Moradores bloqueiam trânsito contra a Vale

 

 

A partir das 5h da manhã de hoje, 20, três pontos da cidade foram bloqueados pelos moradores. Após a grande paralisação que reuniu várias comunidades, no último dia 2, quem se manifesta agora é a comunidade de Ponte das Almorreimas, a seis quilômetros do centro de Brumadinho, margeada pelo rio Paraopeba e atingida pela Vale de várias formas.

Depois do rompimento da barragem, a mineradora Vale S.A adquiriu a Fazenda Lajinha, de onde a empresa retira a lama do rio e deposita na comunidade. Além disso, a Fazenda Abrigo da Fauna foi instalada no local e os animais resgatados e doentes de pequeno e grande porte são tratados na Ponte das Almorreimas. Há relatos da existência de uma câmara fria onde são colocados os animais mortos. Diante disso, a população está muito preocupada com a contaminação e reclama do odor dos dejetos do gado e de desinfetantes (creolina), do barulho dos latidos dos cachorros que perturbam as pessoas dia e noite, e do aumento da circulação de veículos em alta velocidade.

Nova captação de água

O moradores denunciam ainda que a  captação de água da Companhia de Saneamento (COPASA) localizada no rio Paraopeba se tornou inútil após o despejo criminoso de lama tóxica da mineradora Vale S.A. Devido à real ameaça de um colapso hídrico na Região Metropolitana de Belo Horizonte, uma decisão judicial exigiu que a mineradora construísse uma nova captação de água no Rio Paraopeba para o sistema Rio Manso, a 12 km a montante do local do rompimento da barragem. A obra, de responsabilidade da COPASA, é custeada pela Vale.

O problema é que a implementação dessa decisão está desrespeitando e violando os direitos dos povoados rurais de Ponte das Almorreimas, Caju e Guaribas. Sem passar por qualquer processo de licenciamento ambiental ou consulta à população, o projeto pretende desapropriar por decreto parte dos imóveis dos moradores, não dando a eles sequer a oportunidade de negociar suas terras.

O morador da Ponte das Almorreimas, Anderson Márcio da Silva, operador de equipamentos, convive com os impactos e denuncia que os os ruídos das obras são terríveis: “Minha casa está com as paredes trincadas devido ao intenso tráfego de caminhões e maquinários pesados”, disse. Já Cláudia Gomes Saraiva, moradora de Brumadinho, aponta outro problema: “Recebemos, da Copasa um decreto de desapropriação com valores irrisórios. Proprietários não foram procurados. Eles não respeitam uma cidade que foi devastada. Além das perdas humanas, teremos agora perda material? Eles não podem passar por cima de nós”.

A revolta dos moradores se intensificou com a derrubada do muro centenário da igreja no último domingo, 15, sem nenhuma comunicação com os moradores e sem a autorização das autoridades eclesiásticas. O protesto tem o apoio da Arquidiocese de Belo Horizonte e conta com a presença e o apoio do bispo Dom Vicente de Paula Ferreira, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, responsável pela Região Nossa Senhora do Rosário e integrante da Comissão de Ecologia Integral e Mineração da CNBB.

A comunidade do Distrito de Ponte das Almorreimas possui uma extensa lista de demandas e exige que seja criado um espaço de diálogo com a participação das instituições de justiça, Prefeitura Municipal de Brumadinho e Vale S.A. para a elaboração de um plano de reparação dos danos (http://www.cptmg.org.br/portal/comunidade-rural-ponte-das-almorreimas-bloqueia-o-transito-de-brumadinho-mg-luta-contra-vale-e-por-direitos/) os sofridos e que escutem e atendam os anseios dos moradores.

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