Educação
Escola da Vila e a luta em defesa de seu patrimônio pedagógico cultural
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8 anos atrásem

“A Escola da Vila é uma escola privada com história pública.” (mãe de aluno)
A quadra da Escola da Vila Morumbi não teve futebol, nesse sábado (11). Pais e mães dividiram a quadra com professoras, professores, funcionárias, funcionários, ex-alunas e ex-alunos. Eram cerca de 80 pessoas, mobilizadas em defesa de algo muito maior do que uma mera escola privada. Discutiam estratégias para preservação de um patrimônio cultural pedagógico cuja importância ultrapassa, para muito longe, os muros da escola. Alinhavam lutas para manter o projeto político-pedagógico que os levaram a buscar a escola. Debatiam modos para resguardar o Centro de Formação, que vem disseminando conhecimento e inovação, entre professoras e professores das redes pública e privada de ensino, há 37 anos.

Capa do livro comemorativo de 30 anos da Escola da Vila, em 2010
Uma comissão para defender “a escola que a gente quer”. (professor)
O grupo de professores e professoras também foi surpreendido com a venda da escola. O grupo, que tem o apoio de 82% do corpo docente da escola, reuniu-se pela manhã com os novos sócios e antigas sócias da escola. Concordaram com a constituição de uma comissão permanente para discutir as condições de trabalho e proteger qualidades distintivas da Escola da Vila como o projeto político-pedagógico, o construtivismo e a diversidade.
“Educadores têm na Vila uma inspiração.” (mãe de aluno)
As reuniões, que vêm acontecendo em diversos âmbitos, com e sem a presença de representantes dos sócios da escola, decorrem da venda de 80% da escola para uma holding, a Bahema S. A., caracterizada por investimentos no mercado de capitais, por não possuir qualquer tradição em educação e por ter diretores simpatizantes de movimentos de extrema direita, como o MBL.
A indignação dos pais não pode ser reduzida simplesmente a “ideias diferentes das pregadas pela Escola da Vila”, como afirmou matéria da Folha. “Trata-se, ao contrário, de entender a Educação como espaço pedagógico de debate onde caibam, de fato, ideias diversas que, sobretudo, respeitem os direitos humanos universais. Isso sim, é bem diferente do que se viu na mesa do Fórum Liberdade e Democracia (sic) presidido por Guilherme (Affonso Ferreira Filho), em outubro do ano passado, quando, aliás, as negociações com a escola já tinham se iniciado”, salientou uma da mães de aluno (na nota 5 está a íntegra das respostas ao jornal).

Parte do prefácio de Zélia Cavalcanti, em 30 Olhares para o Futuro
“Não estamos defendendo o que queremos da escola, mas o que ela é.” (pai de aluno)
Vários pais e mães refutaram a tentativa de desqualificar a discussão, transformando-a em um “Fla-Flu”, um debate entre direita e esquerda. “Há, em curso, tentativas de desqualificar os interlocutores pela partidarização do debate”, afirma um pai. As mobilizações, no entanto, buscam manter as características de diversidade, pluralidade e formação crítica que vêm desde a fundação da escola em 1980. O temor é pelo aparente encantamento dos novos sócios pelo projeto Escola sem Partido, embora tenham passado a negá-lo após a compra da escola.
“Assim como as orquestras estão sendo destruídas, o patrimônio pedagógico cultural da Escola da Vila é muito simples de ser destruído.” (pai de aluno)
Na última parte da reunião, foram acordadas as próximas ações e formadas comissões jurídica e de mobilização e comunicação. Um abraço à Escola da Vila Butantã está programado para o dia 29/03, às 13hs00.
Notas
1 Para saber mais sobre a negociação da Escola da Vila com a Bahema S. A. veja: https://jornalistaslivres.org/2017/02/escola-da-vila-e-vendida-a-simpatizante-do-mbl/
2 Isabel Alarcão é autora de Professores reflexivos em uma escola reflexiva. Editora Cortez, 2003.
Para ver o texto completo: http://www.vila.com.br/html/outros/2010/30_anos/pdf_30/30_textos/15_isabel.pdf
3 Para ver os 30 textos comemorativos do 30 anos da Escola da Vila em 2010: http://www.vila.com.br/html/outros/2010/30_anos/
4 Para saber mais sobre o projeto Escola sem Partido: https://jornalistaslivres.org/2016/11/escola-cidada-e-escola-sem-partido2/
5 Seguem as respostas encaminhadas, por um grupo de pais e mães, às perguntas formuladas pelo jornal Folha de São Paulo.
Resposta às perguntas enviadas por Érica Fraga e Paulo Saldaña, da Folha de São Paulo
1- Quando os pais foram informados sobre a venda da Escola da Vila (assim como as negociações com as demais escolas) para o grupo Bahema?
Os pais e mães receberam a notícia pela mídia. Os sites que acompanham o mercado divulgaram o Fato Relevante emitido pela Bahema em 14 de fevereiro, após às 18 horas e tivemos acesso a essas reportagens no dia seguinte por compartilhamento em grupos do Facebook e WhatsApp.
Esses textos jornalísticos (Valor Econômico, Isto é Dinheiro, Exame), em que predomina vocabulário financeiro, forneciam informações técnicas sobre o acordo: 80% da Escola da Vila haviam sido vendidos ao grupo Bahema e os restantes 20% constavam de um compromisso de venda a ser exercido no período de três anos.
Nos dias que se seguiram foi divulgada uma carta dos funcionários e professores e soubemos que:
- os professores receberam a comunicação da nova composição acionária da escola no mesmo dia 14 de fevereiro, por anúncio da diretora geral, que os informou de maneira genérica, sem revelar o comprador, nem a porcentagem que coube aos novos sócios;
- os funcionários do setor administrativo foram informados, uma semana depois, agrupados por segmentos.
No dia seguinte à notícia, uma mensagem foi enviada por e-mail, pela escola, aos pais e mães, com uma comunicação sobre a “nova composição acionária”.
Apenas na sexta-feira, dia 17 de fevereiro, a escola enviou mensagem às famílias com uma agenda de reuniões entre a direção e os pais e mães, em que apresentariam a carta de intenções dos gestores da Bahema, agora sócios majoritários da Escola da Vila. A agenda era longa, iniciando em 20 de fevereiro e terminando em 16 de março, dividida pelas três unidades (Butantã, Morumbi e Granja Vianna) e grupos de pais e mães, turmas e períodos.
2- Como a notícia foi recebida por vocês?
Primeiro com indignação e susto. Não havia qualquer notícia sobre negociações em curso envolvendo a escola. Estávamos há duas semanas em aulas.
Depois com preocupação. A partir daí inúmeras perguntas passaram a ser formuladas pelos pais em grupos do Facebook, sendo que a maioria trazia o seguinte questionamento: Como a mudança poderia impactar o Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola?
A partir do compartilhamento de informações entre um grupo de pais e mães, passamos a uma fase de revolta. Tornou-se claro o desalinhamento entre as ideias defendidas publicamente por diretores da empresa Bahema e os valores que sustentam o PPP da Escola da Vila.
Pode-se conferir isso no debate promovido pelo diretor financeiro da Bahema, Guilherme Affonso Ferreira Filho, em um dos painéis do Fórum Liberdade e Democracia, em 2016 (https://www.youtube.com/watch?v=nhHuJE6xos8). Nesse painel são defendidas ideias de educação completamente contrárias ao que se desenvolve na Escola da Vila em seu PPP, com propostas e visões contraditórias à nossa escolha de escola para nossos filhos e filhas, como as elencadas a seguir:
- Extinção das disciplinas de humanidades, como Sociologia, Filosofia e Geografia;
- Professor como aliciador de crianças para trabalho no sindicato;
- Ensino como transferência de conteúdos, contrário à essência do construtivismo da Escola da Vila, em que se preza pela produção e construção de conhecimentos;
- Extinção ao pensamento crítico;
- Paulo Freire, um dos educadores de referência da pedagogia libertária e com o qual se alinha a proposta pedagógica da Escola da Vila, adjetivado como “lixo”, alguém que seria reprovado “se fosse aluno” de um dos “debatedores”.
Além das ideias propaladas no Fórum, as informações que foram sendo compartilhadas por vários pais e mães no grupo do Facebook sobre a vida pública e pregressa da família Affonso Ferreira, principalmente sobre o ativista de educação Guilherme Affonso Ferreira Filho, acenderam um alerta generalizado em toda comunidade da escola.
Muito difícil de entender, por exemplo, que um evento anual patrocinado pelo instituto em que ele era presidente, no qual especialistas se reúnem para discutir questões relacionadas com diversos assuntos contemporâneos, sejam organizados painéis como:
- “O que queremos ser quando crescermos? Debate sobre a educação em um modelo de sociedade aberta” para o qual foram convidados como “especialistas” (em educação?) Adriano Gianturco (professor de Ciência Política do IBMEC-MG), Joel Pinheiro (responsável pela comunicação do Partido Novo), Arthur do Val (criador do canal “Mamaefalei”) e como moderador Julio Lamb.
- “A Sociedade Aberta: qual o papel do estado para chegarmos lá” em que estiveram presentes Jair Bolsonaro (deputado federal eleito pelo Partido Progressista), Ana Amélia Lemos (senadora pelo Partido Progressista), Fábio Ostermann (coordenador nacional do MBL) e, como moderador, Hélio Beltrão (fundador do Instituto Mises Brasil).
Nas respostas de representantes da Bahema, ao ser inquirida nos encontros com os pais e mães sobre essa “iniciativa”, a resposta foi padrão: de que não representa o pensamento do Grupo Bahema e que os organizadores buscam que o debate seja “plural”.
No entanto, esses painéis, que compunham o Fórum realizado em 22 de outubro de 2016, época que coincide com o período em que as negociações com a escolajá estavam em curso., são os que particularmente preocupam a comunidade de pais e mães. Alguns de nós, com muita disciplina e abnegação, assistimos inteiramente aos dois painéis e compartilhamos informações e impressões entre o grupo, o que fez aumentar o nível de apreensões, diante da total falta de pluralidade e qualidade que marcaram tais debates. Obseve-se que entre os debatedores sobre Educação não há nenhum educador.
Não foram apenas os painéis que, nesse primeiro momento, provocaram a incredulidade em relação ao grupo comprador. Soube-se que, em um fato relevante de outubro de 2016, a Bahema anunciou ao mercado financeiro o interesse em investimentos em educação básica. Portanto, as negociações com a escola, naquele momento, já estavam em curso. Em 14 de fevereiro de 2017, novamente “o mercado” havia sido o primeiro a saber da venda.
Houve, na visão de muitos, a quebra de um contrato de confiança entre os pais e mães e as diretoras da Escola da Vila. O “mercado financeiro” havia preponderado sobre o relacionamento com os pais e mães que, para muitos de nós, se construiu ao longo de décadas. A informação de que a operação, por regras e normas impostas às empresas que negociam em Bolsa de Valores, deveria obedecer ao sigilo, não nos confortava. Tampouco nos convenceu.
A “operação” envolvia a negociação com três escolas: Escola da Vila (EV), em São Paulo, Escola Parque (EPq), no Rio de Janeiro, e Balão Vermelho (BV), em Belo Horizonte, “com nítidas afinidades filosóficas e pautadas em teorias de educação contemporâneas” que se “reúnem em sólida parceria” (trecho do e-mail enviado aos pais e mães, subscrito pelas diretoras da escola, disponível no blog da EV). Parece irônico que uma “sólida parceria” envolva uma escola (a BV) que ainda nem foi comprada.
Na data do fato relevante (14/02/2017), as operações/negociações com as três escolas estavam em momentos diferentes, de forma que com a Escola Parque foi concluída apenas em 2 de março e com a Balão Vermelho a negociação ainda se encontra em curso, motivo pelo qual nos indagamos: Por que não havíamos podido saber sobre as negociações antes de concluídas, se a comunidade das outras duas escolas soube antes da conclusão das negociações?
Assim, a fase seguinte foi de sentimento de irrelevância, insignificância e aprisionamento, um sentimento de que não podíamos mais controlar nossas escolhas, de pais mães, , quanto ao futuro da escola que havíamos escolhido para nossos filhos e filhas: Por que não avisaram em um período do calendário escolar que permitisse aos pais e mães, caso assim julgassem melhor, procurar por outras escolas?
Nosso sentimento é de que esta foi uma estratégia para conter a evasão. E, como o número de matrículas está relacionado a metas de transição, implicou, mais uma vez, na quebra da relação de confiança estabelecida entre a direção da escola e a comunidade de pais e mães, uma vez que a contenção da evasão implica em ganhos financeiros para os vendedores da escola.
A fase final foi de luto. Parecia, novamente para a grande maioria de pais e mães, que a forma como aconteceu a venda já era um forte indicativo do fim da EV como nós a conhecemos. Veja, a escola continuará viva por algum tempo, em seu legado pedagógico cultural, enquanto o corpo docente e de funcionários for mantido, e enquanto lhes for garantida a autonomia em suas práticas pedagógicas. Mas seu maior patrimônio, consubstanciado em um Projeto Político Pedagógico único e inovador, que não é financeiro e, portanto, não deveria se submeter às regras do mercado, agora havia sido “negociado” na forma da venda da “marca”. E, mais, essa dinâmica foi imposta de maneira autoritária a toda a comunidade escolar. EV nunca funcionou assim de maneira autoritária, nem em sua relação com os alunos, nem com a comunidade escolar, sendo que o diálogo e o compartilhamento de seus projetos com pais e mães sempre foi a principal razão da sua existência.
Mas o que é essa marca? São os professores e corpo técnico administrativo, pais e mães, alunos e alunas, ex-alunos e ex-alunas. A escola é a sua comunidade e a sua história. Esse capital intelectual e humano havia sido “precificado” pelo mercado e vendido. E, nem antes nem depois da operação, as atitudes dos atuais gestores e sócios majoritários demonstravam respeito a esse patrimônio (que não é líquido, nem contábil), o que, se houvesse ocorrido, talvez poderia nos dar alguma segurança (mesmo que sujeita a uma certa assunção de risco) de que o PPP seria mantido e estava assegurado.
Ninguém mais do corpo pedagógico pode nos trazer a segurança que tínhamos antes, porque basicamente a escola tem outro dono e ele dialoga com a comunidade por meio das leis do mercado e não pela construção coletiva com a comunidade escolar.
Esse anúncio e o início dos “encontros com os pais” aconteceram nas vésperas do carnaval, quando houve, prevista no calendário escolar, uma semana de recesso. Aconteceram algumas reuniões e veio o recesso, com natural desmobilização.
Porém um crescente clima de insegurança se instalou e encontrou expressão em todos os meios de comunicação que a comunidade conseguiu criar. Foi um carnaval muito tenso, sem folia. Parece-nos que o processo foi encaminhado de forma descuidada, com os pais e mães, com as crianças e adolescentes, com os professores e com o corpo técnico administrativo.
3- A comunicação subsequente da direção da escola com os pais tem sido satisfatória? Vocês já sabem se o projeto pedagógico atual será mantido?
A comunicação da escola tem sido precária. O primeiro comunicado tinha pouquíssimas informações e, além disso, desprezava nossa capacidade reflexiva: enfatizam que o PPP será mantido e que fizeram uma parceria e associação, evitando sempre usar o vocabulário da venda, o que não corresponde à realidade. A realidade, como foi noticiada, é de que a Bahema adquirira 80% da EV, com o direito de compra dos outros 20% nos próximos três anos. Isso não é parceria, não é mudança da composição acionária. É venda.
Um exemplo disso é o e-mail por parte da escola para a comunidade de mães e pais no dia seguinte à venda, cuja análise cuidadosa revela:
- Discurso ufanista: a escola defende ter feito uma parceria entre três escolas, com projetos pedagógicos similares, e da qual muito se orgulha. Chega a dizer que tem grande satisfação em anunciar a parceria, assim como orgulho e entusiasmo com a notícia.
- Ocultação da venda: a escola defende que a Bahema foi a viabilizadora da parceria entre as três escolas e não a compradora dos 80% da EV.
– Abuso de clichês: a escola recorre a velhos clichês para contextualizar a chamada parceria, a saber, “transformações sociais e tecnológicas, cenário sócio político, enfrentamento de novos desafios”.
Ou seja, em nenhum momento, o sentimento de apreensão dos pais e mães, do corpo docente, do corpo técnico-administrativo e demais funcionários encontrou eco ou empatia nas comunicações enviadas pela escola e por seus novos gestores. Era natural que surgisse uma crise.
Para aumentar o clima de desconfiança, um pai fez inúmeras perguntas para a escola em seu canal oficial de comunicação, o “Blog da Escola da Vila”, que foram apagadas ou “substituídas” por uma mensagem onde se lia: : “A Escola da Vila responderá às perguntas”. Mas isso ainda não ocorreu. E as perguntas se acumulam.
4- Quais são as principais apreensões de vocês?
O eixo central de nossas apreensões é a quebra de confiança, que deixou a comunidade muito abalada e com muita insegurança quanto ao futuro. Esse contexto de insegurança gerou muito sobressalto na comunidade de pais e mães.
Como a confiança foi fortemente abalada, todos os gestos e ações posteriores inevitavelmente estão sendo vividos com muito descrédito pela comunidade. O que nos leva a demandar a abertura completa dos termos do contrato. O que se fala não mais acalma. Precisamos de atos e de compromissos. O clima é de desconfiança, generalizada. A Vila ainda é a Vila? A Vila agora é Bahema?
A maior de nossas apreensões é a reconstituição da relação de confiança na comunidade da Escola da Vila que garanta a defesa e conservação do patrimônio pedagógico cultural da escola, expresso em seu Projeto Político Pedagógico idealizado e construído ao longo de mais de 30 anos.
No entanto, temos evidências de que essa reconstituição não se dará simplesmente pelo estabelecimento de um diálogo com os novos gestores. Por quê? Porque todo o ativismo na área de educação do diretor financeiro do Grupo Bahema, como se pode apurar nos textos, vídeos e podcasts acessíveis na internet, está associado a pessoas e grupos que defendem o extermínio do pensamento crítico, enaltecem o ensino pela transferência do conteúdo, e desqualificam o construtivismo.
Igualmente estamos apreensivos de que as metas de transição estabelecidas no contrato de compra e venda atinjam duramente pontos caros ao PPP da Escola da Vila. Assim, defendemos fortemente o estabelecimento de uma política de transparência na qual o primeiro ato seja a abertura dos termos do contrato de compra e venda para a comunidade.
O corpo docente, falando em seu nome e em nome do corpo técnico-administrativo, emitiu uma carta às diretoras e novos gestores da Escola da Vila em que elencam “os valores estruturantes para esta comunidade e suas necessidades imediatas”. Essa carta foi objeto de um abaixo-assinado que já reúne mais de 1.100 assinaturas. As apreensões dos professores e funcionários são as apreensões dos pais e mães, porque entendemos que eles e elas são a concretização humana e cotidiana do PPP na EV. Assim, a precarização de suas condições de trabalho e qualquer medida ou iniciativa que fira a sua autonomia pedagógica são frontalmente contrárias aos interesses da comunidade da Vila.
Finalmente, assim como solicitado pelos professores em sua carta, estamos apreensivos de que o diálogo entre a EV e os pais e mães seja estabelecido em bases legítimas e tenha espaço, em termos físicos e de tempo cronológico, assegurado pela direção e pelos novos gestores da escola. Assim, está sendo constituído um grupo permanente de discussão de pais e mães e defendemos que qualquer decisão com relação às iniciativas desse grupo sejam discutidas e referendadas em encontros presenciais, a serem marcados com antecedência e amplamente divulgados, a acontecer na Escola. Por quê? Porque é esse espaço que nos une e nos reúne.
5- O que vocês acham do fato que, em sua comunicação com o mercado, o grupo Bahema tenha mencionado que o investimento subsequente na Escola da Vila estará “condicionado a um número de alunos matriculados e a um valor de mensalidade médio de 12 a 24 meses” assim como a “certas metas de transição”? Vocês foram informados sobre que metas e valores seriam esses?
Essas são as chamadas metas de transição estabelecidas no contrato de compra e venda e das quais tivemos conhecimento pela divulgação do Fato Relevante e sua repercussão na mídia de negócios. Nos termos do Fato Relevante:
(ii) Em relação à Escola da Vila, investimento no valor de R$ 34.483.805,48, a ser realizado da seguinte forma: (a) R$ 6.000.000,00 como earn-out condicionado a um número de alunos matriculados e a um valor médio de mensalidade em 12 e 24 meses; (b) R$ 4.086.890,48 trimestralmente a partir da assinatura como um bônus para as vendedoras caso certas metas de transição sejam cumpridas; e (c) R$ 24.396.915,00 em tranches, R$ 10.396.915,00 à vista, R$ 7.000.000,00 em 12 meses acrescidos do CDI do período e R$ 7.000.000,00 após 24 meses acrescidos do CDI do período. O contrato também prevê uma opção de compra exercível pela Companhia dos 20% remanescentes após 3 anos, e uma opção de venda dos mesmos 20% exercível pelas vendedoras.
Não fomos informados das metas de transição. Estão ainda obscuras, pautadas apenas pelas informações do fato relevante e da mídia, o que traz para muitos e muitas a percepção de que podemos estar sendo manipulados, como forma de garantia do cumprimento de alguma meta de transição.
O que podemos falar inicialmente sobre isso é que uma maior quantidade de alunos em sala de aula já afetaria por si só o PPP, uma vez que sua condicionante essencial é a busca do desenvolvimento do pensamento crítico, o que é impossibilitado em um local em que há um grande número de alunos em sala de aula. Dessa forma não conseguiriam debater seus pontos de vista com profundidade, receber orientação mais individualizado do professor, o que é fundamental para a construção do conhecimento.
Além disso, de um dia para o outro, pais e mães se debruçaram sobre esses termos e aqueles que não eram familiarizados com o vocabulário financeiro tiveram que aprender o que é “earn-out”, “opção de compra” ou mesmo “tranches”. Pais e mães que atuam ou têm experiência no mercado financeiro serviram como tradutores a outros pais e mães. Há pais e mães acompanhando a evolução do preço da ação do Grupo Bahema no mercado e buscando compreender seu movimento, que teve um expressivo aumento no dia seguinte ao anúncio da operação, mas desde então acumula quedas.
Preocupa-nos que essas metas impliquem aumento do número de estudantes por turma, aumento no número de classes sem expansão do corpo docente e técnico-administrativo, aumento da mensalidade, corte de atividades extras com número pequeno de estudantes e que atinjam a política de bolsas e o projeto de inclusão que são muito importantes historicamente na escola, todos intrinsecamente relacionadas ao PPP e aos valores defendidos pela EV.
No entanto, apesar de já termos solicitado em reuniões que alguns pais e mães tiveram com a direção e nos encontros com a direção e os novos gestores, até agora não fomos informados sobre essas metas de transição, nem sobre metas e valores específicos. Reforçamos que uma das nossas demandas é que abram os termos do contrato de compra e venda, solicitação ainda não respondida pela escola, e que estabeleceria uma comunicação transparente e em condições de igualdade entre os grupos de interesse da comunidade da EV.
6- Os pais tomaram alguma medida desde a divulgação da notícia? Quais?
As medidas tomadas por pais e mães desde de a divulgação da notícia envolvem:
- A criação de um grupo em rede social para compartilhamento de informações e debates e discussões. Esse grupo conta hoje com 622 membros, sendo que a moderação é feita de forma colaborativa por 47 membros.
- Várias reuniões presenciais de pais e mães vêm sendo feitas. Entendemos todas as reuniões como importantes para avançarmos na discussão.
- Uma primeira reunião geral de pais e mães aconteceu na unidade Butantã no dia 22 de fevereiro, reunindo mais de 40 pessoas, e outra está marcada para dia 11 de março, na unidade Morumbi.
- Um abaixo-assinado foi organizado em ação de apoio à carta de professores e funcionários, com mais de 1.100 assinaturas.
- Uma enquete foi organizada para apreender o grau de satisfação com a venda da EV para a Bahema S.A. e os resultados mostram que 72,5% dos pais e mães que responderam estão insatisfeitos e 22,5% ainda não têm uma opinião.
Os pontos de convergência da primeira reunião presencial foram:
- análise do significado da compra da Escola da Vila pela Bahema, especialmente no que se refere às implicações disto para o projeto pedagógico da escola.
- consideração das reuniões de pais e mães na Escola da Vila como o o espaço legítimo de tomada de decisões coletivas a menos que este local deixe de ser disponível, caso em que providenciaremos outro.
- Respeito às discussões feitas em outros meios que não sejam presenciais;
- Prioridade à defesa do patrimônio pedagógico-cultural da Escola da Vila. Isto se aplica, também, à eventual criação de qualquer conselho de representantes (inclusive possível Comissão Jurídica).
- Transparência absoluta e imediata dos contratos feitos entre a Bahema e a direção da Escola da Vila.
- Convidar para a próxima reunião professores e demais funcionários da Escola da Vila.
Há uma pequena parcela da comunidade de mães e pais que entende ser necessária apenas a fiscalização da atuação da nova diretoria, por meio da criação de uma associação de pais, proposta que entendemos como convergente com os interesses da Bahema, que em sua carta de intenções afirma estar elaborando “uma proposta de participação efetiva dos pais e alunos por meio de um conselho consultivo”. Há até um pequeno conjunto que quer apenas esperar e “pagar para ver”.
No entanto, nesse momento em que um laço de confiança foi quebrado, não entendemos que os interesses da Bahema sejam os interesses da Comunidade da Escola da Vila. Assim, defendemos:
- A organização das bases de um movimento de resistência com a intenção de manter o projeto e o patrimônio pedagógico e cultural da Escola da Vila;
- O apoio incondicional às demandas apresentadas pelos funcionários e professores;
- O estabelecimento de absoluta transparência em um momento em que a venda da Escola da Vila causou insegurança na comunidade, com abertura total do contrato de compra e venda e clareza nas metas de transição estabelecidas, bem como na análise de seu impacto;
- A apresentação pela direção e pelos novos gestores da EV de um documento que detalhe e explicite o Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola da Vila, com o compromisso dos novos sócios de manutenção desse projeto;
- A garantia de espaço, em termos de tempo e de espaço físico, para o estabelecimento de discussões e ações pela comunidade da EV que redunde no estabelecimento de um grupo permanente de discussão de pais e mães, que seja legítimo para tomada de qualquer ação ou decisão.
- Link para a carta de funcionários e professores: http://bit.ly/2lTkTA5
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Educação
Há dois meses, uma escola e seus sonhos foram ao chão
Documentário conta a história da Escola Popular Eduardo Galeano
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16/10/20por
Lucas Bois
Por Lucas Bois e Raquel Baster*
A escola popular Eduardo Galeano foi o primeiro local a ser destruído durante despejo violento que começou no dia 12 de agosto deste ano, pela Polícia Militar, e que se seguiu por três dias, no acampamento quilombo Campo Grande, município de Campo do Meio, em Minas Gerais. Após dois meses do despejo, é lançado o curta documentário “Sonhos no chão, sementes da educação” com depoimentos de educandos, educadores e representantes do setor de educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sobre a situação atual do acampamento.
Foto: Lucas Bois / Jornalistas Livres
“Ser analfabeto é a gente ficar no escuro e uma pessoa no escuro, ela não é ninguém”. Essa frase dita no documentário por Adão Assis Reis, explica a importância do acesso à educação contextualizada para alcançar a luz do conhecimento. Aos 59 anos, ele se mostra pronto para voltar à sala de aula assim que a escola for reconstruída. Muitos outros trabalhadores e trabalhadoras rurais poderiam ter a chance de seu Adão, mas os dados vem demonstrando o contrário. Um levantamento de dados do Censo Escolar de 2019, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), sobre o número de estabelecimentos de ensino na Educação Básica apontou que, entre 1997 e 2018, foram fechadas quase 80 mil escolas no campo brasileiro. A Escola Popular Eduardo Galeano entra para a estatística não só como mais uma, mas como exemplo de uma política de fechamento de escolas do campo que acontece há anos no país.

O MST chegou a lançar uma campanha de denúncia em 2011, intitulada “Fechar escola é crime”. E em 2014 foi aprovada a lei (12.960/2013) que obrigou a realização de consulta às comunidades antes do fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas. Mas parece que não surtiu muito efeito. A própria escola Eduardo Galeano foi fechada pelo governo de Minas Gerais no início de 2019, logo após outra tentativa de desejo no assentamento quilombo Campo Grande em 2018 e reaberta pela resistência do Movimento. “Quando começou o governo de Romeu Zema (Novo) nós recebemos a triste notícia que a Escola seria fechada. E a justificativa era poucos educandos. Eram duas salas aonde chegamos a ter 75 pessoas matriculadas. E, na maioria das vezes, nós mesmos que mantivemos a escola funcionando com nossos recursos porque mesmo sendo uma escola reconhecida, não era garantida pelo Estado”, explica Michelle Capuchinho do setor de Formação do MST.

Frame do documentário “Sonhos no chão, sementes da educação” (2020).
O curta documentário descreve como o despejo e a destruição da Escola impacta diretamente inúmeras famílias, sobretudo crianças e adolescentes. Isso somado a um período onde o isolamento social e medidas de proteção à saúde deveriam ser prerrogativas à gestão estadual no enfrentamento à Covid-19. O MST alega que o despejo foi feito de forma ilegal, já que o processo judicial abrangia 26 hectares inicialmente e depois, sem justificativa e transparência das informações, foi ampliada para 53 hectares no último despacho da Vara Agrária que culminou no despejo de 14 famílias. Cerca de 450 famílias permanecem na área da usina falida Ariadnópolis, da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), que encerrou as atividades em 1996.
O filme completo está disponível no YouTube: https://youtu.be/iT1kP7jTO0E
Ficha técnica
Curta-documentário: “Sonhos no chão, sementes da educação”
Imagens e edição: Lucas Bois
Roteiro: Raquel Baster e Lucas Bois
Duração: 22 minutos
Ano: 2020
Educação
Volta às aulas é proibida pela Justiça em Colégio Militar de Belo Horizonte
Funcionários e inúmeros pais de alunos são contrários à retomada das aulas na instituição do Exército
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19/09/20por
Aloisio Morais
Aloísio Morais
A Justiça Federal deu um chega-pra-lá nos militares do Colégio Militar de Belo Horizonte e proibiu o retorno às aulas presenciais a partir da próxima segunda-feira, 21, a exemplo do que outras instituições do Exército pretendem fazer no país. A instituição tem cerca de 750 alunos, 42% do sexo feminino. Dezenas de pais de alunos são contrários à volta às aulas, mesmo com uma série de protocolos a serem adotados. Durante a ditadura, as instalações da escola abrigaram presos políticos, que foram vítimas de tortura no local.
A retomada das atividades escolares na unidade do Exército provocou discussões tanto na Prefeitura de Belo Horizonte quanto no Ministério Público Federal e, como medida de segurança, o Sindicato dos Trabalhadores Ativos, Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal (Sindsep-MG) entrou na Justiça com um pedido em tutela de urgência para continuidade do regime remoto de aulas, o que foi acatado com a fixação de uma multa de R$ 5 mil por dia, caso ocorra descumprimento da determinação.

Sem prejuízo
Na quarta-feira, 16, a direção do Colégio Militar encaminhou às famílias um comunicado informando sobre o retorno obrigatório às aulas na unidade, exceto para os alunos que comprovassem pertencer a grupos de risco para o novo coronavírus. Porém, para o sindicato, o retorno não é necessário, uma vez que os alunos não estariam sendo prejudicados pelo sistema de aulas on-line. Pela avaliação dos professores, os estudantes estão respondendo bem às aulas.
“Nós estamos conversando com os professores há mais de um mês, logo que eles perceberam que seriam convocados para um planejamento presencial das atividades e que incluía desde então o retorno às aulas na própria escola. Nós entendemos que não é necessário um retorno presencial quando tudo pode ser feito remotamente. Sabemos que a cidade está em processo de reabertura, mas achamos que não há necessidade de colocar mais pessoas nos ônibus e nas ruas se os alunos estão respondendo bem às aulas remotas. As aulas estão tendo qualidade”, ressaltou a diretora do Sindicato, Jussara Griffo, ao jornal O Tempo.
Segundo Jussara, o Colégio Militar tinha determinado que retornariam apenas aqueles funcionários que não compõem grupos de risco para a pandemia do novo coronavírus, mantendo em regime remoto, portanto, aqueles com idades superiores a 60 anos e portadores de comorbidades. “Se algumas pessoas permaneceriam em casa, entendemos que o trabalho pode ser mantido remotamente, então não há necessidade de retornar também os outros. Para quê colocar alunos em risco, famílias e professores? Se os alunos estão respondendo bem às aulas remotas, podemos mantê-las”, declarou.

O comunicado feito pelo colégio indicava que haveria um revezamento entre turmas e a adoção de medidas sanitárias relacionadas à Covid-19 para garantir a segurança de estudantes, funcionários e familiares. O retorno contradiz as políticas municipal e estadual que ainda mantêm as aulas suspensas nas redes pública e particular de Minas Gerais. Autoridades da Prefeitura de Belo Horizonte declararam nessa sexta-feira, 18, que poderia procurar a Justiça para pedir a proibição da retomada do ano na unidade militar. Em uma mesma direção, o Ministério Público Federal determinou que o diretor do colégio, o coronel Marco José dos Santos, explicasse à Justiça com um prazo máximo de 24 horas quais estudos técnicos e protocolos de segurança justificariam o retorno às aulas presenciais.
Barbacena
Desde o dia 26 de maio mais de 200 alunos da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar) em Barbacena, no Campo das Vertentes, em Minas, testaram positivo para Covid-19. No dia 22 de junho, o Ministério Público Federal emitiu recomendação ao diretor de Ensino da Aeronáutica, major-brigadeiro do Ar Marcos Vinícius Rezende Murad, e ao comandante da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, brigadeiro do Ar Paulo Ricardo da Silva Mendes, para suspender imediatamente todas as aulas e demais atividades acadêmicas presenciais.
A Epcar é uma escola de ensino militar sediada em Barbacena que admite alunos de idade entre 14 e 18 anos por meio de concurso público. No local, estudantes de várias cidades de todo o Brasil vivem em regime de internato e, por isso, dormem em alojamentos e têm aulas em horário integral.
Cotas
Única vereadora preta de Natal celebra cota do fundo eleitoral para candidaturas negras
Divaneide Basílio (PT) acredita que a decisão do Tribunal Superior de Eleitoral, que determina distribuição proporcional do fundo eleitoral e partidário para candidaturas negras vai incentivar a participação de mais negros e negras na política
Publicadoo
5 anos atrásem
30/08/20por
Rafael Duarte
O Tribunal Superior Eleitoral determinou que a partir de 2022 os fundos partidário e eleitoral terão que ser usados de forma proporcional para as candidaturas negras. A decisão é estendida também para o uso do tempo no rádio e na TV das campanhas.
O posicionamento do TSE é fruto de uma consulta feita pela deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que solicitou a destinação de 50% da verba para candidaturas negras, uma vez que conforme dados do IBGE o Brasil tem 55% da população nesse recorte.
A medida foi anunciada pelo presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, e tem a intenção de reduzir o desequilíbrio na participação eleitoral e no financiamento de campanhas das candidaturas de negras e negros. Essa deliberação se soma à determinação de 2018, que obriga o repasse de percentual fixo de 30% do fundo eleitoral para candidaturas de mulheres.
A subrepresentação das mulheres nos espaços de poder do Brasil, e em especial das mulheres pretas, é uma realidade. As mulheres são 51% da população brasileira, mas governam apenas 12% das prefeituras. Já as mulheres pretas administram apenas 3% dos municípios mesmo representando um contingente de 27% da sociedade.
E mesmo as cidades governadas por mulheres são proporcionalmente menores do que aquelas que contam com homens na chefia do Executivo. Apenas 7% da população no país moram em municípios administrados por mulheres, brancas ou pretas. Do total de prefeituras governadas por mulheres, 91% são de municípios com até 50 mil habitantes
Os dados estão disponíveis para consulta pública e foram divulgados pelo Instituto Alzira, organização que desenvolve ferramentas para contribuir com o aumento na participação das mulheres na política.
O parlamento de Natal é um exemplo desse desequilíbrio e subrepresentação. Das 28 cadeiras, apenas uma é ocupada por uma mulher preta. Não bastasse ser a única, a cientista social Divaneide Basílio (PT) também é a primeira vereadora negra da história da Câmara Municipal de Natal.
Para ela, a decisão do TSE deve garantir maior representatividade nos parlamentos:
– Acompanhamos com lupa esse debate, esse tema é algo para nós muito significativo porque vai garantir a ampliação da representatividade. Uma parlamentar como a Benedita da Silva (PT-RJ) provocando esse debate só reforça que a representatividade importa e que nós podemos disputar em condições de igualdade. Porque essa é uma pauta de todo o país. Eu sou a única negra em Natal, mas na maioria dos estados também é assim”, destaca.
Divaneide comemora e compara a decisão do TSE válida para 2022 com a obrigatoriedade do repasse de 30% para as candidaturas femininas.
– O processo, apesar de lento, já representa para as mulheres um avanço. Uma mudança de postura, com isso mais mulheres estão percebendo que poderiam se candidatar, tem melhores condições pra isso. Não é fácil conciliar a vida doméstica com o trabalho. E é uma mudança que nós, no PT, já iniciamos com o projeto Elas por Elas, garantindo formação. Lançamos esse projeto dm 2018 e hoje já é uma realidade e tem ajudado a nos fortalecer. No Rio Grande do Norte o Elas por Elas ajudou na capacitação das mulheres, contribuiu com o planejamento da campanha e aumento o nível de debate”, disse.
Além da questão financeira, a parlamentar que tentará a reeleição em 2020 acredita que a decisão do TSE estimula o envolvimento da população negra do debate político. O próprio Instituto Alzira reconheceu o avanço já notado em 2018 embora a subrepresentação seja latente.
Divaneide não acredita que haverá uma disputa por mais espaço entre candidatos negros e candidatas negras. A pauta antirracista, segundo ela, vai unir o candidatos.
– Vai ser bom pra todo povo negro. A pauta antirracista é de todo mundo, negro e negra. Nós mulheres negras estamos fazendo um debate para aprimorar o gênero de classe e raça. Vamos fazer um Elas por Elas com recorte de mulheres negras. Essas interfaces não são para colocar um grupo em superioridade, mas para mostrar que aquele grupo representa mais de uma identidade”,
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