Amanheceu na cidade de São Paulo. No Peaberu da Paulista, do Jaraguá à Consolação, muitos séculos já se passaram e os índios Guarani ainda solicitam terra aos governos que dominaram o planalto paulista.
Para o Guarani tudo é caminho e essa via chamada Paulista, há séculos já é percorrida pelos seus rumo aos parentes do litoral. Se agora bancos e escritórios se interpõe, não desistem e cantam, Nhanderu sabe.
Querem sim o que lhes é de direito. Se o presidente, governador ou prefeito negam é porque temem e se esquivam, querem negociar o mundo. Guarani persiste e segue.
Há algo de índio hoje na metrópole, de madrugada muitos sabiás cantaram. Quando cai a tarde na cidade, em outro protesto, vejo também que há um olhar vago e triste naqueles que veem os braços abertos de Cabral em monumento diante da Assembléia Legislativa. Não apetece ao índio o imbróglio do gesto do falso descobridor do Brasil; protestam.
Como em outros séculos, a terra da cidade foi ontem pisada por milhares de Guarani, circulando entre a multidão que questiona as atitudes insanas desses governos.
Também na audiência pública contra a construção de termoeletrica em Peruíbe, os Guarani em toda cidade hoje querem respeito, tão simples. Difícil entendimento dos brancos. Índio insiste, pinta, canta e dança. Se o país nesse momento anda na noite onde as trapaças imperam e velhas raposas querem negociar o galinheiro,os povos indígenas indicam um caminho de lucidez e resguardo.