Por Ícaro Jatobá para os Jornalistas Livres
Há sete dias de tomar posse do novo mandato, o deputado federal pelo Rio de Janeiro Jean Wyllys (PSOL), anunciou em entrevista exclusiva à Folha de S. Paulo que abriria mão do seu terceiro mandato para resguardar a sua vida.
Jean Wyllys que desde a morte da vereadora Marielle Franco, em março de 2018, vivia escoltado por policiais, levou em consideração para a sua decisão as constantes ameaças e a falta de liberdade. Wyllys alega ainda que as fake news, muitas disseminadas no período eleitoral, serviu para alimentar constantes agressões verbais e até físicas.
No país que mais se mata LGBT (445 em 2017 e 336 até outubro de 2018) segundo o Grupo Gay da Bahia, Wyllys foi o primeiro parlamentar assumidamente gay a defender a agenda LGBT no Congresso Nacional e enfrentou resistência de bancadas que representam a ‘tradicional família brasileira’, como a bancada da bíblia e da bala.
Após o anúncio da saída de Wyllys do cenário político brasileiro, o parlamentar se tornou o assunto mais comentado do Brasil no Twitter, diversas manifestações a favor e contra foram registradas. Mas a quem interessa a saída de Jean Wyllys do Congresso Nacional? Quem perde com isso?
Poucos minutos após Jean Wyllys atingir o ‘trending topics mundial’ do Twitter, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) atualizou a sua rede social com a mensagem “Grande dia! ”, o que foi suficiente para que seus seguidores vissem como uma comemoração ao pronunciamento de Jean. No mesmo instante e também no twitter, o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSL) postou “Vá com Deus e seja feliz! ”. Um dos seguidores interroga “Prezado Presidente, se o motivo de Jean Wyllys estar saindo do país e abandonando o seu cargo de Deputado Federal for, de fato, receio pela sua integridade física, então é gravíssimo! O senhor não deveria estar comemorando, mas, sim, exigindo investigação e apuração dos fatos.”
Entre as mensagens de apoio, famosos e colegas de profissão ressaltam o grande legado que Jean Wyllys fez durante a sua vida pública. Perde a esquerda, perde a comunidade LGBT, perde a democracia, perde o Brasil.