No dia 10 de Fevereiro o Partido dos Trabalhadores completa 40 anos de existência e luta. As comemorações terão eventos por todo o Brasil e no mundo, incluindo Portugal. Militantes do PT em Lisboa realizarão dois eventos para a celebração, discutindo as questões migratórias e o legado do Partido nestes 40 anos.
No dia 10/02, data oficial da fundação do Partido dos Trabalhadores, Lisboa sediará o debate “40 anos do PT: O Legado dos Governos do PT para as Políticas Migratórias”, com início às 18h. O debate contará com a presença de Paulo Illes, ex-coordenador de Políticas para Migrantes da Prefeitura de São Paulo no Governo Fernando Haddad (2013-2016), Carlos Viana, membro fundador da Casa do Brasil de Lisboa e Cyntia de Paula, presidenta da Casa do Brasil de Lisboa. A discussão abordará as políticas públicas para brasileiros no exterior e os desafios atuais para avançar nas políticas de integração dos imigrantes em Portugal.
Já no dia 16/02, às 15h, acontecerá o curso “40 anos de História do Partido dos Trabalhadores”, ministrado pelos professores Rogério Bitarelli Medeiros, Doutor em Sociologia da Cultura pela Universidade de Paris 7, e Marília Falci Medeiros, Doutora em Sociologia pela Universidade de Amiens (França). O curso trará informações sobre a trajetória do Partido nos seus 40 anos, contextualizando as políticas de governo e lutas sociais ao longo do período. Ambos os eventos serão gratuitos, realizados no simbólico A Voz do Operário (Rua da Voz do Operário, 13) e abertos ao público.
A comissão organizadora do evento ainda reuniu vídeos de lideranças políticas e artistas que, em depoimento, comentam o que a data, para além da celebração, representa para o Brasil atual. Em um dos depoimentos, o ex-senador pelo PT do Rio de Janeiro, Lindbergh Farias, lembra que esse aniversário se passa em um período de crise democrática e ascensão de ideias fascistas e que a luta pela inocência de Lula segue sendo central, já que o ex-presidente está solto, mas não livre. No vídeo, Lindbergh lembra que o lawfare contra a maior liderança popular brasileira ainda continua e Lula segue sobre perseguição judicial comandada pela operação lava-jato, da qual o ministro da justiça de Bolsonaro, Sérgio Moro, é seu líder.
Legado
A memória do PT é sobretudo lembrar dos duros períodos de chumbo, da luta pela redemocratização, dos governos que buscaram distribuição de renda e justiça social e tentaram construir uma sociedade mais tolerante com suas dívidas históricas pagas com seu povo. Nesses 40 anos de construção política pela base, o Partido dos Trabalhadores se tornou o maior partido de massas de esquerda do Brasil, o segundo maior da América Latina e um dos maiores do mundo, com 2,1 milhões de filiados até agosto de 2018, de acordo com Secretaria de Organização do PT Brasil (Sorg).
O PT também guarda em sua história a eleição de dois presidentes que se diferenciam de todos os outros já antes eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, primeiro ex-operário e sindicalista, e Dilma Rousseff, primeira mulher a presidir o Brasil.
As políticas públicas dos períodos de Lula e Dilma passaram a ser elogiadas e referenciadas pelo mundo todo e foi uma contribuição histórica com a luta do povo brasileiro pelo acesso aos direitos básicos fundamentais. O programa Bolsa Família é o maior exemplo. Este foi o maior programa de transferência de renda do mundo durante, os governos de Lula e Dilma e tornou-se exemplo de erradicação da pobreza no relatório das Nações Unidas (UN). Cerca de 50 milhões de pessoas foram beneficiadas, as quais 36 milhões saíram da situação de extrema pobreza. Os programas Prouni e Reuni foram responsáveis pela expansão do acesso ao ensino superior mais que duplicando o número de estudantes, passando de 3,5 milhões em 2002 para 7,1 milhões em 2014.
Desafios
O Brasil em 2020 é muito diferente do que se imaginara durante os períodos petistas. Após o golpe de 2016, a agenda de extrema direita iniciada por Michel Temer, tendo seguimento com o governo Bolsonaro, combina o ultraliberalismo, com entrega das riquezas e empresas do país, ao neofascismo, com retrocesso nos direitos humanos, incentivando a discriminação e a violência contra negros e negras, mulheres, indígenas e a população LGBT.
Estas políticas atingem diretamente as classes populares, maioria do povo brasileiro, que sofre com a luta cada vez mais árdua pela sobrevivência. É essa agenda que exclui direitos e concentra a riqueza que se tornou a principal ameaça à construção de uma democracia plena no Brasil.
Diante do novo contexto, o partido enfrenta novos desafios em sua missão, sendo o principal deles a retomada da democracia no Brasil. Para isso, o PT anuncia, dentre várias estratégias que considera fundamental para esse processo, duas centrais: a liberdade plena de Lula, já que sua prisão política tornou-se um símbolo da ruptura do Estado Democrático de Direito; e a aliança entre os partidos de esquerda, que inclui PCdoB, PSOL, PDT, PSB, REDE, PCO e UP, na união de forças para travar um embate definitivo contra a destruição social que é o governo Bolsonaro.
Serviço
Debate “40 anos do PT: O Legado dos Governos do PT para as Políticas Migratórias”
10/02 – 18h – Rua da Voz do Operário, 13 – Lisboa
https://www.facebook.com/events/634776357270043/
Curso “40 anos de História do Partido dos Trabalhadores”
16/02 – 15h – Rua Voz do Operário, 13 – Lisboa
https://www.facebook.com/events/877921452678124/
Mais informações sobre os eventos podem ser encontradas nos eventos de facebook ou através da página Partido dos Trabalhadores – Núcleo Lisboa.
Confira abaixo vídeos de lideranças políticas em apoio à luta pela democracia no Brasil travada do exterior.
A deputada brasileira do Congresso da Espanha, Maria Dantas – Esquerra Republicana de Cataluya (ERC) fala da importância histórica do Partido dos Trabalhadores
Ex-chanceler Celso Amorim, coordenador dos comitês Lula Livre Internacionais, reafirma que este é o momento de pensar no futuro para reestabelecer uma democracia plena no Brasil
O ator, humorista, diretor de teatro, cinema e televisão Bemvindo Sequeira, que mora em Portugal, também mandou seu recado de resistência
Deputada Federal pelo PT/RJ, Bendita da Silva, se reúne com as mulheres militantes e afirma a luta pela liberdade Lula é fundamental
Eduardo Suplicy, deputado federal pelo PT/SP também deixou um recado para os militantes fazem a militância fora do Brasil
E eis que o PSOL escolheu Guilherme Boulos e Luiza Erundina como seus candidatos a prefeito e vice da cidade de São Paulo, no próximo pleito, a realizar-se no dia 15 de novembro, com segundo turno marcado para 29 de novembro, dependendo de a quantas ande a tragédia da covid-19. Trata-se de uma chapa mezzo petista (PT), mezzo psolista (PSOL), já que Boulos é tido como o mais lulista dentre os psolistas e que a deputada Erundina fez grande parte de sua carreira política dentro do PT, partido pelo qual foi eleita prefeita da Capital em 1988.
Assim, é natural que muitos petistas lancem olhares apaixonados para a chapa do PSOL, que seria o feliz encontro da juventude de Boulos (38 anos) com a experiência de Erundina (85 anos), o match perfeito entre o poderoso movimento de moradia dos dias atuais (Boulos) e a resistência histórica do povo trabalhador, nordestino e periférico (Erundina).
A chapa Boulos-Erundina inflama de entusiasmo os corações petistas porque parece ser o PT de raiz, aquele que era mais ligado às lutas do que aos conchavos. Parece ser o PT sem a burocracia partidária, sem os funcionários sabichões que substituíram a militância. Parece ser o PT sem medo de sonhar. Sem medo de desejar o impossível.
Ocorre que o PT já escolheu Jilmar Tatto para representá-lo na disputa pela Prefeitura, depois de uma disputa acirrada, que envolveu um total de sete candidatos a candidato. Jilmar venceu, é preciso dizê-lo, legitimamente, depois de um processo reconhecido por todos os demais candidatos.
Mas é grande a diferença entre vencer e convencer. Jilmar Tatto parece ter dificuldade para unificar o seu próprio partido em torno de si, que dirá empolgar os movimentos sociais e os setores democráticos. Ou seja, a candidatura de Jilmar Tatto corre o risco de não decolar, apesar do empenho da máquina partidária.
Diante dessa situação, militantes inconformados sustentam que Lula deveria —de novo— “forçar” o ex-prefeito Fernando Haddad a se candidatar pelo PT. Haddad que seria “o único nome com força para empurrar a esquerda para o segundo turno, [que] poderia inclusive unificar a esquerda na cidade.”
Só que Haddad não quer, não cogita, acha que já se “sacrificou demais” pelo partido. Haddad precisa descansar.
Prevê-se um “desastre político gigantesco”, como decorrência de o PT ir para a disputa na principal capital do país “sem a possibilidade de chegar ao segundo turno”.
O drama é que o PT já foi para a disputa na principal capital do país e não chegou ao segundo turno. Foi na última eleição para prefeito, em 2016, quando o candidato era o próprio Haddad, que perdeu a eleição para a chapa Doria-Covas no primeiro turno, fato inédito na história da cidade desde as eleições municipais de 1992, ano em que foram realizadas as primeiras eleições municipais em dois turnos no Brasil.
Mas o PT preferiu recalcar a memória desse desastre anterior, em vez de tentar entender o que levou o maior partido de esquerda ao vexame eleitoral.
A crise do PT na cidade de São Paulo está escancarada. Nenhum dos pré-candidatos que disputaram a candidatura pelo partido empolga a militância. Aliás, todos, com exceção de Kika da Silva, ativista do movimento negro que entrou na disputa na última hora, representam um PT com uma cara muito diferente daquela que tem o povo trabalhador. Jilmar Tatto, Alexandre Padilha, Nabil Bonduki, Paulo Teixeira, Carlos Zarattini e Eduardo Suplicy, os outros pré-candidatos, são homens brancos, de classe média, que estudaram em ótimas faculdades e que estão no PT desde o século passado.
O ex-presidente Lula, na casa de Paulo Maluf, ao lado de Haddad: campanha eleitoral de 2012 Foto: Eliária Andrade
O PT envelheceu e perdeu o encanto porque não foi capaz de compreender as novidades que surgiram dos becos e vielas das periferias. Porque se acostumou demais com os acordos sem princípios (lembra daquela foto-vergonha de Lula, Haddad e Maluf?). Porque se tornou parte do establishment.
Não tem indicação de Lula, não tem “sacrifício” de Haddad, nada e nem ninguém poderá, de agora até as eleições, reverter esse quadro.
E, no entanto, o povo pobre continua gerando inteligências agudas, mobilizadoras e de luta. Como a grande liderança do movimento de moradia no centro de São Paulo, Carmen Silva Ferreira, mulher negra, sem teto, mãe de 8 filhos, que não se cansa de testemunhar como a vida era melhor durante os governos Lula e Dilma. Ou como Paulo Lima, o Galo, membro dos Entregadores Antifascistas, que me disse que “nunca falaria mal do Lula porque sabe que na época em que ele esteve na Presidência os pobres viviam com mais dignidade”. Ou como os professores e professoras que lutam todos os dias nas quebradas em defesa da escola pública e gratuita.
Os governos de Lula e Dilma ainda ressoam forte nos corações das classes populares e é esse o maior ativo do PT.
Em 10 de fevereiro de 1980, dia da fundação do PT, os militantes da esquerda armada, os intelectuais, os sábios que tinham lido o Capital de trás para a frente e da frente para trás, a juventude, os artistas e os católicos ligados à Teologia da Libertação foram obrigados a ceder o protagonismo para a classe operária em luta no chão de fábrica. De lá para cá, a automação demitiu centenas de milhares e reduziu a força sindical dos trabalhadores, é verdade. Mas o povo não parou de lutar. Está lutando, está organizado nas periferias. É hora de os burocratas do PT entenderem que precisam abrir espaço para essas novas lideranças femininas, negras, LGBTs e periféricas (que, aliás, foram empoderadas durante os governos de Lula e Dilma), ou perecerão todos, sufocados e sem respiradores.
O mais importante, agora, é ressuscitar a mais poderosa ferramenta para a emancipação dos trabalhadores já criada no Brasil: o Partido dos Trabalhadores.
(Quanto às eleições para prefeito, é preciso analisar o quadro político com atenção. Ver como a candidatura de Boulos acontece. E como reagirá a candidatura Jilmar Tatto. Sobre essa base, tomar as decisões que reforcem a luta contra o governo fascista de Jair Bolsonaro. O resto, só a luta resolverá.)
Perdemos um camarada valoroso, um menino negro encantador de feras, um sorriso no meio das bombas e da violência policial, um guerreiro gentil que defendeu com unhas e dentes a Democracia, a presidenta Dilma Rousseff durante todo o processo de impeachment, e o povo brasileiro negro e pobre e periférico, como ele.
Gabriel Rodrigues dos Santos era onipresente. Esteve em Brasília, na frente do Congresso durante o golpe, em São Paulo, nas manifestações dos estudantes secundaristas; em Curitiba, acampando em defesa da libertação do Lula. Na greve geral, nas passeatas, nos atos, nos encontros…
O Gabriel aparecia sempre. Forte, altivo, sorrindo. Como um anjo. Anjo Gabriel, o mensageiro de Deus
Estamos tristes porque ele se foi hoje, no Incor de São Paulo, depois de um sofrimento intenso e longo. Durante três meses Gabriel enfrentou uma infecção pulmonar que acabou levando-o à morte.
Estamos tristíssimos, mas precisamos manter em nossos corações a lembrança desse menino que esteve conosco durante pouco tempo, mas o suficiente para nos enriquecer com todos os seus dons.
Enquanto os Jornalistas Livres estiverem vivos, e cada um dos que o conheceram viver, o Gabriel não morrerá.
Porque os exemplos que ele deixou estarão em nossos atos e pensamentos.
Obrigada, querido companheiro!
Tentaremos, neste infeliz momento de Necropolítica, estar à altura do Amor à Vida que você nos deixou.
Leia mais sobre quem foi o Gabriel nesta linda reportagem do Anderson Bahia, dos Jornalistas Livres
Não vou repetir nem me alongar sobre a situação inédita em que vive o país. Mas vale um rápido retrato.
O país está literalmente desgovernado.Ninguém, exceto os alucinados neofascistas ou os tubarões do “mercado” e seus asseclas, leva a sério o que o facínora Jair Bolsonaro fala ou deixa de falar.
Governadores, prefeitos, donos de pequenos comércios – cada um faz o que quer. Feriadão em São Paulo? Quem andou pelas ruas viu que cada cidadão interpretou à sua moda a decisão. Lojas abertas, aglomerações em centros de compra, ambulantes indiferentes ao “isolamento social”, festas de socialites.
O Brasil vive um momento de salve-se quem puder.
O dito presidente e sua família são bandidos de papel passado. Genocidas assumidos.
Governadores que hoje figuram como salvadores da pátria foram cabos eleitorais do bandoleiro instalado no Planalto. Alguém se esquece do “Bolsodória”?
A mídia oficial, complacente, conivente e cúmplice do impeachment criminoso da presidenta Dilma, hoje posa de preocupada com as vidas ceifadas pela pandemia. Pera aí.Alguém não ligado aos interesses do grande capital imaginaria que um sujeito como Bolsonaro agiria de modo diferente?
A cada 24h, o Brasil é informado de mais mil mortes pela Covid-19. Números falsos. São muito mais. É o que informam especialistas independentes e sem subserviência aos militares que assumiram o papel de generais da saúde e que raramente tomaram uma aspirina ou sabem o que representa o SUS.
Temos um paradoxo. O tal do Bolsonaro que combate o isolamento social só está de pé porque as pessoas honestas não saem às ruas em defesa das suas próprias vidas e da vida dos semelhantes que merecem respeito. São civilizadas. Coisa que não se encontra no Planalto. Lá está instalado um QG de piratas milicianos que transformou a Polícia Federal em polícia política a serviço de uma quadrilha familiar de criminosos e amigos, conforme depoimento confesso do ex-capitão facínora ao vivo e a cores.
Bolsonaro é um cadáver político. Seus dias estão contados diante do povo. Resta saber quem vai ocupar seu lugar. Lula, cujo papel é inapagável como o melhor presidente da história do país, já jogou a toalha. Está cuidando da vida que lhe resta e de sua biografia na posteridade, limitando-se a comunicados óbvios. Ninguém pode recriminá-lo por tanto. Mas também não pode se satisfazer com isso.
Ao povo sobra a opção de se defender como pode. A esmola de 600 reais mal chega aos mais necessitados, amontoados em filas que apenas fazem aumentar o número de infectados e óbitos.
Já os bancos recebem bilhões para supostamente socorrer os desvalidos, mas embolsam o dinheiro ao negar empréstimos a custo honesto a quem precisa.
Mais do que nunca, cabe ao povo decidir seu destino.
Ignorar as orientações desmioladas de “governantes” quanto a táticas de rodízios que mudam a cada semana, relaxamentos de isolamento sem nenhuma base científica e outras “sacadas” que só têm feito multiplicar as mortes nas periferias enquanto o 1% têm acesso garantido a leitos de luxo em hospitais privados.
Estamos diante de um massacre declarado dos que têm o salário cortado, vivem em cômodos lotados, veem o desemprego se multiplicar e assistem a parentes morrer dentro de casa pela falta de assistência aos pobres.
É preciso muita fibra para enfrentar tudo isso, concordo. Mas o troco virá. E, mais dia, menos dia –e ele está cada vez mais próximo–, os responsáveis pelo desastre que estamos vivendo vão pagar o preço que merecem.
O povo brasileiro é muito maior do que estes crápulas fantasiados de governantes. Acreditem nisso.
*Ricardo Melo, jornalista, foi editor-executivo do Diário de S. Paulo, chefe de redação do Jornal da Tarde (quando ganhou o Prêmio Esso de criação gráfica) e editor da revista Brasil Investe do jornal Valor Econômico, além de repórter especial da Revista Exame e colunista do jornal Folha de S. Paulo. Na televisão, trabalhou como chefe de redação do SBT e como diretor-executivo do Jornal da Band (Rede Bandeirantes) e editor-chefe do Jornal da Globo (Rede Globo). Presidiu a EBC por indicação da presidenta Dilma Rousseff.