Conecte-se conosco

Salvador

A morte é um vento

Publicadoo

em

Por Luís Osete especial para os Jornalistas Livres

 

No 11 de agosto deste ano a bandeira nacional amanheceu a meio mastro em frente à prefeitura de Cardeal da Silva, distante 150 quilômetros da capital Salvador (BA). Na véspera, a mais antiga moradora do município, Izaura Maria da Conceição, mais conhecida como dona Lourença (por ter nascido no dia de São Lourenço – 10 de agosto), morreu de insuficiência respiratória aos 122 anos. As coincidências entre o seu nascimento e morte, como se revelassem o fechamento de um ciclo natural da vida ou um renascimento para a eternidade, foi talvez o último ensinamento deixado por aquela senhora de modos raros.

Entre as tradições de antanho que carregara ao século 21 em seu baú de memórias corporais, estava o costume de sempre deixar um restinho da bebida. E as paredes de sua casa, borradas de doses de café pela baixa acuidade visual que lhe acompanhou nos últimos anos, registravam a cerimônia cotidiana, sempre acompanhada de outro rito: o agradecimento pela refeição. Fazia questão de sustentar seu corpo centenário em um cajado para louvar aos céus o prazer de sorver, na ausência de dentes, os alimentos pastosos que recebia diariamente pelas mãos de vizinhos e parentes de criação.

Afinal, não deixou descendentes. Seu único irmão morreu solteiro aos 20 anos e a filha que teria com seu esposo Zé Grande foi abortada quando dona Lourença caiu de um pé de jaca. Sentiu ao mesmo tempo as dores de uma perna quebrada e de uma filha nascida morta. “Nasceu, morreu”, recordava-se, na única síntese possível. Curiosamente, foi uma das principais responsáveis por povoar o município, tendo se dedicado com afinco ao ofício de parteira. “Nossa Senhora do Parto veio me ensinar aqui dentro de casa. Se estivesse chovendo, eu entrava debaixo da chuva e ia. Quando chegava, fazia o pelo sinal [sinal-da-cruz] e pegava a mulher. Se ela tivesse de mau jeito, eu ia ajeitando. Graças a Deus, nenhum [bebê] nunca morreu, nem mulher”, orgulhava-se.

Na ausência de um celular com câmera que pudesse transmitir ao vivo o primeiro choro de um recém-nascido, os pais dos tempos áureos da parteira Lourença anunciavam os nascimentos dos seus filhos soltando foguetes e distribuindo a Meladinha, bebida preparada à base de cachaça, mel, alho e folhas, e servida para celebrar ocasiões especiais. A propósito, não faltavam ocasiões especiais a celebrar. O som de um pandeiro feito com couro de raposa misturava-se às palmas em um samba ritmado pelo encontro do sagrado e do profano. Era um refrigério para os dias de intenso trabalho na lavoura, em um tempo distante do atual modelo de produção agrícola que faz a monocultura em larga escala de eucalipto avançar sobre as tradições produtivas locais e empurrar os nativos da mata atlântica para as áreas urbanas.

“Viva Deus que eu já cheguei no lugar onde eu queria. Me abra a porta que eu morro, não abra que eu já morri. Não me faça eu perder arma, que eu a vida já perdi”, cantava dona Lourença, com sua “voz de bambu rachado tinindo, esganiçada, linda, polindo o cristal”² do tempo, como se a cantiga tivesse sido entoada no dia anterior. “Quando queria fazer um samba, a gente fazia. Amanhecia o dia cantando e dançando, sambando. Ali não tinha barulho, zoada. Hoje só tem putaria”, afirmava, saudosa de quando dançava equilibrando uma garrafa na cabeça e desgostosa das músicas que embalam os festejos atuais.

Em um século, duas décadas e dois anos de vida, revelou que só fez um mal: passou casca de Maturi, a castanha do caju ainda verde, no corpo de um rapaz, queimando-lhe a pele. “Minha mãe foi pro rio mariscar. Quando foi perto de meio-dia, ele chegou lá em casa cantando e me chamou pra nhanhar. Aí eu disse: ‘Que diacho é nhanhar?’ Aí ele disse: ‘Pra foder’. ‘Perainda corno, eu vou dizer a minha mãe’. Aí cheguei, peguei ele, amarrei, panhei cascas de Maturi e passei nele todo. O mal que eu fiz no Brasil foi esse e mais nada, nunca briguei mais ninguém, nunca discuti”, revelou. Sempre seguiu os preceitos deixados pela mãe Bernardina Maria da Conceição: “Minha fia, faça como sua mãe: Não sei, não vi; não vi, não sei. Nunca pegue em nada dos outros, sua mãe lhe criou com caranguejo e peixe do rio”.

As lembranças sobre sua mãe e seus avós maternos, João Pereira dos Santos e Josefa Maria da Conceição, faziam dona Lourença remontar ao maior conflito armado da América do Sul, a Guerra do Paraguai (1864-1870). Segundo ela, seus antepassados vieram correndo da Guerra até se assentar no Riacho da Areia, localidade que pertence atualmente à comunidade do Campo Grande. Por serem negros, provavelmente ocuparam a linha de frente das tropas brasileiras e, após a contenda, foram se refugiar nas áreas mais reclusas do interior. “Quem venceu a Guerra do Paraguá foi nós no Riacho da Areia”, contava, altiva e vaidosa.

Além de sobreviver à Guerra do Paraguai e à travessia do Atlântico, já que a presença dos chamados Negros da Costa era, assim como o de italianos e portugueses, eventos recentes da ocupação naquelas glebas, a família Conceição entregou ao mundo uma das suas mais longevas moradoras um ano antes do início do Massacre de Belo Monte. O Santo Conselheiro, como dona Lourença se referia, teve uma especial predileção pelas peregrinações nas profundezas do território que envolve a região nordeste da Bahia e sudoeste de Sergipe e os seus fiéis seguidores tinham o DNA daquele povo que abriu as janelas de suas casas para ouvir seus conselhos. Um desses foi Mané Basílio, pai de dona Lourença.

Os conselhos, pregações e premonições do Santo Conselheiro são tão famosos quanto os cemitérios e igrejas que ele reformou ou edificou em municípios como Entre Rios, Esplanada, Crisópolis, Cristinápolis, Olindina, Itapicuru, Aporá, entre outras localidades do entorno. A experiência sociorreligiosa de Belo Monte era bombardeada pelas tropas militares da recém-proclamada República enquanto a menina Lourença aprendia as primeiras palavras. Não demoraria a se dar conta de que o estudo reservado para ela era o manejo da foice e da enxada, as “professoras” do lugar.

De lá pra cá, sobreviveu aos exaustivos trabalhos na semeadura do fumo, herdando até os cento e tantos anos o tradicional hábito de fumar ou mascar o fumo de corda, atravessou incólume duas grandes guerras, passou desapercebida por alguns golpes de estado e planos econômicos frustrados, políticas de eugenia e mitos de democracia racial se sucederam como palimpsesto na paisagem intelectual brasileira e dona Lourença, já mulher feita, ainda teve de se proteger das indesejadas visitas do casal Lampião e Maria Bonita. “Quando Lampião aparecia por aqui eu ia me esconder no mato. Eu de longe abaixadinha vendo ele, mas ele nunca chegou de junto de mim. Meu pai dizia que ele matava gente, e era mesmo”, recordou, como se vislumbrasse o vulto do cangaceiro. “Agora, Maria Bonita era bonita mesmo”.

Superou tudo, na ginga, no samba, na roda, no drible. Aos poucos, foi personificando em sua pele negra, em sua memória flamejante e em sua permanência no meio da mata a mais autêntica e representativa imagem da resistência, reunindo, se assim podemos dizer, as características da imortalidade: uma contemplação respeitosa do universo, uma harmonia entre as necessidades e os desejos, um humor amoroso que abraça tudo, um senso aguçado capaz de distinguir o que é realmente permanente e transitório.

Equilibrando-se na linha tênue entre a vida e a morte, com os mais ambivalentes sentimentos que acompanham a arte de botar gente no mundo, dona Lourença ensinava que para viver bem, além de não pegar no que é dos outros, como recomendava a sua mãe, era preciso seguir outros preceitos básicos: “chamar por Deus, trabalhar e se alimpar”. “E a morte, é o quê?”, perguntei a ela, no dia de seus 120 anos, 10 de agosto de 2015. “A morte? A morte é um vento… sabe? É um vento… Bateu no cachaço, morreu. Comeu uma coisa, fez má, inchou, morreu”, afirmou, encolhendo o cachaço, como quem sopra uma brisa suave após ensinar uma simples e definitiva lição.

 

Luis Osete é natural de Cardeal da Silva (BA) e radicado há 12 anos em Juazeiro (BA) e Petrolina (PE). É jornalista, psicólogo, ator, mestre em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos e colaborador do projeto “Memória e história cultural da cidade de Juazeiro (BA): Preservação do acervo Professora Maria Franca Pires e acessibilidade à informação”.

Continue Lendo
3 Comments

3 Comments

  1. Pedro Alonso

    30/09/17 at 15:22

    Que mulher incrível! Quanto significado por trás daquele rosto marcado pelo tempo… Parabéns ao autor pela melancólica e poética materia

  2. Eduarda Ribeiro

    22/11/17 at 16:38

    Feliz por encontrar esta matéria! As histórias de parteiras são sempre emocionantes, a da dona lourença então, faz despertar na gente inúmeros bons sentimentos e valores. Gratidão ao autor por proporcionar uma leitura tão sensível e agradável.

  3. Fernanda Souza

    03/02/18 at 13:00

    Que lindo texto! A história e palavras de Dona Lourença emocionam! Texto muito bem escrito e cheio de afeto, desses raros de encontrar no meio do jornalismo!

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Arte

ELISA LUCINDA: TOCA, MORAES MOREIRA! TOCA MAIS!

Publicadoo

em

Elisa Lucinda
Elisa Lucinda e Moraes Moreira: Ando por aí querendo te encontrar. Em cada esquina paro em cada olhar. Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar

Elisa Lucinda e Moraes Moreira: Ando por aí querendo te encontrar. Em cada esquina paro em cada olhar. Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar – Foto: @elena_moccagatta_fotografia

Enquanto escrevo, meu vizinho bota pra tocar bem alto “Deixa eu penetrar na sua onda“, e o Brasil todo, nas rádios, nas casas dos milhares de fãs confinados e em tudo, só toca Moraes Moreira. O poeta, mestre, instrumentista e referência, é síntese da utopia de vida vivida pelos novos baianos. Só tinha fera ali: Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Galvão, Paulinho Boca de Cantor. Todo mundo muuuuuuito competente e arrasador. Sem desprezar ninguém, pelo contrário, reconhecendo ouro em todos, Moraes ficou sendo o símbolo daquilo tudo pra mim. Quem da minha geração não queria morar lá? Era uma espécie de quilombo urbano, rural. Aquilo era Jacarepaguá e podia ser também Bahia, porque era também magia. Era o sonho da nossa juventude sendo provado na prática. Moravam todos ali, num esquema livre, sem nenhum dos dogmas asfixiantes da vida aqui de fora, na hora em que a nação sofria na mão da ditadura militar.

Aquela gente peculiar encarnava tamanha irreverência que beirava ao ingênuo, ao naïf, ao infantil quase. Nem a ditadura farejou, que eu saiba, o potencial de liberdade daquele Acabou Chorare, e dos Novos baianos FC. “Abelha abelhinha, faz zum zum pra mim”? O que havia por trás do Besta é tu, e do romântico hino Preta, pretinha?

É que enquanto corria a barca nós íamos tentando respirar debaixo daquela mão pesada do sistema opressor, que se voltava violentamente contra o pensamento, contra a arte, contra a liberdade do mundo. Mas aquela turma nos oferecia alegria, dentro dos anos de chumbo, e a alegria, apesar de subversiva, passava entre os bélicos apenas vestida de alegria. Inatacável. Imune.

 

O lugar daquele iluminado bando musical e divertido era quase ficção. Os novos baianos moravam era em Pasárgada, de Manuel Bandeira. Era um país, eu queria ir pra lá, se pudesse. Era uma utopia possível, o amor é que era aquele país. João Gilberto cabia lá, na língua dele.

Nossa juventude universitária maconheira, via um cachimbo imenso naquele cotidiano, naquelas crianças como se vivessem igual nas tribos, tendo pais e mães compartilhados. Eu morava em Vitória do Espírito Santo, era menina ainda e já amava o grupo. Tudo o que sabíamos daqueles “hippies” vivendo em comunidade é que pai e mãe não faltavam ali, e que o amor estava intacto na sua essência: livre. Hoje percebo o quanto meu imaginário está nutrido dessa referência.

Muito mais tarde, aqui no Rio quando conheci o mito (deste podemos falar assim sem medo), foi muito divertido e poético, como nunca deixaram de ser sempre, a partir dali, os nossos encontros e conversas. Estava fazendo o Parem de Falar Mal da Rotina, no teatro Leblon, quando de repente, numa cena em que canto uma canção e ofereço um brinde, um livro, ou uma bolsa, pra alguém da plateia que adivinha o nome autor do que eu cantei, ocorreu uma coisa curiosíssima: cantei Palavras, eternizada na voz da Cássia Eller (êta, céu ou inferno animados), e esperava a resposta da plateia que errava tentando acertar. Nada. Pois no teatro lotado, sem que eu pudesse ver com clareza, reconheço uma voz que se levanta e diz: “Eu sei, Moraes Moreira e Marisa Monte”!!!! Era o próprio. E era a primeira vez, e única, que o próprio autor estava na plateia e adivinhava o jogo. Foi emocionante, o público delirou, achou até que era combinado. Estreitamos uma amizade que, embora ali se inaugurasse, parecia continuada. Sempre parecemos velhos amigos. Trago dele muitas histórias. Era um griot. Homem simples e sofisticado de tanta grandeza no coração. Fez um poema pra nós, eu e Geovana Pires, quando assistiu ao Recital à Brasileira, convocando o Congresso Nacional a assisti-la. Quando leu a minha autobiografia do Fernando Pessoa (“O cavaleiro de nada”), me ligou, leitor envolvido, emocionado, inquieto e muito sensível: não quero que termine, não quero que acabe o livro, faltam só duas páginas…. e ao mesmo tempo protestou quanto à má distribuição da literatura no Brasil.

É chato falar essas coisas aqui, fica parecendo ostentação. Claro que dá orgulho e é mesmo uma sorte poder ficar amiga de quem se admira tanto. Mas quero pontuar aqui a dimensão humana desse poeta, habitante da poesia dos nossos dias, que levou caminhões e caminhões de alegria pelo Brasil. Quero compartilhá-lo com todos. Muito do que escrevi e escrevo foi semeado em mim pelas criações deste cara genial. A arte independente e popular de Moraes Moreira referenciou minha geração e atravessou séculos. Me influenciou. Seu som é trilha de minha vida. Meu filho escuta. Meus sobrinhos, alunos e amigos. Quem é adolescente hoje também escuta. A galera escuta, dança, canta e come com prazer o alimento da arte deste cordelista atemporal que deixou um poema no seu computador de nome Quarentena. O último. No primeiro verso dizia ter medo do vírus mas também de bala perdida. O Brasil dos olhos de Moraes iluminou o Brasil real. Acrescentou. É um Brasil lúdico, mágico e, potencialmente revolucionário! Moraes, na sua ousadia e sua execução no violão, nos recursos de sua melodia, autorizou vários compositores e reluz entre nós sua brilhante e digníssima carreira. Desde que tocou pela primeira vez no rádio, nunca mais parou de tocar. “Escute esta canção que é pra tocar no rádio, no rádio do teu coração”. Nunca deixou de haver esse novo baiano com seu bigode marcante, tocando na nossa garoa, à beira do rio amazonas, no calor do Circo Voador, numa cidadezinha mineira, numa neve na fronteira, ou seja lá onde for.

Nunca mais

Quando Ronald Valle, músico e amigo querido, me enviou nesta manhã de abril um áudio afirmando e duvidando da notícia, rezei para que fosse fake news. Respondi: Para! Mas ali era a verdade nua e crua batendo na minha cara. Escavei. Chorei feito criança. Nunca mais falaria com ele? Estava na minha lista de providências afetivas ligar para ele nesta quarentena, para ler um poema do livro novo que quase saiu do livro, por que um outro amigo  — Claudio Valente — achou que estava meio fraquinho. E estava mesmo. Ajeitei. Ganhou mais ritmo, eu penso. E como o poeminha citava Moraes, combinei comigo de ligar pra ler. Nunca pensei que não fosse dar tempo. Nunca a palavra morte passara antes, à beira desse cara, desse cais. Ainda bem que as novas gerações o consomem. Ainda bem que a sua arte alegre, sua criativíssima alegria dançante e romântica estão gravadas em várias mídias e deixaram muitos herdeiros e descendentes.

Muito triste é que não possamos agora, no presencial, nos despedir. Quem não quereria cantar seus sucessos em volta do mestre ídolo na cerimônia de despedida? Mas tenho certeza de que o grande cortejo da sua partida, em vários lugares deste país, está cantando preta pretinha, ou qualquer um dos seus maravilhosos hinos gravados nas plataformas dos nossos corações. Porque não podemos nos aglomerar agora. Nem pra beijar pela última vez os nossos mortos.

Porém, nesse momento em que estamos isolados, temendo o invisível, nesse momento em que nos preparamos para o novo mundo, é difícil não lembrar das palavras dele: “e pra ter outro mundo, é preci-necessário viver. Viver contanto em qualquer coisa. Olha só, olha o sol. O Maraca domingo. O perigo na rua…”. Para entrarmos no novo mundo que se impõe à nossa vida, espero que o produzamos, pra deixarmos este mundo em que estávamos vivendo, tão longe do que postulava o “país” dos jovens baianos e a cabeça deste artista que aqui homenageio, vamos mesmo precisar de suas palavras, meu amigo querido, para pilotar os novos tempos. Sua alegria desobediente e original nunca foi tão revestida da palavra resistência como agora.

Neste fevereiro, Moraes me deixou um recado bonito, pontuando que eu estava sempre fazendo sarau de aniversário nas datas em que ele estava fazendo shows, inúmeros, pelo Brasil. Sem tua voz não tem festa, Moraes! Ofereço à riqueza de sua memória toda nossa gratidão por deixares no mundo sua imperecível alegria. O hoje e o sempre te ouvirão e não te esquecerão jamais. Eu quero mais! Toca, Moraes! Toca mais!

 

Coluna Cercadinho de  palavras, Elisa Lucinda, outro abril despedaçado, 2020

LEIA OUTRAS COLUNAS DE ELISA LUCINDA:

 

ELISA LUCINDA: Cadê o futuro que estava aqui?

 

HTTPS://JORNALISTASLIVRES.ORG/ELISA-LUCINDA-PARA-QUE-REGINA-DUARTE-SE-VISTA-COM-AS-ROUPAS-E-AS-ARMAS-DE-MALU-MULHER/

ELISA LUCINDA: AOS FILHOS DA LIBERDADE

ELISA LUCINDA: A MÃO QUE BALANÇA O BERÇO

ELISA LUCINDA – “SÓ DE SACANAGEM, VOU EXPLICAR: LULA É INOCENTE, LIMPO”

ELISA LUCINDA: QUERO A HISTÓRIA DO MEU NOME

ELISA LUCINDA: CERCADINHO DE PALAVRAS

ELISA LUCINDA: QUERO MINHA POESIA

 

 

Continue Lendo

Bahia

PM é flagrado agredindo jovem por causa de cabelo black power e pessoa que gravou sofre ameaças da polícia

Publicadoo

em

A pessoa responsável por gravar o vídeo do momento em que policiais militares agridem um jovem negro por causa do cabelo black power está sendo ameaçada por PMs do bairro de Paripe, onde o caso ocorreu.

Militante do Coletivo de Entidades Negras (CEN) e colaborador de projetos da instituição, o jovem responsável pelo registro das imagens, que teve repercussão nacional, está sendo acompanhado pela instituição.

A Corregedoria da PM está sendo acionada pelos advogados da entidade, que já atuam em diversos outros casos do tipo, a exemplo do caso de dois pintores que foram agredidos por policiais no Santo Antônio Além do Carmo, Centro Histórico de Salvador, e que foi denunciado também nas redes sociais, na época, pelo ator Rodrigo França.

O Comando Geral da PM também foi acionado pela Coordenação Nacional do CEN, que também está garantindo a proteção do jovem.

Morador da região, ele recebeu “recados” enviados por moradores da região, em meio a boatos, dizendo que sabiam que “o menino do black” tinha gravado as imagens. Por isso, ele não está podendo voltar para casa. Viaturas também estão circulando no entorno da casa do jovem, fazendo chegar até ele ameaças.

O caso, de repercussão nacional, que chegou a ser exibido no Jornal Hoje, mostrou um jovem sendo agredido por um policial militar durante uma abordagem no bairro de Paripe, no Subúrbio Ferroviário de Salvador.

https://www.instagram.com/tv/B8KKrY8FnGH/?utm_source=ig_web_copy_link

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O fato aconteceu nesse domingo, 2. As imagens mostram o PM chutando e dando murros no rapaz enquanto esse era revistado virado para um muro. O policial também se referiu ao cabelo do jovem de forma racista.

“Você para mim é ladrão, você é vagabundo. Olha essa desgraça desse cabelo aqui. Tire aí vá, essa desgraça desse cabelo aqui. Você é o quê? Você é trabalhador, viado? É?”, gritou o policial.

A Polícia Militar afirmou que o vídeo vai ser encaminhado para a Corregedoria Geral da PM.

Em sua conta no Twitter, o governador da Bahia, Rui Costa, afirmou, na manhã desta terça-feira, 4, que não admite “comportamento de violência policial como o ocorrido no vídeo que circula nas redes sociais. É inaceitável, inadmissível e não reflete o comportamento e os ideais da instituição.”

Costa disse que determinou que a Corregedoria da PM apure o caso de forma “rigorosa e imediata”, com instrução para que as devidas punições legais aos responsáveis e a divulgação para a sociedade das medidas sejam realizadas.

Continue Lendo

Bahia

Após ocupação, governo estadual segue com intenção de vender colégio em área nobre de Salvador

Publicadoo

em

O Colégio Estadual Odorico Tavares, em Salvador, foi ocupado por ex-alunos na tarde do último 21 de Janeiro. O Governo da Bahia, comandando por Rui Costa (PT), segue em franca articulação para a venda do prédio e do terreno. A propriedade é cobiçada pelo mercado imobiliário há decadas, pois se localiza no Corredor Da Vitória, área nobre da cidade, com o metro quadrado estimado em 15 mil reais.

A ocupação começou por volta das 14 horas e se encerrou durante a madrugada. A Polícia Militar fez um cordão de isolamento na área e impediu outras pessoas de entrarem na escola. Até doações de água e comida para os ocupantes foi interdidato. Os alunos propuseram abrir o diálogo coma Secretaria de Educação, mas com a condição da PM se retirar, o que não aconteceu. Durante a noite, a energia elétrica do prédio foi cortada.

O colégio já havia encerrado suas atividades com o final do ano letivo de 2019. A justificativa da Secretaria de Educação é de que não havia demanda na região, por conta da dificuldade de alunos da periferia se locomoverem até o Corredor da Vitória. Com capacidade para 3,6 mil alunos, o Odorico Tavares teve em 2019 pouco mais de 300 alunos. A comunidade escolar e docente, no entanto, argumenta que o colégio foi alvo de sucateamento, com a secretaria dificultando propositalmente as matrículas, realocando alunos para outro colégios, para depois atestar baixa demanda e justificar o fechamento e a venda.

Fundado em 1994 pelo então governador Antonio Carlos Magalhães para ser referência na educação pública no estado, o Colégio Estadual Odorico Tavares chegou a ter sua matrícula disputada por pais de alunos. A estrutura conta com equipamentos esportivos, laboratórios e anfiteatro, além de proporcionar aos seus alunos a vivência do centro da cidade, maior contato com equipamentos culturais e proximidade com o centro Histórico de Salvador, lugar importante para a própria história do Brasil.

Já no dia 09 de Janeiro, o atual governador Rui Costa enviou à Assembléia Legislativa da Bahia o requerimento para aprovar a venda do colégio. Segundo o requerimento, os recursos serão empregados para melhoria e ampliação da própria rede escolar. A ocupação do dia 21 demonstrou que existe resistência da sociedade à venda. Há uma manifestação marcada para amanhã, dia 24 de Janeiro.

Continue Lendo

Trending