José Roberto Torero*
Diário, o pessoal do RH aqui no governo está trabalhando muito. E não é só por causa das vagas que eu mandei dar pro Centrão, não. Tem mais coisa:
Eu coloquei na direção da PF o braço direito do Ramagem (será que o ramagem é canhoto? Não, meus funcionários jamais serão canhotos!) e no mesmo dia ele já puxou o cara da PF do Rio aqui pra Brasília. Lá no RJ vamos colocar alguém pra quem eu possa ligar. Tenho que ter alguém da minha confiança perto do Witzel.
Meus filhos ficaram bem alegres com a mudança. Aposto que no dia dos pais eles vão caprichar. Devo ganhar uma caixa bem cara de chocolate do Flavinho, mais uma bandeira americana do Dudu e um poodle do Carluxo.
Preciso também dar um jeito é de promover o Renan da Silva Sena, o cara com camisa amarela que foi intimidar os enfermeiros que estavam homenageando os 55 profissionais da saúde mortos pela pandemia. Ele émissionário evangélico da Igreja Batista Vale do Amanhecer e funcionário terceirizado da Damares, no Ministério da Esposa e dos Direitos Sei lá o Quê.
O Renan (acho que eu tenho um filho com esse nome…, ou será que é Bernard?) está empregado na empresa G4F Soluções Corporativas Ltda, que tem um contrato com o ministério no valor de R$ 20 milhões de prestação serviços operacionais e apoio administrativo.Ele está como analista de projetos do setor socioeducativo, mas o que ele mais faz é aparecer em passeata a meu favor ou contra meus inimigos, como aquela na frente da Embaixada da China. O cara não aparece nem exerce suas atividades no ministério desde março porque disse que está doente. Podia ter aproveitado pra se consultar com os enfermeiros, kkk!
E teve ainda um caso de recontratação. Foi aquele maestro, o Dante Alguma Coisa, que disse que o rock é coisa de Satanás. Os olavistas me encheram o saco (eles enchem e puxam, cada hora é uma coisa) e eu coloquei o cara de volta na Funarte. A Regina Duarte teve que engolir essa. Vai se acostumando, kkk!
*José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.
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