Editorial: O que esperar dos Jornalistas Livres na campanha eleitoral de 2018

O golpe de 2016 e seus desdobramentos, ao degenerarem o funcionamento das instituições incumbidas de preservar o estado democrático de direito, cobrem de indeterminações o pleito eleitoral que se aproxima. A ampla maioria dos brasileiros tem sido permanentemente fustigada com perda de direitos e com ameaças desde que o grupo, composto principalmente pelo MDB e PSDB, tomou de assalto o Poder Executivo. Impera o desprezo absoluto pelos desejos majoritários do povo brasileiro expressos no programa vencedor da última eleição presidencial.

A sequência de ataques aos direitos dos brasileiros, especialmente dos mais pobres, culmina agora com a intervenção militar no Rio de Janeiro, ato que torna incerta e mesmo improvável a realização de eleições de fato livres e democráticas. É nessa conjuntura de Resistência e Luta dos movimentos sociais e organizações democráticas e populares que buscamos definir as linhas editoriais de nossa atuação como mídia livre, independente, pluralista e apartidária.

 

#JornalistasLivres nos opomos aos estratagemas da tradicional indústria

jornalística (multi)nacional, que, antidemocrática por natureza,

despreza o espírito jornalístico em favor de mal disfarçados interesses empresariais e ideológicos,

comerciais e privados, corporativos e corporativistas.

Mesmo depois de ter ajudado a eleger congressistas extremamente conservadores, a fúria da imprensa tradicional continuava naquele início de 2015. O inconformismo, em face da quarta vitória consecutiva do Partido dos Trabalhadores para a Presidência, unia os perdedores, a elite político-econômica e os meios de comunicação. Foi nesse momento que decidimos criar os Jornalistas Livres. Iniciávamos, então, a construção de uma contra-narrativa ao discurso hegemônico, como explica nosso manifesto.

#JornalistasLivres somos uma rede de coletivos originada na diversidade.

Existimos em contraponto à falsa unidade de pensamento e ação do jornalismo praticado pela

mídia tradicional centralizada e centralizadora.

Pensamos com nossas próprias cabeças, cada um(a) de nós com sua própria cabeça.

Os valores que nos unem são o amor apaixonado pela democracia e a defesa radical dos direitos humanos.

Nossa defesa da democracia tem sido feita por meio da grande quantidade de textos e reportagens em que demonstramos a frequência com que direitos básicos das cidadãs e dos cidadãos são desrespeitados. Não podemos classificar nosso país como democrático enquanto pobres e negros tiverem menos direitos do que não-pobres e brancos. Não podemos dizer que estamos em uma democracia enquanto a lei for diferente para uns, enquanto seus executores tratarem parte expressiva da nossa população como perigosos inimigos, por sua cor, pelo lugar em que moram, por sua classe social. “Democracia de baixa intensidade” não é democracia. Assim, uma de nossas contribuições nessa campanha eleitoral será dar publicidade a todos os atos e atitudes anti-democráticos e amplificar, ao limite das nossas forças, as vozes comprometidas com a democratização do nosso país.

#JornalistasLivres nos indignamos profundamente com a desigualdade racial

vigente neste país de maioria afrodescendente que teima em afirmar que “não somos racistas”.

Afirmamos a urgência do combate à discriminação racial e social,

ao genocídio da população negra, à desumanidade carcerária.

Entendemos que a guerra às drogas, no Brasil e no mundo, não atingiu e nem vai atingir seu propósito. O que se fez foi, unicamente, punir e encarcerar parte expressiva de nossa Juventude, ao ponto de o país hoje figurar como um dos campeões mundiais em número de pessoas privadas do bem maior, a Liberdade. A intervenção militar no Rio de Janeiro, bem como as políticas repressivas anteriores, despreza o fato de que as favelas não manufaturam armas, tampouco drogas. As iniciativas que visem descriminalizar as drogas e dar oportunidades de vida digna aos pretos e aos pobres, bem como os disseminadores dessas iniciativas, têm e terão amplo espaço em nossas publicações.

#JornalistasLivres queremos os povos unidos, fortes e soberanos  –
em especial os da América Latina, porque aqui vivemos.

A diminuição da desigualdade de renda e riqueza deve ser a prioridade da política econômica. Essa meta só será viável se mantivermos o Estado brasileiro forte e soberano, por isso rejeitamos a política econômica que entrega setores de altíssima relevância social a empresas privadas nacionais ou estrangeiras. Rejeitamos o caminho que o país hoje trilha, de sucateamento da indústria e de retorno a uma economia agrícola e extrativista. Há inúmeras evidências internacionais a confirmar que cortes de investimentos e cortes de direitos fazem demorar mais a retomada do crescimento e implicam custos mais altos aos trabalhadores. Rejeitamos, portanto, essa austeridade que corta postos de trabalho, rejeitamos a retirada de direitos dos trabalhadores, rejeitamos uma reforma da previdência que prejudica de maneira seletiva os trabalhadores de renda mais baixa.

A cobrança injusta de impostos, que tem peso relativo extraordinariamente maior sobre as classes mais pobres, é causa importante da desigualdade de renda e precisa ser atacada. A altíssima taxa de juros, historicamente praticada no país, é um instrumento poderoso de concentração de renda – centenas de bilhões de reais saem anualmente dos cofres públicos para bolsos de quem empresta dinheiro ao governo – e não há razão para termos as taxas mais altas do mundo, além da apropriação do Banco Central pelos bancos. Os candidatos aos cargos executivos e legislativos que assumam compromisso com essas linhas de política econômica terão seus programas divulgados por nós.

#JornalistasLivres nos horrorizamos diante de quaisquer preconceitos e vivemos para combatê-los.

Somos mulheres, homens, cisgêneros, transexuais, não-binários (as), negros (as),

brancos (as), amarelos (as), mestiços (as), indígenas, quilombolas, caiçaras, lésbicas, gays,

homossexuais, bissexuais, heterossexuais, polissexuais, assexuais, religiosos (as), ateus,

agnosticos (as), pobres, remediados (as), ricos (as), velhos (as), jovens, de meia-idade,

experientes, novatos (as), alunos (as), professores,

arraigados (as), nômades, ciganos (as), INDECISOS (AS).

Existimos para trazer notícias desses povos, de todos os povos.

Combatemos frontalmente a misoginia, o racismo, a homofobia, a lesbofobia,

a transfobia, as fobias, os preconceitos de origem social, o fascismo,

a desigualdade, o ódio à democracia e à coexistência democrática.

Defendemos a liberdade religiosa individual como defendemos a laicidade do Estado.

Somos libertários (as) e prezamos a memória, a verdade, a justiça, a solidariedade.

Nesta quadra dramática da história do Brasil, Jornalistas Livres reiteram seu compromisso com a Democracia, sua defesa da polifonia e representatividade, e sua parceria com os Movimentos Sociais Libertários e de Classe. Somos independentes, mas temos lado: o dos pobres e oprimidos, do povo que luta por dignidade e respeito, o lado do amor, da solidariedade e da fraternidade. Com independência e apartidarismo, como vimos fazendo desde a nossa fundação, abriremos nossas páginas e plataformas para visibilizar o debate eleitoral e as mobilizações do campo popular, aquele que a mídia empresarial quer que desapareça e se cale. Comprometemo-nos a entrevistar e divulgar informações sobre os candidatos aos cargos executivos e legislativos – infelizmente ainda não votamos para o Judiciário – alinhados com a defesa das parcelas mais vulneráveis de nosso povo.

Todos juntos somos fortes! Não há nada pra Temer!

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