A FALTA DE CANTO PARA A TERRA SEM MALES

Aldeia Tekoa Pyaú, sufocada entre as rodovias e avenidas da cidade.

A terra sem males padece de encontrar seu canto entre a maior cidade da América do Sul. São Paulo não acha lugares para os índios Guarani M’bya, que há décadas se abrigam em exíguo terreno entre rodovias, ruas e vielas ao pé do Pico do Jaraguá. Esses índios que há séculos transitam e habitam os rincões paulista,  já deslocados tantas vezes entre aldeamentos e campos de concentração entre a metrópole, nesta manhã novamente veem  exaurir a perspectiva de ter um razoável território homologado, pois o Ministério da Justiça revogou a decisão de criar uma reserva indígena no Pico do Jaraguá, considerado por eles um solo sagrado muito antes de os brancos se instalarem no planalto.  De acordo com o Diário Oficial da União, a revogação se dá por erro administrativo que superdimensionou a área.

 

Há décadas mais de 150 famílias se espremem em pequena área nos limites do Parque Estadual do Jaraguá, em péssimas condições de saneamento e salubridade. Em 2011 houve uma tentativa de aquisição de uma grande área no município de  Tapiraí, entre as montanhas da Serra do Mar, terras seculares de perambulação dos Guarani, mas uma forte reação da população local e novas dificuldades surgidas na compra do terreno, inviabilizaram o deslocamento.

O índios Guarani, de fortes tradições espirituais, seguirão cantado a Nhanderu na busca da terra sem males, entre rudes computadores e centenas de cachorros abandonados na porta da aldeia todos os dias pelos paulistanos cansados dos seus, mas como dói e se esvai o caráter da justiça na metrópole fria.

 

 

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

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