“Algum repórter itabirano na escuta?”, pergunta angustiado Marcos Caldeira Mendonça, do jornal O TREM Itabirano.
“Que tal parar um momentinho com a precária cobertura policialesca do dia a dia, dar um tempinho nos furtos de chinelo de dedo no Lojão Popular e nas batidas de Chevette em poste, e fazer algo que preste? Só para variar. Fazer algo diferente na vida pode ser bom”, prossegue o jornalista. “Eis uma pauta, de graça. Apurar que obra é essa que a empresa Vale está fazendo na megabarragem-bomba Itabiruçu e contar para a população. Destina-se a quê? Começou quando? Acabará quando? Que empresa está executando o serviço?
Essa mexeção de terra é o tal alteamento? Pausa: alteamento, palavra técnica para aumento da capacidade de armazenamento de água e lama numa represa, o que significa, por óbvio, elevar o potencial de mortes, em caso de rompimento. Morte de pessoas, de animais, de árvores, de casas, de rios e do futuro. Aquela avant-première do Apocalipse que a Vale cometeu em Mariana e Brumadinho.
Quem da prefeitura está fiscalizando essa inconha? O Ministério Público está atento a essa inconha? Qual o nome do engenheiro responsável por essa inconha e onde ele mora? O que tem a dizer sobre essa inconha a secretária municipal de Meio Ambiente, Priscila Braga Martins da Costa, que recebe dinheiro do povo todo mês, sem atraso, para cuidar de assuntos atinentes ao… Meio ambiente.
O TREM tentou obter informações da Vale, mas a mineradora optou por seguir a estratégia de não responder a nenhuma pergunta do jornal.
Desde que O TREM espalhou a notícia do fim do minério explorável em Itabira, documentado para 2028, informação que a empresa deixou apenas em herméticos relatórios, a exportadora de minério cortou relações com o jornal.
Responde a perguntas de todos os comunicadores itabiranos, menos dO TREM. Das maiores empresas do mundo, dominadora de logística transoceânica, presente em 30 países e com diretores formados em Harvard, mas anda fugindo de pergunta em Itabira. Cunhemos esta expressão: imaturidade corporativa.
A prefeitura de Itabira também incluiu O TREM em seu index prohibitorum. Não responde a nenhuma pergunta que lhe encaminha o jornal. Como a Vale, também deu tapinhas nas bochechas e falou belém-belém-nunca-mais-ficar-de-bem. É com esse gesto e som que as estudantes de 10 anos do Colégio Nossa Senhora das Dores cortam amizades.
Combinemos o seguinte, repórteres itabiranos: entrevistem a Vale e a prefeitura, deixem o pessoal falar à vontade e publiquem o material bruto nas redes sociais. A análise, o sapeca-iaiá, fica por conta dO TREM.
Parceria firmada? Avante!
O TREM ITABIRANO”.
Nas fotos, obras recentes na megabarragem-bomba Itabiruçu.