Lisboa – Marielle Franco: a voz que tentaram calar se transformou em milhões

Centenas de pessoas, entre brasileiros, portugueses e de outras nacionalidades, fizeram um protesto contra a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do seu motorista, Anderson Pedro Gomes, na Praça Luís de Camões, em Lisboa, nesta quinta-feira (15/3).

As falas foram marcadas por muita tristeza e comoção, onde momentos de silencio e gritos de ordem marcavam a emoção do momento. Silenciavam os transeutes. O espírito de luta da Marielle parecia estar presente.

Marielle: mulher negra, lésbica, feminista. Mulher da comunidade, que denunciava as atrocidades das autoridades dentro das favelas.


Os dircursos lembraram que seu assassinato se deu também pelo crescimento do fascismo no Brasil. É possível perceber a ligação desta execução ao golpe de Estado e à perseguição a toda a esquerda – como acontece com Lula. Os fatos estão fortemente ligados ao aumento da violência no Rio de Janeiro, contra a população pobre e negra, que vive nas favelas principalmente.

O assassinato dela nos faz lembrar de outro assassinato, no golpe de Estado de 64, do estudante Edson Luiz, em março de 1968, no restaurante calabouço. Apesar dos esforços do Governo Lula e Dilma na apuração das execuções da época, ainda não conseguimos resolver historicizamente as atrocidades da ditadura no Brasil. O golpe que estamos vivenciando desde 2016 nos leva novamente a um dos períodos mais difíceis de nossa história presente; não relacionar o assassinato da Marielle ao golpe é uma maneira perigosa de esquecermos de nosso passado e repetí-lo.

Termino com as palavras que ecoaram na praça Luis de Camões, espalhando-se como uma semente em toda Lisboa e em todo Portugal. Seus gritos, sua revolta e seu pranto chegaram até o parlamento português, onde foi prestada homenagem em silêncio. O silêncio de vozes que ecoavam no ar: Marielle presente!

Estão convocadas diversas manifestações pelo mundo. Só em Portugal, têm atos marcados em Lisboa, Porto, Covilhã, Coimbra, Vila Real e Braga, todos no dia 19/3, por volta das 18h.

Vídeos e fotos, Bruno Falci; edição Maíra Santafé. Texto Bruno Falci.

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