O 14º voo trazendo brasileiros deportados dos Estados Unidos chegou nessa sexta-feira, 24, no Aeroporto Internacional de Confins, na Grande Belo Horizonte. Desta vez desembarcaram 85 pessoas. Desde outubro, foram repatriados 780 brasileiros que tentaram entrar nos EUA clandestinamente usando a fronteira com o México, a maioria de Minas Gerais.
O desembarque foi monitorado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devido à pandemia do novo coronavírus. Segundo a BH Airport, ainda não houve nenhum passageiro sintomático em voos com deportados. Os Estados Unidos registram cerca de 50 mil mortes provocadas pela covid-19, liderando o ranking entre os países que lutam contra a doença.
Vários brasileiros que vieram dos EUA em outros voos relataram maus-tratos, segundo o site G1. Muitos passam fome durante a prisão. Homens, mulheres e crianças, de vários estados do país, desembarcam apenas com a roupa do corpo, documentos e o que sobrou do dinheiro que levaram.
Um casal de Guanhães, no Vale do Rio Doce, Leste de Minas, com cerca de 35 mil habitantes, vendeu a geladeira, o fogão, o sofá e até a cama. Semanas depois, o homem, a mulher e o filho de três anos estavam presos em um centro de detenção nos Estados Unidos. “A gente morava de aluguel, tinha muita dívida e decidimos tentar vida nova nos Estados Unidos, a exemplo de muita gente da minha região”, disse a mulher que preferiu se identificar apenas como Lidiana. “Ficamos 22 dias presos e meu filho passou fome. A gente só comia burrito (uma iguaria mexicana) e carne de soja. Foi muito sofrimento”.
Sua família foi detida após atravessar um rio em Juarez, no México, fronteira com os Estados Unidos. “Me arrependo demais de ter ido pra lá. Vendemos todas as nossas coisas e voltamos só com a roupa do corpo”, contou Lidiana.
Em outubro de 2019 o governo Bolsonaro alterou a política de trato de brasileiros nos EUA e a chegada do primeiro voo com deportados marcou a retomada de uma medida que não era aceita pelo Brasil desde 2006.
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