Por Graça Maduro, da page O Autismo em Minha Vida
Amanhã veremos na mídia vários programas falando sobre o autismo. Mas será que veremos o autismo que não é azul, nem bonito e de autofuncionamento? O autismo agressivo, com sangue, fezes, gritos, agressões?
Precisamos falar e mostrar que nossos filhos e famílias vivem isoladas da sociedade porque não somos aceitos e compreendidos.
Que, principalmente nós, mães, abrimos mão de nossas vidas, relações sociais, empregos para cuidarmos e defendermos nossos filhos da sociedade que só enxerga o autismo como aquele lindo menino que toca piano aos seis anos com maestria. Aquela linda menina, com olhar inocente, que nunca precisou ser medicada porque nunca avançou nas pessoas e nunca jogou um coleguinha do alto da escada, como a minha já fez.
Aquela mãe que nunca foi ameaçada de prisão por estar contendo sua filha de 10 anos em uma avenida movimentada para que ela não fosse atropelada, como aconteceu comigo há 18 anos…
De lá pra cá pouca coisa mudou!!!
O autismo conhecido é aquele que se veste de azul e participa de caminhadas de “conscientização” com os pais.
Minha filha, com seu autismo feio, que dói, que machuca e fere, nunca poderia participar de uma atividade dessa. Assim como milhares de outras pessoas, portadoras de autismo severo, com muitas comorbidades e que é mais comum do que tanto se fala. Raro é o autismo de auto funcionamento. Para cada menino que toca piano aos 6 anos, 20 ou mais se “automutilam” ou agridem o próximo. E nunca serão alfabetizados, por mais que as famílias se esforcem e tenham condições de utilizar os recursos que existem e que são de custo elevadíssimos.
Esse é o autismo que precisa, urgentemente, aparecer nos meios de comunicação para que sejam criadas formas efetivas de ajuda para que possamos deixar de ver a vida passar pela janela de casa e, ao contrário, possamos ver nossos filhos efetivamente inseridos na sociedade.
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