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Cidadania

Cuiabá na primeira semana de reabertura da comércio

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Por: Beatriz Passos e Marcos Salesse para o com_texto

Lojas abertas, ponto de ônibus lotados, ruas engarrafadas e filas em frente aos bancos marcaram a primeira semana da volta parcial das atividades econômicas de Cuiabá. Com o Decreto Municipal n° 7.886, comerciantes e consumidores buscavam adotar “medidas temporárias visando à compatibilização da prevenção e enfrentamento da propagação do novo coronavírus com a manutenção da economia”, como define o documento publicado no dia 20 de abril de 2020. Infelizmente, essas medidas na prática foram esquecidas por parte da população que foi às ruas.

Não era difícil encontrar alguém sem máscara, com máscara pendurada no pescoço, guardada no bolso, ou carregando nas mãos pronta para ser usada caso o pedestre identificasse algum risco. Em contrapartida, existiam os que utilizavam o objeto de proteção. Mas estes se sentiram tão protegidos que abandonaram a ideia de distanciamento e eliminação de contato físico, andando em grupos e carregando sacolas de compras.

Para quem estava ansioso pela rotina de consumo, o comércio não decepcionou. Às 10h em ponto a reabertura aconteceu. Já às 16h, horário do fim do expediente temporário, o ponteiro do relógio de algumas lojas atrasou, provocando uma demora de 15 a 20 minutos do encerramento.

A volta para casa também foi motivo de aglomeração. O fato de haver um grande número de pessoas nas ruas, aliado à diminuição de ônibus em circulação, causou concentração de usuários nos pontos de parada do transporte público, alguns improvisados ao lado das estações de ônibus fechadas, como a Estação Alencastro.

FISCALIZAÇÃO ALERTA COMERCIANTES

Na terça-feira, 28 de abril, segundo dia de retomada das atividades, o Procon MT, Polícia Militar, Secretaria Estadual de Saúde e a Vigilância Sanitária iniciaram a operação de fiscalização nos estabelecimentos em funcionamento. Na ação, equipes orientavam os comerciantes sobre as medidas de proteção que devem ser tomadas pelos estabelecimentos. No primeiro dia de fiscalização foram orientadas 70 empresas.

A operação que seguiu até segunda-feira, 4 de maio, por todo o estado, buscava explicar aos empresários sobre as diretrizes do Decreto Estadual nº 465. No qual consta a obrigatoriedade do uso de máscara por funcionários, colaboradores e clientes das empresas, além da necessidade de informativos em relação às medidas de prevenção e legislação acerca do Covid-19.

Em coletiva de imprensa o coordenador de fiscalização do Procon MT, Ivo Vinicius Firmino afirmou que as medidas tomadas têm caráter de proteção à vida do cidadão. Portanto, segundo ele, “a lei não tem sentido arrecadatório, por isso a multa que é de 80 reais por cidadão sem máscara, será destinada para coletas de cestas básicas em cada município que houver infração”, explicou o coordenador.

COM PERMISSÃO, COMÉRCIO ABRE AS PORTAS

Desde 23 de março estava proibida a abertura de quaisquer estabelecimentos comerciais não essenciais pelo Decreto Municipal nº 7.849. Provocando mudanças na vida de empresários que atuam na região central, a decisão da prefeitura causou reações diversas, levando comerciantes a se manifestarem por meio de cartazes nas fachadas das lojas, com dizeres como “queremos trabalhar”.

Embora Cuiabá tenha adotado as medidas de isolamento por metade do tempo mínimo considerado eficaz por especialistas, que é de dois meses, para a comerciante Regina Campos um mês de isolamento foi o tempo suficiente.

“A volta do comércio é muito importante e como ela está sendo feita também. Porque tivemos o tempo necessário de quarentena e agora é importante fazer a economia funcionar, para que as pessoas que trabalham dentro do comércio tenham condições de dar continuidade ao seu trabalho e ganhar seu pão de cada dia”, declarou a comerciante.

Regina contou que precisou fazer algumas mudanças na administração para se adequar ao cenário da pandemia.“Eu tenho mais funcionários que trabalham na loja comigo. Alguns que são de grupo de risco estão de licença. A loja física também se adequou ao horário de funcionamento, das 10h às 16h, e os outros que estão trabalhando em casa fazem o serviço de venda através da internet”, explicou.

A comerciante garantiu que sempre usa máscaras, faz a higiene das mãos e do ambiente com álcool em gel, por acreditar que esse seja o caminho para o combate ao Coronavírus.

“É necessário a conscientização da população de que não é uma coisa de enfeite para ser usada e retirada simplesmente porque não está acostumado. É claro que nosso clima é quente, a gente não está habituado, mas tudo tem que ser adequado às nossas condições. Então, a gente tem que se acostumar por ser uma coisa importante e necessária para a nossa saúde e a do próximo”, disse.

Mayra Freitas, outra comerciante, também considera bom o cenário de abertura do comércio. De acordo com ela, “a volta do funcionamento do comércio é importante para o comerciante que não tem um capital guardado. Eu mesma não tenho! E aí tenho que pagar aluguel, água, luz… Sem as vendas, eu não consigo. Por isso é importante, até porque as contas não param né? As contas continuam, a gente precisa das vendas”, revelou.

Ambas, Regina Campos e Mayara Freitas, declararam que pretendem realizar promoções para atrair os clientes e aproveitar o retorno, principalmente na próxima temporada de vendas do Dia das Mães.

“A gente já está preparando uma grande promoção para o Dia das Mães para atrair as pessoas para virem comprar os presentes para a mamãe. Apesar de toda essa crise e de todo esse problema, não podemos esquecer a importância que é essa data e a mamães nas nossas vidas”, declarou Regina Campos.

COSTURANDO ALTERNATIVAS

Mesmo estabelecida a proibição da circulação de vendedores ambulantes no decreto assinado pelo prefeito Emanuel Pinheiro, a presença destes trabalhadores era nítida em muitas regiões do centro.

Com a venda de óculos, meias e máscaras, a necessidade de garantir uma renda mínima guiava as ações destas pessoas. Este é o caso da costureira Maria Elisa, que viu na venda de máscaras uma oportunidade de recuperar parte da remuneração que ganhava trabalhando para uma fábrica.

“Trabalhava antes para uma fábrica, costurando, mas essa fábrica não está mais mandando mercadoria para mim, por conta da pandemia. Como acabei ficando desempregada, pensei em começar a vender máscara”, disse a autônoma.

O encontro com Maria se deu próximo a uma lanchonete, onde negociava algumas peças com possíveis compradoras. Acompanhada de sua filha mais velha, a trabalhadora demonstrou ter consciência do perigo de estar na rua em tempos de pandemia.

“Me preocupo muito. Toda hora eu vou até algum lugar para passar álcool em gel na mão. Às vezes dou uma limpada. Tem um lugar ali em cima, no teatro, que dá para lavar a mão, aí vou lá e lavo”, contou.

Por ser trabalhadora autônoma, Elisa disse ter se cadastrado para receber o Auxílio Emergencial, amparo financeiro destinado a uma gama da população que perdeu parte da sua renda mensal por conta das consequências do novo coronavírus, entretanto, teve seu pedido negado. Com uma filha de 11 anos e sustentando todas as despesas familiares sozinha, o dinheiro pode ter sido negado por ela ainda não ter se separado legalmente.

“Ainda não consegui, aparece em análise até hoje. Porque assim, eu me separei tem nove anos, mas eu nunca me divorciei. Então como eu tenho uma filha de 11 anos, fiz para receber R$ 1.200,00 mas não consegui. Eles acabaram não aprovando esse primeiro, acho que por eu ainda não ser divorciada”, revelou.

Dentre as opções de recebimento do amparo, mulheres consideradas ‘chefes de família’ possuem direito de receber o benefício em dobro, ou seja, R$ 1.200,00. Em desacordo com a realidade de mães e trabalhadoras autônomas, o recebimento do Auxílio segue como um dos grandes problemas desde o início do cadastramento, até a primeira semana de pagamentos em espécie.

AS FILAS DO AUXÍLIO ‘NÃO EMERGENCIAL’

Na semana marcada pela reabertura do comércio na capital mato-grossense, outro movimento também chamou atenção de quem passava pelo centro, ou visualizava tudo pela internet. Com a liberação do saque em espécie do Auxílio Emergencial, filas contornavam quarteirões e tomaram as calçadas do entorno de uma das agências da Caixa Econômica Federal, localizada na rua Barão de Melgaço.

Nossa equipe visitou o local na segunda-feira, dia 27 de abril, e quinta-feira, 30 de abril. Nos dois dias a cena se mantinha a mesma: um fila extensa, com pessoas aglomeradas e muitas sem máscaras de proteção individual.

Entre a ansiedade de conseguir sacar o dinheiro e o medo de se contaminar, a angústia e o estresse eram sentimentos compartilhados por grande parte dos que ali aguardavam. Foi o que disse Emerson Saldanha, 46, que chegou na fila às 8h30 da manhã, na expectativa de ser atendido rapidamente. Ao lado da esposa, Emerson mostrava o relógio marcando 11h40, enquanto relatava sua insatisfação em ver a entrada da agência ainda muito distante.

“Eu vim para sacar o auxílio ‘não emergencial’. Cheguei umas 8h30, porque eu sou nascido em fevereiro, e hoje está programado para a gente fazer o saque. Tá muito mal organizado, não tem nem o espaçamento, ninguém está respeitando. Tem gente de máscara, mas tem muitos sem e isso me preocupa”, disse.

Mesmo com a tentativa de evitar aglomeração, separando os pagamentos pelos meses de nascimento, o que se viu foi uma prova de que a comunicação entre as ações do governo federal e a população seguem desalinhadas. Outra prova deste desalinhamento também se concentra nas inúmeras dificuldades relatadas pela população que tentava acessar os aplicativos do banco.

Na segunda-feira, os problemas se encontravam no aplicativo Caixa Tem, utilizado para gerar o código de acesso ao saque do auxílio. As pessoas que enfrentaram a fila relataram dificuldades na hora de gerar o código, já que o aplicativo não carregava a página que o número era disponibilizado.

Este foi o caso da trabalhadora autônoma Bruna Alves Figueiredo, 24, que acompanhou a avó de 80 anos para fazer o saque. “Eu já entrei na agência, mas quando cheguei lá um menino me disse que o meu código tinha vencido. Fiquei quatro horas tentando gerar um código, quando consegui, cheguei para sacar e já estava vencido. O problema é que o aplicativo não abre e não consigo gerar um novo código, ou seja, estou quatro horas na fila para nada”, desabafou.

Com validade de apenas duas horas, muitas pessoas perdiam as senhas ainda na fila, e com a lentidão do aplicativo, ficavam impossibilitadas de fazer o saque. Segundo a autônoma, o sentimento era de extrema tristeza.

“É bem complicado. Eu trabalho como autônoma e meu marido também. Então nem eu e nem ele conseguimos o auxílio. Aí, quando minha avó consegue temos que ficar aqui implorando por 600 reais, porque é isso que estamos fazendo, praticamente implorando por essa miséria”, concluiu. Tanto Bruna, quanto sua avó, vieram do Distrito da Guia, localizado a 35 quilômetros de Cuiabá, viajando aproximadamente 40 minutos apenas para realizar o saque do benefício.

Toda esta insatisfação também estava visível no rosto dos profissionais que tentavam organizar a fila. Em ambos os dias, foi possível ver cerca de três ou quatro funcionários do banco tentando agilizar o atendimento, entretanto, o esforço era insuficiente.

Diante do cenário caótico, o presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários e do Ramo Financeiro de Mato Grosso (SEEB-MT), Clodoaldo Barbosa, observava o movimento enquanto filmava a enorme fila. Em um dado momento, nossa equipe se aproximou para entrevista e o tom era de preocupação e revolta.

Para Clodoaldo, um dos principais problemas estava na concentração dos pagamentos em um único banco. “Existe a cobrança que vem sendo feita no Governo Federal para descentralizar esse pagamentos. Não podemos deixar todos eles centralizados na Caixa Econômica, temos que dividir para os demais bancos e assim dar vazão para toda esta demanda”, afirmou.

Segundo o presidente, descentralizar pode ser uma das maneiras de não sobrecarregar os funcionários que estão na linha de frente do atendimento. “Os trabalhadores estão expostos, trabalhando acima do seu limite, essa é a revolta do nosso sindicato e dos empregados. Não é justo centralizar toda essa demanda nas costas da Caixa Econômica Federal”, desabafou.

Questionado sobre as tentativas de diálogo com o Governo Federal, para estabelecer esta descentralização, Barbosa contou que existe pressão sendo feita por alguns sindicatos, por meio do Comando Nacional dos Bancários em contato direto com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), mas a resposta ainda é incerta. “Infelizmente não estamos percebendo do lado do Governo Federal nenhuma boa vontade em resolver este problema. Eles não se sensibilizam e continuam permitindo que as pessoas fiquem expostas. O que queremos é que o Governo Federal faça alguma coisa, rápido”, concluiu.

Mesmo com a pressão dos sindicatos, nenhuma resposta quanto a possibilidade de descentralização foi dada pelo Governo Federal. Esta realidade de aglomeração e filas extensas foi vista em outras agências da Caixa, espalhadas por todo país.

Até esta segunda-feira (4), o estado registrou 344 casos confirmados da Covid-19, sendo 145 casos apenas em Cuiabá, município com maior número. Foram 7 novos casos confirmados em 24 horas, e os óbitos já somam 13 pessoas desde o início da pandemia em território mato-grossense. Para entender melhor os números, leia a última nota informativa divulgada pela Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT), clicando aqui.

Veja a matéria original em: https://com-texto.wixsite.com/comtexto/post/como-se-comportou-a-capital-mato-grossense-na-primeira-semana-de-reabertura

Campinas

Ocupação Mandela: após 10 dias de espera juiz despacha finalmente

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Depois de muita espera, dez dias após o encerramento do prazo para a saída das famílias da área que ocupam,  o juiz despacha no processo  de reintegração de posse contra da Comunidade Mandela, no interior de São Paulo.
No despacho proferido , o juiz do processo –  Cássio Modenesi Barbosa –  diz que  aguardará a manifestação do proprietário da área sobre eventual cumprimento de reintegração de posse. De acordo com o juiz, sua decisão será tomada após a manifestação do proprietário.
A Comunidade, que ocupa essa área na cidade de Campinas desde 2017,   lançou uma nota oficial na qual ressalta a profunda preocupação  em relação ao despacho  do juiz  em plena pandemia e faz apontamento importante: não houve qualquer deliberação sobre as petições do Ministério Público, da Defensoria Pública, dos Advogados das famílias e mesmo sobre o ofício da Prefeitura, em que todas solicitaram adiamento de qualquer reintegração de posse por conta da pandemia da Covid-19 e das especificidades do caso concreto.

Ainda na nota a Comunidade Mandela reforça:

“ Gostaríamos de reforçar que as famílias da Ocupação Nelson Mandela manifestaram intenção de compra da área e receberam parecer favorável do Ministério Público nos autos. Também está pendente a discussão sobre a possibilidade de regularização fundiária de interesse social na área atualmente ocupada, alternativa que se mostra menos onerosa já que a prefeitura não cumpriu o compromisso de implementar um loteamento urbanizado, conforme acordo firmado no processo. Seguimos buscando junto ao Poder público soluções que contemplem todos os moradores da Ocupação, nos colocando à disposição para que a negociação de compra da área pelas famílias seja realizada.”

Hoje também foi realizada uma atividade on-line  de Lançamento da Campanha Despejo Zero  em Campinas -SP (

https://tv.socializandosaberes.net.br/vod/?c=DespejoZeroCampinas) tendo  a Ocupação Mandela como  o centro da  discussão na cidade. A Campanha Despejo Zero  em Campinas  faz parte da mobilização nacional  em defesa da vida no campo e na cidade

Campinas  prorroga  a quarentena

Campinas acaba prorrogar a quarentena até 06 de outubro, a medida publicada na edição desta quinta-feira (10) do Diário Oficial. Prefeitura também oficializou veto para retomada de atividades em escolas da cidade.

 A  Comunidade Mandela e as ocupações

A Comunidade  Mandela luta desde 2016 por moradia e  desde então  tem buscado formas de diálogo e de inclusão em políticas  públicas habitacionais. Em 2017,  cerca de mais de 500 famílias que formavam a comunidade sofreram uma violenta reintegração de posse. Muitas famílias perderam tudo, não houve qualquer acolhimento do poder público. Famílias dormiram na rua, outras foram acolhidas por moradores e igrejas da região próxima à área que ocupavam.  Desde abril de 2017, as 108 famílias ocupam essa área na região do Jardim Ouro Verde.  O terreno não tem função social, também possui muitas irregularidades de documentação e de tributos com a municipalidade.  As famílias têm buscado acordos e soluções junto ao proprietário e a Prefeitura.
Leia mais sobre:  
https://jornalistaslivres.org/em-meio-a-pandemia-a-comunidade-mandela-amanhece-com-ameaca-de-despejo/

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Cidadania

Xavantes de MT denunciam abandono e pedem socorro

Vídeo intitulado “Um grito de socorro no coração do Brasil”, gravado pela comunidade indígena Xavante da região de Barra do Garças (MT), expõe a força da covid-19 nos povos. Provocada pelo novo coronavírus, a doença já matou mais de 819 indígenas de diversas etnias. Pelo menos 30 Xavantes já morreram em decorrência da pandemia e há mais 10 mortes em investigação.

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Vídeo intitulado “Um grito de socorro no coração do Brasil”, (veja AQUI), gravado pela comunidade indígena Xavante da região de Barra do Garças (MT), expõe a força da covid-19 nos povos. Provocada pelo novo coronavírus, a doença já matou mais de 819 indígenas de diversas etnias.

Por: Ana Adélia Jácomo – Redação do PNB Online

De acordo com dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), até a última sexta-feira (24), 13.096 indígenas haviam sido infectados pela covid-19. Somente no povo Xavante, o último boletim epidemiológico divulgado na mesma data, demonstra a existência de 30 óbitos e 313 infectados. Ainda existem outras 10 mortes sob investigação.

Com duração de pouco mais de quatro minutos, o vídeo coloca o espectador dentro das comunidades, expondo a situação classificada pelos indígenas como de “abandono” por parte do Poder Público.

Davi Tsudzaweré, cacique da Aldeia Guadalupe, da Terra Indígena São Marcos, faz um apelo por maior atenção básica em saúde. Segundo ele, os povos estão abandonados à própria sorte, sem qualquer tipo de acesso a atendimentos médicos.

Estão omitindo as mortes, estão omitindo os dados, está sendo tudo manipulado para manterem a imagem de bonzinhos

“Houve muito óbito nesta terra. Até agora, os Xavantes estão morrendo dessa doença que está acontecendo no mundo inteiro. Estamos sofrendo ainda sem atenção de nenhum órgão competente”, disse.

Em uma das imagens de maior apelo, Cristóvão Tsõrõpré, pertencente a aldeia São Marcos, narra a escavação de covas para enterros dos mortos. “Até quando vamos aguentar tudo isso? Temos o espaço para o cemitério, quantos já se foram… Já pedimos apoio, intervenção e profissionais de saúde, mas nada disso acontece”.

Rafael Wéré´é, da Aldeia São Marcos, acusa as autoridades competentes de não divulgarem dados reais das mortes causada pela pandemia. “Um grito de socorro para que as pessoas possam conhecer como estamos abandonados perante essa pandemia. (…) Estão omitindo as mortes, estão omitindo os dados, está sendo tudo manipulado para manterem a imagem de bonzinhos”, afirmou.

Gravado pelos indígenas, o vídeo foi produzido pela jornalista Juliana Arinos e pelo professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus Barra do Garças, Gilson Costa.  Ele trabalha há seis anos em um projeto de extensão nas comunidades, oferecendo oficinas de capacitação audiovisual a jovens Xavantes.

Segundo Gilson, o vídeo retrata a situação das comunidades diante da pandemia. “Em se tratando dos Xavante, o poder público ficou inerte no primeiro momento, esperou que a doença avançasse. As barreiras sanitárias poderiam ter sido instaladas anteriormente para evitar que a doença entrasse nas aldeias”, avaliou.

O professor explicou que a cultura indígena envolve moradias coletivas, pouco acesso a água encanada e rede de esgoto. Com hábitos culturais de higiene diferentes, a covid-19 tem encontrado nos povos muita facilidade de disseminação do vírus.

“A partir do momento que a doença entra nas aldeias a situação começa a ficar complicada porque as comunidades têm uma outra cultura.  Em uma casa Xavante, moram até 20 pessoas, nem todas elas têm água encanada, são outros hábitos de higiene, uma outra cultura. O poder público por mais que tenha sido alertado pelas lideranças e Ongs, esperou a doença chegar e demorou muito para uma ação. Depois que o caos começou é que o poder público começou a atuar, mas mesmo assim e forma muito deficitária”, avaliou.

O poder público por mais que tenha sido alertado pelas lideranças e Ongs, esperou a doença chegar e demorou muito para uma ação.

A morte de um indígena na cidade de Campinápolis teria exposto a falta de atenção básica, como por exemplo a falta de distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). “Ele trabalhava como motorista e transportava pacientes, e ficava com a mesma máscara até uma semana. Nem os EPIs básicos lhe foi concedido e ele acabou morrendo”. A morte gerou protestos na cidade.

O outro lado

O Governo do Estado anuncia nesta segunda-feira (27) o início das atividades de um grupo de trabalho que irá em expedição pelas aldeias indígenas de Mato Grosso oferecendo atendimento médicos e medicamentos a infectados pela covid-19.

O grupo é uma parceria entre o Ministério da Saúde, Forças Armadas, Secretaria Especial de Saúde Indígena e pelo Governo de Mato Grosso. Eles desenvolveram o Plano de Enfrentamento à Covid-19 nas Comunidades Indígenas e irão levar médicos infectologistas, pediatras e clínicos gerais para prestar atendimentos.

Veja o vídeo dos Xavantes: https://www.youtube.com/watch?v=QZlpEHixR7E&feature=youtu.be

Matéria original em: https://www.pnbonline.com.br/geral/comunidade-xavante-denuncia-abandono-diante-da-pandemia-e-pede-socorro/68338

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Cidadania

O infrator, a máscara e a república

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O ignorante desembargador Eduardo Siqueira

 

A ignorância tem muitas vestes e peculiar empáfia. Um sujeito, infrator, peita o guarda ligando para seu comandante, dando curso ao clássico “Sabe com que você está falando?”… A lei suprema que organiza as coisas na sua cabeça monárquica.

*POR Douglas Martins

O servidor não se intimida, segue sua tarefa, e o infrator aguarda impaciente a hora da vingança. Rapidamente a imprensa apura tratar-se de flagrante de falsa identidade. Havendo título, o caso será de abuso.

Se dizendo desembargador o infrator amarga ressentido a falta de insígnias para humilhar. Autuação concluída, arranca a contrafé, pica e atira os pedaços ao chão, emporcalhando a si, a praia e a cidade que sonha ser apenas sua.

Sem máscara, mentido e sujando, esse é o protagonista de nossa tragédia social. Tem ódio à república e pavor à igualdade. Deseja uma sociedade de castas, organizada entre insultantes e insultados. Lei, só para os subalternos.

O protagonista da cena revela a patologia social de uma ordem construída sem compaixão e solidariedade, sem futuro, nostálgica do passado violento que ainda vive e pulsa forte diante da ameaça republicana.

Infrator é o outro. Pandemia não existe. Dever de limpar a sujeira sem repreender sua origem é a lei suprema. É um constrangimento assistir ao vídeo. Mas a cena apenas documenta o resultado final de uma construção social e a urgência de revertê-la

https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/659303141343478/

  • Doutor em Direito, cantor e líder da roda de samba “Esquerdantina” e pré candidato à Prefeitura de Santos pelo PT

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