JÉSSICAS REAIS: O QUE ESTÁ EM JOGO | Primeiro Capítulo: Cláudia.

Chegamos na Vila Dalila de manhã. Moradores passavam com seus carrinhos em direção à feira no fim da rua. Cláudia nos recebeu com afeto e um sorriso que acabou com qualquer barreira. Entre bolinhos vegetarianos e uma divertida conversa com seu pai, seu Cláudio, conhecemos a sua história. Cláudia poderia se chamar Jéssica, a personagem da atriz Camila Márdila no filme “Que Horas Ela Volta”, da cineasta Anna Muylaert. Mas seu nome é Cláudia, primeira geração da família a chegar na faculdade, a enfrentar e vencer as estatísticas, a se tornar mestranda e a conquistar seu espaço no mercado de trabalho. Como várias Jéssicas que surgiram após a implantação do Prouni, Pronatec, do Fies, das Cotas.
Em seu mestrado, Cláudia pesquisa o extermínio da juventude negra. “Vou entrar para ter um conhecimento que honre essas mortes, que volte para essas pessoas.” Sua escola é sua história. Sua mãe sempre lembrava que ela era negra, era pobre, as coisas seriam difíceis, e que teria que correr atrás. Cláudia correu e muito. E chegou na frente, mas sempre olhando pra trás.
Os Jornalistas Livres continuam com a série que homenageia todas as Jéssicas deste novo Brasil.

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

Provão Paulista: oportunidade ou engodo?

Diante das desigualdades educacionais históricas no Brasil, tentativas de ampliar o número de estudantes egressos da rede pública no ensino superior é louvável. Mas não seria mais eficiente se o governo do Estado de São Paulo aumentasse as vagas destinadas ao testado e experimentado Enem, ao invés de tirar da cartola mais um exame eivado de contradições?