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“Mães da Luz” e “Atende” são as novas “bondades” do programa Redenção, de Dória Jr

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Quem acompanha a situação da Cracolândia, dos usuários e moradores da região da Luz, certamente, tem esperado a cada início ou final de semana uma nova ideia astuciosa do prefeito Dória Jr para solucionar os problemas conectados com esses temas que se entrelaçam.

Desta vez, ele reuniu veículos de imprensa nesta segunda feira (26), para anunciar dados do que ele chama de 5 eixos do programa Redenção: medicinal, social, operacional, policial e educacional.

Junto com Dória estavam o coordenador do Programa Redenção, o psiquiatra, Arthur Guerra, Filipe Sabará, secretário de desenvolvimento social, Wilson Pollara, secretário municipal de Saúde, Heloísa Arruda, secretária municipal de Direitos Humanos, Julio Semeghini, secretário municipal de governo, Mágico Barbosa, secretário de Segurança Pública.

No eixo medicinal, que podemos aqui interpretar como os cuidados com a saúde de usuários, o prefeito e sua equipe apresentaram o ATENDE, uma área de CONTAINERS com camas, chuveiros, refeitório e até aparelhos para ginástica!
Segundo o prefeito, a Lorenzetti doou os chuveiros, sem qualquer contrapartida.

O secretário de desenvolvimento social, Filipe Sabará disse que desde o dia 21 de maio, 33 mil usuários foram abordados e desses, 14.327 foram atendidos nos containers.

O primeiro container já está operando no centro e mais dois serão inaugurados.

Então, os próprios dados mostram que mais da metade dos usuários não aderiram a participação no ATENDE. O cenário desses “abrigos” lembra muito um novo “holocausto moderno”. Agora imagine a sensação de dormir dentro de um container? Não há cama, chuveiro ou aparelho de ginástica que possa fazer isso valer a pena. Imagine você, que não é usuário de Crack. Agora, pare e imagine essa privação de liberdade, no que é um espaço extremamente abafado e cercado de paredes por todos os lados para um dependente químico? Insalubridade e sofrimento descrevem. É o ensaio macabro de Dória para a internação desses dependentes em uma cela de manicômio.

E pasmem, Sabará explicou que essa é uma “solução de curto prazo que será reavaliada e que poderá ser renovada”. Dória completou a fala de Filipe dizendo que “não se trata de redução de danos e sim de redução de consumo”. O prefeito fez questão de se isentar da preocupação com dependentes químicos em abstinência. Nesses casos, como muitos especialistas vêm dizendo há muita dor e sofrimento. Mas o tema da redução de danos definitivamente, não permeia o debate do tema para Dória. As falas do prefeito deixam muito claro que o problema deve ser tratado como caso policialesco.

Não é à toa que o Secretário de Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa também estava presente.

Mágino informou que operações como as realizadas em 21 de maio e 11 de junho, não têm data para acabar. E quando questionado sobre o espalhamento de outras mini cracolândias pela cidade, ele disse que a sua pasta tem um mapeamento completo sobre todos os locais.

Isso quer dizer que novas operações violentas e repressivas, certamente colocarão em risco a vida de usuários, moradores e quem passa por outras regiões da cidade. Armamento e orçamento potentes já existem para essas ações. A força tarefa é uma união do governo Alckmin, do presidente Temer sob coordenação de Dória. Efetivo policial também não falta. Na ocasião, Mágino confirmou isso.

É possível inclusive, que essas operações ocorram em regiões mais afastadas do centro, na calada da madrugada ou da noite, em periferias, onde possivelmente nem mesmo a mídia livre conseguirá entrar para mostrar a verdade dos fatos. Em tempo, em nenhum momento a expressão “Direitos Humanos” saiu da boca do Secretário. Então, só podemos esperar uma repetição da novela maldosa das inúmeras violações desses direitos contra pobres, negros, dependentes químicos e o fruto da razão da existência das Cracolândias: a miséria.

Sobre a Cracolândia das ruas da Luz, Dória fica muito claro no tom do discurso do prefeito, diversas vezes durante a coletiva que “fisicamente a Cracolândia não existe e não existirá mais e Alckmin também pensa assim”, ou seja, isso descreve o tipo de enfrentamento que Dória faz sob o assunto. Não existirá mais, mesmo que ele tenha que repreender, ferir e limpar os usuários da área, mesmo que isso custe vidas.

O problema do tráfico na região é uma constante explícita. Mas os usuários não podem ser tratados como lixo ou zumbis. Esses dependentes são seres humanos e merecem um tratamento de SAÚDE digno.

E pasmem mais uma vez, Mágino Barbosa afirmou que na operação do dia 21 de maio, não há relatos de usuários feridos com as inúmeras munições desferidas naquela data contra tudo e todos. Ora, todos sabem que isso não passa de uma falácia mentirosa, pois há imagens que comprovam a perseguição e os ferimentos em dependentes na área. Barbosa disse que seu efetivo combateu e feriu sim, apenas traficantes. Só para lembrar, foram mais de 900 policiais contra menos da metade de usuários que rapidamente se dispersaram. Nada foi considerado naquele dia, nenhuma vida foi valorizada, nem mesmo a dos moradores das pensões do entorno, mulheres, crianças, senhores, animais, ninguém foi poupado.

Então para completar o “pacote das bondades” do Programa Redenção, a atual secretaria de Direitos Humanos, Heloisa Dutra anunciou o projeto “Mães da Luz”, que lançado nesta segunda (26), pretende, segundo ela, orientar, buscar filhos desaparecidos e encaminhar famílias de dependentes químicos para grupos de ajuda que já existem na cidade. Tudo muito vago.

Mas como obterá sucesso, essa alusão às guerreiras “Mães de Maio”? Como a secretária conseguirá atuar de forma afetuosa, respeitando direitos básicos de cidadania, com um prefeito gestor que não consegue entrelaçar de forma amorosa, todos os eixos do consumo do Crack e outras drogas. Patrícia Bezerra, a antiga secretária que ocupava a pasta não conseguiu.

Como pretenderá trabalhar a nova secretaria de Direitos Humanos com situações tão antagônicas dentro de um mesmo tema? Em um dia Dória e Alckmin comandam uma operação policial que machuca, fere e que pode até matar seus filhos e em outro dia, Heloísa recebe as mães desses filhos e as acolhe? Que tipo de acolhimento é esse?

A palavra que permeia o problema da Craco se chama MISÉRIA e isso se reduz, se melhora, com boas políticas públicas que atendam populações mais expostas aos riscos do tráfico de drogas, do consumo e dependência química.

Prefeito, por favor, ajude os dependentes e suas famílias para que eles possam lhe ajudar!

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Cracolândia: Guarda Municipal joga bomba na fila para pegar comida

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TRETA NA CRACOLANDIA, EM SP.

A Guarda Civil Metropolitana atacou com bombas uma fila de pessoas que aguardava a distribuição de marmitas, por um grupo de voluntários na Cracolândia hoje (23/4).

Depois de fecharem todos os equipamentos de atendimento à população vulnerável na região, Covas e Doria aumentaram a repressão policial na Luz. A ordem é matar de fome, de sede e de doença.

Imagens feitas pelo Irmão do Pão

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Arte

Poesia: Angústia da certeza

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Poesia: Fábio Rodrigues

Esta poesia que dá luz a realidade da população em situação de rua, é de Fábio Rodrigues (@prazer.poeta) – poeta e morador do território da Cracolândia.

Fábio decidiu viver de sua poesia, – poesia de rua, do fluxo. E agora, em tempos de pandemia, vê-se em quarentena a força criadora da poesia. Sem poder transitar e manguear, sua sobrevivência está em xeque.

O poeta necessita do apoio de corações carinhosos para que possa continuar ajudando, escrevendo e sobrevivendo em meio ao caos.

“Qual a saída para o poeta

que prioritariamente se apoia no comunicar,

se o momento pede distância –

até pelo simples ato de falar.

E o mais urgente premente,

onde poder recluso ficar,

se esse mesmo poeta,

por sinal mambembe

não dispõe do advento de um lar”

Ajude Fábio na caminhada, por mais poesia e informação nas ruas.
Qualquer quantia é válida!

Conta:
Pedro Bernardino Martine S
Bradesco: 237
Agência: 1236
C/c: 4603-5
CPF: 391.666.828/51

Texto: @prazer.poeta
Vídeo: @gustavoluizon, @_pedrosanti, @tarikelzein
Áudio: @606gama606

Fábio Rodrigues

Fábio Rodrigues

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Assistência Social

Prefeitura de SP aproveita-se da pandemia para “limpar” a Cracolândia

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Gentrificação: tangidos como animais, povo pobre que vive na Cracolândia foi enviado para a Várzea do Glicério - Foto de Lina Marinelli

Por Laura Capriglione e Katia Passos

 

A Prefeitura de São Paulo, sob o comando de Bruno Covas, desfechou hoje mais uma ação com o propósito de “limpar” a região conhecida como Cracolândia da presença miserável dos usuários de crack. Assim, cerca de 160 seres humanos paupérrimos, muitos idosos, vários não-dependentes químicos, foram tangidos como animais para dentro de três ônibus e despachados para a baixada do Glicério, na várzea do rio Tamanduateí. Outras 50 pessoas preferiram ir a pé, seguindo para o mesmo endereço dos primeiros: Rua Prefeito Passos, 25, em um dos bairros mais degradados da cidade, região de cortiços, alta concentração de moradores de rua, de imigrantes e refugiados. O Glicério fica a dois quilômetros de distância da atual Cracolândia.

 

Acabar com o constrangedor desfile dos usuários de drogas envoltos em cobertores imundos, sempre em busca das pedras de crack, tem sido uma obsessão de vários prefeitos e governadores do PSDB em São Paulo. O atual governador João Doria Jr, ainda na condição de prefeito da cidade, protagonizou em 2017 cena desastrada que por pouco não se transformou em tragédia. Deu-se que, para posar de destemido adversário do crack, Doria ordenou a derrubada de casas na região. Quase matou por soterramento três pessoas que moravam em uma delas e que ficaram feridas. Covas aproveita-se do fato de todos estarem focados na pandemia de Covid-19 para tentar mais uma vez.

Chama-se “gentrificação” o processo de transformação de centros urbanos através da mudança dos grupos sociais ali existentes. A idéia é expulsar a população de baixa renda e substituí-la por moradores de camadas mais ricas. É isso o que está em curso no centro de São Paulo: Gen-tri-fi-ca-ção.

Único lugar a prover meios de higiene, alimentação e descanso para moradores em situação de rua, o Atende-2 foi fechado hoje

Único lugar a prover meios de higiene, alimentação e descanso para moradores em situação de rua, o Atende-2 foi fechado hoje – Foto de Lina Marinelli

Para acabar de uma vez com a Cracolândia, a idéia dos “geniais” urbanistas que trabalham para a Prefeitura foi simples: retiraram de lá o único equipamento ainda existente para acolhimento, higiene, alimentação e encaminhamento médico para dependentes químicos vivendo em situação de rua no centro da cidade. Era chamado de Atende-2, e ficava na rua Helvétia, epicentro dos usuários de crack.

Crueldade das crueldades, fecharam o Atende-2, que atendia 185 pessoas, e fizeram isso em plena pandemia de Covid-19. Nem uma pia restou para lavar as mãos naquele pedaço. Segundo a Prefeitura, o mesmo serviço que era feito pelo Atende-2 será oferecido na Baixada do Glicério, agora rebatizado de Siat 2 (Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica).

Resta saber se o tráfico de drogas, que acontece hoje nas barbas das polícias Civil e Militar, da Guarda Civil Metropolitana e do Corpo de Bombeiros, todos com bases no território da Cracolândia, topará também migrar seu negócio milionário para o Glicério. Se não topar, se continuar havendo oferta de drogas baratas nas ruas da Cracolândia, o fluxo de usuários certamente voltará para lá –agora, sem banho, sem lugar para dormir, sem pia, sem médicos. E isso em plena pandemia, quando se sabe que se trata de população que já é ultra-vulnerável: 9,5% têm tuberculose, 6,3% têm HIV e quase 10%, sífilis. Será morticínio certo.

Se o tráfico topar mudar o rolê para o Glicério, haverá alguma chance de que se torne realidade o sonho tucano de restaurar um pouco que seja do brilho quatrocentão do antigo bairro dos Campos Elíseos, onde viveu boa parte da elite paulistana até meados no século passado, e que é o território onde hoje se situa a Cracolândia.

Nesse caso, o bairro tentará esquecer seus dias de miséria e dará lugar a novíssimas torres de prédios, que farão a festa das empreiteiras, incorporadoras e bancos. Doria e Covas poderão usar a imagem daquelas ruas (antes, com o comércio de drogas a céu aberto, e depois, “limpinhas”) em suas propagandas eleitorais, que os apresentará como “vencedores”.

A venda e o consumo de crack, entretanto, continuarão com antes. Só terão mudado de endereço. Em vez do Centro, a várzea invisível. Mais do que Doria e Covas gostariam de admitir, o futuro do território onde está a Cracolândia depende muito mais do tráfico de drogas do que do poder público. E é o tráfico o próximo a jogar os dados…

EM TEMPO:

Quando essa reportagem estava concluída, a juíza Celina Kiyomi Toyoshima decidiu liminarmente impedir o fechamento da unidade Atende-2, situada na rua Helvétia. Ela determinou o restabelecimento das atividades na unidade fechada. A Prefeitura ainda pode pedir a revisão dessa decisão.

Aqui a decisão da juíza:

“Tendo em vista que o estabelecimento em questão é o único ponto de atendimento na região central da cidade, que concentra uma grande parte de pessoas vulneráveis, e tendo em vista o perigo da demora, já que a medida está prevista para a data de hoje, defiro por ora a liminar, para que não sejam tomadas quaisquer medidas visando o fechamento da unidade ATENDE, localizado na Rua Helvétia, nº 57.
Caso já tenha se iniciado o fechamento, as atividades deverão ser, por ora, reestabelecidas.
Oficie-se.
Após a vinda da contestação, a medida poderá ser revista.”

 

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