Os amigos Adelino Mendes e Renato Soares enviam seus lamentos desse mundo torto, que aqui reproduzo:
A morte de Malalé Wauja é um sinal do desequilíbrio nas fronteiras do Xingu…
Nos últimos 6 meses aconteceram 3 ataques de onça dentro do território indígena xinguano. O primeiro ocorreu quando eu lá estava, em novembro do ano passado, quando um rapaz do povo Aweti foi surpreendido, mas sobreviveu, um segundo, esse fatal, teve como vítima uma amiga, Marina Kamaiurá, infelizmente vindo a falecer em decorrência dos ferimentos e hoje, Malalé Wauja, foi vítima de um ataque terrível. A culpa não é das onças e nem dos indígenas, que há mil anos convivem no território imemorial do Xingu, adaptados biótica e ecologicamente. Os ataques são na verdade a prova real do que acontece no entorno do território. O desmatamento e a soja empurram centenas de animais para dentro das terras preservadas dos índios. No caso do Xingu, o aniquilamento das florestas contíguas ao “parque”, traz uma população de felinos cada vez maior para dentro dos limites da área, fazendo com que acontecimentos como estes, infelizmente passem a ocorrer com uma frequência nunca antes vista, nem mesmo pelos indígenas mais velhos.
A Onça-Pintada, também chamada de Jaguar, é o maior felino das Américas e o terceiro maior do mundo, depois dos tigres e dos leões.Trata-se de um animal predador (que está no topo da cadeia alimentar), carnívoro e vertebrado (possui vértebras). Pertence à ordem carnívora e à família felidae. Seu nome científico é Panthera onca.
Na Terra Indígena Xingu, foi sempre comum esta convivência nem sempre pacífica entre estes dois predadores que estão no topo da cadeia alimentar. O homem e a Onça.. Mas estes encontros são raros. No Xingu atual, cercado por plantações de soja e outros insumos do agronegócio, os grandes felinos e muitos outros animais correm para o que ainda resta na região de mata protegida e estes encontros passam a ser mais comuns. Neste ano de 2018, este é o segundo caso de morte por ataque de onça e é provável que se nada for feito teremos outros.
Texto por Adelino Mendes e Renato Soares.