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Entre a esquerda e o uribismo, Colômbia elege novo presidente
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7 anos atrásem

Por Murilo Matias
É melhor uma paz imperfeita a uma guerra perpétua. A ideia que representa em síntese a campanha progressista impulsionada pela Colômbia Humana de Gustavo Petro espalhou-se a ponto de o candidato chegar às vésperas do segundo turno com possibilidade de eleição na disputa contra Ivan Duque, representante do uribismo, movimento de extrema-direita liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe.
O contaste entre os projetos estabeleceu uma polarização inédita na vida política do país, acostumado ao absoluto predomínio das forças conservadoras.
A máxima de que no segundo turno começa uma nova eleição parece fazer sentido no terreno colombiano a partir das movimentações produzidas após o resultado inicial indicando a liderança do senador do Duque (Centro Democrático) ao somar 7,5 milhões de votos contra 5 milhões de Petro, ex-prefeito de Bogotá.
“Voltei ao país há uma semana e me surpreendeu muito o momento que viemos com o alto nível do debate e a intensidade com que as pessoas falam sobre a eleição. Vejo favoritismo por Petro, sobretudo nos bairros populares, inclusive na minha família, um tio que é policial e bastante reacionário falou bem dele. Em nenhuma outra votação tive sensação parecida”, comenta o professor na Universidade Federal de Santa Maria, Byron Escallón, colombiano da capital.
A vantagem que parecia consolidar mais uma vitória neoliberal na região começou a diluir-se desde o primeiro dia das três semanas que marcaram a arrancada das chamadas cidadanias livres, indivíduos, centrais sindicais, coletivos afros, indígenas, que aderiram à Colômbia Humana.
“Pela primeira vez depois de 200 anos estamos mais perto de mudar as relações de poder que predominam no país. Nosso objetivo é que dez ou mais milhões participem da consolidação das bases da paz, da democratização e da justiça social”, expressa a Organização Nacional Indígena da Colômbia (ONIC) em conjunto com o Movimento Alternativo Indígena e Social (MAIS), principais representações relacionadas aos povos originários.
A costura a partir do que definiu-se como acordo sobre o fundamental foi acompanhada pela garantia da não realização de uma Assembleia Constituinte e a manutenção da carta de 1991. A readequação no discurso permitiu a atração de lideranças partidárias e civis com destaque para a chegada de Andrea Mockus, ex-prefeito de Bogotá e senador eleito pelos Verdes e da ex-senadora Ingrid Betancourt, sequestrada pelas Forças Alternativas Revolucionárias Colombiana (FARC) quando concorria à presidência em 2002.
Os mais de seis anos de cativeiro e o papel assumido posteriormente como porta voz das vítimas do conflito exigiam, de acordo com Betancourt, seu empenho para que “nenhum outro colombiano viva o mesmo”, razão que a fez viajar da França à Colômbia para perfilar-se junto a Petro depois de dez anos de afastamento do palco político.
Outro apoio comemorado foi o da senadora e ativista pelos direitos da comunidade LGBT, Claudia Lopez, candidata a vice-presidenta na chapa liderada por Sérgio Fajardo, coalizão que somou 4,5 milhões de votos convertendo-se na fatia do eleitorado mais decisiva para determinar o próximo presidente.
“Meu apoio não é a duas pessoas, mas a milhões que querem mudança aqui e agora, não temos mais o que esperar. Estamos a um voto de jubilar as maquinárias tradicionais, a toda a classe política, ao santismo, uribismo, gavirismo, vargasllerismo. É demasiado oportunidade”, cravou a parlamentar, em alguma medida compensando a declaração de voto em branco de Fajardo.
Os políticos citados por Lopez jogam seu peso na candidatura de Duque, situação bem denotada pelo engajamento dos ex-presidentes Cesar Gaviria e Andres Pastrana e do candidato derrotado Vargas Lleras, ministro de habitação do presidente Juan Manuel Santos, desgastado no final do mandato. Quem também tenta influenciar a favor do uibismo é a maioria da imprensa, como o jornalão El Tiempo, pertencente a Luis Carlos Sarmiento Angulo, o homem mais rico da Colômbia.
“El Tiempo neste editorial dá seu respaldo a Duque, cujo programa de governo é sério e representa uma esperança de moderação e câmbio generacional (…) Aparte de suas posturas que entram em contradição com os preceitos da democracia liberal que defendemos, é impossível esquecer da péssima qualidade da gestão de Petro à frente de Bogotá ao exacerbar os problemas apelando a uma retórica incendiária em apologia à luta de classes. Eleger-lo seria portanto um equívoco histórico”, critica o veículo, ignorando a redução da pobreza e a qualificação educacional experimentadas durante a administração do ex-prefeito.
Das abelhas às touradas
Saiu exatamente das páginas da imprensa uma das notícias mais absurdas envolvendo a acirrada campanha. Durante reunião realizada na Costa Atlântica entre Uribe, Duque e simpatizantes ocorreu um ataque de abelhas e vespas, denunciado pela direita como uma ameaça biológica premeditada pelos adversários. A afirmação da Polícia de que a investida dos insetos havia sido provocada pelo pouso dos próprios jatos e helicópteros dos presentes colocou no ridículo a tese de atentado.
Das abellhas aos touros, os petristas aproveitaram a situação para criticar a relação do uribismo com os direitos dos animais e seu estímulo às touradas, que seguem prática corrente em várias regiões da nação.Petro proibiu os eventos quando foi prefeito de Bogotá, incomodando a casta de herdeiros da colonização espanhola, que utilizaram seus instrumentos de poder para reverter a decisão junto ao atual mandatário Enrique Peñalosa.
As marcas da dominação das elites se reflete para além das arenas de touro, das cidades centrais e do interior. O campo colombiano explora seus campesinos e os espreme em meio a latifúndios improdutivos, o conflito armado e a falta de políticas voltadas aos agricultores em um cenário de concentração de terras e informalidade no patamar de 80%, de acordo com o Departamento Administrativo Nacional de Estatística.
Petro propõe o modelo de compra de terras pelo Estado a caminho da reforma agrária e produtiva, plataforma apontada por Duque como mecanismo de expropriação que se implementará em caso de vitória da esquerda.
Para além do desprezo ao campesinato, a maior ameaça às terras e ao meio ambiente vem da aposta exacerbada no extrativismo. A exploração do petróleo e da mineração, correspondente a 7% do Produto Interno Bruto, somada à ameaça de privatização de reservas – a de Santurban uma delas -, preocupa estudiosos do tema, em especial a prêmio Nobel de Meio Ambiente, Francia Márquez, defensora da manutenção dos recursos naturais na perspectiva de patrimônio dos povos, conjuntura que a faz a perfilar-se na Colômbia Humana.
A proximidade com a paz e a distância da Venezuela
País recordista no número de deslocados internos devido aos setenta anos de conflito amenizados significativamente com o tratado de paz firmado entre FARC e Estado, a Colômbia convive com um novo fenômeno migratório, a entrada de venezuelanos no território.
O rechaço dos candidatos com relação ao processo conduzido por Nicolas Maduro na Venezuela aparece na tentativa de vincular Petro a Hugo Chavez de um lado e na comparação entre Maduro e o potencial ditatorial do uribismo, controlador da Justiça, forças armadas e congresso, na visão de outros.
Se todos querem distância da Venezuela, ninguém quer se afastar da paz, embora os caminhos para alcançá-la divirjam, uma vez que Petro defende os termos pactuados enquanto o campo de Duque sinaliza o contrário. “Nossa postura é clara por revisar pontos do acordo: não pode haver impunidade para delitos de lesa humanidade, não concordamos que um Tribunal especial equipare as forças militares e os narcoterroristas.
As FARC poderem fazer política e serem financiadas de forma estatal é um mal exemplo, eles não devolveram seu bens para ajudar no processo de reparação e, ao contrário, continuam no negócio do narcotráfico e com suas dissidências seguem extorquindo comunidades e assassinado policias e militares”, acusa a senadora Paola Olguin, reeleita pelo Centro Democrático.
A postura beligerante remonta à época da mão pesada de Uribe contra movimentos sociais e a guerrilha, encarada pelo então governo não como um movimento político armado, mas um grupo narcoterrorista.
Entre os resultados da repressão revelou-se o traumático caso dos falsos positivos, civis colombianos assassinados e falsamente denunciados como guerrilheiros por representantes do exército e da polícia, tempos em que os gastos com defesa superavam largamente os investimentos em educação ou saúde. “Disse a candidata Marta Lucía Ramírez que os jovens são para a guerra; nós propomos aos jovens e a suas famílias ir à universidade pública gratuita”, comparou a concorrente a vice-presidenta da Colômbia Humana, Angela María Robledo, referindo-se à vice de Duque.
Em paralelo à pacificação surge a discussão pelo controle às drogas, sobretudo da produção recorde mundial de cocaína, na qual os progressistas alertam para o fracasso da luta anti-drogas e sugerem centro regulados de consumo e abertura do debate para a descriminalização. Na contramão, Duque, que desistiu de participar do último debate presidencial, se aferra à violência no combate ao crime, apesar de suspeitas de corrupção ligarem Álvaro Uribe a paramilitares e traficantes em uma rede cooperação.
“Nas eleições anteriores existia o conflito armado e a estratégia da direita de vincular os político de esquerda à guerrilha. Esse exercício de deslegitimação nunca permitiu aos esquerdistas deixarem de ser marginais, mas hoje esse argumento já não funciona tanto, o que existe é uma estafa com os desvios”,observa a pesquisadora Sandra Borba.
Poucas horas antes da decisão a expectativa é de bom comparecimento às urnas, mesmo com o voto opcional. A esperança advinda do progressismo pode esbarrar na força da direita e até mesmo na possibilidade de fraudes, já denunciadas no primeiro turno, mas a chance de uma nova era pode se transformar na próxima história a ser escrita pelos imprevisíveis colombianos.
“Somos a geração da paz, mas acabar uma guerra não equivale a encontrar a paz, isso implica uma reforma em temas de terra, educação, saúde, aparato judicial e regime político. O estilo de governo que proponho é o pluralismo e um acordo sobre o fundamental. Não se governa a Colômbia individualmente, tampouco somente com governantes, mas sim junto às forças sociais do país”, discursou Gustavo Petro em uma das tantas praças que lotou durante seu percurso pelo país.
Link original: https://www.cartacapital.com.br/internacional/entre-a-esquerda-e-o-uberismo-colombia-elege-novo-presidente
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O advogado e especialista em Direitos Humanos Daniel Kovalik, professor na Escola de Direito da Universidade de Pittsburgh, realizou um webinar no último dia 14 de julho onde comentou as mais recentes denúncias sobre violações e assassinatos de mulheres ocorridas em bases norteamericanas pelo mundo.
Dan Kovalik é autor de vários livros críticos à política externa dos EUA sendo o último deles “No more war”. Quase todos os títulos podem ser encontrados no formato e-book ou encomendados pela Amazon.
Transcrição, tradução e legendas: Juliana Medeiros
Revisão: Maria José Campos
Deixe-me começar com alguns eventos mais recentes.
Eu hoje li algo sobre uma servidora da marinha, Thae Ohu – eu acredito que ela seja uma vietnamita-americana e militar – que foi sexualmente abusada por seus colegas de marinha. Quando ela reclamou com seus oficiais superiores foi colocada na prisão militar, onde continua presa.
O desenrolar de outra história tem obtido também muita atenção, a de Vanessa Gillen, uma soldado que aparentemente foi morta e desmembrada por um colega soldado [em uma base] nos EUA.
Então, por que estou trazendo esses casos? Em grande parte por conta do que vemos com frequência aqui, na grande mídia dos EUA (NPR, NYT..). Eles dizem: “Hey, os EUA não podem deixar lugares como o Afeganistão, porque precisamos estar lá para proteger as mulheres afegãs”. Certo? Bom, vamos encarar o fato de que o governo dos EUA sequer pode proteger seus próprios soldados, as mulheres soldados mas alguns homens também, dos seus próprios companheiros.
Um em cada 30, pelo menos 1 em 30 – e esses números são os “oficiais”, portanto provavelmente são mais altos – 1 em cada 30 mulheres em relatórios militares já foram sexualmente violentadas por seus colegas soldados. Esse é um problema gigantesco! E de novo, se os militares só podem lidar com esse tipo de problema colocando pessoas na prisão por reclamarem de terem sido sexualmente violentadas, como eles poderiam proteger mulheres em outros países? E esse é um fato que nós já sabemos: eles não podem.
Então, por exemplo, no Afeganistão nós temos gente como [o jornalista] Scott Simon na [rádio] NPR dizendo: “nós não podemos deixar o Afeganistão e deixar as mulheres nas mãos do Talibã, elas serão abusadas”.
Vejam, o Talibã não é bom e eles são cruéis com as mulheres, sim. Mas agora mesmo, com soldados norte-americanos em solo lá [no Afeganistão] e eles já estão [na região] nos últimos 19 anos, indo para o 20º, o Afeganistão segue sendo o pior país no mundo, segundo a ONU, para os direitos das mulheres. O pior!
Então, voltamos à pergunta: o que os EUA estão fazendo para proteger as mulheres no Afeganistão? O que eles fizeram nos últimos 50 anos?
Os EUA em 1979 apoiaram [fundamentalistas islâmicos] Mujahedin, incluindo um de seus principais líderes, Osama Bin Laden, a iniciar atividades terroristas no Afeganistão contra o governo socialista que havia lá (e que protegia os direitos das mulheres) para derrubar a presença da URSS no Afeganistão. Nós sabemos disso, a partir do Relatório de Segurança Nacional do ex-Conselheiro Zbigniew Brzezinski do [ex-presidente] Jimmy Carter. Ele admitiu isso: que os EUA apoiaram o Mujahedin não para lutar contra as tropas soviéticas no Afeganistão, mas para tirá-los de lá. E foi exatamente o que aconteceu.
Os EUA vêm dando apoio a esse jihadismo de direita e anti-feminista no Afeganistão desde 1979. E agora nós ouvimos que os EUA não podem sair do Afeganistão para não deixar as mulheres à sua própria sorte? Isso não faz nenhum sentido!
Eu gostaria de ler algumas passagens do meu livro para dar-lhes uma ideia sobre esses temas.
O capítulo 9 cujo título é: “As forças armadas dos EUA não são uma organização feminista”. De cara, você poderia dizer “eu nunca pensei que pudesse ser uma organização feminista”. E de novo, de várias maneiras, somos levados a acreditar nisso. Então, aqui está uma parte desse capítulo:
“É sabido que durante a guerra dos EUA no Vietnã, por exemplo, o estupro era, de acordo com o testemunho dos próprios soldados dos EUA: um “procedimento de operação padrão” e os homens que serviram e mataram no Vietnã eram considerados por seus companheiros como “veteranos em dobro” se eles estuprassem mulheres e meninas vietnamitas, e também todos que fossem considerados inimigos ou ainda “alvos justos de estupro”.
E de novo: “companheiros, co-membros da mesma unidade militar também foram violentados em cenários de combate.
Um estudo preliminar de mulheres veteranas no Vietnã estima que tenha sido mais de 29% das mulheres militares norte-americanas que serviram no Vietnã, as vítimas de tentativas ou violações sexuais completas pelos próprios colegas militares dos EUA.
Agora, você poderia dizer: “e o que dizer da Segunda Guerra Mundial? Nós éramos os caras bonzinhos!”. Bom, o Vietnã não foi a única vítima desse procedimento, nem mesmo considerando na que chamamos “Guerra do Bem” [II Guerra Mundial], segue mais um trecho do livro:
“As forças aliadas, incluindo as forças dos EUA, se envolveram em estupros inclusive de “cidadãos de países aliados”. Por exemplo, como um artigo do Duke Law Journal explica, “o estupro de mulheres francesas por soldados norte-americanos na Segunda Guerra Mundial foi suficientemente perverso para provocar uma diretiva do quartel-general do General Eisenhower em dezembro de 1944 para o Comando das Forças Armadas dos EUA anunciando que o General estava gravemente preocupado e instruindo que rápidas e apropriadas punições fossem administradas”. Isso porque aparentemente, os estupros cresceram 260% depois do “Dia D”! E nesse caso agora, porque as tropas americanas estavam usando largamente suas armas (apontando mesmo) para cometer estupro contra mulheres aliadas, mulheres francesas [na ocupação] na França.
Jean Bricmon em seu livro “Imperialismo Humanitário” diz que quando você vai para uma guerra o resultado é a tortura. Inevitavelmente. Apesar de todas as regras que temos sobre guerras, de proibir torturas, de proibir civis como alvos, de cuidar para que civis sejam protegidos, os que invadem outros países sempre torturam essas pessoas nesses países.
E eu adicionaria a isso, e não estou sozinho, que muitos estudos apoiam a afirmação de que também as guerras agressivas [não defensivas] significam sempre estupros. Quando nossos soldados vão para a guerra no Iraque, no Afeganistão, eles estupram. Então, essa noção de que os EUA estão nesses países para proteger as mulheres é inacreditável.
Tem esse outro grande livro.. estou tentando lembrar o nome do autor agora, eu o citei no meu livro, ele fala sobre a complexidade das bases norte-americanas ao redor do mundo.. David Vine, creio que é esse o nome.
Nós temos mais de 800 bases militares pelo mundo e em todas as bases militares dos EUA, nas mais de 800 delas, sempre houve funcionários civis em serviço nessas bases. Nossos soldados, adicionalmente a estuprarem suas próprias companheiras [militares] tem abusado de mulheres [civis] em todas essas bases. Isso é excepcionalmente bem aceito, ninguém se assusta com isso.
Sabe, nós falamos sobre como o Japão abusou de mulheres da Coreia durante a Segunda Guerra Mundial e a Coreia continua reclamando sobre isso e o Japão jamais se desculpou. E [achamos que] isso é legítimo. Mas e sobre as mulheres que os soldados americanos abusaram todos esses anos e continuam fazendo?
Esse é o grande ponto que eu tentei trazer no meu livro. Essa ideia de que os EUA e o Ocidente estão saindo pelo mundo para proteger os direitos humanos e protegendo pessoas de genocídios é uma fantasia. Mas é uma fantasia com um propósito. Nós nos convencemos de que isso é verdade para justificar o contínuo gasto de mais de um trilhão de dólares por ano atualmente e as contínuas guerras agressivas ao redor do mundo.
Um grande exemplo disso é a invasão da Líbia em 2011. E por que esse tão enigmático exemplo? Primeiro, pelo lado americano, ela foi liderada por Barack Obama e por três conselheiras que realmente empurraram os EUA a participar desse ataque da OTAN na Libia. E essas foram Samantha Power, Susan Rice e Hillary Clinton. Elas pressionaram para que ele entrasse nessa “incursão humanitária”. Mas nós sabemos agora, como muitos de nós já sabíamos então, que essa intervenção humanitária era uma mentira.
Houve três principais mentiras para justificar o ataque da OTAN na Líbia:
Número UM e a mais ultrajante de todas – que a Hillary Clinton gostava muito de promover – de que Muammar Gadafi estava distribuindo Viagra às suas tropas para praticar estupros em massa na Líbia; a Anistia Internacional mais tarde derrubou essa acusação, ninguém conseguiu encontrar qualquer evidência disso.
DOIS, a denúncia – de novo, levada por Samantha Power, Hillary Clinton e Susan Rice – de que Gadaffi estava a ponto de cometer um genocídio em Benghazi; mas se olhamos os e-mails internos particularmente da equipe de Hillary Clinton [e, lembrando, eles também estão no meu livro] nós vemos a equipe de Hillary comentando entre eles que, quando a missão OTAN/Obama na Líbia começou, não havia qualquer preocupação com a questão dos direitos humanos em Benghazi. Que tudo já havia acabado e a oposição havia tomado conta de Benghazi e não havia qualquer risco [aos direitos humanos] naquele momento.
A TERCEIRA e pior leviandade, foi a de que “mercenários negros” estavam sendo usados por Muammar Gaddafi para impor essa guerra contra seu próprio povo. Alguns grupos de direitos humanos e própria Anistia Internacional, inicialmente, apoiaram essa acusação. Embora a Anistia Internacional tenha, tarde demais, derrubado essa acusação. O que eles acabaram dizendo foi: “Não. Desculpem, não eram mercenários, eram trabalhadores estrangeiros, da África Subsaariana”. E, a propósito, a mídia na época até dizia que se podia identificar os mercenários negros, porque eles usavam capacetes amarelos. Claro, porque eles eram trabalhadores da construção!
Então, essa mentira, não apenas pavimentou o caminho para essa intervenção na Líbia, a outra coisa que essa mentira fez foi criar um genocídio na Líbia. Porque os jihadistas, apoiados pela OTAN para derrubarem Gaddafi, começaram a atacar qualquer um com a pele negra, baseados nessas mentiras.
Eles exterminaram cidades e localidades inteiras com população negra africana, mataram negros africanos, aprisionaram em massa, e até hoje ninguém fala disso! E os negros subsaarianos continuam sendo colocados nas ruas da Líbia e vendidos, como escravos!
Esse é o resultado da “intervenção humanitária” na Líbia, a que quase ninguém nos EUA jamais se opôs. Até mesmo [o programa de jornalismo independente] “Democracy Now” foi um veículo de apoio para essa invasão. E até hoje, não só Democracy Now, NPR [National Public Radio] mas muitos outros se recusam a rever os fatos sobre essa invasão, em ser honestos com suas visões em apoiar isso. E para ser franco, muito poucos se opuseram ao envolvimento dos EUA na Líbia.
E você sabem, esse tipo de coisa foi o que me motivou a escrever esse livro. A guerra, a guerra imperialista é uma imensa parte do problema dos EUA.
Eu vou lhes dar outro exemplo disso, recentemente Trump anunciou que queria remover 900 tropas da Alemanha. E queria começar a remover também as tropas do Afeganistão e trazê-las para casa. E nós vemos agora os Democratas, particularmente os que deram ouvidos a Liynn Chenney [Republicana], a mulher de Dick Chenney, que tentou aprovar a legislação para prevenir Trump de remover essas tropas. E se nós olhamos para os Democratas e os Liberais, eles na verdade estão atacando à direita de Trump em relação a esse tipo de problema. E acho que precisamos ser honestos sobre isso, com as cores que isso tem.
Porque votar em Joe Binden em novembro? É, eu provavelmente vou, eu acho que ele também está entre as pessoas mais cruéis, mas eu também sei que as pessoas podem lutar contra Binden cada centímetro para evitar que ele continue essas guerras intermináveis no mundo.
Outro exemplo, é esse outro novo inimigo amargo de Trump, John Bolton, que foi seu Conselheiro de Segurança Nacional, ele foi tanto um propagador de guerras, que Trump chegou a dizer: “eu tenho o melhor cara, ele pode ir comigo a qualquer lugar”. E Trump estava muito certo sobre isso.
Então, Bolton escreveu esse livro com coisas sobre Trump que estão “bem descritas”, sabe como é, mas Bolton se tornou um herói para muitos liberais [esquerda] nos EUA porque ele estava “atacando Trump”. Só que ele estava [no livro] atacando Trump à direita, por exemplo, dizendo: “se Trump for reeleito ele vai encontrar-se com o Presidente Nicolás Maduro da Venezuela”. O que a propósito eu acho que seria uma coisa boa, eu gostaria que um presidente dos EUA fizesse isso. Mas porque foi Trump quem teria ganhado para fazer isso, os liberais estão dizendo: “ah, isso é ruim, ele é mau, é um ditador etc”.
Então, nós temos que ter nossos princípios nessas questões, o primeiro é o princípio antiimperialista. Não importa quem esteja no comando, eu espero que possa ser Joe Binden, mas se é Joe Binden, nós tampouco vamos poder dormir. Temos que continuar pressionando nossos governos para encerrar essas guerras intermináveis.
Ok, então esses são meus marcos principais. A propósito eu estou ao vivo no meu Facebook com meu celular e estou ao mesmo tempo no Zoom com meu computador, então é meio difícil ler todos os comentários e peço desculpas por isso. E eu nem sei que horas são. Vocês, amigos, tem comentários, perguntas, considerações, eu estou a postos para responde-los.
Ok, obrigado Paul. Para o pessoal que está ao vivo no Facebook, eu quero dizer que vou responder agora uma pergunta do Reverendo Paul Dordal, ex-congressista, e ativista pela paz de Pittsburgh, que está no Zoom, vá em frente Paul.
Claro Paul, bom ele me pediu mais exemplos sobre essas falsas alegações de “intervenções humanitárias” dos EUA. A propósito, Paul serviu como Capelão Militar durante a invasão do Iraque, tá certo Paul? Certo.
Bom, há muitos exemplos, eu poderia voltar à outra história do meu livro no que eu acredito que foi nossa primeira “intervenção humanitária” e essa foi a “intervenção humanitária” do Rei Leopoldo II, da Bélgica, no Congo. Que teve início no final do século 19.
Vocês provavelmente já aprenderam um bocado sobre isso porque durante os recentes protestos do BLM [Black Lives Matter] uma estátua do Rei Leopoldo II foi derrubada na Bélgica e a razão para isso é que o Rei Leopoldo decidiu pessoalmente invadir o Congo, por seus próprios interesses, especialmente para obter benefícios com o roubo de marfim. Mas o Rei Leopoldo, assim como muitos líderes, era muito esperto e sabia que a maioria dos países não iria apoiar que ele controlasse um país africano só para retirar seus recursos naturais. Então, ele apareceu com esse plano – e ele já tinha enviado emissários para o Congo e para o mundo, incluindo os EUA – para alegar que ele estava indo ao Congo para proteger as mulheres congolesas. E em particular, dos mercadores de escravos árabes que ainda existiam nessa região. Mas ele não estava interessado em proteger ninguém, era só uma justificativa e ele foi muito eficaz nisso. Ele conseguiu convencer muitas pessoas e governos – e os EUA foram os primeiros a reconhecer seus interesses no Congo – de que essa seria uma “intervenção humanitária” e inclusive conseguiu que pessoas lhe dessem dinheiro para sua aventura “humanitária” no Congo.
Bem, o que aconteceu é que Leopoldo, ele mesmo, escravizou milhares de congoleses para apoiar sua extração de madeira, para construir rodovias, para facilitar sua retirada de recursos do país através dos rios [do Congo] para fora do país e para retirar o marfim. Ele escravizou milhares de congoleses e os torturou, se os congoleses não eram submissos a ele, ou ao trabalho que precisava ser feito, suas mãos eram cortadas, isso é bastante conhecido, às vezes seus genitais eram cortados, e no final como resultado do seu brutal tratamento, houve ainda mais de 10 milhões de pessoas no Congo que foram mortas durante essa incursão.
E claro que essa incursão se encerrou por conta de pessoas honestas no Ocidente. Alguns deles não existem mais hoje em dia, mas naquela época tínhamos pessoas como [os escritores] Mark Twain, por exemplo, ou Arthur Conan Doyle – que descreveu isso inclusive em suas histórias de Sherlock Holmes – sobre o que o Rei Leopoldo estava fazendo. E essas pessoas, com pressão e organização, conseguiram que a comunidade internacional terminasse com essa incursão do Rei Leopoldo no Congo.
E eu discuto isso no meu livro, o que o Rei Leopoldo fez no Congo foi “em nome dos Direitos Humanos” e o que o Ocidente continua fazendo em todo o mundo também é “em nome dos Direitos Humanos”. Só que agora de uma maneira mais sofisticada, claro, e pior. Mas no final é o mesmo jogo incluindo, a propósito, no Congo.
Muitas pessoas não se dão conta de que sob Bill Clinton, começando em 1996, a administração Clinton apoiou os governos de Ruanda e Uganda a invadirem o Congo. De novo, sob o pretexto de “parar o que seria um genocídio” que estaria ocorrendo lá e era por isso que Ruanda queria entrar no Congo. Mas o resultado foi que essas forças de Ruanda e Uganda apoiadas por Bill Clinton mataram 6 milhões de pessoas no Congo, a maioria delas congoleses. E nós nos damos conta disso, eu procuro detalhar isso no meu livro, a partir da leitura da mídia hegemônica. A maioria das maiores empresas de mineração dos EUA, no final, a maioria delas conseguiu imensos lucros e benefícios nessa incursão no Congo. E através dessas invasões, as primeiras a ganharem com isso foram justamente as de Hope, no Arkansas, que são empresas muito próximas a Bill Clinton, como sabemos.
E depois de Clinton, algumas pessoas gostam de se referir ao primeiro presidente negro [Obama], com Hillary trabalhando com ele, mas ele prosseguiu com esse massacre de 6 milhões de congoleses, em nome dos Direitos Humanos, e isso era uma completa mentira. E nós podemos ir além, mas enfim, essa é a mais comum das armadilhas, a ideia de que os EUA estariam apoiando a prevenção de genocídios sob o princípio dos Direitos Humanos, quando na verdade é o Ocidente e os EUA que tem cometido genocídios pelo mundo.
Bom, tem alguém que gostaria de fazer alguma pergunta ou podemos encerrar aqui? Eu acho que às vezes, menos é mais. E nessas circunstâncias, vejo meu amigo John sorrindo, eu acho que provavelmente é verdade. Então porque não terminamos aqui? Acho que é um bom ponto para encerrar. Eu quero agradecer a todos por acompanharem e de novo esse é meu livro e você pode conseguir em qualquer lugar, na Amazon ou encomendar na sua livraria. Eu realmente estou grato por vocês estarem aí, eu acho que é um período duro para estar atrás de livros como esse, mas acho que tem uma boa mensagem aí e algo que podemos aprender. Obrigado a todos que estão conectados, isso realmente significa o mundo para mim. Nós estamos vivendo tempos muito difíceis e estamos todos atravessando um enorme desafio com essa pandemia e ver vocês disponíveis aí para me ouvir, significa tudo para mim. Vocês foram muito pacientes e muito gentis. Eu desejo a todos, boa tarde, boa noite e boa sorte. Obrigado!

Paris, apesar de ser considerada como região de risco, está começando a abrir as portas novamente, e domingo foi o primeiro dia de verão no qual os parques abriram. No dia 16 de junho os museus irão abrir, e os restaurantes já estão abertos, mas só atendem na calçada, onde colocaram ainda mais mesas. Oficialmente a data de abertura seria no dia 22, porém alguns museus já abriram, enquanto outros abrirão semana que vem. Os maiores museus, como o Louvre, realmente só sairão do desconfinamento depois do dia 22.
Depois de um mês sem colocar meus pés para fora, resolvi convidar uma amiga para um passeio no parque. Ela conversou com outras amigas, que já conheciam Paris melhor, e decidiram por um piquenique em um outro parque. Escolhi ir do mesmo jeito, para conhecer melhor os arredores do bairro, que até agora não tinha tido muita oportunidade de ver.
O parque des Buttes-Chaumont foi construído no século XIX, é um dos maiores espaços verdes de Paris (25 hectares), e possui uma vista incrível para o bairro de Montmartre. Estava ansiosa e com medo de sair, mas o sol estava tão lindo que quase consegui ignorar o fato de que pessoas ainda estão morrendo todos os dias de COVID 19 pelos hospitais.
O número de mortes está bem baixo em relação ao Brasil, e está estável desde o final de abril, com 80 mortos por dia na França, e no dia 1/06 tínhamos 338 novos casos. O que realmente não entendo é porque poucas pessoas estavam usando máscaras, e a quantidade de gente na rua é incrível, e mais ainda perto do rio Sena, onde famílias inteiras andam de bicicleta, jovens sentam nas beiradas do rio para ler, fumar, e músicos tocam seus instrumentos. É quase como se tudo estivesse normal e esse fosse só mais um dia de verão, e não um dos primeiros dias do desconfinamento.
No caminho encontrei com jovens negros e suas elegantes roupas africanas, com um senhor negro também com uma elegante roupa africana em tom pastel, e uma máscara colorida belíssima. Parei para conversar com ele, perguntar onde havia comprado essa máscara, e aparentemente uma loja na rua transversal estava vendendo, uma loja de roupas africanas.

A diversidade das ruas de Paris, é muito comum encontrar grafite pelas ruas, prédios com pinturas.
Na ponte passei por uma família falando árabe, e no lado da ponte que dava para os trilhos do metrô, jovens praticamente sem roupa tomando sol (ainda não me acostumei com o topless cotidiano do verão) e ouvindo hip hop. Me lembrou do Brasil, ainda mais que percebi como estavam entrando nos trilhos: pulando as grades. Um jovem subindo e pulando uma ponte no rio Sena para tomar sol nos trilhos. Devo admitir que não entendi, aqui não falta lazer e muito menos locais para tomar sol.
Não é a mesma coisa no Brasil, que a juventude não pode escolher qual parque quer ir, ou ficar perto do Tietê ouvindo música, tomando sol e cerveja, fumando. Quem aguenta o cheiro dos grandes rios no Brasil? Em frente à eles havia um parque, o parque de la Villete, a 1 quilómetro dali o parque para onde estava indo, Parc des Buttes-Chaumont e a 3 quilómetros um outro, Barc de Belleville. Opções não faltam.
Até puffs de plástico vi umas meninas levando para a beira do rio, como se fosse realmente praia (mas sem ninguém entrar no rio). Achei estranho que dois jovens negros estivessem fora do sol, sentados em uns beirais de lojas fechadas, ao invés de estarem próximos ao rio compartilhando da alegria geral.
Ao subir a rua para o parque, encontrei um campinho de futebol público, e pouco depois um muro grafitado belíssimo, onde se viam estampadas pessoas de todos os tipos, e também animais de vários locais. Depois de errar um pouco o caminho, cheguei. Na entrada do parque havia um McDonald’s, onde para a minha surpresa as pessoas entravam, pegavam o lanche e saíam para o parque.
Fiquei um pouco decepcionada, já que tinha o ‘pré-conceito’ de que um piquenique francês seria baguette, queijo e vinho. Bom, imaginei que seria assim para os franceses, apesar de que para esse piquenique com as minhas colegas não era o que esperava, porque esses ingredientes tipicamente franceses são caros, assim, eu estava trazendo pão de forma, ketchup e maionese.
Não esperava que o parque estivesse tão cheio e tantas pessoas sem máscaras, comendo pertinho umas das outras no chão, tocando, deixando seus cachorros passearem sem problemas entre a multidão, as crianças correrem, até bebês.
Pessoas pulando corda, fazendo abdominais, correndo, jogando badminton, deixando suas bicicletas de lado, simplesmente aproveitando o sol, o lago, para fazer topless e fingirem que estavam pegando uma cor (quando na verdade estavam apenas vermelhas).
Tudo me surpreendeu muito, especialmente porque era raro ver alguém usando máscara, e me senti até estranha em estar usando uma. Era como se todos ali estivessem ignorando o que está acontecendo no restante do mundo, já que a crise melhorou na França. Fiquei um pouco indignada, as pessoas que realmente estão nos grupos de risco não poderiam estar ali não por causa do vírus, mas da falta de cuidados dos outros. Do meu ponto de vista isso representou também uma agressão à países que ainda estão sofrendo com o vírus. Pode ser ridículo, mas esperava dos franceses algum respeito pelos mortos, algo que demonstrasse que não são indiferentes aos outros.
Quando fui ao supermercado, no período da manhã, ninguém estava respeitando a distância social, e nem usando máscaras. Foi bem desconfortável, todos agindo como se nada tivesse acontecido, a quarentena fosse apenas um breve incômodo que passou, mesmo com o auto-falante do supermercado dizendo: mantenham distância, usem máscara, etc.
Voltando ao parque, finalmente consegui encontrar as minhas colegas brasileiras, que obviamente haviam feito topless e estavam aproveitando para pegar o sol. A conversa foi interessante, o tempo estava ótimo. Na volta reparei em umas barracas embaixo da ponte, e em uma no próprio trilho, Concluí que essa parte do trilho não deveria estar mais sendo usada, para as pessoas até morarem ali.
Um dia antes havia ocorrido um protesto dos ‘sem papel’, porque em francês ninguém diz ilegal (de fato, um ser humano não pode ser ilegal), que contou com cerca de 5000 pessoas. Normalmente as pessoas que vivem nas barracas, embaixo das pontes, são imigrantes e refugiados, na maioria das vezes ‘sem papel’, sem documentos, fugindo da polícia para não irem parar em um centro de detenção (sim, igual aos Estados Unidos), e serem deportados. Paris está voltando ao normal, e reflito: será que o coronavírus trará alguma mudança social, especialmente para os refugiados e ‘sem-papel’?
Direitos Sociais
Protestos se intensificam contra o assassinato de George Floyd
Publicadoo
5 anos atrásem
01/06/20por
Fernando Sato
Em Miami, Florida, os protestos contra o assassinato de George Floyd por policiais em Minneapolis, estado de Minnesota, continuaram neste fim de semana. Milhares de pessoas sairam às ruas no centro da cidade. Em Coral Gables, periferia de Miami, policiais também participaram dos protestos, se ajoelhando e rezando junto a manifestantes. Brancos e negros carregavam cartazes e gritavam palavras de ordem se levantando contra o racismo e o genocídio negro.

Policiais se unem a protestos

Policiais se unem a protestos
No sábado e domingo, grandes protestos aconteceram nas ruas de Nova York, Filadélfia, Dallas, Las Vegas, Seattle, Des Moines, Memphis, Los Angeles, Atlanta, Portland, Chicago e Washington D.C, além de Miami.
Camila Quaresma, ambientalista brasileira radicada em Miami há mais de 20 anos, faz um relato sobre a manifestação:
“Se não existe movimentação, nada muda. Assim foi a organização de todos os protestos nos Estados Unidos. Ontem, em Miami, a mensagem era única entre participantes de diferentes cores, crenças, raças e idades: “Enough is enough!”, algo como “Chega!”, “Basta!”, “Passaram dos limites!”.
O que aconteceu com George Floyd foi assassinato. Ponto. E não foi o primeiro… São muitos exemplos: Breonna Taylor, Ahmaud Arbery, Tamir Rice, Trayvon Martin, Oscar Grant, Eric Garner, Philandro Castile, Samuel Dubose, Sandra Bland, Walter Scott, Terence Crutcher… Até quando os negros não se sentirão seguros por serem negros? Até quando a cor da pele, ou as diferenças entre culturas justificam racismo? “Enough is enough.”
Acho que o mais importante de tudo é continuar a ecoar essa mensagem tão importante, e com isso, pressionar por mudanças mais drásticas não só no treinamento policial, mas também nas consequências a policiais que não cumprem com seu próprio dever.
Importantíssimo que isso não seja esquecido com as distrações do vandalismo que aconteceu depois. Está errado, mas também não podemos esquecer que tal vandalismo vem de várias fontes: pessoas que querem que a mensagem não seja esquecida, ou pessoas que querem ser ouvidas mas a raiva da injustiça é tao grande que não conseguem gritar, pois o grito está preso na garganta. Errado, mas o buraco é mais embaixo.
Enquanto isso, eu foco na lembrança do arrepio que senti na espinha ao estar cercada de tanta gente diferente com uma energia tão unificada em conquistar o bem. Das centenas de pessoas que estavam comigo na tarde de ontem, brancos, negros, latinos, e tantas outras raças e culturas que dão o significado tão maravilhoso de se viver em Miami: vamos voltar às ruas, gritar mais alto, lutar pelo que é nosso direito e tentar assim, fazer a diferença!
Fotos de Coral Gables: @SJPeace/Twitter
Fotos de Miami: Camila Quaresma
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