Grupos de aplicativos de conversa como Whatsapp e Telegram e redes sociais de parte da militância progressista, mas principalmente a petista, amanheceram neste 18 de dezembro pipocando mensagens sobre a entrevista um tanto polêmica que Vagner Freitas, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), concedeu ao El País Brasil, e que foi publicada ontem à noite no site do jornal.
Com o título “Trabalhadores votaram em Bolsonaro. A CUT vai procurar o Governo para negociar” e a linha fina “Presidente da maior central sindical do país, Vagner Freitas diz que CUT não considera presidente eleito ilegítimo e prega “oposição propositiva” ao capitão reformado do Exército”, a entrevista feita pelo jornalista Ricardo Della Coletta viralizou e chocou a militância que não reconhece este governo, mesmo eleito, como legítimo.
Principalmente, a que estava ou assistiu o discurso de Vagner Freitas durante coletiva de imprensa, que inclusive o Jornalistas Livres cobriu, após o ex-presidente Lula depor sobre o processo do “Sítio em Atibaia”, em Curitiba, no dia 14 de novembro deste ano, quando o presidente da CUT afirmou não reconhecer o Governo Bolsonaro. “Todos sabem que Lula seria eleito em primeiro turno, por isso está preso. Logo, que fique muito claro que nós não reconhecemos o senhor Bolsonaro como presidente da República.”
Mesmo com Freitas começando a entrevista afirmando que “o Governo Bolsonaro foi eleito com uma proposta que iludiu muito os brasileiros e parcela dos trabalhadores, com fake news e utilizando estratégias vindas de outras eleições”, grande parte da militância seguiu tentando assimilar a notícia o dia todo, sem muito sucesso de compreensão da declaração. Principalmente no trecho seguinte da declaração:
“Mas é verdade que o Governo [Bolsonaro] foi eleito por 57 milhões de pessoas e que ele vai tomar posse no dia 1º de janeiro. A CUT vai procurar o Governo para negociar os interesses dos trabalhadores. Diferentemente do que fez com o [presidente Michel] Temer, que nunca foi eleito, o senhor Jair Bolsonaro, com todas as críticas que eu possa fazer, foi eleito presidente da República. E, portanto, nós vamos tratá-lo assim, como quem foi eleito, e vamos levar a nossa pauta de reivindicação dos trabalhadores para ser negociada. Nós vamos defender os trabalhadores de qualquer ataque que possa acontecer, mas é diferente da nossa visão em relação ao Temer. Nós não considerávamos o Temer presidente eleito.”
Para grande parte dessa militância, reconhecer o Governo Bolsonaro como legítimo é contraditório do ponto de vista estratégico da realidade do campo progressista que acredita e luta contra um golpe político imperialista que vem sendo executado no Brasil desde 2006, com o Mensalão e a prisão de José Dirceu, voltando com força em 2015 e 2016 com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, e a prisão e impugnação da candidatura do presidente Lula, respectivamente em 7 de abril e 31 de agosto deste ano.
Além do golpe, como legitimar um governo que foi eleito com denúncia de campanha financiada com Caixa 2, conforme matéria publicada pela Folha de SP, da repórter Patrícia Campos Mello, que apurou ter mais de 120 milhões de contas de whatsapp compradas para bombar fake news e manipular uma população nem toda fascista, mas ignorante política? Como legitimar um presidente com requintes de fascismo, que não é do campo democrático, o que é o mínimo para a Política brasileira, e que afirmou que a Ditadura deveria ter matado mais de 30 mil, incluindo inocentes? Que enaltece torturador como o Ulstra e faz apologia a tortura e morte por fuzilamento da “petralhada”? Como, sendo considerado fascista até pela mídia internacional e políticos inclusive de extrema direita?
Outra grande preocupação geral nos chats e comentários, a partir do reconhecimento do Governo Bolsonaro por parte do presidente da CUT, é como acontecerão essas negociações e como será a luta por direitos dos trabalhadores depois desse posicionamento. Por que Vagner Freitas acha que reconhecendo esse Governo e propondo negociações propositivas, o ministério da Justiça e Segurança Pública de Sergio Moro, que acampou a pasta do Trabalho e Previdência, irá permitir qualquer vitória dos trabalhadores, principalmente os sindicalizados?
A CUT tem atualmente 3. 806 entidades filiadas, 7.847.077 trabalhadoras e trabalhadores associados e 23.981.044 trabalhadoras e trabalhadores na base. Como será essa negociação entre a Central, sindicatos, sindicalizados, a base e o Governo Bolsonaro, junto com Moro, quando propuserem e colocarem em pauta a votação da Reforma da Previdência? E quando esse governo começar as privatizações das Empresas Públicas? Serão milhares de trabalhadores servidores públicos demitidos.
Como reconhecer legitimidade, se Bolsonaro e Moro já deixaram claro que irão criminalizar os movimentos sociais, sindicais e estudantis, ou seja, a CUT e seus sindicatos? “As pessoas têm liberdade de expressão, de manifestação, e não é diferente com movimentos sociais. No entanto, quando existem situações relativas à lesão de direitos de terceiro, invasão de propriedade privada – às vezes nem com motivações sociais, mas com motivações político-partidárias –, quando existem danos ou lesões a pessoas, não pode tratar esses movimentos como inimputáveis”, disse Moro em entrevista coletiva no dia seis de novembro desse ano.
O campo oprimido não pode abrir espaço para o lado opressor e dar nenhum passo para trás. Porque assim o opressor só ganha espaço, força política e mais poder. A situação atípica de golpe institucionalizado, segundo a militância, não obriga reconhecimento de governo fascista. Pelo menos não deveria.
2 respostas
É estarrecedor! Ora, Bozo não ganhou legitimamente, por isso é ilegítimo! Foi “eleito” na fraude pelas fake news e pelo poder econômco! Lula foi preso por lawfare de Moro em combinação com o “Supremo, com tudo”, em vergonhoso conluio com o Exército dos generais entreguistas e a Globo. Mais ilegítimo impossivel!!! O que mudou, Sr. Presidente da CUT, agora travestido de PAULINHO DA FARSA, o canalha invejoso de Lula!
Essa matéria é um desastre, jornalistas livres deveriam ter vergonha de te-la no seu site. Bater na maior central sindical da america latina e achar que conhece mais a base do que a CUT é de uma soberba que me dá nojo.