A corda acabou arrebentando para o lado mais fraco nestes tempos de retrocesso e absurdos. No caso, o lado mais fraco é a jornalista Etiene Pereira Martins, ex-gerente de Prevenção à Violência da Secretaria Municipal de Segurança e Prevenção da Prefeitura de Belo Horizonte. No dia 31 de julho ela denunciou em redes sociais ter ouvido de um guarda municipal a frase “Preto bom é preto morto” e publicou mensagem em que sua chefe afirma: “Lugar de negra é limpando chão”.
“Pois é, depois de tudo quem o Prefeito Alexandre Kalil exonera? Eu, a mulher negra que não abaixa a cabeça e consciente dos seus direitos e de sua competência afronta o racismo”, afirmou hoje, 18, Etiene, na sua página no Facebook, após tomar conhecimento da publicação de sua exoneração no diário oficial do município.
“E quem ele mantém em seu quadro trabalhando armado? O guarda Luzardo Damasceno, que diz pra quem quiser ouvir que ‘preto bom é preto morto'” completou a jornalista. “Quem o Prefeito mantém recebendo 10 mil reais por mês como cargo de sua inteira confiança? A diretora Márcia, racista que escreve e-mail dizendo que mulher preta tem mesmo é que limpar chão. E o que tem de novo nisso? Nada. São quinhentos anos contando uma história repetida. E na Prefeitura de Belo Horizonte o racismo é institucional e oficial assinado pelo Alexandre Kalil”, prosseguiu Etiene.
“E o que tem de bom nisso? Passei por tudo isso sem me curvar, sem me vender e sem me submeter. É muito bom andar de cabeça erguida e honrar todas que vieram antes de mim. Vergonha na cara é pra quem tem! As acusações são graves, especialmente em se tratando de dois servidores públicos, um dos quais trabalha armado, e a outra dirige o programa municipal de Prevenção Social ao Crime e à Violência”, observou a jornalista.
“Injúria racial e racismo são crimes inafiançáveis e imprescritíveis. Servidores públicos que os praticarem estão sujeitos à perda do cargo ou função pública, segundo Artigo 16 da Lei 7.716/89”, lembrou Etiene ao encerrar o texto em sua pagina no Facebook.
Na época em que Etiene Martins fez a denúncia, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais manifestou sua solidariedade à jornalista e seu repúdio às manifestações de racismo que ela denunciou, esperando que as autoridades municipais apurassem rapidamente os fatos e punissem exemplarmente os criminosos, mas, infelizmente, deu no que deu, a demissão da profissional.
Uma resposta
É Minas,como o Brasil,andando a passos largos de volta ao passado vergonhoso! Só retrocesso o que se vê nos tempos atuais!