Sonhei com animais, aqueles que fogem e morrem entre o fogo, cruel desilusão, tal a chama de Deus que lambe. Acordei aflito, puta sede.
Fui para a Rua dos Aflitos, onde há uma capela, fechada estava, tão antiga, solo dos mortos na batalha vã, chão de miseráveis, vencidos, dos olhos cheios de chuva entre o sertão de direitos antigos.
O fogo incide entre as comunidades, seres ou seu verso, a humanidade. Em campos de refugiados na Grécia da filosofia, nas florestas e campos daqui, na usura dos homens. Restam capelas e antigos cemitérios, vestígios.
Chama-se Liberdade esse bairro da metrópole, cruel contradição, como se morrer condenado libertasse os homens da opressão.
Nenhum rio aqui passa, ou córrego, olho d’água. Há um sino que repousa no domingo, forte sol entre a pandemia, tudo vibra no largo.
Há uma manchete planetária, fique em casa. Não há nada de novo na pífia nova realidade, subterrâneos, campo santo da liberdade.
Lambe agreste língua, aspirador voraz chama em vorazes manchetes.
Não desista, minha boca seca pronuncia, repartida, recortada, partida língua. Tal cobra, cheira e enxerga, lambe o tempo e seu espaço. Aflição deve ser isso, quase estado de poesia, nada há muito além, banal canção do acaso.
O fogo, a forca, a língua, o sino.
Saiba mais:
Uma resposta
Estamos todos aflitos, vamos começar a peregrinação rumo à Liberdade em nome de Nossa Mãe senhora dos Aflitos.