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Educação

Volta às aulas é proibida pela Justiça em Colégio Militar de Belo Horizonte

Funcionários e inúmeros pais de alunos são contrários à retomada das aulas na instituição do Exército

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Aloísio Morais

A Justiça Federal deu um chega-pra-lá nos militares do Colégio Militar de Belo Horizonte e proibiu o retorno às aulas presenciais a partir da próxima segunda-feira, 21, a exemplo do que outras instituições do Exército pretendem fazer no país. A instituição tem cerca de 750 alunos, 42% do sexo feminino. Dezenas de pais de alunos são contrários à volta às aulas, mesmo com uma série de protocolos a serem adotados. Durante a ditadura, as instalações da escola abrigaram presos políticos, que foram vítimas de tortura no local.

A retomada das atividades escolares na unidade do Exército provocou discussões tanto na Prefeitura de Belo Horizonte quanto no Ministério Público Federal e, como medida de segurança, o Sindicato dos Trabalhadores Ativos, Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal (Sindsep-MG) entrou na Justiça com um pedido em tutela de urgência para continuidade do regime remoto de aulas, o que foi acatado com a fixação de uma multa de R$ 5 mil por dia, caso ocorra descumprimento da determinação.

Colégio do bairro Pampulha foi usado para abrigar presos políticos durante a ditadura

Sem prejuízo

Na quarta-feira, 16, a direção do Colégio Militar encaminhou às famílias um comunicado informando sobre o retorno obrigatório às aulas na unidade, exceto para os alunos que comprovassem pertencer a grupos de risco para o novo coronavírus. Porém, para o sindicato, o retorno não é necessário, uma vez que os alunos não estariam sendo prejudicados pelo sistema de aulas on-line. Pela avaliação dos professores, os estudantes estão respondendo bem às aulas.

“Nós estamos conversando com os professores há mais de um mês, logo que eles perceberam que seriam convocados para um planejamento presencial das atividades e que incluía desde então o retorno às aulas na própria escola. Nós entendemos que não é necessário um retorno presencial quando tudo pode ser feito remotamente. Sabemos que a cidade está em processo de reabertura, mas achamos que não há necessidade de colocar mais pessoas nos ônibus e nas ruas se os alunos estão respondendo bem às aulas remotas. As aulas estão tendo qualidade”, ressaltou a diretora do Sindicato, Jussara Griffo, ao jornal O Tempo.

Segundo Jussara, o Colégio Militar tinha determinado que retornariam apenas aqueles funcionários que não compõem grupos de risco para a pandemia do novo coronavírus, mantendo em regime remoto, portanto, aqueles com idades superiores a 60 anos e portadores de comorbidades. “Se algumas pessoas permaneceriam em casa, entendemos que o trabalho pode ser mantido remotamente, então não há necessidade de retornar também os outros. Para quê colocar alunos em risco, famílias e professores? Se os alunos estão respondendo bem às aulas remotas, podemos mantê-las”, declarou.

O comunicado feito pelo colégio indicava que haveria um revezamento entre turmas e a adoção de medidas sanitárias relacionadas à Covid-19 para garantir a segurança de estudantes, funcionários e familiares. O retorno contradiz as políticas municipal e estadual que ainda mantêm as aulas suspensas nas redes pública e particular de Minas Gerais. Autoridades da Prefeitura de Belo Horizonte declararam nessa sexta-feira, 18, que poderia procurar a Justiça para pedir a proibição da retomada do ano na unidade militar. Em uma mesma direção, o Ministério Público Federal determinou que o diretor do colégio, o coronel Marco José dos Santos, explicasse à Justiça com um prazo máximo de 24 horas quais estudos técnicos e protocolos de segurança justificariam o retorno às aulas presenciais.

Barbacena


Desde o dia 26 de maio mais de 200 alunos da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar) em Barbacena, no Campo das Vertentes, em Minas, testaram positivo para Covid-19. No dia 22 de junho, o Ministério Público Federal emitiu recomendação ao diretor de Ensino da Aeronáutica, major-brigadeiro do Ar Marcos Vinícius Rezende Murad, e ao comandante da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, brigadeiro do Ar Paulo Ricardo da Silva Mendes, para suspender imediatamente todas as aulas e demais atividades acadêmicas presenciais.
A Epcar é uma escola de ensino militar sediada em Barbacena que admite alunos de idade entre 14 e 18 anos por meio de concurso público. No local, estudantes de várias cidades de todo o Brasil vivem em regime de internato e, por isso, dormem em alojamentos e têm aulas em horário integral.

Educação

Há dois meses, uma escola e seus sonhos foram ao chão

Documentário conta a história da Escola Popular Eduardo Galeano

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Por Lucas Bois e Raquel Baster*

A escola popular Eduardo Galeano foi o primeiro local a ser destruído durante despejo violento que começou no dia 12 de agosto deste ano, pela Polícia Militar, e que se seguiu por três dias, no acampamento quilombo Campo Grande, município de Campo do Meio, em Minas Gerais. Após dois meses do despejo, é lançado o curta documentário “Sonhos no chão, sementes da educação” com depoimentos de educandos, educadores e representantes do setor de educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sobre a situação atual do acampamento.

“Ser analfabeto é a gente ficar no escuro e uma pessoa no escuro, ela não é ninguém”. Essa frase dita no documentário por Adão Assis Reis, explica a importância do acesso à educação contextualizada para alcançar a luz do conhecimento. Aos 59 anos, ele se mostra pronto para voltar à sala de aula assim que a escola for reconstruída. Muitos outros trabalhadores e trabalhadoras rurais poderiam ter a chance de seu Adão, mas os dados vem demonstrando o contrário. Um levantamento de dados do Censo Escolar de 2019, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), sobre o número de estabelecimentos de ensino na Educação Básica apontou que, entre 1997 e 2018, foram fechadas quase 80 mil escolas no campo brasileiro. A Escola Popular Eduardo Galeano entra para a estatística não só como mais uma, mas como exemplo de uma política de fechamento de escolas do campo que acontece há anos no país. 

Desenho de uma criança do acampamento Quilombo Campo Grande, ao relembrar o dia do despejo e derrubada da Escola Eduardo Galeano. Frame do documentário “Sonhos no chão, sementes da educação” (2020).

O MST chegou a lançar uma campanha de denúncia em 2011, intitulada “Fechar escola é crime”. E em 2014 foi aprovada a lei (12.960/2013) que obrigou a realização de consulta às comunidades antes do fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas. Mas parece que não surtiu muito efeito. A própria escola Eduardo Galeano foi fechada pelo governo de Minas Gerais no início de 2019, logo após outra tentativa de desejo no assentamento quilombo Campo Grande em 2018 e reaberta pela resistência do Movimento. “Quando começou o governo de Romeu Zema (Novo) nós recebemos a triste notícia que a Escola seria fechada. E a justificativa era poucos educandos. Eram duas salas aonde chegamos a ter 75 pessoas matriculadas. E, na maioria das vezes, nós mesmos que mantivemos a escola funcionando com nossos recursos porque mesmo sendo uma escola reconhecida, não era garantida pelo Estado”, explica Michelle Capuchinho do setor de Formação do MST.  

Ciranda das crianças do acampamento Quilombo Campo Grande, Campo do Meio (MG).
Frame do documentário “Sonhos no chão, sementes da educação” (2020).

O curta documentário descreve como o despejo e a destruição da Escola impacta diretamente inúmeras famílias, sobretudo crianças e adolescentes. Isso somado a um período onde o isolamento social e medidas de proteção à saúde deveriam ser prerrogativas à gestão estadual no enfrentamento à Covid-19. O MST alega que o despejo foi feito de forma ilegal, já que o processo judicial abrangia 26 hectares inicialmente e depois, sem justificativa e transparência das informações, foi ampliada para 53 hectares no último despacho da Vara Agrária que culminou no despejo de 14 famílias. Cerca de 450 famílias permanecem na área da usina falida Ariadnópolis, da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), que encerrou as atividades em 1996.

O filme completo está disponível no YouTube: https://youtu.be/iT1kP7jTO0E

Ficha técnica
Curta-documentário: “Sonhos no chão, sementes da educação”
Imagens e edição: Lucas Bois
Roteiro: Raquel Baster e Lucas Bois
Duração: 22 minutos
Ano: 2020

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Cotas

Única vereadora preta de Natal celebra cota do fundo eleitoral para candidaturas negras

Divaneide Basílio (PT) acredita que a decisão do Tribunal Superior de Eleitoral, que determina distribuição proporcional do fundo eleitoral e partidário para candidaturas negras vai incentivar a participação de mais negros e negras na política

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Da agência Saiba Mais

O Tribunal Superior Eleitoral determinou que a partir de 2022 os fundos partidário e eleitoral terão que ser usados de forma proporcional para as candidaturas negras. A decisão é estendida também para o uso do tempo no rádio e na TV das campanhas.

O posicionamento do TSE é fruto de uma consulta feita pela deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que solicitou a destinação de 50% da verba para candidaturas negras, uma vez que conforme dados do IBGE o Brasil tem 55% da população nesse recorte.

A medida foi anunciada pelo presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, e tem a intenção de reduzir o desequilíbrio na participação eleitoral e no financiamento de campanhas das candidaturas de negras e negros. Essa deliberação se soma à determinação de 2018, que obriga o repasse de percentual fixo de 30% do fundo eleitoral para candidaturas de mulheres.

A subrepresentação das mulheres nos espaços de poder do Brasil, e em especial das mulheres pretas, é uma realidade. As mulheres são 51% da população brasileira, mas governam apenas 12% das prefeituras. Já as mulheres pretas administram apenas 3% dos municípios mesmo representando um contingente de 27% da sociedade.

E mesmo as cidades governadas por mulheres são proporcionalmente menores do que aquelas que contam com homens na chefia do Executivo. Apenas 7% da população no país moram em municípios administrados por mulheres, brancas ou pretas. Do total de prefeituras governadas por mulheres, 91% são de municípios com até 50 mil habitantes

Os dados estão disponíveis para consulta pública e foram divulgados pelo Instituto Alzira, organização que desenvolve ferramentas para contribuir com o aumento na participação das mulheres na política.

O parlamento de Natal é um exemplo desse desequilíbrio e subrepresentação. Das 28 cadeiras, apenas uma é ocupada por uma mulher preta. Não bastasse ser a única, a cientista social Divaneide Basílio (PT) também é a primeira vereadora negra da história da Câmara Municipal de Natal.

Para ela, a decisão do TSE deve garantir maior representatividade nos parlamentos:

– Acompanhamos com lupa esse debate, esse tema é algo para nós muito significativo porque vai garantir a ampliação da representatividade. Uma parlamentar como a Benedita da Silva (PT-RJ) provocando esse debate só reforça que a representatividade importa e que nós podemos disputar em condições de igualdade. Porque essa é uma pauta de todo o país. Eu sou a única negra em Natal, mas na maioria dos estados também é assim”, destaca.

Divaneide comemora e compara a decisão do TSE válida para 2022 com a obrigatoriedade do repasse de 30% para as candidaturas femininas.

– O processo, apesar de lento, já representa para as mulheres um avanço. Uma mudança de postura, com isso mais mulheres estão percebendo que poderiam se candidatar, tem melhores condições pra isso. Não é fácil conciliar a vida doméstica com o trabalho. E é uma mudança que nós, no PT, já iniciamos com o projeto Elas por Elas, garantindo formação. Lançamos esse projeto dm 2018 e hoje já é uma realidade e tem ajudado a nos fortalecer. No Rio Grande do Norte o Elas por Elas ajudou na capacitação das mulheres, contribuiu com o planejamento da campanha e aumento o nível de debate”, disse.

Além da questão financeira, a parlamentar que tentará a reeleição em 2020 acredita que a decisão do TSE estimula o envolvimento da população negra do debate político. O próprio Instituto Alzira reconheceu o avanço já notado em 2018 embora a subrepresentação seja latente.

Divaneide não acredita que haverá uma disputa por mais espaço entre candidatos negros e candidatas negras. A pauta antirracista, segundo ela, vai unir o candidatos.

– Vai ser bom pra todo povo negro. A pauta antirracista é de todo mundo, negro e negra. Nós mulheres negras estamos fazendo um debate para aprimorar o gênero de classe e raça. Vamos fazer um Elas por Elas com recorte de mulheres negras. Essas interfaces não são para colocar um grupo em superioridade, mas para mostrar que aquele grupo representa mais de uma identidade”,

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Educação

Para discutirmos a volta às aulas

A artigo de Joana Monteleone, levanta uma série de questões que precisam ser pensados com urgência pelo campo progressista para a volta às aulas

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Na próxima quarta-feira 04.08.2020, deve entrar para votação na Câmara dos Vereadores de São Paulo a PL 452/2020 de autoria do governo Bruno Covas, que estabelece medidas de retorno a volta às aulas presencial, em São Paulo. Neste artigo Joana Monteleone, levanta uma série de questões, não apenas sobre a decisão de retorno, ou de adiamento, mas também as consequências gerais que envolve a volta ou não as aulas. Como o campo progressista quer fazer esse debate?

Por Joana Monteleone especial para os Jornalistas Livres

A volta às aulas têm gerado debates acalorados. A data, marcada, pelo estado e pela prefeitura de S. Paulo, para setembro parece ser cedo demais no meio de um número crescente de casos. As discussões se concentram em torno dessa data: voltar ou não voltar em setembro. Mas o problema vai muito além disso, que parece ser um muro intransponível para qualquer tipo de outra discussão sobre o tema. Contudo, não discutir os problemas envolvidos na volta às aulas é deixar a solução para gestores pouco preocupados com a saúde da população e muito preocupados com os negócios privados envolvendo a educação. 

Vamos pensar que não voltaremos às aulas em setembro. O que acontece depois disso? Quando voltarão as aulas? Em janeiro de 2021? Em fevereiro? Em março? Muitos dizem que só voltam à escola com uma vacina. Mas poucos pensam nas consequências que isso acarretará. E se a vacina demorar? E se só tivermos vacina em 2022? E se o Bolsonaro não quiser comprar a melhor vacina? Por quanto tempo as crianças e adolescentes ficarão trancados em casa sem socialização, com pouco exercício físico, grudados em telas de computador e televisão. Quais as consequências psicológicas de deixar um enorme grupo de crianças presos? Muitos médicos alertam que algumas dessas consequências começam a aparecer: obesidade, crianças sem fôlego, doenças como diabetes descontroladas. Isso sem falar das consequências psicológicas: ansiedade, depressão, angústia, insegurança. E nem vamos mencionar a evasão escolar, que certamente será altíssima no ensino médio, com a pandemia se somando a uma economia em ruínas. 

ASSISTA A LIVE QUE FOI FEITA NO DIA 21 junho pelos canais dos Jornalistas Livres, sobre a volta às aulas na educação Infantil, em São Paulo.


Mas é importante pensar as estratégias para o futuro agora e sair da paralisia da volta em setembro. O governo joga com isso para mascarar o absoluto fracasso das aulas online tanto em escolas públicas como nas particulares.  Aliás, pouco se fala que nas escolas particulares, como nas públicas, os professores foram abandonados à própria sorte tentando entender um sistema complexo de aulas à distância. A maioria também não teve acesso a recursos pedagógicos, internet e equipamentos. O governo, e o ministério da Educação que está se fingindo de morto, joga essa volta para mascarar a falta de planejamento, de vontade política de fazer qualquer coisa, além a própria incompetência na gestão da crise. Isso se reflete na enorme insegurança do sistema como um todo, professores, pais e alunos, para a volta às aulas. 

Para voltarmos em janeiro o seria preciso? Reformar as escolas, abrindo janelas e melhorando a ventilação, equipamentos de proteção pra professores e alunos, equipamentos de higienização, menos alunos por sala e, portanto, mais professores (seria possível contratar mais professores de maneira emergencial? Muitos foram demitidos pelas escolas particulares e precisam de trabalho). Rodízio de alunos por dia da semana. Isso todos concordam, mas vai ser preciso mais. Médicos, enfermeiras e equipes de saúde em visitas permanentes com as escolas – é possível fazer acordos com as Postos de Saúde, as UBSs, dos bairros? É possível usar a rede de transporte escolar para pegar alunos em horários escalonados, incluindo os mais velhos, assim eles não pegam o transporte público? Talvez até buscarem professores?

Teremos de ter testes e testagens contínuas. Não se pode começar as aulas sem testar todos os professores. E tem-se que estabelecer protocolos de isolamento e rastreamento de contatos caso alguém apresente febre ou sinal de alguma doença. Mas os testes têm de ser contínuos para conseguirem pegar a quantidade de infectados. Quando a vacina chegar, os professores têm de estar no começo da fila. 

Para a volta em janeiro é preciso começar a preparar e treinar os professores pra dar conta de conteúdos perdidos, de casos de desaprendizagem, defasagem e falta de vínculo com a escola. Planejamentos têm de ser feitos, coordenações têm de afiadas com metas e afetivamente ligadas às crianças, professores sem se fala, têm de treinados, direcionados e apoiados. E esse treinamento tem que começar agora – senão em janeiro e fevereiro não estarão preparados. Esse treinamento pode começar online, mas tem que acontecer. É completamente desumano jogar professores e alunos (e funcionários e coordenação) numa volta da pandemia sem treinamento, acolhimento e ajuda psicológica. 

E se seguirmos a máxima de sem vacina, sem volta à escola. Ficarmos dois anos em confinamento? Uma criança de 5 anos ficará dois anos sem aprendizagem presencial, sem socialização? Com 7 ela voltará a ter o conteúdo de quando tinha 5? Se ela está mais avançada, vai pular séries? Os alunos de escolas particulares que tiveram aulas online vão ser privilegiados, como sempre, mas as consequências da falta de socialização serão duramente sentidas. O ensino médio sofrerá uma enorme evasão, com os alunos tendo que ir trabalhar para ajudar nas despesas da casa por causa do agravamento da crise econômica. O governo de São Paulo, já sabendo disso, prepara um novo modelo de ensino médio tentando reverter o quadro de evasão. 

Mas voltando um pouco. Se vamos ter mais tempo de confinamento, que os alunos tenham computadores, internet e acesso a psicólogos e psicopedagogos. Que os professores recebam treinamento pra dar essas aulas (e tb acesso a esses profissionais), livros didáticos condizentes, auxílio-internet e auxílio-computador (que também deve incluir auxílios para luz, uma parte da moradia tem que ser bancada pelo Estado), além de auxílios para livros e materiais para fazer as aulas online. A discussão da volta ou não volta máscara tudo isso, coloca uma barreira impenetrável na discussão. Se não formos nós a proteger professores, alunos e trabalhadores a volta vai ser de qualquer jeito.

Não seria esse um bom momento para diminuir o gap tecnológico e dar ou emprestar computadores ou tablets com acesso a internet aos alunos e professores? Sar acesso a materiais online de qualidade para professores prepararem as aulas. Filmes, exposições, shows de música, por exemplo?

No meio dessa volta sem planejamento e desse longo período sem escola presencial já começam a ser divulgadas Fake News dizendo que os trabalhadores da educação não trabalham e são privilegiados. Bolsonaro e seu Ministério da Educação, ao lado de Dória e outros governadores, Covas e outros prefeitos, estão com a caneta na mão preparando o fim da estabilidade por concurso. É acender o fósforo e jogar para o congresso. 

Sem que o campo progressista discuta, debata e fale sobre a volta às aulas e ensino à distância as soluções vão partir das instâncias governamentais liberais ou de extrema-direita. É preciso dar uma perspectiva de volta e diretrizes seguras para todos. Não é simples. É urgente tomar a frente dessa discussão, senão vai ser mesmo o massacre — não vai ser só um massacre do vírus, mas dos trabalhadores da educação.


Joana Monteleone, é mãe, professora, editora e historiadora. Autora dos livros “Toda comida tem uma história” (Oficina Raquel, 2017) e “Sabores Urbanos: alimentação, sociabilidade e consumo” (Alameda Casa Editorial, 2015), também é colunista do Brasil de Fato.


Os Jornalistas Livres tem feito diversas matérias sobre essa questão desde de o início da pandemia.
LEIA:
Aulas presenciais para aumentar o genocído?

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