Ufa! Acabou o dia dos pais nas redes sociais. Depois que o Facebook se transformou no Orkut repaginado, os desabafos amargos de filhos e mães, fruto de sofrimento profundo causado pelos homens-pais que os abandonaram, tomaram a cena, passaram a rivalizar com as propagandas para venda de produtos.
O produto pai-super-heroi sem filhos mereceu capa de uma revista de circulação nacional. O importante eram suas aventuras, sua beleza, seu despojamento, seu sucesso profissional e o detalhe de ser pai que não atrapalhava qualquer das outras coisas. Ou seja, as mulheres é que devem ser incompetentes por não conseguirem ser mães e terem, ao mesmo tempo, vida plena como mulheres.
No Facebook a dor do abandono, dos maus tratos, do desprezo paternal foi tão avassaladora que as pessoas que tiveram pai digno até se sentiram culpadas. Por outro lado, a maioria que se manifesta a partir de experiências ruins parece necessitar do espaço para tornar públicas suas mágoas e dores.
Oxalá a catarse tenha o desejado efeito terapêutico, embora duvide muito dessa função contemporânea de divã, assumida pelo Facebook, haja vista a falta da mediação, tecnicamente preparada para conduzir a sessão. E essa ausência me faz temer o colapso do sistema. A ver.