As jornalistas Kátia Passos e Laura Capriglione, dos Jornalistas Livres, comentaram ao vivo a demissão do Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o anúncio do presidente Bolsonaro da posse do novo ministro, Nelson Luiz Sperle Teich, para a pasta. A demissão ocorre em meio a possibilidade de agravamento da crise do coronavírus, com previsões de aumento de casos e mortes para maio e junho.
Depois de cerca de três semanas de conflitos públicos entre o presidente e Mandetta, que envolveu provocações contra o ministro em redes televisivas por parte de Bolsonaro, desrespeito às recomendações da OMS que o ministério da saúde adotou e ensaios de demissão a novela chegou ao fim, nesta tarde. Ao mesmo tempo em que o ministro anunciava sua saída, falando do ministério, o presidente anunciava seu substituto, falando do palácio do planalto.
Para Laura a demissão demonstra, contrariando as avaliações que colocam o presidente como líder decorativo substituído pelo alto escalão militar do governo, que o poder ainda permanece em parte com Bolsonaro, a situação “deixou claro que Bolsonaro não está com a bola toda, mas não está isolando daquilo que é a espinha dorsal de seu governo: os militares, que continuam sustentando o governo”. Já Mandetta voltará a posição de político local, segundo Laura, por conta dos contrapontos que ele apresentou ao posicionamento do governo como “aparecer com a camisa do SUS”, contraria os planos estabelecidos do neoliberalismo palaciano que tem como grande plano privatizar o SUS.
Em sua avaliação o substituto, Nelson Teich, vem para defender os interesses das empresas de saúde privada. Teich, que já foi consultor do hospital Albert Einstein em São Paulo, integra a comitiva de Bolsonaro desde a campanha. Ele é “um cara que nós podemos temer muito pelo que virá. A tendência é que agora Bolsonaro consiga alinhar o que não estava alinhando. Você tem o Paulo Guedes, um fundamentalista da retirada de dinheiro dos serviços públicos com um cara que defende o SUS [Mandetta]. Agora você tem um alinhamento”. O mercado e a economia serão colocados em prioridade e “dias piores virão”.
Para Kátia, Nelson Teich é o “cara que está em consonância com as ideias do Bolsonaro e as ideias do mercado e é óbvio que alguém que não esteja em consonância com as ideias do presidente vai ser demitido. E se existir algum que não concorde com as ideias do presidente, fatalmente, vai estar fora”. O papel de Moro e Paulo guedes, respectivamente ministros da Justiça e Economia, também foi lembrado. “Esse monstro moral, que se travestiu durante um longo tempo como juiz, mas é o lado bonitinho e cheiroso dos milicianos que cercam a família Bolsonaro. Esse é o Sérgio Moro” que se disse contrário aos presos que não cometeram crimes violentos ou que cumpriam progressão de penas a saírem em meio a crise. Já Paulo Guedes, que representa o mundo financeiro, mas consegue ser mais radical do que símbolos dos neoliberalismo como economistas do FMI (Fundo Monetário Internacional), que hoje defendem intervenções pesadas na economia.
Kátia também pontuou que, por mais que o Mandetta tenha tido certa liderança pouco antes de ser demitido, ele “no início da pandemia patinava sobre o isolamento social. Fora o histórico dele, de ter sido um dos caras que voltou contra o fomento e o engrandecimento do SUS”. Enquanto deputado Mandetta votou pelo PEC do teto dos gastos e foi favorável a expulsão dos médicos cubanos.
O papel da comunicação, que tem sido um contraponto ao Bolsonaro, e o comportamento das igrejas, que têm realizado campanhas para o fim do isolamento, em meio a pandemia também foi abordado.
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