Amanheceu na cidade de São Paulo. No Peaberu da Paulista, do Jaraguá à Consolação, muitos séculos já se passaram e os índios Guarani ainda solicitam terra aos governos que dominaram o planalto paulista.
Para o Guarani tudo é caminho e essa via chamada Paulista, há séculos já é percorrida pelos seus rumo aos parentes do litoral. Se agora bancos e escritórios se interpõe, não desistem e cantam, Nhanderu sabe.
Querem sim o que lhes é de direito. Se o presidente, governador ou prefeito negam é porque temem e se esquivam, querem negociar o mundo. Guarani persiste e segue.
Há algo de índio hoje na metrópole, de madrugada muitos sabiás cantaram. Quando cai a tarde na cidade, em outro protesto, vejo também que há um olhar vago e triste naqueles que veem os braços abertos de Cabral em monumento diante da Assembléia Legislativa. Não apetece ao índio o imbróglio do gesto do falso descobridor do Brasil; protestam.


Também na audiência pública contra a construção de termoeletrica em Peruíbe, os Guarani em toda cidade hoje querem respeito, tão simples. Difícil entendimento dos brancos. Índio insiste, pinta, canta e dança. Se o país nesse momento anda na noite onde as trapaças imperam e velhas raposas querem negociar o galinheiro,os povos indígenas indicam um caminho de lucidez e resguardo.

"Não páro, não páro, a terra é nossa"Essa dança pede proteção. Cena insólita em um país cruel que está matando os indíos – eles não fazem parte do modelo de vida vitorioso, enfiado por nossas goelas abaixo, onde a natureza pode ser desprezada e tudo cabe dentro de de um quadradinho de cimento e de um celular. O governo de Dilma Rousseff, através da portaria 581/15, reconheceu como de posse permanente dos índios Guaranis uma área aproximada de 512 hectares, no bairro do Jaraguá. No dia 21/08, Michel Temer anulou a a decisão. Temer condena mais de 700 guaranis a viverem confinados em 3 hectares de terra – espaço minúsculo e insuficiente para viverem de acordo com seus usos, costumes, crenças e tradições. Dessa forma, ele decreta a morte de mais essa comunidade indígena.A Avenida Paulista, onde estão os bancos, a Fiesp, a Secretaria da Presidência da República, os cinemas, o metrô, foi ocupada pelos Guaranis do Mato Grosso, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Espírito Santo, litoral paulista…"Não páro, não páro, a terra é nossa" O índio não pára, ele está vivo…Vídeo de Martha Raquel Rodrigues/Jornalistas Livres
Gepostet von Jornalistas Livres am Mittwoch, 30. August 2017