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Educação

Secundaristas voltam às ruas

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Na última sexta-feira (10), os secundaristas paulistas saíram mais uma vez contra as reformas impopulares do governo, principalmente a reforma do ensino médio tratada na MP 746, sancionado pelo Temer no último dia 16 de fevereiro. Com cerca de 100 manifestantes e envelopados o tempo todo por policiais conseguiram fazer uma mobilização importante, já que experientes em atos de rua, e que serviu de preparo para o grande ato nacional de paralisação de diversas categorias trabalhistas, sociais e estudantis do dia 15. 

O roteiro da marcha foi tradicional. Concentraram-se no MASP, na Av. Paulista, por voltas das 17h40h e aguardaram a forte chuva parar de cair. Como manda a cartilha tucana a Polícia estava presente, e como sempre, em grande efetivo e fortemente armada, sendo da força tática ou praças, em número desproporcional, e muito maior, para aqueles   estudantes que se concentravam embaixo do vão livre . Com o fim da chuva e a concentração chegando a quase 100 pessoas resolveram sair pela Avenida por volta das 19h00h, em direção a Secretaria de Educação do Estado, na Praça da República, região central. O enorme contingente policial foi acompanhando a manifestação, tanto pela frente por meio de motos e viaturas, pelos lados com um corredor humano e por trás, com mais um grande número de policias e viaturas. A Polícia cercou o ato de seu início ao seu fim.

A principal bandeira levada às ruas hoje, pelos estudantes foi a insatisfação com a reforma do ensino médio, promovida pelo governo federal desde o ano passado, que motivou a grande onda de ocupações estudantis no país em 2016, com mais de mil escolas e universidades ocupadas. Já acostumados em lutar contra reformas educacionais que lhes são enfiadas goela abaixo pelos governos, como aconteceu com a tentativa de reforma administrativa do governador Geraldo Alckmin (PSDB) nas escolas do estado de SP em 2015 ou a tentativa de privatização de escolas em Goiás, os estudantes não esquecem mais que a rua lhes dá voz como mais nada consegue. 

Durante a caminhada pela Av. Paulista, seguiram com suas palavras de ordem, pedindo o fim da reforma, a desmilitarização da PM e chamando a atenção dos pedestres pelos quais passavam com um aviso “Trabalhador preste atenção! A nossa luta é pela educação”. Foi quando entraram na rua Consolação, no sentido centro, que começaram as provocações por partes dos policias. Chegando mais perto dos manifestantes, o cordão Policial que seguia por trás começou a dar cutucões e empurrões, com seus cassetetes nos estudantes mais próximos, algumas provocações verbais também foram faladas pelos PMs. A tensão continuou durante toda a descida pela  rua Consolação.  

O ato chegou à Praça da República, onde os estudantes encerraram pacificamente o ato depois de um pequeno jogral, admitindo que não tinham como continuar o ato mais por conta do tamanho do contingente que os acompanhava. Mas deixaram de aviso para aqueles que estavam presentes que no dia 15 estarão compondo a manifestação dos trabalhadores, também na Av. Paulista, lutando contra as reformas trabalhista, previdenciária e educacionais do governo.

 

A reforma educacional e a oposição estudantil

Proposta por meio de uma MP (medida provisória), a reforma do ensino médio foi colocada na pauta nacional por meio da força, uma vez que Medidas Provisórias são “um instrumento com força de lei, adotado pelo presidente da República, em casos de relevância e urgência”. A utilização desse instrumento só foi necessária, como evidenciaram os estudantes que ocuparam suas escolas, pois o presidente não tinha interesse em dialogar.  A justificava dada pelo governo para a utilização da MP, por conta da demora do Congresso em aprovar os PLs referentes ao ensino médio que tramitam nas câmaras, não se justifica como disse o próprio Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, “Não parece aceitável nem compatível com os princípios constitucionais da finalidade, da eficiência e até da razoabilidade que tal matéria, de forma abrupta, passe a ser objeto de normas contidas em medida provisória, que atropelam do dia para a noite esse esforço técnico e gerencial do próprio MEC, em diálogo com numerosos especialistas e com a comunidade, ao longo de anos” em parecer enviado ao STF, no qual considera a reforma inconstitucional.

Suas principais alterações são:

  • – Criar um currículo flexível, o aluno escolhe qual das cinco áreas seguir: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Formação Técnica e Profissional;
  • – Se tornam obrigatórias apenas Matemática, Língua Portuguesa e Língua Inglesa, durante todo o curso (que continua com três anos); Educação Física se torna facultativa;
  • – “Notório saber”, e não mais formação específica, já basta para que se possa lecionar;
  • – Aumenta a carga horária de 800 anuais (4 horas por dia) para 1.000 anuais (5 horas por dia).

As críticas são diversas. Especialistas ressaltam que o maior perigo dessa reforma é o aumento da desigualdade entre escolas, já que as unidades não são obrigadas a disponibilizarem as cinco áreas, e o fortalecimento da formação técnica para os alunos de perfil socioeconômico mais baixo.   Outros questionam a falta que farão as matéria não obrigatórias, tidas como um perfil mais crítico como história, filosofia, geografia e sociologia. É nesse ponto que professores e alunos concordam. Muitos dos alunos que ocuparam seus colégios em 2016 o fizeram por conta de retirada das matérias de “humanas” do currículo. Mas a principal crítica encontrada entre professores, especialistas e alunos é a falta de diálogo e discussão sobre a reforma e a falta de legitimidade do presidente, interino, para fazê-la, pois sendo uma reforma estrutural não deveria ser vista de forma rápida. A sobreposição da reforma sobre a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) que há nãos vem sendo formulada em conjunto pelo governo, entidades de educação, especialistas e com o envolvimento da sociedade civil reforça o argumento de que o governo age de forma autoritária e com motivações políticas.

 

Secundaristas de Luta

Era o ano 2015 e o governador Geraldo Alckmin, na tentativa de precarizar as escolas públicas avisou que iria reformar a estrutura das escolas estaduais. Em vez de concentrar em uma mesma unidade tanto os ensinos fundamental (fundamental 1 e 2) quanto o médio, as unidades passariam ter apenas ciclo único (uma escola seria apenas para o médio, outra apenas para o fundamental 1, outra apenas para o fundamenta 2). Assim os estudantes, pais e professores foram avisados que teriam que se adaptar aos caprichos do governador. Independente da organização familiar, uma vez que muitos irmãos em ciclos diferentes estudavam na mesma escola, a mudança vinha.

É então que alguns secundaristas ocuparam em outubro a escola “ E.E. DIADEMA”, em Diadema na periferia de São Paulo. Eles não aceitaram uma mudança hierárquica, sem nenhuma explicação ou diálogo. Resolveram inventar (como diria o governador) ou descobriram, de fato, que a escola era DELES. E dela fizeram sua morada. Tomaram o cadeado, levaram comida, colchão e cobertor. A ideia viralizou e, no dia seguinte uma outra escola, no centro da cidade, também foi ocupada. Em poucos dias a capital e todo o estado tinham cerca de 200 escolas ocupadas. O motivo? São alguns. Todos estavam insatisfeitos com a reforma autoritária. Mas não se restringia a isso. A consciência de que a escola podia deixar de ser uma espécie de prisão e se tornar deles foi o principal motor das ocupações. Também houve o evento cascata da violência causada pelo governo (especialidade de Alckmin e da PM paulista desde 2013), uma vez que a primeira ação foi mandar a polícia intimidar e ameaçar os alunos e logo após procurou a justiça pedindo diversas ordens de reintegração.

A situação virou uma verdadeira guerrilha (na visão de Fernando Padula Novaes, chefe de gabinete da Secretaria de Educação do Estado na época) na qual de um lado a Polícia, armada e disposta à guerra, violentava estudantes e de outro alunos buscavam seus direitos nas ruas. A violência por parte da PM aumentava, pois o governo não via o movimento como digno de diálogo e por isso precisava responder a ação de seus “oponentes” como se estivessem em guerra. Os estudantes começaram a fazer atos nas ruas da capital. Este que eram violentamente reprimidos. Cenas dignas de uma ditadura foram vistas nos protestos. Mas a situação se tornou insustentável para o governador. Os pedidos judiciais de reintegração não surtiam efeito, uma vez que as ocupações eram vistas como uma forma legítima de manifestação, como disse o juiz Corregedor da Central de Mandados  “as ocupações – realizadas majoritariamente pelos estudantes das próprias escolas revestem-se de caráter eminentemente protestante. Visa-se, pois, não à inversão da posse, a merecer proteção nesta via da ação possessória, mas sim à oitiva de uma pauta reivindicatória que busca maior participação da comunidade no processo decisório da gestão escolar”.A população começou a se solidarizar com os alunos. A violência gratuita da PM, tanto nos protestos, quanto nas ocupações, só as fortaleceu. Ele recuou. Foi obrigado pelos protestos a demitir Padula e o secretário da educação Herman Voorwald. E oficializou em decreto que deixaria a reforma para depois.

Essa foi a primeira vitória política dos secundaristas. Mas a grande conquista foi a de que entenderam uma escola nova. A principal característica das ocupações, que virou legado, era a de que elas eram estritamente secundaristas e autónomas, o que fez com que percebessem sua capacidade de organização. Ou seja, quem mandava, organizava, limpava e pensava a escola eram os ocupantes. Descobriram até bibliotecas e livros escondidos. A entrada da mídia, pais e curiosos era decisão deles. A manutenção do prédio era responsabilidade deles, uma vez que os funcionários não podiam entrar. E a escola, como espaço de formação e trocas foi repensada, ganhavam aulas públicas de qualquer um que quisesse doá-las e assim criavam seu próprio conteúdo escolar. A autonomia era a primazia das ocupações.

Já em 2016 mesmo com a reorganização oficialmente suspensa, Alckmin burlou a lei (e seu próprio decreto), e passou a fechar salas e transferir os alunos das salas fechadas. Era a reorganização não anunciada, que até hoje continua, ilegal e contra a vontade de alunos, pais e professores. Com isso os estudantes voltaram às ruas. A violência foi a resposta de Alckmin e sua polícia. O movimento ganhou força com as denúncias sobre a máfia da merenda um esquema de corrupção que desvia recursos e superfaturava o preço de alimentos – principalmente suco de laranjal – eram fornecidos pela Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (COAF) para escolas estaduais. E não parou por ai. Os alunos das ETECs, escolas técnicas paulistas, vendo o tamanho das denúncias resolveram também se unir aos colegas e ir para as ruas.

Os estudantes tinham aprendido que ocupar era efetivo. Os secundaristas das ETECs ocuparam no dia 28 de abril o Centro Paula Souza, sede administrativa das escolas técnicas do estado. Suas pautas eram a criação de bandejões, onde não haviam, e melhora da comida servida nos bandejões existentes, sendo que até então só recebiam merenda seca e tinham aula em horário integral. Poucos dias depois, no dia 3 de maio diversos estudantes ocuparam a Alesp, para pressionar a criação de uma CPI que investigasse a máfia das merendas. A resposta de Alckmin? Para a ocupação do Centro Paula Souza ele mandou a tropa de choque retirar os estudantes um a um na força. Já na ocupação do legislativo, Fernando Capez (deputado do PSDB e presidente da Alesp, o braço de Alckmin no legislativo estadual) pressionado por ser um dos nomes ligados a máfia da merenda, conseguiu estabelecer uma multa diária e por pessoa de R$30.000,00. Os estudantes então se retiram, mas conseguindo que a CPI fosse instalada. No segundo semestre de 2016, uma nova onda de ocupações de escolas e universidades, em solidariedade, explodiu no país por conta da MP 746. A maior concentração de ocupações ocorreu no Paraná. Boa parte dos estados teve alguma escola ocupada.

Um caso excepcional ocorreu em SP, onde secundaristas tentaram ocupar escolas, mas eram rapidamente atacados pela polícia, que invadia sem ordem de reintegração (se utilizando de um argumento jurídico da ditadura, a “autotulela” do estado sobre o prédio público) a ocupação, que acabara de se realizar, e retirava os estudantes sobre a mira de armas. Era a linha dura que, o então Secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes adotava contra os jovens estudantes.

No resto do país as ocupações ocorreram no mesmo modelo das ocupações de 2015 em SP, mas chegando a mais de mil em too o território nacional. Completamente secundarista, quem cuidavam de tudo eram eles, não seus pais e professores ou funcionários, como sempre era ressaltado pelos alunos. Desde a infraestrutura, passando pela segurança, até as atividades como shows ou aulas doadas. Todos motivados a fazer retroceder a autoritária e inconstitucional reforma. Ou que ao menos fossem ouvidos. A resposta de Temer? Silenciou-se e os ignorou.

As ocupações foram perdendo força, por conta do tempo e das retaliações de pequenos grupos, esperando alguma resposta, e se desfazendo. No Paraná, ao mesmo tempo que era o epicentro das ocupações, tinha a reação mais violenta  contra. O MBL, um grupo fascista, forçava a desocupação invadindo as escolas ocupadas e agredindo os estudantes ou assediando e ameaçando a ocupações. Assim acabaram as ocupações estudantis em 2016. Mas, como em 2015, estas também serviram para aumentar suas bagagens de luta e prepara-los para a defesa de direitos trazendo o movimento estudantil de volta.

Educação

Há dois meses, uma escola e seus sonhos foram ao chão

Documentário conta a história da Escola Popular Eduardo Galeano

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Por Lucas Bois e Raquel Baster*

A escola popular Eduardo Galeano foi o primeiro local a ser destruído durante despejo violento que começou no dia 12 de agosto deste ano, pela Polícia Militar, e que se seguiu por três dias, no acampamento quilombo Campo Grande, município de Campo do Meio, em Minas Gerais. Após dois meses do despejo, é lançado o curta documentário “Sonhos no chão, sementes da educação” com depoimentos de educandos, educadores e representantes do setor de educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sobre a situação atual do acampamento.

“Ser analfabeto é a gente ficar no escuro e uma pessoa no escuro, ela não é ninguém”. Essa frase dita no documentário por Adão Assis Reis, explica a importância do acesso à educação contextualizada para alcançar a luz do conhecimento. Aos 59 anos, ele se mostra pronto para voltar à sala de aula assim que a escola for reconstruída. Muitos outros trabalhadores e trabalhadoras rurais poderiam ter a chance de seu Adão, mas os dados vem demonstrando o contrário. Um levantamento de dados do Censo Escolar de 2019, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), sobre o número de estabelecimentos de ensino na Educação Básica apontou que, entre 1997 e 2018, foram fechadas quase 80 mil escolas no campo brasileiro. A Escola Popular Eduardo Galeano entra para a estatística não só como mais uma, mas como exemplo de uma política de fechamento de escolas do campo que acontece há anos no país. 

Desenho de uma criança do acampamento Quilombo Campo Grande, ao relembrar o dia do despejo e derrubada da Escola Eduardo Galeano. Frame do documentário “Sonhos no chão, sementes da educação” (2020).

O MST chegou a lançar uma campanha de denúncia em 2011, intitulada “Fechar escola é crime”. E em 2014 foi aprovada a lei (12.960/2013) que obrigou a realização de consulta às comunidades antes do fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas. Mas parece que não surtiu muito efeito. A própria escola Eduardo Galeano foi fechada pelo governo de Minas Gerais no início de 2019, logo após outra tentativa de desejo no assentamento quilombo Campo Grande em 2018 e reaberta pela resistência do Movimento. “Quando começou o governo de Romeu Zema (Novo) nós recebemos a triste notícia que a Escola seria fechada. E a justificativa era poucos educandos. Eram duas salas aonde chegamos a ter 75 pessoas matriculadas. E, na maioria das vezes, nós mesmos que mantivemos a escola funcionando com nossos recursos porque mesmo sendo uma escola reconhecida, não era garantida pelo Estado”, explica Michelle Capuchinho do setor de Formação do MST.  

Ciranda das crianças do acampamento Quilombo Campo Grande, Campo do Meio (MG).
Frame do documentário “Sonhos no chão, sementes da educação” (2020).

O curta documentário descreve como o despejo e a destruição da Escola impacta diretamente inúmeras famílias, sobretudo crianças e adolescentes. Isso somado a um período onde o isolamento social e medidas de proteção à saúde deveriam ser prerrogativas à gestão estadual no enfrentamento à Covid-19. O MST alega que o despejo foi feito de forma ilegal, já que o processo judicial abrangia 26 hectares inicialmente e depois, sem justificativa e transparência das informações, foi ampliada para 53 hectares no último despacho da Vara Agrária que culminou no despejo de 14 famílias. Cerca de 450 famílias permanecem na área da usina falida Ariadnópolis, da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), que encerrou as atividades em 1996.

O filme completo está disponível no YouTube: https://youtu.be/iT1kP7jTO0E

Ficha técnica
Curta-documentário: “Sonhos no chão, sementes da educação”
Imagens e edição: Lucas Bois
Roteiro: Raquel Baster e Lucas Bois
Duração: 22 minutos
Ano: 2020

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Educação

Volta às aulas é proibida pela Justiça em Colégio Militar de Belo Horizonte

Funcionários e inúmeros pais de alunos são contrários à retomada das aulas na instituição do Exército

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Aloísio Morais

A Justiça Federal deu um chega-pra-lá nos militares do Colégio Militar de Belo Horizonte e proibiu o retorno às aulas presenciais a partir da próxima segunda-feira, 21, a exemplo do que outras instituições do Exército pretendem fazer no país. A instituição tem cerca de 750 alunos, 42% do sexo feminino. Dezenas de pais de alunos são contrários à volta às aulas, mesmo com uma série de protocolos a serem adotados. Durante a ditadura, as instalações da escola abrigaram presos políticos, que foram vítimas de tortura no local.

A retomada das atividades escolares na unidade do Exército provocou discussões tanto na Prefeitura de Belo Horizonte quanto no Ministério Público Federal e, como medida de segurança, o Sindicato dos Trabalhadores Ativos, Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal (Sindsep-MG) entrou na Justiça com um pedido em tutela de urgência para continuidade do regime remoto de aulas, o que foi acatado com a fixação de uma multa de R$ 5 mil por dia, caso ocorra descumprimento da determinação.

Colégio do bairro Pampulha foi usado para abrigar presos políticos durante a ditadura

Sem prejuízo

Na quarta-feira, 16, a direção do Colégio Militar encaminhou às famílias um comunicado informando sobre o retorno obrigatório às aulas na unidade, exceto para os alunos que comprovassem pertencer a grupos de risco para o novo coronavírus. Porém, para o sindicato, o retorno não é necessário, uma vez que os alunos não estariam sendo prejudicados pelo sistema de aulas on-line. Pela avaliação dos professores, os estudantes estão respondendo bem às aulas.

“Nós estamos conversando com os professores há mais de um mês, logo que eles perceberam que seriam convocados para um planejamento presencial das atividades e que incluía desde então o retorno às aulas na própria escola. Nós entendemos que não é necessário um retorno presencial quando tudo pode ser feito remotamente. Sabemos que a cidade está em processo de reabertura, mas achamos que não há necessidade de colocar mais pessoas nos ônibus e nas ruas se os alunos estão respondendo bem às aulas remotas. As aulas estão tendo qualidade”, ressaltou a diretora do Sindicato, Jussara Griffo, ao jornal O Tempo.

Segundo Jussara, o Colégio Militar tinha determinado que retornariam apenas aqueles funcionários que não compõem grupos de risco para a pandemia do novo coronavírus, mantendo em regime remoto, portanto, aqueles com idades superiores a 60 anos e portadores de comorbidades. “Se algumas pessoas permaneceriam em casa, entendemos que o trabalho pode ser mantido remotamente, então não há necessidade de retornar também os outros. Para quê colocar alunos em risco, famílias e professores? Se os alunos estão respondendo bem às aulas remotas, podemos mantê-las”, declarou.

O comunicado feito pelo colégio indicava que haveria um revezamento entre turmas e a adoção de medidas sanitárias relacionadas à Covid-19 para garantir a segurança de estudantes, funcionários e familiares. O retorno contradiz as políticas municipal e estadual que ainda mantêm as aulas suspensas nas redes pública e particular de Minas Gerais. Autoridades da Prefeitura de Belo Horizonte declararam nessa sexta-feira, 18, que poderia procurar a Justiça para pedir a proibição da retomada do ano na unidade militar. Em uma mesma direção, o Ministério Público Federal determinou que o diretor do colégio, o coronel Marco José dos Santos, explicasse à Justiça com um prazo máximo de 24 horas quais estudos técnicos e protocolos de segurança justificariam o retorno às aulas presenciais.

Barbacena


Desde o dia 26 de maio mais de 200 alunos da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar) em Barbacena, no Campo das Vertentes, em Minas, testaram positivo para Covid-19. No dia 22 de junho, o Ministério Público Federal emitiu recomendação ao diretor de Ensino da Aeronáutica, major-brigadeiro do Ar Marcos Vinícius Rezende Murad, e ao comandante da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, brigadeiro do Ar Paulo Ricardo da Silva Mendes, para suspender imediatamente todas as aulas e demais atividades acadêmicas presenciais.
A Epcar é uma escola de ensino militar sediada em Barbacena que admite alunos de idade entre 14 e 18 anos por meio de concurso público. No local, estudantes de várias cidades de todo o Brasil vivem em regime de internato e, por isso, dormem em alojamentos e têm aulas em horário integral.

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Cotas

Única vereadora preta de Natal celebra cota do fundo eleitoral para candidaturas negras

Divaneide Basílio (PT) acredita que a decisão do Tribunal Superior de Eleitoral, que determina distribuição proporcional do fundo eleitoral e partidário para candidaturas negras vai incentivar a participação de mais negros e negras na política

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Da agência Saiba Mais

O Tribunal Superior Eleitoral determinou que a partir de 2022 os fundos partidário e eleitoral terão que ser usados de forma proporcional para as candidaturas negras. A decisão é estendida também para o uso do tempo no rádio e na TV das campanhas.

O posicionamento do TSE é fruto de uma consulta feita pela deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que solicitou a destinação de 50% da verba para candidaturas negras, uma vez que conforme dados do IBGE o Brasil tem 55% da população nesse recorte.

A medida foi anunciada pelo presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, e tem a intenção de reduzir o desequilíbrio na participação eleitoral e no financiamento de campanhas das candidaturas de negras e negros. Essa deliberação se soma à determinação de 2018, que obriga o repasse de percentual fixo de 30% do fundo eleitoral para candidaturas de mulheres.

A subrepresentação das mulheres nos espaços de poder do Brasil, e em especial das mulheres pretas, é uma realidade. As mulheres são 51% da população brasileira, mas governam apenas 12% das prefeituras. Já as mulheres pretas administram apenas 3% dos municípios mesmo representando um contingente de 27% da sociedade.

E mesmo as cidades governadas por mulheres são proporcionalmente menores do que aquelas que contam com homens na chefia do Executivo. Apenas 7% da população no país moram em municípios administrados por mulheres, brancas ou pretas. Do total de prefeituras governadas por mulheres, 91% são de municípios com até 50 mil habitantes

Os dados estão disponíveis para consulta pública e foram divulgados pelo Instituto Alzira, organização que desenvolve ferramentas para contribuir com o aumento na participação das mulheres na política.

O parlamento de Natal é um exemplo desse desequilíbrio e subrepresentação. Das 28 cadeiras, apenas uma é ocupada por uma mulher preta. Não bastasse ser a única, a cientista social Divaneide Basílio (PT) também é a primeira vereadora negra da história da Câmara Municipal de Natal.

Para ela, a decisão do TSE deve garantir maior representatividade nos parlamentos:

– Acompanhamos com lupa esse debate, esse tema é algo para nós muito significativo porque vai garantir a ampliação da representatividade. Uma parlamentar como a Benedita da Silva (PT-RJ) provocando esse debate só reforça que a representatividade importa e que nós podemos disputar em condições de igualdade. Porque essa é uma pauta de todo o país. Eu sou a única negra em Natal, mas na maioria dos estados também é assim”, destaca.

Divaneide comemora e compara a decisão do TSE válida para 2022 com a obrigatoriedade do repasse de 30% para as candidaturas femininas.

– O processo, apesar de lento, já representa para as mulheres um avanço. Uma mudança de postura, com isso mais mulheres estão percebendo que poderiam se candidatar, tem melhores condições pra isso. Não é fácil conciliar a vida doméstica com o trabalho. E é uma mudança que nós, no PT, já iniciamos com o projeto Elas por Elas, garantindo formação. Lançamos esse projeto dm 2018 e hoje já é uma realidade e tem ajudado a nos fortalecer. No Rio Grande do Norte o Elas por Elas ajudou na capacitação das mulheres, contribuiu com o planejamento da campanha e aumento o nível de debate”, disse.

Além da questão financeira, a parlamentar que tentará a reeleição em 2020 acredita que a decisão do TSE estimula o envolvimento da população negra do debate político. O próprio Instituto Alzira reconheceu o avanço já notado em 2018 embora a subrepresentação seja latente.

Divaneide não acredita que haverá uma disputa por mais espaço entre candidatos negros e candidatas negras. A pauta antirracista, segundo ela, vai unir o candidatos.

– Vai ser bom pra todo povo negro. A pauta antirracista é de todo mundo, negro e negra. Nós mulheres negras estamos fazendo um debate para aprimorar o gênero de classe e raça. Vamos fazer um Elas por Elas com recorte de mulheres negras. Essas interfaces não são para colocar um grupo em superioridade, mas para mostrar que aquele grupo representa mais de uma identidade”,

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