EI, POLÍCIA, MACONHA É UMA DELÍCIA.

 

Em lugares periféricos do bom senso as mãos não estão em punho, mas abertas; há estranha graça que relembra borboletas ou beijas flores certeiros no rumo, flor doce da humanidade que tantos negam.

João Sobral toca sua vassoura mágica. A multidão embala o refrão: ei, polícia, maconha é uma delícia.

João Sobral parece ver distante além das crises de agora. Amar, apesar de tudo ainda é atual. Gente sangue bom, povo jovem que quer um país impossível. Quem são eles, aqueles que Temer não autoriza a intervir nas vias. Mas ocupam a avenida, diferem na economia, alimentam o índice da felicidade. É Maria, é Joana, é a hipócrita lei que fuma nossa dignidade? Caiu da emboscada da tradição, família e propriedade essa moçada, nós velhos já, mas creem na liberdade. Fazem o protesto em forma de oração, cantam, dançam. Cara limpa nesse país cabe aos proibidos.

 

 

 

Juro que eu não presto, mas nessa tarde na avenida o que se anuncia é o louco direito de fumar a erva e cuidar da vida sem desgostar de outros, mundo de deus onde tudo pode acontecer. Ontem na avenida vi outros pedirem militares para intervenção. Hoje pedem a discriminalização da maconha. Meu asfalto é duro, é doido, é um povo a buscar saídas para nosso amanhecer.

Ah, adoram o verde, adoram água limpa, adoram o beijo. E fumam maconha, e daí? A rua é quente e convida, é lança, cortejo e direção.

 

Nada a temer, apesar de Temer e esse mundo imundo condenar a todos. Na avenida o mundo não se acabou e tantos acreditam num país livre, sem hipocrisias. Há um lugar na gente, o bom da vida sempre prossegue em instantes assim, tão inexatos. É marcha, é trancamento, é o senso comum além de patentes, pastores ou mandatos.

Ache graça ou desgraça quem quiser encontrar, mas sem pecado vai a multidão Brigadeiro abaixo, na Sé fica o trono do bispo.

Não pedem indulgências essa gente, nem benefícios ou propinas. Querem discriminalização, legalização. Querem ser, limpos, legais, tão simples.

 

Enfim, quem para é poste, caminhoneiro ou suicidas. A cidade não pára, pedala, desafia para a gente enfrentrar a lama e urubus.

 

 

Imagens por Helio Carlos Mello©.

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