O Martírio dos índios Guarani Kaiowá segundo Vincent Carelli

Por Hélio Carlos Mello

Entre as transversais do desmatamento e na apropriação de terras indígenas, o documentarista Vincent Carelli trouxe para 40º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, um longo documentário que escancara a chaga nacional dos conflitos do agronegócio e sua voracidade com as terras tradicionais dos índios Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul. São duas horas e quarenta minutos de cortes e recortes, tal lâmina de punhal a ferir nossa carne e mente, um desvelamento do negócio sujo da agro-riqueza em campos semelhantes aos de concentração. O orgulho todo verde se tinge de vermelho ao longo do filme, seja entre congressistas, seja entre fazendeiros e políticos de Mato Grosso do Sul.


Vincent é homem obstinado e amplo em sua atitude artística com as imagens dos povos indígenas, formando ao longo das últimas décadas, uma série de índios cineastas nas várias terras que percorreu. Exemplo de como uma câmera na mão pode tanto quanto mil arcos e flechas, é Kamikiá Kisêdjê, do Parque Indígena do Xingu, entre outros formados nas oficinas do projeto Vídeo nas Aldeias, criadas por Vincent, levando em sua maturidade, imagens das comunidades tradicionais às várias partes do mundo.

Martírio é filme duro, de trovões e raios, cantos e rezas. É prece que não cala e revolta.

Veja a entrevista exclusiva de Vincent Carelli para os Jornalistas Livres, na estréia do filme da 40º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

 

 

 

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