Ato denuncia assassinato de morador em situação de rua: Carlos Roberto Vieira da Silva

Ato denuncia assassinato de morador de rua.
Movimentos populares organizaram nesta quinta-feira (09) um ato em repúdio ao assassinato de Carlos Roberto Vieira da Silva, catador de materiais recicláveis sergipano de 39 anos. Carlos teve 70% de seu corpo queimado enquanto dormia na região da Moóca, Zona Leste da capital paulista.
Padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, uma das organizadoras da manifestação, esteve no local e explicou que a iniciativa é uma denúncia não só do caso de Carlos Roberto Vieira da Silva: “há uma indignação pelo o que aconteceu, mas há principalmente o compromisso, de todos nós que aqui estamos, em defender o morador de rua. Em todas as situações de violência que eles vivem”.
O catador chegou a ser internado no Hospital Municipal do Tatuapé, mas morreu na manhã desta segunda-feira (06). O corpo foi encaminhado para o Povoado Lagoa Bonita, em Nossa Senhora da Glória, no Sertão sergipano, cidade onde residia junto de sua família, lá foi velado e enterrado por amigos e familiares na quarta-feira (08).
Adriano Diogo, ex-deputado estadual (PT-SP) e militante histórico pelos direitos humanos, vê com preocupação o que aconteceu “é uma tristeza o que está acontecendo no nosso país. Não podemos deixar barato, temos que virar essa situação. A gente não pode aceitar a naturalização de todos esses absurdos.”
A Central de Movimentos Populares, frente de movimentos sociais nacional que abarca, entre outras pautas, a luta pela moradia digna, também participou da ação. Benedito Roberto Barbosa (Dito), denunciou cortes nas políticas públicas de habitação do Estado, para a liderança, esses cortes tem ligação direta com o aumento da população em situação de rua “o governo do Estado estado de São Paulo [João Dória-PSDB/SP] cortou mais 56% dos recursos da área habitacional. O corte foi de quase R$ 1 bi na área da habitação. É claro que o número de pessoas em situação de rua vai aumentar”.
Os cortes refletem uma ausência do Estado, mas não só em São Paulo, é o que explica Anderson Miranda, do Movimento Nacional da População de Rua: “Em 2019 fez 10 anos da política nacional, do decreto 7053 que, cria uma política nacional para a pessoa em situação de rua. Mas esse ano a gente não comemora, pois há um desmonte desta política: moradia, trabalho, saúde, educação, assistência social. No governo federal, estados e municípios”
Em entrevista ao G1, amigo de Carlos, Luiz Carlos Almeida, relatou que o catador se dividida entre os dois estados para trabalhar com reciclagem. “Sempre que ele estava em São Paulo trabalhava catando latinha e papelão para reciclar. As vezes ela passava um ano ou dois por lá. Mas sempre mantinha contato com a família. É uma tristeza muito a grande a crueldade da qual ele foi vítima”.
O suspeito, Flausino Campos, conhecido como Buiú, de 49 anos, foi identificado pela Polícia Civil nesta quinta-feira. Ele alegou ter praticado o crime por causa de um furto de R$ 10 mil. Flausino teve a prisão temporária decretada pela Justiça e deve responder por homicídio doloso (quando há intenção de matar) qualificado. Mas tanto os movimentos sociais, quanto o ouvidor da geral da polícia do estado de São Paulo, Benedito Mariano, que esteve no ato, acham que o caso está longe de ser solucionado “ontem eu conversei com a delegada titular do 18° DP. A minha avaliação é de esse caso não está concluído. Ainda há contradições”, explicou o ouvidor.
O ato aconteceu na rua em que Carlos foi assassinado, Celso de Azevedo Marques, às 10h e organizado pela Central Movimentos Populares,  Movimento Nacional da População de Rua, Centro Gaspar Garcia de DH, União dos Movimentos de Moradia (UMM) e pelos Coletivos do CCD-LL (Comitê dos Coletivos pela Democracia e por Lula Livre). Também estiveram presentes o vereador de São Paulo, Eduardo Suplicy (PT-SP), o presidente do Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana (CONDEPE), entre outras lideranças e moradores do bairro.
Nesta sexta-feira (10), será realizada uma missa, celebrada pelo padre Júlio Lancelotti, na Catedral da Sé, às 12h, seguida de ato na Praça da Sé.

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