Yuri Silva
A socialite Donata Meirelles, esposa do publicitário baiano Nizan Guanaes e agora ex-diretora de estilo da revista Vogue Brasil, foi obrigada a pedir demissão da publicação internacional após o caso de racismo envolvendo sua festa de aniversário de 50 anos, realizada no Palácio da Aclamação, em Salvador, na última semana. O Baile da Vogue, festa que reúne artistas e personalidades próximo ao Carnaval e em 2019 aconteceria no dia 21, com o tema de antigas óperas, também foi cancelado.
Denunciado por ativistas negros e personalidades antirracistas, o caso polêmico de mulheres vestidas de ‘escravas mucamas’ na comemoração, enquanto Donata sentava-se em uma cadeira de ‘sinhá’, tornou insustentável a permanência dela na revista.
Segundo informações de bastidores, a única alternativa para ela foi pedir desligamento da função que exercia. Assim, contaram pessoas próximas, Donata evitou ser demitida – o que geraria ainda mais desgaste público para sua imagem e do marido.
Após o assunto tomar conta das redes sociais, Donata já havia compartilhado comunicado da Vogue Brasil informando que um grupo de ativistas (espécie de fórum editorial negro) seria criado para ajudar a definir critérios de escolha de conteúdos que combatam a desigualdade. O anúncio, contudo, não foi suficiente e a pressão de ativistas sobre o comando da publicação continuou na internet.
Até a cantora Elza Soares, porta-voz de pautas negras em seus trabalhos, escreveu um texto crítico à festa da socialite, que tinha como tema o ‘Brasil Colônia’. Entidades do movimento social negro brasileiro também emitiram nota e pediram a cabeça da socialite.
Na tarde desta quarta-feira, 13, contudo, a notícia do pedido de demissão de Donata Meirelles veio a público. A informação já circulava entre pessoas próximas e artistas ligados à família Guanaes desde a noite de terça-feira, 12, mas não se sabia em que formato se daria a saída da diretora de estilo da Vogue Brasil.
LEIA TAMBÉM: Abaixo-assinado propõe nome de estilista negra para diretoria da Vogue Brasil
Uma resposta
E o Caetano, quem diria cantou lá na tal festa?
VOU CONSTRUIR UM HOSPÍCIO
> https://gustavohorta.wordpress.com/2019/02/14/vou-construir-um-hospicio/
… Vou construir um hospício
Para a todos abrigar
Vou construir um hospício
Para todos desse lugar
Vou construir um hospício
E lá eu pretendo morar
Vou construir um hospício
Mandar para lá e para cá
Para andar pra lá e pra cá
E nunca sair do lugar
Com vergonha a infernizar
À vergonha infernizar
Infernizar como o capeta faz
Num hospício, um lugar vulgar
Minha mente que não é nada sagaz
Sem mente, somente mente fugaz
Somente mente, mente demais.
Mente fugaz que mente para danar
Danado que nem o capeta
Vou construir um hospício
Lá vai ser um belo lugar
Cheio de gente doida
Cheio de gente endoidecida
Gente pra validar, pra vender e pra dar, danada como ali se é
Vou construir um hospício que nada
Hospício aqui já há
É hospício em todo lugar
Em todo tempo hospício
Hospício onde quer que se vá
Hospício aqui é efêmero
Inócuo nada mais pode ser
Se doidos e malucos abundam
Não serei o único sadio
Todos errados e só eu certo
Todos errados e sonho certo
Todos os errados ao meio serrados
Corações ao meio partidos
Sangue que escorre no meio do cerrado
Só eu certo, único certo, logo algo errado há. Assim não há de ser.
Hospício acabo de desistir de fazer
Hospício acabo de desistir de construir
Preciso encontrar o meu lar
Que pode ser que nem seja aqui, nesse lugar
Mesmo que em algum lugar há de ser
Mesmo que lugar de doido seja no hospício
Refugado e escondido
Ali depositado naquele canto recôndito.
Triste assim o fim do doido que achava
Que sua pena era uma arma
Que tanto a sua pena amava
Que ao final seu coração desarma
E no fim das contas, só contas
Quem sabe um dia
Eu venha mesmo a construir o meu hospício
Novinho
Em algum lugar todo vermelho.
gustavohorta.wordpress.com