A semana iniciada na segunda-feira 15 de junho traz duas notícias alvissareiras. A primeira é a prisão da infame Sara Winter; a segunda, são os resultados da pesquisa realizada pelo Instituto Democracia. Ambas refletem mudanças no cenário político brasileiro, visivelmente extenuado com a possibilidade de recrudescimento do autoritarismo. Entretanto, há ainda longo caminho a percorrer na defesa da democracia.
A líder do infeliz “300 do Brasil” não vale muito papel e tinta. Sua prisão, entretanto, mostra que a palhaçada das Fake News e do ativismo totalitário mais que passaram dos limites. Sara Winter foi presa, conforme apurou o Correio Braziliense, “no âmbito do inquérito que investiga manifestações antidemocráticas, aberto em abril deste ano a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) ”. Sara Winter e seu patético séquito foram retirados da Esplanada no último dia 13, após mais de dois meses acampados. Como retaliação, 20 deles tentaram invadir áreas restritas do Congresso Nacional e depois soltaram fogos de artifício em cima do STF. Uma afronta aos sustentáculos da nossa
democracia. Inadmissível. Não há dúvidas de que a ousadia dos manifestantes fora alimentada pelas declarações do chefe do Executivo e pela morosidade do Legislativo e Judiciário na tomada de medidas enérgicas. Me pergunto quanto tempo teria durado um
acampamento de jovens da periferia na Esplanada; provavelmente horas. De qualquer maneira, a reação das autoridades demorou mas chegou.
Quanto à pesquisa realizada pelo Instituto Democracia, publicada no jornal “Valor Econômico” desta segunda-feira dia 15 de junho, seus resultados mostraram a crescente aversão da sociedade brasileira a qualquer medida inconstitucional aventada pelos totalitários de plantão cujo líder mor é Bolsonaro. O resultado mais significativo da pesquisa é o repúdio à tomada de poder por parte das Forças Armadas. O apoio à intervenção militar desce ladeira abaixo mesmo nas suas históricas áreas de suporte – o combate à criminalidade e à corrupção. Em 2018, ano de eleição, Bolsonaro se elegeu em larga medida pelo fato de 55,3% dos entrevistados apoiarem um golpe militar numa situação de alta criminalidade e 47,8% o sustentarem na justificativa de combate à corrupção; em 2020, estes percentuais caíram para 25,3% e 29,2%, respectivamente. Sete em cada dez brasileiros são contrários à intervenção militar seja para combater a violência ou a corrupção. Isso é significativo e revela a vontade do povo brasileiro.
Tanto a prisão de Sara Winter quanto os resultados da pesquisa revelam que o modus operandi bolsonarista de permanente achaque à democracia tem seus dias contados. A estratégia de ataque às Instituições e a tentativa de resolução dos conflitos como se estivesse numa reunião de condomínio ou numa mesa de bilhar exaure-se gradativamente; funciona cada vez menos com a decrescente parcela de fanáticos que, aos poucos, dão-se conta do ridículo. Quando acrescentamos o esfacelamento do apoio interno ao síndico/presidente à queda vertiginosa da popularidade da sua cópia melhor elaborada, Donald Trump, percebemos que Bolsonaro já não tem mais onde se apoiar. Como disse
um dos seus filhos, ele chora o dia inteiro. Tem acessos de raiva e depressão. Seus olhos esbugalhados na TV explicitam isso. Um bebê chorão que não sabe o que fazer para chamar atenção. Quase dá um dó. Só que não. A democracia ainda está sob ameaça.
Hannah Arendt, referência no estudo dos regimes totalitários, afirmou acerca do totalitarismo nazista e stalinista em sua obra Origens do Totalitarismo “…eram tratados como mentira todos os fatos que não concordassem, ou pudessem discordar, com a ficção oficial… A propaganda é, de fato, parte integrante da ‘guerra psicológica’; mas o terror o é mais… sua propaganda exibe extremo desprezo pelos fatos em si, pois, na sua opinião, os fatos dependem exclusivamente do poder do homem que os inventa… A propaganda totalitária prospera nesse clima de fuga da realidade para a ficção… cria um mundo fictício capaz de competir com o mundo real”.
Desde as eleições de 2018 testemunhamos a eficiência da propaganda bolsonarista e a vitória do mundo fictício sobre o mundo real. Por mais absurda que possa parecer a mamadeira de piroca ou a exaltação do coronel Ustra ou ainda a afirmação de que “o erro da ditadura foi torturar e não matar”, o fato é que a propaganda totalitária pegou e elegemos o pior presidente de todos os tempos da história não só do Brasil mas provavelmente da humanidade. Esperamos que os poderes consagrados pela Carta Magna de 1988 não permitam que o atual presidente e os fanáticos que o rodeiam passem da propaganda para a instituição do terror; a história nos mostrou que a linha entre ambas é muito tênue. Não podemos correr o risco de submeter a sociedade brasileira à violência propagada pelos apoiadores fanáticos ou ao terror institucionalizado pelo Estado. Que as notícias desta segunda-feira inaugurem ações consistentes do Legislativo e do Judiciário na direção do impeachment; motivos, mais que abundam. Basta agir conforme manda a Constituição.
Extermínio de espécies da fauna e flora são irreparáveis, no pantanal, em especial por ser uma área de transição ambiental. Entenda mais nesse artigo de João Paulo Guimarães e nas suas imagens.
Por João Paulo Guimarães (texto e imagem) Jornalistas Livres
O repórter João Paulo Guimarães tem percorrido, desde agosto o Pantanal, nas regiões que mais estão sofrendo com o impacto dos incêndios. Mais uma vez, ele nós oferece uma percepção sensível deste estrago, que nos permite testemunhar as dimensões irreversíveis dessa perda. Não apenas nas imagens tão impactantes, mas na análise precisa deste desastre.
Um Ecótono é o resultado do contato de uma região entre biomas fronteiriços. São áreas de transição ambiental. Por exemplo, o Pantanal. Essa área, chamada erroneamente de bioma, por ser o resultado dos biomas Amazônia e Cerrado, está fadada à destruição. É um fato. O ponto de retorno, o qual poderia ser feito alguma coisa, está há quilômetros. O Pantanal está perdido. A Floresta, a biodiversidade, animais, vida aquática e solo. Tudo.
Incêndios no Pantanal, fotos de João Paulo Guimarães
A contaminação da ictiofauna pelas cinzas e pelo excesso de matéria orgânica já é uma realidade. Os peixes vão sucumbir graças à folhas e folhas e troncos queimados que caem nos rios, o que acarreta a redução do nível de oxigênio na água, causando a mortalidade da população de peixes e algas. A ciência, possivelmente, nunca vai saber os impactos e resultados dessa calamidade.
Cinquenta anos, dizem os cientistas ignorados pelo Governo Federal. Em cinquenta anos o Pantanal volta ao seu estado exuberante e saudável. Uma regeneração lenta e impossível graças ao Agro que ama o fogo. Em uma Usina de Cana de Açúcar da COOPERB em Mirasol próxima à Cáceres, um trator, máquina de corte, pega fogo. O canavial vem ao chão e se dirige para o bananal ao lado. O bananal e consumido e ao longe, atrás do muro de fumaça, é possível ouvir os gritos desesperados do assentamento Sem Terra Margarida Alvez. Não conseguimos contato com a liderança do assentamento.
Cinquenta anos pra curar, diz a Professora Cátia Nunes da Cunha. Pós Doutora do Instituto Max-Plank. Grandes coisa ser professor ou Doutor no País do auxílio emergencial de mil dólares onde a Lava Jato foi extinta porque não há corrupção no governo cuja esposa do Presidente recebe 7,5 milhões de reais de verba destinada para o combate à gripezinha que não existe chamada Covid-19 que já matou 5 milhões de brasileiros.
Por falar nisso Presidente, porque sua esposa recebeu oitenta e nove mil reais do Queiroz?
14% do Pantanal já foi. Mas pra ajudar o governo cortou 58% da verba do ICMBio e agora vai fundir o Ministério do Meio Ambiente com o Ministério da Agricultura.
A Amazônia está sendo devastada. Pegando fogo e sangrando com o correntão que vai derrubando tudo à sua frente. Não chove no País. Não há Sol. Está escondido atrás da fumaça que cobre os céus do Brasil em Rondônia, Acre, Minas Gerais, Amazonas, Pantanal, Amazônia e muitos outros locais que são área de crescimento do Agro Pop. Já perceberam que só queima em área próxima de fazenda, de Garimpo, de reserva indígena e reserva ambiental? Eu percebi.
Ronaldo de Assis Moreira, o Ronaldinho Gaúcho, completa hoje 150 dias de prisão no Paraguai, acusado, junto com o irmão Roberto, de falsificação de documentos. O crime envolve outros 13 paraguaios que cometeram mais de uma dezena de delitos. Ronaldinho foi a Assunção participar do lançamento de uma biografia e inaugurar um cassino virtual. O cachê seria doado a uma ONG que cuida de crianças carentes. Seria um ato louvável.
Por Dacio Malta*
Mas, quando ele se preparava para a festa, em um luxuoso clube, a polícia foi a sua suíte e encontrou passaportes e carteiras de identidade paraguaios com o seu nome e foto.
A festa foi suspensa e Ronaldinho, algemado, trocou o apartamento por uma cela na Agrupación Especializada da Polícia Nacional, onde comemorou os seus 40 anos.
A prisão movimentou uma banca de cinco advogados, e até mesmo o então ministro da Justiça Sérgio Moro telefonou seguidas vezes para Assunção, tentando a libertação. O colega paraguaio disse que nada poderia fazer em favor do craque — o único jogador a ter conquistado a Champions League, a Libertadores, a Copa do Mundo e a ser eleito o melhor jogador de futebol do mundo dois anos seguidos; 2004 e 2005. Moro, no episódio, saiu duplamente desmoralizado: primeiro por tentar interferir na prisão, segundo por não obter a libertação do detento.
Na verdade, o marreco estava cumprindo uma determinação absurda do presidente — mais uma entre tantas tarefas a que se prestou.
Em setembro do ano passado, durante uma audiência com Bolsonaro, o ex-jogador do Barcelona foi nomeado embaixador do turismo brasileiro, com a missão de “recuperar nossa imagem internacionalmente”, conforme informava a Embratur.
Ele participaria de uma campanha ao lado de um seleto grupo de “embaixadores”, como o cantor Amado Batista, a dupla sertaneja Bruno & Marrone e lutador de jiu-jitsu Renzo Gracie.
Ocorre que o “embaixador” estava proibido de deixar o país, pois teve seu passaporte apreendido em 2015, após uma condenação por dano ambiental em Porto Alegre, onde construiu uma plataforma de pesca ilegal em área de preservação ambiental.
A apreensão do passaporte pela Justiça comum e depois confirmada pelo Supremo, obrigava o jogador a pagar uma multa no valor de R$ 8,5 milhões, quantia que ele disse não possuir.
Hotel Palmaroga: um hotelzão pra Ronaldinho chamar de seu – Fotos: Divulgação
No início de abril, depois de três tentativas frustradas, e graças à Covid-19, Ronaldinho conseguiu deixar a cela e passou cumprir prisão domiciliar no Hotel Palmaroga, um quatro estrelas no centro de Assunção, que está funcionando exclusivamente para atender o jogador, já que por conta da pandemia continua fechado para clientes até dia 24 de agosto.
Ele conseguiu ir para o hotel, depois de pagar fiança de US$ 1,6 milhão — pouco mais de R$ 8 milhões — a mesma quantia que ele disse não possuir para quitar a multa com a Justiça brasileira.
Pagando uma diária de quase 600 dólares, para ele e seu irmão, Ronaldinho não está de todo mal. Pode circular livremente pelos corredores do hotel, conversar com os funcionários, dar entrevistas, utilizar a piscina, a academia e o restaurante, além de dispor de wi-fi. Graças a ele, o jogador já participou de três lives de grupos de pagode e, esta semana, compôs, pelo Zoom, uma samba com seu amigo Salgadinho.
A primeira entrevista que concedeu foi no dia 26 de abril ao programa “Crime e Castigo”, da ABC TV, quando agradeceu a “hospitalidade do povo paraguaio” , principalmente quando estava na cela da Agrupación, onde boa parte dos dias atendeu a pedidos de selfies com presos e policiais, deu autógrafos e jogou bola com seus colegas de cárcere: “Era importante dar uma alegria aquele pessoal que estava, como eu, na mesma situação”.
Na entrevista, Ronaldinho contou sua versão para o crime: “Recebi os documentos de presente, logo quando desembarquei em Assunção. Não sabia que eram falsificados”.
O argumento é tão tolo que chega a ser difícil fazer qualquer comentário. Afinal, o craque não pediu naturalização, é conhecido mundialmente, e sonhava em viajar ao exterior com um documento falso.
Seria uma operação típica das antigas Organizações Tabajara. Ronaldinho, e seu passaporte paraguaio, correndo o mundo e tentando restaurar a imagem do governo do capitão.
*Dacio Malta trabalhou nos três principais jornais do Rio – O Globo, Jornal do Brasil e O Dia – e na revista Veja.
Bolsonaro e cúmplices tucanos fazem do Brasil a terra do vale tudo
STF protege Serra, acusado de roubo milionário; Bozo sem máscara; Lava-Jato espiona 38 mil sem autorização. Nem a novela iguala o vale tudo da vida real
Os exemplos são inúmeros. O país não está mais sob o império de leis, mas daqueles que acham que podem mais por causa da farda, da toga, do cargo ou de um revólver no coldre. Principalmente, por causa do dinheiro que roubaram do povo. O facínora Jair Bolsonaro faz a festa. Nem sei se o vírus o aceitou de fato como hospedeiro, tal o volume de mentiras que ele produz. Seja como for, ele insiste em fazer troça de quem procura alertar para os efeitos da pandemia. Mais de mil mortes por dia! Tido como curado, a primeira coisa que Bolsonaro fez foi desafiar normas que impedem pessoas de circular sem proteção. Foi ao Piauí desfilar sem máscara e distribuir abraços em aglomerações, algo proibido no estado. O governador do PT finge que não viu. Em vez de multá-lo, acoelha-se. Essa é a “oposição” oferecida ao povo.
Por Ricardo Melo*
Ainda outro dia, um dito desembargador humilhou fiscais no litoral de São Paulo. É reincidente. Em vez de ser afastado imediatamente, conta com a complacência da justiça apodrecida.
Aí vem a briga da Lava-Jato. O procurador Aras não é flor que se cheire –recomendo distância se o seu olfato ainda não foi fulminado pela covid-19. Mas brigas entre os de cima são sempre assim. Bandido que luta contra bandido não economiza segredos. E a verdade vem à tona.
Na disputa contra Sergio Moro, Aras revela que a Lava-Jato virou um poder paralelo. Tem um dossiê com mais de 38 mil nomes –o seu pode estar entre eles— guardados a sete chaves. Uma SS aos moldes nazistas montada com dinheiro do povo. E o conselho nacional de justiça ou do ministério público ainda hesita em afastar Dallagnol dessa operação cujo objetivo sempre foi claro: tirar Lula das eleições.
Chega? Nada disso. O Supremo Tribunal Federal virou a casa da mãe Joana –com todas as desculpas devidas a ela. Dependendo do juiz, a sentença varia. José Serra, um ladrão conhecido –embora muy amigo de juízes e jornalistas de quem foi fonte em priscas eras–, conta com a blindagem deste pessoal e de ministros do Supremo para descansar em paz. O presidente do STF encabeça a fila.
Os tucanos vêm saqueando o país há décadas. A semelhança não é acidental: assim como os Bolsonaros, usam a família para surrupiar dinheiro público. Serra elegeu a filha como laranja de estimação. Já Alckmin pinçou um cunhado para praticar as malfeitorias agora escancaradas. Tudo encoberto pela imprensa servil durante anos, a mesma que agora tenta abafar o caso e dedica ao assunto espaço menor do que às seções de horóscopos e meteorologia em suas páginas e telejornais. Vale a pena lembrar: um barco de alumínio da família Lula, que não custa mais de R$ 3 mil, foi manchete de jornal como “prova” de roubalheira. Já os milhões roubados pelos tucanos desaparecem do noticiário. Precisa falar mais?
Os advogados dos larápios nem sequer tentam provar a inocência de seus clientes cheirosos regados a vinhos de safras celebradas. As bancas milionárias contratadas pela quadrilha emplumada se calam diante dos crimes cometidos. Agarram-se a “prescrição dos crimes”, seja pelo tempo decorrido, seja pela idade dos acusados. Ou se apegam ao “foro privilegiado” para impedir investigações. Na verdade, uma confissão de culpa.
O povo assiste a tudo isto estarrecido. Aparentemente indefeso, mas só aparentemente. As iniciativas em lugares como Paraisópolis, Heliópolis, movimentos de ocupações e de outras comunidades pelo Brasil afora mostram que a defesa da vida suplanta o descaso cruel das elites endinheiradas. Germinam aquilo que deve ser o futuro de um mundo melhor.
*Ricardo Melo, jornalista, foi editor-executivo do Diário de S. Paulo, chefe de redação do Jornal da Tarde (quando ganhou o Prêmio Esso de criação gráfica) e editor da revista Brasil Investe do jornal Valor Econômico, além de repórter especial da Revista Exame e colunista do jornal Folha de S. Paulo. Na televisão, trabalhou como chefe de redação do SBT e como diretor-executivo do Jornal da Band (Rede Bandeirantes) e editor-chefe do Jornal da Globo (Rede Globo). Presidiu a EBC por indicação da presidenta Dilma Rousseff.
pe di cabrya
16/06/20 at 18:45
… e se o plano continua, tipo objetivo atingido, os peixinhos vão sendo engolidos!!!