Um acordo vergonhoso acaba de selar o destino da maior riqueza mineral brasileira, o pré-sal. Sob o beneplácito do governo Dilma, acovardado diante da decisão conservadora de votar em regime de urgência o fim da exclusividade da Petrobras na operação do pré-sal, abriu-se o caminho para a entrega do petróleo —na bacia das almas— para as empresas multinacionais.
A votação no Senado teve um placar confortável para a capitulação: 40 votos a favor acordo costurado entre o planalto, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o tucano José Serra (PSDB-SP). Apenas 26 votos contrários. Houve duas abstenções, uma do líder do governo no Senado, o pernambucano Humberto Costa e a do auto-intitulado senador da Educação, Cristovam Buarque (PPS-DF), que assim ajudou a entregar para a Chevron e a Shell os recursos que poderiam revolucionar a escola brasileira.
Há um clima de decepção e luto nas conversas entre os petistas: Acabou o governo; traição; vergonha; Dilma enterrou sua biografia; “Seria o mesmo que Getúlio ter feito um acordo com Lacerda para escapar da crise de 1954.” Estas são algumas mensagens, trocadas em clima de exasperação, entre os militantes de esquerda, que passaram o dia de olhos postos na TV Senado.
À exceção de Humberto Costa, todos os demais senadores do PT contrariaram a orientação do Planalto e votaram contra a decisão de entregar o pré-sal, sinalizando que Dilma pode ter escancarado um novo e importante front em sua luta pela sobrevivência política —agora, seus adversários são os próprios militantes que a elegeram.
Lindbergh Farias, Gleise Hoffman e Roberto Requião foram heróis no Senado. Os movimentos sociais neste momento lambem as feridas e preparam-se para a guerra contra o ex-coração valente.
A derrota para as forças democráticas e de esquerda com a capitulação do governo foi ainda maior com a aprovação pela Câmara da chamada Lei Antiterrorismo, “acordão” que abre espaços para a criminalização dos movimentos sociais.
Apesar de a expressão literal que criminalizava os protestos, incluída pelo Senado, ter sido retirada, a ameaça à democracia é patente. O projeto foi aprovado a toque de caixa, pois o governo dobrou-se a pressões conservadoras internacionais por conta das Olimpíadas. O terrorismo foi utilizado como desculpa para uma grave restrição da democracia no país. Entidades de direitos humanos no Brasil e no exterior e todas as lideranças de movimentos sociais condenam duramente o texto aprovado.
O governo dobrou-se mais uma vez aos conservadores. O dia 24 de fevereiro de 2016 marca o fim das esperanças de Dilma fazer um giro na direção dos que a elegeram.
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