Por Vinícius Segalla
O novo ministro da Educação do Brasil, Carlos Alberto Decotelli, é um economista que acredita que as empresas deveriam estar mais envolvidas na pesquisa acadêmica. Para ele, os problemas da área no Brasil se dão porque a pesquisa é realizada em nome de instituições e autoridades públicas, os orçamentos estão sujeitos a instruções políticas e seus resultados são boicotados por greves trabalhistas.

É isso que afirmou o economista enquanto esteve fazendo um pós-doutorado na Alemanha de menos de seis meses, no final de 2015 e início de 2016. O tema de seus estudos: design de máquinas agrícolas e sustentabilidade, realizados em um curso de seis meses na Universidade de Wuppertal de Berlim, Faculdade de Design e Arte – Departamento de Design Industrial.
Assim, desde que graduou-se em economia, o atual ministro jamais ingressou em qualquer curso acadêmico na área de educação. Suas áreas de pesquisa e atuação sempre foram restritas a mercado de capitais, finanças e design industrial.
Isso não o impediu, no entanto, de criar uma ideia privatista e contrária ao modelo de pesquisa e universidade pública instaurado no Brasil. Em entrevista à professora Brigitte Wolf, da Faculdade de Design e Arte onde estudou em Berlim no final de 2015 e no começo de 2016, Decotelli deixou claro o que acha do sistema de pesquisa e ensino superior público brasileiro.
A íntegra da entrevista – em sua versão original, em alemão – pode ser lida clicando aqui.

Veja, abaixo, em tradução livre para o português feita pelos Jornalistas Livres, os principais trechos da entrevista.
Pergunta – Qual foi a sua primeira impressão de uma universidade alemã?
Carlos Decotelli – Juntamente com a questão dos benefícios sociais do design, a Universidade de Wuppertal combina trabalho acadêmico com implementação prática.
Pergunta – Existem diferenças nas instituições de pesquisa na Alemanha e no Brasil – quais você notou?
Carlos Decotelli – Na Alemanha, as empresas estão fortemente envolvidas em pesquisa, os fundos de pesquisa são concedidos a médio e longo prazo e estão mais prontamente disponíveis, os resultados da pesquisa são melhor divulgados e comunicados.
No Brasil, a pesquisa é realizada em nome de instituições e autoridades públicas, os orçamentos estão sujeitos a instruções políticas e os resultados da pesquisa permanecem no ambiente acadêmico. Na Alemanha, os resultados da pesquisa não são boicotados por greves trabalhistas, mas, no Brasil, são.
Pergunta – Que idéias você leva de volta ao Brasil?
Carlos Decotelli – Minha pesquisa me mostrou que tanto a sustentabilidade quanto o design industrial foram negligenciados até agora como instrumentos estratégicos de gestão corporativa. Essa constatação visa convencer os alunos e a comunidade de pesquisa (FGV Agribusiness) a fortalecer a integração da sustentabilidade e do design industrial na gestão estratégica, a fim de tornar as empresas brasileiras mais competitivas.
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