As paredes do canto

Vestia a mesma roupa que era sua, 

 

dignifica, tal Pandora de macacão,

 

vela no mar.

Era dia de São João e eu procurava balão

 

no céu.

 

Vi um homem no risco da vida, um céu em riste.

 

Por que arrisca-se tal gente,

 

morando em casa de fundo?

 

Ou nem casa tem, sei bem. 

Descia da cobertura

 

em corda e tinta, nem sua moradia era, pensava eu.

 

Será que  pensa em Maria, quando desce

 

em dia de São João?

 

Sabia que ia gente presa naquele dia

 

para cadeia fria, feia,

 

por lutarem por moradia.

 

Mas ele pinta, sério, decidido desce.

Procurava balão proibido no céu, naquele dia,

 

mas vi o homem pintando prédio, tantas moradias em poleiro de ricos.

 

Era corda.

 

Nem tão solto assim, 

 

arriscava voo aquele homem, 

 

mas pintava só.

 

Para tantos é cela,

é corda.

Será força.

 

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