Ai os fígados, ah Prometeu.

Sem mansa doçura, como diz Tom Zé, a ficção científica não tem status nem de literatura nem de ciência. Diria eu que a tal, aqui nos fóruns, beiram paranóias.

Quando nasci, Mato Grosso era um lugar distante, de impossíveis ou alegorias; à dias, meses até de distância. Hoje em duas ou três horas de voo lá se põe o pé.

Mato Grosso assim não há mais, são dois os Estados e os matos já eram. Florestas e lindos campos preservam-se apenas em fotos a cada ano que passa. Ao longo das décadas vão sumindo os matos extensos que se viam do avião, agora tudo se retalha. O Supremo Tribunal Federal, essa semana julgou Ações Cíveis Originárias (ACOs) 362 e 366, um despropósito.  Decidiu o STF que o Estado de Mato Grosso não tem direito à indenização por demarcação de terras indígenas.

 Aqueles que tudo assolam,  que impingem ao solo suas demasias, agora pretendiam retirar da União uma grana por índio habitar as terras há séculos, muito antes dos brancos e seus negócios. Há uma elite rural e política colonizadora em nosso país que se permite atos esquizofrênico em plena manhã, me assusto com a pauta da corte. Pretende devolutas as terras pisadas por muitos povos. Os de Mato Grosso iludem-se que a terra foi feita para o gado e tratores, correntões e foices. Insistem em desconhecer a realidade antropológica do território nacional. Um descalabro, o agronegócio quer desapropriar o índio. Improcedente pedido foi julgado como descabido.

Se os povos indígenas do Brasil e outros ainda preservam a alegria de viver, mundo inverso cultivam  os donos do agro. Há intolerância entre os grãos de soja, o pé do gado, o amarelo milho ou arroz e algodão.  Tudo acaba um pouco triste no Brasil, e desconfiado. Talvez essa seja a grande diferença entre nós e os povos originários, onde os ciclos se sucedem, acontecem e se findam em ricas tradições e regras de conduta.

 

O índio insiste e suas lideranças não se furtam a Brasília quando os dirigentes enlouquecem em desmando e prepotência. Muitos caciques andam pela praça dos poderes, preservam o direito imemorial de seus povos. Deveria Temer e os seus conversar com os caciques, descobrir o caráter necessário para conduzir um povo.

 

Lideranças fundamentais do Xingu acorreram a Brasília como guardiões da país, que os ruralistas querem tomar.

Que não se esqueçam dos indígenas aqueles que saem em caravana pelo sertão. Aproxima-se o tempo da caça aos votos. Os rios, as borboletas, os porcos do mato não votam.

As eletrônicas urnas chegarão nas aldeias, e como dizia o poeta Manoel, poderoso não é aquele que descobre o ouro, é aquele que descobre insignificâncias. 

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornalistas Livres

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