comerciantes ofenderam os trabalhadores com palavras de racismo e xenofobia. “Volta para o seu país, macaco! O que você está fazendo no Brasil?”, gritaram. O mesmo insulto foi dirigido contra nordestinos que criticavam o levante dos lojistas. Em junho do ano passado, no TICEN (Terminal de Integração do Centro), a polícia passou de carro por cima da mercadoria de um haitiano que foi ainda humilhado e agredido. O vice-presidente da Associação Senegalesa, que filmava a ofensiva, teve seu celular jogado ao chão e pisoteado pelos guardas que apagaram as imagens. Em função desse episódio, houve uma forte mobilização das entidades, com queixa à Corregedoria do município, que culminou com uma reunião e um termo de acordo em que a Guarda Civil se comprometeu a não depredar os pertences dos imigrantes e a não efetuar prisões arbitrárias para substituir o trabalho de fiscalização. Pela persistência das agressões, a violência e os abusos de poder continuam sendo o método preferido dos aparatos de repressão.
ADVOGADO MOSTRA QUE SITUAÇÃO DO IMIGRANTE É LEGAL, MAS SUA PRISÃO É ILEGAL
Enquanto Ousmane era acompanhado pelas duas advogadas na Delegacia de Polícia, um terceiro advogado, também voluntário, entrava em ação para atuar em sua defesa, depois de ser contatado por um amigo do senegalês. Guilherme Silva divulgou nas redes sociais o seguinte relato, provando que a situação de Ousmane como imigrante está legal, conforme os documentos que buscou em sua casa. Mostra também que as acusações levantadas para fundamentar sua prisão são ilegais:
Três advogados populares atuam juntos na defesa gratuita do imigrante, que agora responde acusações em liberdade condicionada
Aos interessados no desfecho do caso do senegalês Ousmane Hann:
Após contato de um amigo de Ousmane Hann, fui até a 5ª DP verificar se estava ferido e me oferecer para atuar em sua defesa de forma gratuita, o que foi aceito, tendo ele outorgado procuração à mim.
Antes disso entrei em contato com um amigo senegalês que mora com ele, fui até a casa dele e colhi documentos como comprovante de residência, identificação e documentos relacionados ao simples nacional que ele tem ativo para vender suas roupas. Levamos também comida e roupa, já que ele não comia desde cedo e estava com a roupa rasgada.
O flagrante foi lavrado pelos crimes de desobediência, desacato e resistência, encontrando-se ele custodiado em razão disso. Entrei em contato com o plantão do fórum da capital com o objetivo de impetrar um Habeas Corpus e a informação que me foi passada é que a juíza não analisaria hoje em razão do adiantado da hora, ficando pendente a análise da legalidade do flagrante e da necessidade ou não de prisão para amanhã na audiência de custódia a ser realizada no fórum da capital às 14:00 horas.
Fui informado ainda que o procedimento da delegacia foi acompanhado pela competente advogada e professora Daniela Félix a qual já entrei em contato. Amanhã estaremos na audiência de custódia em busca da liberdade de Ousmane, preso por estar vendendo bermudas sem nota fiscal, quando veio ao Brasil fugir da pobreza e tentar uma vida melhor, mandando dinheiro semanalmente para sua família no Senegal.
Ousmane foi preso por uma guarda que é feita para cuidar do trânsito, pelo crime de desacato quando nem sabe falar português, por ter resistido a uma prisão ilegal e por estar comercializando produtos da 25 de março quando produtos piratas são vendidos aos quatro cantos do país.
As ilegalidade da prisão são várias. Desde a incompetência da guarda municipal para fazer fiscalização sobre mercadorias sem nota fiscal, passando pela impossibilidade de lavratura de flagrante por resistência e desobediência (princípio da consunção), quem foi meu aluno sabe, e ainda pelo fato de que desacato nem é mais crime, conforme vem entendendo o STJ.
Restaria quando muito a resistência, devendo ser lavrado um termo circunstanciado e logo liberado, mas não foi.
A prioridade agora é a liberdade de Ousmane, e depois disso, sendo da vontade dele, estarei à disposição para fazer justiça sem nada cobrar, pelo direito de ser humano e viver como humano!
O amigo de Ousmane me relatou que os imigrantes sofrem diuturna perseguição dos Guardas Municipais de Florianópolis. Ouvindo todo dia coisas como “voltem para o país de vocês” “não queremos vocês aqui” “vamos incomodar até vocês voltarem”. Além de agressões, tapas na cabeça, empurrões, gás de pimenta e investidas com as viaturas na direção dos imigrantes!
Uma fronteira não pode fazer-nos esquecer que somos irmãos, independe da cor e da nacionalidade.
Parabéns à quem se preocupou e estabeleceu uma rede que me fez chegar a Ousmane. Amanhã atualizo vocês!
Que absurdo uma atitude destas. Deixem as pessoas trabalharem…enquanto trabalham não estão roubando independente da sua origem , cor, ou crenca ou raça.
Não concordo com a violência contra quem for mas nunca vi ninguém fazer uma manifestação parar ajudar os comerciantes que pagam seus impostos e convivem com os vendedores em concorrência desleal na própria porta põe aí jornalistas livres
Uma vergonha os comerciantes fazerem isto ..nao enyendo para que tanta besteira .. todos somos iguais e a policia municipal tem que acabar dao extremamente sem capacidade os caras da África nao ten nada so estao tentando a vida e os comercisntes bando de babacas que d3vem estar morrendo de fome temos espaço para todos no Brasil nao precisa gazer isto
O Brasil nunca muda graças a Dilma e o Lula Nossa pais esta cheio de estrangeiros,com todos os seus direitos e que direito tem o brasileiro, se vc precisar de um posto de saúde pra conseguir uma consulta so na cidade onde vc mora e eles nao te direito a tudo isso graças o pt Bolsonaro tinha que mandar tudo embora
ZELADORIA ILEGAL DE BRUNO COVAS “varre” pertences de moradores em situação de rua
Denúncias mostram que a ação foi ilegal, e fere o decreto Nº 59.246 de 2020, que dispõe
sobre os procedimentos e o tratamento à população em situação de rua.
Mais uma vez, ação truculenta de agentes da prefeitura acontece na Praça Princesa Isabel, centro de São Paulo, e desobedece o DECRETO nº 59.246/2020 que dispões sobre o tratamento à população em situação de rua. Um problema que requer ações de assistência social, de saúde e de humanidade, é substituído por violência e descaso com os mais necessitados. Além do sequestro dos poucos bens dessas pessoas, incluindo documentos, e material doado para que a sua subsistência na condição de rua seja menos caótica.
A Ação ilegal se deu na manhã de, dia 13/10, entre 8 e 9 horas. Uma grande equipe de limpeza urbana e vários Guardas Civil Metropolitanos estiveram na Praça Princesa Isabel e retiraram das pessoas seus bens, tais como barracas, documentos, roupas, cobertores e ameaçaram as pessoas, conforme os primeiros depoimentos.
Moradora idosa desabafa: “Que prefeito é esse?” … ” Fazendo a gente de cachorro…”
“A gente não tá aqui por que a gente quer” desabafa moradora
“Essa prefeitura está destruindo nós” declaração da moradora em situação de rua
“Levaram até roupa, até a ração do meu cachorro” moradores desabafam
Recebemos doações e a GCM vem todo dia e tira as barracas da gente, desabafa Bruna moradora
Morador em situação de rua faz denúncia de truculência em ação de zeladoria ilegal, centro de SP.
“Nem pegar as coisas que tem dentro da barraca, roupa de vestir, coberta, eles deixaram” diz morador
“Mais um dia de caos na praça…. chegaram arrebentando” desabafa morador
PLAYLIST COM TODOS OS DEPOIMENTOS
Imagine se a gente tivesse roubando? A gente é gente de bem, procurando a reciclagem fala morador
Os depoimento foram colhidos pela A Craco Resiste, coletivo de ativista que atua na região com projetos de redução de danos, e proteção da população, entre outros.
Uma rotina de truculência ilegal
Segundo o decreto e portaria isto não poderia ser realizado. Conforme obriga o DECRETO Nº 59.246 de 2020 que dispõe sobre os procedimentos e o tratamento à população em situação de rua durante a realização de ações de zeladoria urbana.
A conduta, ainda, é vedada pela mesma normativa:
Art. 10. As equipes de zeladoria urbana deverão respeitar os bens das
>pessoas em situação de rua.
§ 1º É vedada a subtração, inutilização, destruição ou a apreensão dos
seguintes pertences da população em situação de rua:
I – bens pessoais, tais como documentos de qualquer natureza, cartões
bancários, sacolas, medicamentos e receitas médicas, livros, malas,
mochilas, roupas, sapatos, cadeiras de rodas, muletas, panelas, fogareiros,
utensílios de cozinhar e comer, alimentos, colchonetes, travesseiros,
tapetes, carpetes, cobertores, mantas, lençóis, toalhas e barracas
desmontáveis;
II – instrumentos de trabalho, tais como ferramentas, malabares,
instrumentos musicais, carroças e material de reciclagem, desde que dentro da carroça.
Ao ser questionado sobre a irregularidade da ação, funcionário presente ao local, que não se identifica, pede que o repórter procure a assessoria de imprensa da subprefeitura.
Fizemos contato por email, com a da assessoria de imprensa das Sub-Prefeituras do Município de São Paulo, até as 15h30 (horário de publicação deste vídeo no youtube), e fechamento desta matéria, não haviamos recebido resposta sobre o por que da ação ilegal. ABAIXO a nota da Prefeitura enviada às 17h30 do dia de hoje (13.10.2020).
Funcionário não se identifica, e pede que se procure a assessoria de imprensa da subprefeitura
Nota da Secretaria de Segurança Pública da Prefeitura
Boa tarde
Seguem informações
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Subprefeitura Sé, esclarece que a ação citada aconteceu em 09/10 e que realiza diariamente operações de zeladoria urbana em áreas aonde vivem pessoas em situação de vulnerabilidade, como a Praça Princesa Isabel. As ações ocorrem em conjunto com as equipes de zeladoria e limpeza, e a Guarda Civil Metropolitana (GCM).
A administração regional cumpre o Decreto Nº 59.246/20, que dispõe sobre os procedimentos e o tratamento dado à população em situação de rua durante as ações de zeladoria urbana na cidade de São Paulo.
É vedada a retirada de pertences pessoais, como documentos, bolsas, mochilas, roupas, muletas e cadeiras de rodas. Podem ser recolhidos objetos que caracterizem estabelecimento permanente em local público, principalmente quando impedirem a livre circulação de pedestres e veículos, tais como camas, sofás, colchões e barracas montadas ou outros bens duráveis que não se caracterizem como de uso pessoal.
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana informa que Guarda Civil Metropolitana apoia os agentes da Subprefeitura nas ações de zeladoria urbana e limpeza, bem como os agentes de Saúde e Assistência Social, sempre que solicitada. A GCM está orientada a não retirar nenhum pertence dos moradores de rua.
Enviamos os vídeos com as denúncias dos moradores, como resposta.
Solidariedade, resistência e as doações têm sido fundamentais para reerguer a comunidade
Um incêndio que iniciou na madrugada de segunda-feira (28) desalojou 24 famílias na Comunidade Vila Paula na região da CDHU do bairro San Martin, em Campinas .
Segundo informações da Prefeitura de Campinas, entre as pessoas atingidas estão 36 adultos, 27 crianças, dois adolescentes e dois idosos. Essas pessoas foram acolhidas na Escola Estadual Maria de Lourdes Bordini e em duas instituições religiosas nas proximidades.
A maioria dos moradores deixou suas casas só com a roupa do corpo. Todos os seus pertences foram destruídos pelo fogo.
Na terça-feira, a reconstrução dos barracos foi iniciada no mesmo local em que as habitações de madeiras foram destruídas pelas chamas. Paulo César Santos, uma das lideranças da comunidade, relembra o drama desastre que consumiu os barracos e as dificuldades das famílias.
“ Foi uma tragédia muito grande na nossa vila. Foi duro para construir, foi duro para assentar as famílias . Foi difícil construir os barracos de madeira, estamos aqui faz um bom tempo. No início era só lona e o incêndio devorador acabou com tudo.”
Paulo Cesar é uma das lideranças da Comunidade Vila Paula e trabalha na reconstrução da vila
A comunidade existe há cerca de cinco anos e abriga aproximadamente 176 famílias que moram no local e outras 70 suplentes, que não moram ali. No total, segundo Paulo, são ao menos 700 pessoas, entre crianças, idosos e adultos.
Elas perderam tudo
As 24 famílias perderam tudo e ficaram apenas com a roupa do corpo.
Lourrane , mãe de Abdias e grávida de sete meses conta que ficou muita assustada. A vizinha tentou alertá-la sobre o incêndio mas o fogo estava intenso.
“ Foi desesperador. Eu tenho um sono pesado e não ouvi as batidas em minha porta. Quando eu me atentei e abri a porta, um calor intenso e fumaça invadiram minha casa. Eu peguei meu filho e minha bolsa com documentos e saí correndo. Assim que eu saí algo que me pareceu como um botijão de gás estourou e a chama do fogo começou a incendiar o meu barraco. Perdi tudo. Tinha acabado de chegar cesta básica e verduras. Estava tudo abastecido.”
Mãe e filho tem a esperança de reconstruir o barraco
“ É desanimador olhar para tudo aquilo que a gente construiu com tanto sacrifício e ver tudo em cinzas , mas eu também agradeço por estar viva com meu filho e bem.”
Do mesmo modo, Isadora também relembra com pesar . Casada, mãe de dois filhos morava com eles e seu marido no barraco que também foi destruído.
A família de Isadora perdeu tudo e ficou apenas com a roupa que estava no corpo
“ Ficamos só com a roupa do corpo. Tentamos até tirar algo da nossa casa mas não deu certo. Não deu tempo. Salvamos os nossos filhos.”
O casal trabalha e tiveram que faltar esses dias no trabalho mas pretendem retornar o mais breve possível.
Paulo Cesar segurando uma cavadeira fala de peito aberto esperançoso
“ Estamos começando a fase de reconstrução. A nossa casa está sendo reconstruída. Nosso povo está aí trabalhando para isso. A prefeitura está com equipes no trabalho de reconstrução. Os barracos serão de madeira. Recebemos muitas doações Campinas se mobilizou e algumas cidades da região também como Paulínia e Valinhos. Temos que agradecer muito a solidariedade”
As doações vindas de Campinas e algumas cidades da região
A futura mamãe também se sente esperançosa.
“ Sei que posso ter meu bebê e voltar para a casa e terei uma casa”
Ela havia sido presenteada com um berço e uma cômoda para o bebê, os móveis foram consumidos pelas chamas durante incêndio.
Abdias, um garoto esperto de cinco anos, vivenciou a experiência da tragédia.
Abdias perdeu todas as suas roupas e brinquedos no incêndio.
“ Todos os meus brinquedos foram queimados. Perdi todos os meus brinquedos e roupas. Quero voltar para a minha casa”.
A mãe do garoto agradece as pessoas que se solidarizaram com as famílias da Vila Paula e fizeram doações.
Isadora diz se sentir aliviada pelas doações e também pela reconstrução.
“ As doações dão um ânimo da gente. Também já vai começar a reconstruir. Isso também já ajuda muito. Porque tudo que passamos é muito triste”
Crianças brincam entre as madeiras “kits barracos” – como está sendo chamado – providenciados pela Secretaria de Habitação , em um total de 35 , para a construção de moradias de 20 metros quadrados com banheiro
“As doações são importantes para a Comunidade da Vila Paula sobretudo quando os barracos estiverem prontos novamente. Vamos precisar montar morada. Móveis. geladeiras. Comida.” segundo Paulo Cesar
Onde entregar as doações :
1-Comunidade Frei Galvão da Paróquia São Marcos, O Evangelista – Rua Valentino Biff, s/n – em frente ao CDHU San Martin
2- Escola Maria de Lourdes Bondine no CDHU San Martin, entre as quadras R e U.
As famílias não querem auxílio aluguel que não contempla todas as famílias. A Comunidade Mandela luta por Moradia para todas as famílias Foto: Fabiana Ribeiro | Jornalistas Livres
Negociação entre o proprietário do terreno e a municipalidade
A área de 300 mil metros quadrados é de propriedade de Celso Aparecido Fidélis. A propriedade não cumpre função social e possui diversas irregularidades com a municipalidade.
As famílias da Comunidade Mandela já demonstraram interesse em negociar a área, com o proprietário para adquirir em forma de cooperativa popular ou programa habitacional. Fidélis ora manifesta desejo de negociação, ora rejeita qualquer acordo de negócio.
Mas o proprietário e a municipalidade – por intermédio da COAB (Cia de Habitação Popular de Campinas) – estão negociando diretamente, sem a participação das famílias da Comunidade Mandela que ficam na incerteza do destino.
As mulheres são a grande maioria da Comunidade e também são elas que estão nos atos lutando por direitos. Foto: Fabiana Ribeiro | Jornalistas Livres
As famílias querem ser ouvidas
Durante o ato, uma comissão de moradores da Ocupação conseguiu ser liberada pelo contingente de Guardas Municipais que fazia pressão sobre os manifestantes , em sua grande maioria formada pelas mulheres da Comunidade com seus filhos e filhas. Uma das características da ocupação é a liderança da Comunidade ser ocupada por mulheres, são as mães que lideram a luta por moradia.
A reunião com o presidente da COAB de Campinas e Secretário de Habitação – Vinícius Riverete foi marcada para o dia 28 de setembro.
A luta e a esperança de igualdade social Foto: Fabiana Ribeiro | Jornalistas Livres
As mulheres da Comunidade Mandela, em sua maioria são trabalhadoras informais, se organizam para lutar por moradia.
Iliane
14/04/19 at 21:51
Que absurdo uma atitude destas. Deixem as pessoas trabalharem…enquanto trabalham não estão roubando independente da sua origem , cor, ou crenca ou raça.
Fabiano José Andrade
14/04/19 at 22:21
Não concordo com a violência contra quem for mas nunca vi ninguém fazer uma manifestação parar ajudar os comerciantes que pagam seus impostos e convivem com os vendedores em concorrência desleal na própria porta põe aí jornalistas livres
Ernani do Duílio do próspero junior
15/04/19 at 8:19
Uma vergonha os comerciantes fazerem isto ..nao enyendo para que tanta besteira .. todos somos iguais e a policia municipal tem que acabar dao extremamente sem capacidade os caras da África nao ten nada so estao tentando a vida e os comercisntes bando de babacas que d3vem estar morrendo de fome temos espaço para todos no Brasil nao precisa gazer isto
Gilce
15/04/19 at 8:41
O Brasil nunca muda graças a Dilma e o Lula Nossa pais esta cheio de estrangeiros,com todos os seus direitos e que direito tem o brasileiro, se vc precisar de um posto de saúde pra conseguir uma consulta so na cidade onde vc mora e eles nao te direito a tudo isso graças o pt Bolsonaro tinha que mandar tudo embora
Janaina Santos de Macedo
15/04/19 at 9:17
a foto da manifestação no Largo da Alfandega é de Janaina Santos
Raquel Wandelli
15/04/19 at 12:09
Oi, Janaína, vamos acrescentar a identificação que não havia na matéria. Obrigada por informar.
Raquel Wandelli
15/04/19 at 12:18
Olá, Janaína, verificamos na internet e a foto aparece com crédito de Aline Torres. Há um engano do site UOL?