Intervenção Artística reflete sobre mortes por LGBTfobia

Em 2015, 319 pessoas foram mortas fruto de homotransfobia no Brasil. Isto significa uma morte cada 26 horas, segundo os dados do Grupo Gay da Bahia. Proporcionalmente, os alvos principais destes crimes são as travestis e transsexuais: o risco de uma “trans” ser assassinada é 14 vezes maior que um gay. Apesar da lgbtfobia existir em todo o mundo, a situação brasileira é particularmente alarmante. O último relatório da agência internacional Transgender Europe mostra que 40% dos homicídios a pessoas trans ocorrem no Brasil.

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Apesar dos números serem praticamente inquestionáveis, ainda há quem não reconheça a gravidade da conjuntura. Respondendo a esta atenção, o grupo paulistano Coletive Friccional pensou na intervenção Contar os Corpos e Sorrir?, já performada em diferentes cidades do Brasil, como São Paulo e Belo Horizonte. Neste sábado, 16 de Julho, foi a vez da capital mineira, na véspera de sua Parada LGBT. “O objetivo da ação é tentar fazer que essa informação (mortes por lgbtfobia) deixe de ser estatística, é dar materialidade a esses corpos” explica Kako Arancibia, idealizador da performance. “Mostramos esses corpos no chão, no meio da praça pública, para que esses dados atinjam as pessoas de forma mais efetiva e concreta, para não deixar que os assassinatos sejam apenas mais um número.”

Homens de capuz preto, que se aproximam de passantes na rua e os põe dentro de um saco plástico. Cada pessoa ensacada é carregada e enfileirada na calçada. Ao fundo, é reproduzida uma gravação com discursos e falas que incentivam ou perpetuam a lgbtfobia já presente em nossa cultura. No domingo passado, 10 de Julho, a ação foi feita na Avenida Paulista, especificamente em homenagem a um mês do Massacre  de Orlando, nos Estados Unidos (EUA).

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Hoje, o ato foi produzido do Grupo Teatral Leela e faz parte de uma série de eventos que antecedem a Parada LGBT de Belo Horizonte. A capital mineira fará amanhã, 17 de Julho, a sua décima nona parada, considerada a segunda maior do Brasil. Os organizadores preveem que 50 mil pessoas vão participar. A aglomeração está marcada a partir do meio-dia, na Praça da Estação, no centro da cidade. A marcha deve sair por volta das 16hrs e vários artistas irão se apresentar  durante o evento.

_MG_0498LGBTFOBIA NO MUNDO

Na madrugada de 12 de Junho de 2106, Omar Mateen, segurança nascido e criado nos EUA, atacou a boate LGBT Pulse, em Orlando, Flórida, resultando em 49 mortos e 53 feridos, o pior massacre na história do país.

Um profundo impacto contra a comunidade LGBT internacional, o maior crime homofóbico ocorreu menos de um ano depois de todos os cidadãos estadounidenses conquistarem o direito ao casamento, indepedente de serem hetero ou homossexuais. A tragédia serviu como uma lembrança amarga que o ódio ao amor ainda reina no mundo, apesar de avanços recentes.

No ano 2016, 73 países no mundo ainda criminalizam a homossexualidade; destes, 13 recebem pena capital.

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